domingo, 18 de outubro de 2015

Isaías 1 a 66


Isaías 1


O Culto Que Deus Não Aceita

No início do primeiro capítulo do livro do profeta Isaías, Deus declara que não era conhecido pelo seu próprio povo de Israel.
“2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque falou o Senhor: Criei filhos, e os engrandeci, mas eles se rebelaram contra mim.
3 O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.
4 Ah, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, voltaram para trás.
5 Por que seríeis ainda castigados, que persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.” (Isaías 1.2-5)

Eles haviam recebido suas leis, seus preceitos, seu amor, seus livramentos, e tinham estado por várias vezes debaixo dos seus juízos corretivos por causa do pecado, e em vez de se emendarem, mais se rebelavam contra Ele.
Isto revela a obstinação da natureza humana decaída no pecado, da qual somente podemos         ser livrados pela fé em Cristo, e pelo trabalho da sua graça em nossos corações, trocando-os por corações sensíveis à sua santidade, e que respondam de modo adequado à mesma.
Disto também se aprende que não é por se ter a doutrina verdadeira, bons líderes como Isaías, e tudo o mais que se refira às revelações de Deus, se nos faltar a presença do próprio Deus em nossa vida, porque é este o único meio pelo qual podemos ter um conhecimento real de quem Ele seja.
Por isso a aparente religiosidade de Israel nos dias do profeta Isaías, mantendo o culto de adoração no templo, com apresentação de sacrifícios e cumprimento de todos os rituais prescritos na lei, não poderia agradar a Deus, e muito menos produzir um verdadeiro conhecimento do Seu caráter divino.
Porque, para isto, é necessário ter o nosso próprio caráter transformado à semelhança do Seu.
A consequência desta falta de verdadeira comunhão com Deus não pode ser outra senão a descrita no verso 5:
“Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.”.
E diante de tal condição Deus pergunta qual seria o efeito do castigo diante de uma tal deliberada rebelião? A correção se faz inócua, porque a repreensão produzirá um endurecimento ainda maior, quando se anda de modo deliberadamente contrário à Sua vontade.
Em Is 1.10 Deus declara aberta e diretamente que não aceita culto, rituais, cerimoniais, enfim, qualquer forma de ato devocional, quando não há pureza no interior do coração, e quando as ações externas não são de prática de amor, justiça e verdade.
Ele, na verdade, ordena que o povo pare com tais atos de devoção enquanto não emendar os seus caminhos.
É melhor não louvar quando o coração não é reto.
É melhor não ofertar quando há avareza.
Deus chama a tudo isto de ofertas vãs em Is 1. 13.
O aborrecimento não era propriamente com o cerimonial determinado na Lei de Moisés para vigorar nos dias do Velho Testamento, que eram ainda os dias do profeta Isaías, mas quanto à condição de coração dos “adoradores”.
Quando se anda de tal forma, Deus declara que sequer ouve as nossas orações (v. 15).
É um dever adorá-lO e se devotar inteiramente a Ele, mas isto deve ser feito com santidade de vida.
Por isso é ordenado que o Seu povo espiritualmente se lave, se purifique, e que deixe a maldade dos seus atos, deixando de fazer o mal, e não apenas isto, mas sobretudo, aprendendo a fazer o bem e a buscar a justiça, pondo fim a toda forma de opressão e se dando especial atenção aos fracos, desamparados e necessitados, representados naquela época nos órfãos e viúvas (v. 16 a 17).
O Senhor promete que se for obedecido nisto que nos tem ordenado, nossos pecados serão lavados, de modo que seremos alvejados como a pureza da brancura da neve e da lã (v. 18).
A consequência desta obediência será uma vida abençoada na terra (v. 19).
Todavia, em caso de endurecimento na rebeldia, e na falta de arrependimento, por não se dar ouvido ao Senhor, haveria juízo (v. 20).
No caso de crentes da Igreja cristã, ainda que não para uma condenação final, o juízo de Deus os visitará, tal como fizera com os crentes de Corinto, que não se examinavam a si mesmos, para não serem julgados por Deus, por causa de suas más obras.
Porque caso se examinassem e emendassem o seu caminhar diante do Senhor, Eles achariam o Seu favor e misericórdia, conforme prometeu aos israelitas dos dias de Isaías, caso se arrependessem. Como se lê nas seguintes palavras que o apóstolo Paulo lhes dirigiu, e que se aplicam também a nós:
“31 Mas, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados;
32 quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo.” (I Cor 11.31,32).
Por isso o Senhor declarou por meio de Isaías, que os rebeldes do Seu povo terão a Sua mão voltada contra eles, não para abençoar com alegria, mas para corrigir com tristeza que é para arrependimento, para que sejam purificados de toda a sua escória e impureza (v. 15).
Quando este trabalho for feito pelo Senhor, então Ele dará ao Seu povo pastores segundo o Seu coração, que os apascentem com conhecimento e com inteligência, tal como havia prometido dar líderes justos a Israel nos dias de Isaías, em face da purificação que faria neles (v. 26).

