Novo Testamento
DATA EPÍSTOLA LOCAL DA ESCRITA OCASIÃO DA ESCRITA
(d.C)
49 Gálatas Antioquia
da Síria Entre a 1a e 2a
viagem de Paulo
50/51 I Tessalonicenses Corinto Durante a 2a viagem de Paulo
50/51 II Tessalonicenses Corinto Durante a 2a viagem de Paulo
54 I Coríntios Éfeso
Durante a 3a viagem de Paulo
55 II Coríntios Macedônia
Durante a 3a viagem de Paulo
55 Romanos Corinto Durante a 3a
viagem de Paulo
59 Efésios Roma Durante
1a prisão de Paulo em Roma
59 Colossenses Roma Durante 1a prisão de Paulo em Roma
59 Filemom Roma Durante
1a prisão de Paulo em Roma
60 Filipenses Roma Durante 1a prisão de Paulo em Roma
62 I Timóteo Macedônia Entre a 1a e a 2a prisão
de Paulo em Roma
63 Tito Nicópolis Entre
a 1a e a 2a prisão de Paulo em Roma
64 II Timóteo Roma Durante 2a prisão de Paulo em Roma
As epístolas de Paulo já circulavam por algum tempo
entre as igrejas conforme se subentende de Col 4.16, quando começaram a ser
escritos os demais escritos do Novo Testamento. Procure situar a data provável
destes demais escritos, com as datas assinaladas acima para as epístolas de
Paulo. Estaremos apresentando portanto, a seguir, cada um destes documentos
segundo a ordem cronológica provável da sua produção.
Tiago
- 57 ou 58 d.C. – Escrita antes de 62 d.C., data do martírio de Tiago, segundo
Flávio Josefo. Escrita em Jerusalém aos cristãos judeus da
dispersão, isto é, que se encontravam fora da Judéia, espalhados pelo mundo.
Tiago era irmão de Jesus, e líder da igreja de Jerusalém (Gál 1.19). Foi ele
quem deu a palavra final (At 15.13) relativa à controvérsia judaizante, no
concílio de Jerusalém narrado em Atos 15.
Marcos
– 59 ou 60 d.C. – Todos os evangelhos são anônimos, isto
é, não traziam no original o nome do seu autor. O conhecimento da autoria vem
do testemunho patrístico (dos primeiros pastores e doutores da igreja, chamados
pais da igreja).
Papias
(c. 140 d.C.); Justino Mártir (c. 150 d.C.); Irineu (c. 160 d.C.); Clemente de
Alexandria (c. 200 d.C.) e Eusébio (c. 325 d.C.) atribuíram a autoria deste
evangelho a João Marcos.
Foi
provavelmente o primeiro evangelho a ser escrito. Isto se depreende das
semelhanças que existem entre os três evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e
Lucas), e que apenas 30 dos 661 versículos de Marcos não se encontram em Mateus
e em Lucas. Lucas afirma no seu evangelho que havia recorrido a fontes orais e
escritas para escrever o seu evangelho (1.1-4). Poderia portanto ter usado
Marcos, tanto quanto Mateus para a produção do seu evangelho. Mas, a rigor, nem
Mateus nem Lucas são uma mera cópia de Marcos, porque têm cada um o seu próprio
estilo e propósito, além de inúmeras informações adicionais que não encontramos
em Marcos. Por exemplo, das 70 parábolas, Marcos registra apenas 18.
Marcos
concede maior espaço aos milagres: registra 18 do total de 35.
Mateus
– 60 d.C. – Eusébio (c. 325 d.C.) disse que Clemente de
Roma (c. 101 d.C.) atribuiu o 1o dos 4 evangelhos a Mateus. Irineu
(c. 160 d.C) afirmou que Mateus publicou um evangelho quando Paulo e Pedro
pregavam em Roma. Sabemos que Paulo esteve a primeira vez em Roma quando foi
levado preso para a referida cidade, cerca de 59 e 60 d.C. Não convém portanto
datar Mateus antes de tal período.
Segundo
a tradição patrística este evangelho foi escrito de Antioquia da Síria.