Isaías 1.1 A visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá.
Isaías 1.2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque falou o Senhor: Criei filhos, e os engrandeci, mas eles se rebelaram contra mim.
Isaías 1.3 O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.
Isaías 1.4 Ah, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, voltaram para trás.
Isaías 1.5 Por que seríeis ainda castigados, que persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.
Isaías 1.6 Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã; há só feridas, contusões e chagas vivas; não foram espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.
Isaías 1.7 O vosso país está assolado; as vossas cidades abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença, e está devastada, como por uma pilhagem de estrangeiros.
Isaías 1.8 E a filha de Sião é deixada como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como cidade sitiada.
Isaías 1.9 Se o Senhor dos exércitos não nos deixara alguns sobreviventes, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra.
Isaías 1.10 Ouvi a palavra do Senhor, governadores de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra.
Isaías 1.11 De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.
Isaías 1.12 Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios?
Isaías 1.13 Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias ... não posso suportar a iniquidade e o ajuntamento solene!
Isaías 1.14 As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer.
Isaías 1.15 Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue.
Isaías 1.16 Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal;
Isaías 1.17 aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva.
Isaías 1.18 Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã.
Isaías 1.19 Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o bem desta terra;
Isaías 1.20 mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; pois a boca do Senhor o disse.
Isaías 1.21 Como se fez prostituta a cidade fiel! ela que estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas agora homicidas.
Isaías 1.22 A tua prata tornou-se em escória, o teu vinho se misturou com água.
Isaías 1.23 Os teus príncipes são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda atrás de presentes; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa da viúva.
Isaías 1.24 portanto diz o Senhor Deus dos exércitos, o Poderoso de Israel: Ah! livrar-me-ei dos meus adversários, e vingar-me-ei dos meus inimigos.
Isaías 1.25 Voltarei contra ti a minha mão, e purificarei como com potassa a tua escória; e tirar-te-ei toda impureza;
Isaías 1.26 e te restituirei os teus juízes, como eram dantes, e os teus conselheiros, como no princípio, então serás chamada cidade de justiça, cidade fiel.
Isaías 1.27 Sião será resgatada pela justiça, e os seus convertidos, pela retidão.
Isaías 1.28 Mas os transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os que deixarem o Senhor serão consumidos.
Isaías 1.29 Porque vos envergonhareis por causa dos terebintos de que vos agradastes, e sereis confundidos por causa dos jardins que escolhestes.
Isaías 1.30 Pois sereis como um carvalho cujas folhas são murchas, e como um jardim que não tem água.
Isaías 1.31 E o forte se tornará em estopa, e a sua obra em faísca; e ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague.






Isaías 2


A Grande Glória Manifestada

O segundo capítulo de Isaías demonstra de modo muito claro, que a profecia não se aplicava exclusivamente ao povo de Israel em seus dias, e particularmente à Judá e à Jerusalém terrenas, mas ao Israel espiritual de Deus, especialmente a partir da manifestação do Messias e da Sua glorificação, juntamente com todos os salvos, depois da restauração de todas as coisas.
É disto que trata o 2º capítulo da profecia de Isaías.
Presente, futuro imediato e futuro distante se misturam numa só visão, porque são como coisas já consumadas à vista de Deus.
Judá se encontrava em grosseiros pecados nos dias do profeta, conforme descrito no capítulo anterior, mas aqui, é dito que de Judá, de Jerusalém, principal cidade de Judá, procederia a Lei da Nova Aliança, que atingiria a todas as nações da terra.
Povos e nações viriam a Jerusalém para serem alcançados pela graça do Evangelho, e isto começou a se cumprir especialmente no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado sobre pessoas de várias nações, que se encontravam em Jerusalém, para celebrarem aquela festa judaica.
A Lei do Velho Testamento havia procedido do Monte Sinai, nos dias de Moisés, mas a Lei do Novo Testamento, ou seja, a Nova Aliança, procederia do Monte Sião, e é principalmente isto que se afirma no início desta profecia.
Todavia, a abrangência desta profecia é mais ampla, porque será em Jerusalém que o Senhor estabelecerá o Seu governo central no período do milênio.
Dali partirão para todas as nações tudo o que for ordenado a elas pelo Rei dos reis e Senhor dos senhores, a partir do Seu trono em Jerusalém.
Por isso se afirma logo no verso 2 que as coisas que serão ditas neste capítulo se referem àquilo que “ acontecerá nos últimos dias” em “que se firmará o monte da casa do Senhor”, ao qual “concorrerão todas as nações”.
Os que restarem sobre a terra terão prazer em andarem nos caminhos do Senhor, e por isso subirão a Jerusalém, para que sejam ensinados quanto aos seus caminhos, para que andem neles (v. 3).
E se diz que o Senhor “julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.” (v. 4).
Esta é uma clara referência ao período do milênio, que será inaugurado depois da volta de Jesus.
Mas, tal período de paz e de justiça será estabelecido pela força dos juízos do Senhor contra os ímpios, conforme se descreve nos versos 6 ao 22, que ocorrerão no dia da Segunda Vinda de Cristo, que será um dia de juízo e de assolações terríveis contra a impiedade das nações, conforme se descreve nestes versículos.
Sabemos que serão juízos voltados especialmente contra o governo do Anticristo.

Isaías 2.1 A visão que teve Isaías, filho de Amoz, a respeito de Judá e de Jerusalém.
Isaías 2.2 Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações.
Isaías 2.3 Irão muitos povos, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
Isaías 2.4 E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.
Isaías 2.5 Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.
Isaías 2.6 Mas tu rejeitaste o teu povo, a casa de Jacó; porque estão cheios de adivinhadores do Oriente, e de agoureiros, como os filisteus, e fazem alianças com os filhos dos estrangeiros.
Isaías 2.7 A sua terra está cheia de prata e ouro, e são sem limite os seus tesouros; a sua terra está cheia de cavalos, e os seus carros não tem fim.
Isaías 2.8 Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que os seus dedos fabricaram.
Isaías 2.9 Assim, pois, o homem é abatido, e o varão é humilhado; não lhes perdoes!
Isaías 2.10 Entra nas rochas, e esconde-te no pó, de diante da espantosa presença do Senhor e da glória da sua majestade.
Isaías 2.11 Os olhos altivos do homem serão abatidos, e a altivez dos varões será humilhada, e só o Senhor será exaltado naquele dia.
Isaías 2.12 Pois o Senhor dos exércitos tem um dia contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido;
Isaías 2.13 contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã;
Isaías 2.14 contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados;
Isaías 2.15 contra toda torre alta, e contra todo muro fortificado;
Isaías 2.16 e contra todos os navios de Társis, e contra toda a nau vistosa.
Isaías 2.17 E a altivez do homem será humilhada, e o orgulho dos varões se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia.
Isaías 2.18 E os ídolos desaparecerão completamente.
Isaías 2.19 Então os homens se meterão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, por causa da presença espantosa do Senhor, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra.
Isaías 2.20 Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para ante eles se prostrarem,
Isaías 2.21 para se meter nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa da presença espantosa do Senhor e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra.
Isaías 2.22 Deixai-vos pois do homem cujo fôlego está no seu nariz; porque em que se deve ele estimar?





Isaías 3


Juízos Preditos

São descritas, no terceiro capítulo de Isaías, várias assolações sobre os judeus, que lhes sobreviriam da parte do Senhor, por causa da impiedade do Seu povo.
Esta profecia teve várias aplicações ao longo da história dos judeus, desde que a profecia foi proferida, como por exemplo no cativeiro babilônico, e nas muitas assolações que eles sofreram em outras ocasiões, como a sob os romanos em 70 d.C; sob Antíoco Epifânio, no período dos Macabeus; sob Hitler e em inúmeras outras ocasiões, em que Deus visitou a soberba de Israel com os juízos descritos nesta profecia.
Jerusalém foi destruída e reconstruída várias vezes, desde então.
Nem com isso, os judeus se voltaram para o Senhor, e têm ainda resistido à Sua vontade, cometendo o seu maior pecado, que é o da rejeição de Cristo, o Profeta que lhes fora prometido desde os dias de Moisés, e do qual se disse que deveriam ouvir para não serem destruídos.
Então é crucial não apenas ser justificado pela fé, mas andar na prática da justiça, porque a profecia soa alto e forte:
“10 Dizei aos justos que bem lhes irá; porque comerão do fruto das suas obras.
11 Ai do ímpio! mal lhe irá; pois se lhe fará o que as suas mãos fizeram.”
Quem quiser ver dias felizes, e viver no óleo de alegria em vez de cinzas, que Jesus veio trazer para os quebrantados de coração do Seu povo, deve viver na prática da justiça.
Não basta saber que foi justificado pela fé.
É preciso viver na justiça pela qual fomos justificados, se quisermos contar com a alegria do Espírito Santo em nossos corações, em nosso viver cotidiano.
De Deus não se zomba. Enganosa é toda prosperidade terrena, sem o temor do Senhor no coração.

Isaías 3.1 Porque eis que o Senhor Deus dos exércitos está tirando de Jerusalém e de Judá o bordão e o cajado, isto é, todo o recurso de pão, e todo o recurso de água;
Isaías 3.2 o valente e o soldado, o juiz e o profeta, o adivinho e o ancião;
Isaías 3.3 o capitão de cinquenta e o respeitável, o conselheiro, o artífice hábil e o encantador perito;
Isaías 3.4 e dar-lhes-ei meninos por príncipes, e crianças governarão sobre eles.
Isaías 3.5 O povo será oprimido; um será contra o outro, e cada um contra o seu próximo; o menino se atreverá contra o ancião, e o vil contra o nobre.
Isaías 3.6 Quando alguém pegar de seu irmão na casa de seu pai, dizendo: Tu tens roupa, tu serás o nosso príncipe, e tomarás sob a tua mão esta ruína.
Isaías 3.7 Naquele dia levantará este a sua voz, dizendo: Não quero ser médico; pois em minha casa não há pão nem roupa; não me haveis de constituir governador sobre o povo.
Isaías 3.8 Pois Jerusalém tropeçou, e Judá caiu; porque a sua língua e as suas obras são contra o Senhor, para afrontarem a sua gloriosa presença.
Isaías 3.9 O aspecto do semblante dá testemunho contra eles; e, como Sodoma, publicam os seus pecados sem os disfarçar. Ai da sua alma! porque eles fazem mal a si mesmos.
Isaías 3.10 Dizei aos justos que bem lhes irá; porque comerão do fruto das suas obras.
Isaías 3.11 Ai do ímpio! mal lhe irá; pois se lhe fará o que as suas mãos fizeram.
Isaías 3.12 Quanto ao meu povo, crianças são os seus opressores, e mulheres dominam sobre eles. Ah, povo meu! os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas.
Isaías 3.13 O Senhor levanta-se para pleitear, e põe-se de pé para julgar os povos.
Isaías 3.14 O Senhor entra em juízo contra os anciãos do seu povo, e contra os seus príncipes; sois vós que consumistes a vinha; o espólio do pobre está em vossas casas.
Isaías 3.15 Que quereis vós, que esmagais o meu povo e moeis o rosto do pobre? diz o Senhor Deus dos exércitos.
Isaías 3.16 Diz ainda mais o Senhor: Porquanto as filhas de Sião são altivas, e andam de pescoço emproado, lançando olhares impudentes; e, ao andarem, vão de passos curtos, fazendo tinir os ornamentos dos seus pés;
Isaías 3.17 o Senhor fará tinhosa a cabeça das filhas de Sião, e o Senhor porá a descoberto a sua nudez.
Isaías 3.18 Naquele dia lhes trará o Senhor o ornamento dos pés, e as coifas, e as luetas;
Isaías 3.19 os pendentes, e os braceletes, e os véus;
Isaías 3.20 os diademas, as cadeias dos artelhos, os cintos, as caixinhas de perfumes e os amuletos;
Isaías 3.21 os anéis, e as joias pendentes do nariz;
Isaías 3.22 os vestidos de festa, e os mantos, e os xales, e os bolsos;
Isaías 3.23 os vestidos diáfanos, e as capinhas de linho, e os turbantes, e os véus.
Isaías 3.24 E será que em lugar de perfume haverá mau cheiro, e por cinto, uma corda; em lugar de encrespadura de cabelos, calvície; e em lugar de veste luxuosa, cinto de cilício; e queimadura em lugar de formosura.
Isaías 3.25 Teus varões cairão à espada, e teus valentes na guerra.
Isaías 3.26 E as portas da cidade gemerão e se carpirão e, desolada, ela se sentará no pó.