Dos
35 milagres narrados nos evangelhos, apenas 3 são exclusivos em Mateus: os dois
cegos (9.27-31); o mudo endemoninhado (9.32,33); e a moeda na boca do peixe
(17.24-27).
I
e II Pedro – 63 ou 64 d.C. – Segundo tradição
patrística, Pedro foi também martirizado sob Nero, assim como o apóstolo Paulo,
em 64 d.C. Desta forma, não convém datar as epístolas de Pedro posteriormente a
tal data. E como o tema central em ambas as epístolas gira em torno da
perseguição sofrida pela igreja gentílica da Ásia Menor, uma vez que Pedro
escreveu suas epístolas para os crentes da referida região (Ponto, Galácia,
Capadócia, Ásia e Bitínia – I Pe 1.1 e II Pe 3.1), não convém também recuar a
data da escrita destas duas epístolas, uma vez que a perseguição empreendida
por Nero contra os cristãos não foi de longa duração.
Ambas
as epístolas foram escritas de “Babilônia” (I Pe 5.13), nome simbólico para
Roma, em Apo 17.4-6; 9.18.
Judas
- 64 ou 65 d.C. – Judas se valeu de II
Pedro para escrever sua epístola (Jd 17,18; II Pe 3.3). Escreveu portanto
depois da escrita de II Pedro. Era irmão
de Tiago, e por conseguinte, de Jesus (Jd 1). Quando Paulo esteve em Jerusalém
com Pedro e com Tiago, ele se referiu a Tiago como sendo o irmão do Senhor, em
Gál 1.19.
Lucas
– 64 ou 65 d.C. – Irineu afirmou que Lucas escreveu seu evangelho após a morte
de Paulo em 64 d.C. Além de Irineu, Tertuliano,
Orígenes e Eusébio atribuíram a autoria do 3o evangelho a
Lucas. Provavelmente foi escrito em Roma, porque Lucas encontrava-se em
companhia de Paulo durante sua segunda prisão em Roma, que culminou com o
martírio do apóstolo (II Tim 4.11).
Dos
35 milagres narrados nos evangelhos, 6 são exclusivos a Lucas (5.1-11; 7.11-17;
13.10-17; 14.1-6; 17.11-19; 22.49); e das 70 parábolas, 19 são exclusivas a
Lucas (7.41-43; 10.30-37; 11.5-8; 12.13-21, 35-40, 41-48; 13.6-9; 14.7-11;
16.24, 28-30, 31,32; 15.8-10, 11-32; 16.1-13, 19-31; 17.7-10; 18.1-8, 9-14;
19.11-27).
Atos
– 64 ou 65 d.C. – Escrito pouco tempo depois do evangelho, também em Roma, por
Lucas, como um desenvolvimento de Atos 1.8, demonstrando como foi dado
cumprimento pela igreja à ordem de Jesus de se pregar o evangelho começando por
Jerusalém, Judéia, Samaria e até aos confins da terra. A narrativa de Atos
segue portanto a referida ordem. O destinatário “Teófilo” é tanto citado no
evangelho de Lucas, quanto em Atos (Lc 1.3; At 1.1). Teófilo no grego significa
“amigo de Deus”, podendo se tratar
portanto de uma forma de se dirigir aos crentes em geral, e não apenas a
uma determinada pessoa.
Hebreus
– Autoria desconhecida. Se Paulo foi o autor, não poderia ter sido escrita
depois de 64 d.C., ano do seu martírio. Clemente de Roma citou Hebreus cerca de
95 d.C. Assim, não pode ser datada depois de 95 d.C. O templo de Jerusalém,
provavelmente, não havia ainda sido destruído
(70 d.C), porque o autor certamente usaria o fato para reforçar o seu argumento
de que o sistema sacrificial do Velho Testamento havia se tornado obsoleto
(8.7, 13) e não teria escrito “que estava prestes a desaparecer”, e sim, que
havia desaparecido. Convém recuar a data da escrita portanto, para pouco antes
de 70 d.C.
Hipólito
de Roma, Irineu e Tertuliano não aceitavam a carta como sendo de autoria de
Paulo. Orígenes embora aceitasse a carta como canônica, afirmou que somente
Deus sabe com certeza quem a escreveu.