Isaías 4


Purificados Para a Vida do Céu

O quarto capítulo de Isaías revela que no dia da volta do Senhor Jesus Cristo, muitos homens de Israel morrerão, porque os ímpios serão desarraigados da terra.
E tal será a redução da população de homens, por causa das perseguições que eles sofrerão da parte do Anticristo, e que serão mortos na batalha do Armagedom, que os que sobrarem em Israel, serão disputados numa proporção de sete mulheres para um; e ainda que estas tenham provisões, pedirão que se casem com elas, não com todas, mas escolhendo uma dentre cada sete, para que seja retirado o opróbrio a que ficaram sujeitas em razão do terrível juízo que veio da parte do Senhor sobre o pecado do Seu povo.
Dar-se-á assim cumprimento ao que foi profetizado no verso 25 do capítulo anterior:
“Teus varões cairão à espada, e teus valentes na guerra.”
Então a profecia tem o propósito de alertar os judeus a emendarem o seu modo de caminhar se convertendo ao Senhor e à santidade que Lhe é devida, porque é dito que há esperança para os que restarem por causa da piedade deles, quando do retorno do Senhor, porque Ele será como um renovo cheio de beleza e de glória para eles.
Este remanescente que será poupado no final da Grande Tribulação será chamado de santo, porque são eleitos, e seus nomes estão inscritos no Livro da vida, e serão selados por Deus como se vê no livro de Apocalipse, para que se convertam.
Isto sucederá porque serão purificados pelo espírito de justiça e de ardor, que é o Espírito Santo, que nos purifica com o Seu fogo espiritual, por causa da justiça de Cristo, que nos é atribuída e implantada (v. 4).
E quando isto ocorrer, a condição não será mais de juízo, mas de bênção, sob a proteção do Senhor, que será um refúgio eterno contra toda forma de condições adversas, que possam se levantar contra o Seu povo (v. 5,6).
Desde que Jesus se manifestou em carne, e tendo derramado o Espírito Santo depois de ter morrido, ressuscitado e subido ao terceiro céu, a condição de todo aquele de Israel, cujo véu de cegueira for removido de diante dos seus olhos, por causa da sua conversão a Cristo, é descrita na parte final do quarto capítulo de Isaías, que é a de se estar debaixo da glória e da proteção de Deus.
Isto terá a sua culminância quando todo Israel for salvo, por ocasião da Segunda vinda de Jesus, a saber, daqueles que em Israel estão selados para a salvação.
Há, portanto, da parte de Deus, esperança e promessas de paz e de segurança para aqueles que verdadeiramente O temem e que se voltam para Ele abandonando os seus pecados, lavando-se de sua imundície, pela fé no sangue de Jesus.

Isaías 4.1 Sete mulheres naquele dia lançarão mão dum só homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos de nossos vestidos; tão somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio.
Isaías 4.2 Naquele dia o renovo do Senhor será cheio de beleza e de glória, e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel.
Isaías 4.3 E será que aquele que ficar em Sião e permanecer em Jerusalém, será chamado santo, isto é, todo aquele que estiver inscrito entre os vivos em Jerusalém;
Isaías 4.4 Quando o Senhor tiver lavado a imundícia das filhas de Sião, e tiver limpado o sangue de Jerusalém do meio dela com o espírito de justiça, e com o espírito de ardor.
Isaías 4.5 E criará o Senhor sobre toda a extensão do monte Sião, e sobre as assembleias dela, uma nuvem de dia, e uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória se estenderá um dossel.
Isaías 4.6 Também haverá de dia um pavilhão para sombra contra o calor, e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva.





Isaías 5


Fazendo Mau Uso dos Tratos Culturais

No quinto capítulo de Isaías o Senhor diz que plantou Israel para ser uma vinha que lhe desse bons frutos, para que os usasse no lagar que construiu para ali depositar e espremer o seu fruto.
Tudo o que era necessário fazer para a Sua vinha, que era a casa de Israel, especialmente a de Judá, foi feito por Ele.
Não lhes faltou trato e cuidado. E nem chuvas de bênçãos nas épocas apropriadas.
O que fizeram os israelitas com toda esta provisão que eles receberam de Deus?
Não lhe deram por devolvido bons frutos, mas produziram as uvas bravas do pecado e da injustiça.
Então, o Senhor prometeu que destruiria aquela vinha imprestável e que produzia continuamente maus frutos.
Veja o que é dito nos versos 8 e 9:
“8 Ai dos que ajuntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais lugar, de modo que habitem sós no meio da terra!
9 A meus ouvidos disse o Senhor dos exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até casas grandes e lindas sem moradores.”
Eles confundiram o fruto de bênção de Deus em suas vidas com prosperidade material.
É este o grande problema da maior parte da Igreja de Cristo em nossos dias.
Eles transformaram a glória espiritual e durável de Deus em suas vidas, por uma glória terrena e passageira.
Eles amaram o mundo e não a Deus.
Bem sabemos o que fazem aqueles que dispõem seus corações a enriquecer com coisas materiais, por amarem o dinheiro.
Eles ficam expostos a muitas tentações, inclusive à prática de subornos e de impiedades, conforme se descreve neste capítulo, para manterem e aumentarem suas riquezas e propriedades.
Não podem ficar satisfeitos somente com a graça do Senhor, porque a sua alma tem uma sede insaciável, porque o desejo de enriquecer é enganoso, porque quanto mais se tem mais se quer, porque não se pode satisfazer ao espírito com aquilo que é material e terreno.
“9 Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição.
10 Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
11 Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.” (I Tim 6.9-11).
Jesus diz à Igreja morna, cega, pobre, miserável e nua de Laodiceia, que está a ponto de vomitá-la da Sua boca, porque não é rica da graça de Deus, mas somente dos recursos deste mundo, e que diz, portanto, que é rica e abençoada pela falsa evidência destes bens que possui, porque não é na quantidade de bens que uma pessoa possua que se encontra o verdadeiro valor da sua vida diante de Deus.
Em Sua longanimidade, amor e bondade o Senhor convoca tal Igreja ao arrependimento, mas não remove a ameaça, ante a falta do mesmo.
As coisas que sobrevieram e que ainda têm sobrevindo a Israel, e que ainda sobrevirão nos dias do Anticristo, deveriam servir de alerta para a Igreja do Senhor, que tem vivido especialmente nestes dias em que a sociedade pensa somente em acumular riquezas materiais, segurança e conforto.
Há uma missão de se evangelizar todo o mundo debaixo das aflições do evangelho, e dificilmente poderá se entregar a tal missão todo aquele, cujo coração estiver no tesouro terreno e não no celestial.
Então, quando o Senhor manifestar o Seu terrível juízo sobre toda a terra, e quando o de coração perverso deixar este mundo, para quem será tudo o que se acumulou?
Quem habitará em suas casas desertas da presença deles, conforme o Senhor pergunta no verso 9?
Não será por falta de aviso da Palavra de Deus que o homem errará o caminho no qual deve andar, porque são descritos de modo muito claro e vívido, não somente a condição perversa do coração, como também são nomeados muitos dos pecados nos quais, os que vivem na soberba da vida, costumam cometer, como se vê especialmente nos versos 18 a 29.
Quando Deus trouxer Seus juízos sobre os soberbos da terra, então os justos acharão repouso e paz, conforme está prometido no verso 16.
O Senhor será exaltado por causa do juízo que trará sobre os que vivem impiamente (v. 17), porque isto revelará que apesar de ser bondoso, amoroso e longânimo, é o Deus do juízo, que dá a cada um conforme as Suas obras, ainda que lhes dê muito tempo para que se arrependam, por causa da Sua longanimidade, tal como vinha fazendo com a Sua vinha de Israel, cuidando dela, e fazendo a chuva de graça ser derramada do céu, mas em vez de usarem a graça para produzirem bons frutos, a desprezaram para produzirem uvas bravas.