João
– Segundo tradição patrística, João ministrou em Éfeso após a morte de Paulo, e
lá escreveu seu evangelho e suas três epístolas próximo de 90 d.C. João contém
mais discursos de Jesus do que os demais evangelhos. Dos 35 milagres narrados
nos evangelhos, João cita apenas 8 milagres: 2.1-12; 4.46-54; 5.1-18; 6.1-15;
6.16-21; 9.1-41; 11.1-46; 21.6. Há uma clara intenção do autor em provar a
divindade de Jesus e que somente a fé nEle conduz à salvação. João declara
diretamente o propósito com que escreveu seu evangelho (20.30,31) e justificou
o motivo porque não registrou todas as coisas que Jesus fez em seu ministério
terreno (Jo 20.30; 21.25). Isto está plenamente em conformidade com os
materiais exclusivos que lemos nos quatro evangelhos, indicando que certamente
nem tudo o que Jesus fez foi registrado nos evangelhos. O percentual de
material exclusivo de João é bem maior do que o dos demais evangelhos, como se
percebe a seguir:
Material
Exclusivo (%)
Marcos 7
Mateus 42
Lucas 59
João 92
I,
II e III João – Como já lemos em relação ao evangelho de
João, segundo tradição patrística, João ministrou em Éfeso após a morte de
Paulo, e lá escreveu seu evangelho e suas três epístolas próximo de 90 d.C. As
duas primeiras epístolas visam principalmente combater o falso ensino dos
mestres gnósticos que afirmavam que Jesus não havia encarnado. A 3a
epístola de João elogia o bom procedimento de Gaio e de Demétrio quanto à
acolhida dos evangelistas itinerantes, e repreende o comportamento de Diótrefes
que não agia do mesmo modo, antes impedia a igreja de fazê-lo, resistindo à
autoridade do próprio apóstolo João.
Apocalipse
– Escrito na ilha de Patmos (1.9), que fica a 96 km a sudoeste de Éfeso. Deve
ser datado no período de reinado de Domiciano (81 a 96 d.C.) que instituiu o
culto de adoração ao imperador romano, e que segundo tradição patrística enviou
João para o exílio em Patmos. Justino Mártir (c. 135 d.C.) foi o primeiro a
afirmar que João escreveu o Apocalipse. Irineu escreveu que João viveu na Ásia
até os tempos do imperador Trajano (98-117 d.C)
e que escreveu o Apocalipse próximo do final do reinado de Domiciano.
APÊNDICE:
Em razão das várias citações aos chamados pais da igreja, ao longo desta apostila,
estamos destacando alguns deles a seguir, a título de mera informação e
ilustração.
Policarpo
(69-156 d.C) – Discípulo de João e bispo de Esmirna. Na perseguição ordenada
pelo imperador, foi preso e queimado vivo, por ter se recusado a amaldiçoar a
Cristo.
Inácio
(67-110 d.C.) - Discípulo de João e
bispo de Antioquia. O imperador Trajano mandou prendê-lo e sentenciou que ele
fosse lançado às feras em Roma.
Papias
(70-155 d.C.) – Discípulo de João e bispo de Hierápolis, uns 160 km a leste de
Éfeso. Sofreu martírio em Pérgamo.
Justino,
o Mártir (100-167 d.C.) – Foi martirizado em Roma.
Irineu
(130-200 d.C.) – Discípulo de Policarpo e Papias. Criou-se em Esmirna e veio a
ser bispo de Lião, na Gália. Escreveu principalmente contra os gnósticos. Também
foi martirizado.
Orígenes
(185-254 d.C.) - Dois terços do Novo Testamento estão citados em seus escritos.
Viveu em Alexandria, onde seu Pai, Leônidas, sofreu martírio. Morreu na
Palestina em conseqüência de ter sido preso e torturado, sob o governo de
Décio, imperador romano que perseguiu furiosamente os cristãos.
Tertuliano
(160-220) – Era natural de Cartago. Foi
apologista, defensor do cristianismo.
Eusébio
(264-340) - Bispo de Cesaréia, ao tempo
da conversão de Constantino, e teve muita influência junto a este.
Nenhum comentário:
Postar um comentário