Isaías 5.1 Ora, seja-me permitido cantar para o meu bem amado uma canção de amor a respeito da sua vinha. O meu amado possuía uma vinha num outeiro fertilíssimo.
Isaías 5.2 E, revolvendo-a com enxada e limpando-a das pedras, plantou- a de excelentes vides, e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas, mas deu uvas bravas.
Isaías 5.3 Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
Isaías 5.4 Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? e por que, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas?
Isaías 5.5 Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, e será devorada; derrubarei a sua parede, e sera pisada;
Isaías 5.6 e a tornarei em deserto; não será podada nem cavada, mas crescerão nela sarças e espinheiro; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela.
Isaías 5.7 Pois a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercessem juízo, mas eis aqui derramamento de sangue; justiça, e eis aqui clamor.
Isaías 5.8 Ai dos que ajuntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo, até que não haja mais lugar, de modo que habitem sós no meio da terra!
Isaías 5.9 A meus ouvidos disse o Senhor dos exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até casas grandes e lindas sem moradores.
Isaías 5.10 E dez jeiras de vinha darão apenas um bato, e um hômer de semente não dará mais do que uma efa.
Isaías 5.11 Ai dos que se levantam cedo para correrem atrás da bebida forte e continuam até a noite, até que o vinho os esquente!
Isaías 5.12 Têm harpas e alaúdes, tamboris e pífanos, e vinho nos seus banquetes; porém não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das mãos dele.
Isaías 5.13 Portanto o meu povo é levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres estão morrendo de fome, e a sua multidão está seca de sede.
Isaías 5.14 Por isso o Seol aumentou o seu apetite, e abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descem a glória deles, a sua multidão, a sua pompa, e os que entre eles se exultam.
Isaías 5.15 O homem se abate, e o varão se humilha, e os olhos dos altivos se abaixam.
Isaías 5.16 Mas o Senhor dos exércitos é exaltado pelo juízo, e Deus, o Santo, é santificado em justiça.
Isaías 5.17 Então os cordeiros pastarão como em seus pastos; e nos campos desertos se apascentarão cevados e cabritos.
Isaías 5.18 Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de falsidade, e o pecado como com tirantes de carros!
Isaías 5.19 E dizem: Apresse-se Deus, avie a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o propósito do Santo de Israel, para que o conheçamos.
Isaías 5.20 Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz, e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo!
Isaías 5.21 Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e astutos em seu próprio conceito!
Isaías 5.22 Ai dos que são poderosos para beber vinho, e valentes para misturar bebida forte;
Isaías 5.23 dos que justificam o ímpio por peitas, e ao inocente lhe tiram o seu direito!
Isaías 5.24 Pelo que, como a língua de fogo consome o restolho, e a palha se desfaz na chama assim a raiz deles será como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porque rejeitaram a lei do Senhor dos exércitos, e desprezaram a palavra do santo de Israel,
Isaías 5.25 Por isso se acendeu a ira do Senhor contra o seu povo, e o Senhor estendeu a sua mão contra ele, e o feriu; e as montanhas tremeram, e os seus cadáveres eram como lixo no meio das ruas; com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
Isaías 5.26 E ele arvorará um estandarte para as nações de longe, e lhes assobiará desde a extremidade da terra; e eis que virão muito apressadamente.
Isaías 5.27 Não há entre eles cansado algum nem quem tropece; ninguém cochila nem dorme; não se lhe desata o cinto dos lombos, nem se lhe quebra a correia dos sapatos.
Isaías 5.28 As suas flechas são agudas, e todos os seus arcos retesados; os cascos dos seus cavalos são reputados como pederneira, e as rodas dos seus carros qual redemoinho.
Isaías 5.29 O seu rugido é como o do leão; rugem como filhos de leão; sim, rugem e agarram a presa, e a levam, e não há quem a livre.
Isaías 5.30 E bramarão contra eles naquele dia, como o bramido do mar; e se alguém olhar para a terra, eis que só verá trevas e angústia, e a luz se escurecerá nas nuvens sobre ela.








Isaías 6


Profetizada a Causa do Endurecimento de Israel ao Evangelho

No sexto capítulo de Isaías nós temos o registro do modo pelo qual Deus o chamou para o exercício do seu ofício profético.
Foi-lhe dado ver o Senhor assentado em seu alto e sublime trono, com as orlas de suas vestes enchendo o santuário em que está situado o Seu trono.
João afirmou em seu evangelho que foi a Jesus em Sua glória celestial que Isaías viu, antes da encarnação do Senhor neste mundo (Jo 12.41).
Ao redor do trono havia serafins, que são seres angelicais com aparência de fogo, porque a palavra hebraica seraf, significa fogo.
Como estavam diante do trono do Senhor, estes serafins possuíam seis asas para cobrirem com duas suas faces, e com duas seus pés, em sinal de reverência diante da glória dAquele que estava assentado no trono, e com as duas asas restantes, voavam.
Foi permitido a Isaías ouvir o que estes serafins clamavam uns para os outros:
“Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória.” (v. 3).
Os judeus pensavam que a glória de Deus se limitaria para sempre a se manifestar somente no território de Israel, mas os serafins revelaram profeticamente no seu clamor que toda a terra seria cheia da glória do Senhor, e isto apontava certamente para os dias do evangelho.
Tão poderosa era a voz do Senhor que as bases dos limiares se moviam e a casa se enchia de fumaça, que é a manifestação visível da glória de Deus (v. 4).
Diante da visão da majestade e santidade do Senhor, e de toda a glória celestial ao redor do Seu trono, Isaías sentiu a sua pequenez e foi convencido da sua miséria diante de um Ser tão magnífico e santo.
E pôde perceber não apenas a sua própria pequenez e miséria, como também a impureza de todo o povo de Israel, que sendo povo de Deus, nada refletia daquela glória que Isaías havia visto.
Cremos que Isaías já era um homem piedoso ao ter recebido tal visão, e foi exatamente por isto que o Senhor o chamou daquela maneira gloriosa para que fosse convencido sobre a necessidade de uma total consagração e santidade para que se possa servir ao Deus que é um fogo consumidor.
Por causa da confissão da sua pequenez, insuficiência, miséria e indignidade, Isaías achou favor da parte de Deus, porque se manifesta aos quebrantados de coração e pobres de espírito.
E fizera isto com Isaías não para convertê-lo, porque cremos que já era convertido, mas para chamá-lo a uma maior consagração de vida, e dar-lhe o revestimento de poder necessário para o cumprimento do ministério para o qual seria convocado, não por obrigação, mas pelo constrangimento, quando ouviu a voz do Senhor perguntando:
“A quem enviarei, e quem irá por nós?” (entendemos que este “nós” se refere à trindade divina).
 Mas, Isaías só ouviu esta voz do Senhor depois de ter sido purificado e renovado com o poder do Espírito Santo, quando foi tocado por uma brasa viva que um dos sefarins trazia na mão, que tirara do altar com uma tenaz, e com a qual tocou os lábios de Isaías dizendo que a sua iniquidade havia sido tirada e perdoado o seu pecado.
O processo da chamada para o uso consagrado para o serviço do Senhor não tem mudado, porque Ele sempre primeiro santificará aqueles que enviará a seu serviço, e o fará pelo revestimento de poder do Espírito Santo, depois que estes vasos escolhidos se humilharem diante dEle, reconhecendo a sua inabilidade e impureza.
Somente depois da consagração e santificação, que Isaías ouviu o chamado para um atendimento voluntário, ao qual ele respondeu afirmativamente dizendo: “Eis-me aqui, envia-me a mim.”.
Ele é conhecido como o profeta evangélico, porque profetizaria mais do que qualquer outro sobre a pessoa de Cristo e o período da Igreja cristã, do milênio e da glória futura dos santos.
Ele viu o Senhor Jesus na Sua glória em sua chamada, porque sua grande missão seria a de falar do ministério e glória do Messias, e que somente nEle havia esperança, não apenas para Israel, como para todas as nações da terra.
Então não é para se estranhar que não tenha sido chamado para convocar e confrontar os israelitas de seus dias, ao arrependimento, durante o tempo do seu longo ministério, mas ao contrário, revelar aos israelitas que eles permaneceriam endurecidos à recepção do Messias e do evangelho por um longo período, porque por causa do seu endurecimento no pecado, o profeta lhes diria  o que sucederia a Israel durante o período de formação da Igreja de Cristo.
Eles ouviriam o evangelho, mas não entenderiam.
Veriam os sinais realizados por Cristo e pela Igreja mas não perceberiam a mão de Deus agindo, porque o seu coração se tornaria insensível, e seus ouvidos ficariam endurecidos à voz do Espírito, e seus olhos fechados para verem a verdade da Palavra do evangelho (v. 9, 10).
Sobretudo porque a justiça do evangelho é o próprio Cristo sendo oferecido como meio da nossa justificação simplesmente pela fé, e os judeus estavam habituados à ideia da justificação pelas obras da lei, e da justiça própria.
Isaías falaria, portanto, de coisas relativas ao evangelho, mas eles não se converteriam a Deus por ouvirem as coisas que seriam reveladas a Isaías para serem profetizadas.
Ao contrário, a mensagem profética de Isaías lhes endureceria o coração, fecharia os seus olhos, para que não vissem com os olhos e ouvissem com os ouvidos a mensagem da verdade, e assim, não podendo entender com o coração, não se converteriam e não seriam sarados por Deus.
A propósito, ao longo do livro de Isaías, foi-lhe revelado pelo Senhor o caráter da justiça que se manifestaria com a vinda de Cristo ao mundo, para morrer no lugar do pecador.
Isaías perguntou ao Senhor até quando duraria tal endurecimento de Israel ao evangelho, e a resposta divina foi a seguinte:
“Até que sejam assoladas as cidades, e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada, e o Senhor tenha removido para longe dela os homens, e sejam muitos os lugares abandonados no meio da terra.”.
A remoção do endurecimento de Israel ocorreria somente, conforme do conhecimento do Senhor em Sua onisciência, e como revelou a Isaías, somente depois que a terra de Israel fosse assolada, e as suas cidades e casas ficassem sem habitantes e moradores.
Isto ocorreria no cativeiro babilônico, e na diáspora causada pelos romanos em 70 d. C., mas o grande cumprimento da  profecia aponta para o tempo das assolações que serão realizadas pelo Anticristo.
Apenas um remanescente seria objeto da remoção do endurecimento e se converteria ao Senhor, mas é identificado como sendo menos da décima parte da população que seria poupada.
E este remanescente foi chamado de santa semente, e comparado ao toco de um carvalho que é deixado na terra, depois que este é derrubado (v. 13).

Isaías 6.1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo.
Isaías 6.2 Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava.
Isaías 6.3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória.
Isaías 6.4 E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça.
Isaías 6.5 Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!
Isaías 6.6 Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
Isaías 6.7 e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.
Isaías 6.8 Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.
Isaías 6.9 Disse, pois, ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.
Isaías 6.10 Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e entenda com o coração, e se converta, e seja sarado.
Isaías 6.11 Então disse eu: Até quando, Senhor? E respondeu: Até que sejam assoladas as cidades, e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada,
Isaías 6.12 e o Senhor tenha removido para longe dela os homens, e sejam muitos os lugares abandonados no meio da terra.
Isaías 6.13 Mas se ainda ficar nela a décima parte, tornará a ser consumida, como o terebinto, e como o carvalho, dos quais, depois de derrubados, ainda fica o toco. A santa semente é o seu toco.






Isaías 7


O Sinal do Rei para o Rei Acaz

Há no sétimo capítulo de Isaías uma conexão da promessa de livramento de Judá da destruição, e do intento de uma coligação da Síria com o reino do Norte, para assumir o governo de Judá, com a revelação da futura vinda de Emanuel (Deus conosco, no hebraico – uma referência à pessoa de Cristo), porque é a Ele que pertence o governo eterno de Judá, e até que Ele se manifestasse, nenhum poder terreno poderia impedir que os judeus continuassem em sua própria terra, para que se cumprisse o propósito de Deus de dar o Messias ao mundo através de Israel, nascendo em Belém de Judá.
De igual modo, importa que nosso Senhor retorne em sua segunda vinda para Israel na terra que ocupam presentemente, e que lhe foi dada por herança, por Deus, conforme promessa que fizera a Abraão.
Mesmo o período em que o povo fosse deportado para Babilônia, isto seria sob a permissão do Senhor,  não para a sua destruição, mas para serem purificados da idolatria.
Então, a promessa de livramento que foi feita ao rei Acaz em Is 7, não foi por causa da piedade deste rei, que era um rei ímpio, e nem por causa da fidelidade de Judá, que não andava em retidão diante do Senhor, mas por causa do desígnio predeterminado de Deus de trazer a sua salvação ao mundo, pelo advento do Messias, através dos judeus.
A iniquidade do Reino do Norte (Israel) havia crescido muito e a sua medida estava madura e completada para enfrentar o juízo, especialmente em razão do culto aos bezerros de ouro de Dã e Betel, que eles vinham mantendo desde a criação daquele reino, com o seu primeiro rei, Jeroboão, que havia sido servo de Salomão.
Eles não sabiam que Deus já estava preparando a Assíria para desolar o Reino do Norte, e a força da Síria também seria quebrada pelo poder dos assírios.
O propósito de Israel (chamado na profecia de Efraim, porque era a tribo principal do Reino do Norte, onde se situava a capital daquele reino, Samaria) em coligação com a Síria é declarado no verso 6:
“Subamos contra Judá, e amedrontemo-lo, e demos sobre ele, tomando-o para nós, e façamos reinar no meio dele o filho de Tabeel.”
Eles queriam dissolver, portanto, o reino de Judá, mas isto não poderia acontecer pelas razões que comentamos anteriormente.
Então a resposta de Deus através de Isaías ao rei de Judá, Acaz, que estava muito atemorizado pela iminente ameaça foi:
“Assim diz o Senhor Deus: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá.” (v. 7).
Não somente foi profetizado o livramento de Judá por sua intervenção divina, como também foi revelado que Israel deixaria de ser reino dentro de 65 anos, a contar da data do anúncio desta profecia de Isaías a Acaz, como de fato ocorreu.
Deus tinha Judá em Sua mão, e faria distinção entre o Reino do Sul (Judá), e o do Norte (Israel) não por causa da piedade de Judá, mas porque o Messias procederia de Judá, e Judá deveria, portanto, permanecer.
Além disso, a esperança de segurança de Israel não consistiria em alianças políticas ou em poderio militar, senão no menino que lhes seria dado (Jesus), e por isso foi ordenado a Isaias, pelo Senhor, antes que se apresentasse ao rei Acaz, que levasse juntamente consigo o seu filho ainda menino, de nome Sear-Jasube (v. 3), de maneira a servir de sinal e confirmação da profecia que seria dada a Acaz do nascimento virginal de Cristo.
“Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.” (v. 14)
A mensagem inicial do profeta a Acaz, no verso 4,  não foi para consolar o rei, mas para glorificar o nome do Senhor, perante ele, de maneira que lhe foi ordenado que se acautelasse e se aquietasse e não temesse os reis de Israel e da Síria, a quem o Senhor chamou de dois pedaços de tições fumegantes, por causa do ardor da ira deles contra Judá.
Eles seriam consumidos pelo próprio fogo da sua ira, desfazendo-se em cinzas e fumaça.
Então não havia o que temer.
Mas, como Acaz não era um rei piedoso, e sabendo o Senhor que havia incredulidade no seu coração quanto ao que lhe fora proferido através do profeta, mandou então o rei lhe pedir um sinal para que confirmasse que era verdadeira a Sua palavra na boca de Isaías, porque foi ameaçado de perder o reino caso não desse crédito à Palavra proferida pelo profeta.
Então o rei temeu este desafio, especialmente por causa da ameaça de perder a coroa, e disse que não pediria nenhum sinal para não colocar à prova o Senhor.
 Ainda que isto não consistisse numa declaração de fé e de temor procedente de um coração genuinamente piedoso, foi, no entanto, uma declaração de alguém que se encurvou diante de Deus, e por isso Deus mesmo disse que lhe daria um sinal.
Mas, o sinal que foi dado não foi imediato e não seria visto por Acaz, porque apontava para dias ainda muito distantes, contudo era uma maravilha que uma virgem viesse a conceber uma criança para possibilitar que o próprio Deus se fizesse homem, para habitar entre os homens, porque este é o significado da palavra hebraica Emanuel – Deus conosco.
Este era o sinal de que Judá seria preservado da destruição e não havia um outro melhor e maior, porque a garantia da existência e permanência de Judá era devida à promessa de que o Messias deveria proceder de Judá, e reinar para sempre em Jerusalém.

Isaías 7.1 Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem contra ela, mas não a puderam conquistar.
Isaías 7.2 Quando deram aviso à casa de Davi, dizendo: A Síria fez aliança com Efraim; ficou agitado o coração de Acaz, e o coração do seu povo, como se agitam as árvores do bosque à força do vento.
Isaías 7.3 Então disse o Senhor a Isaías: saí agora, tu e teu filho Sear-Jasube, ao encontro de Acaz, ao fim do aqueduto da piscina superior, na estrada do campo do lavandeiro,
Isaías 7.4 e dize-lhe: Acautela-te e aquieta-te; não temas, nem te desfaleça o coração por causa destes dois pedaços de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim e da Síria, e do filho de Remalias.
Isaías 7.5 Porquanto a Síria maquinou o mal contra ti, com Efraim e com o filho de Remalias, dizendo:
Isaías 7.6 Subamos contra Judá, e amedrontemo-lo, e demos sobre ele, tomando-o para nós, e façamos reinar no meio dele o filho de Tabeel.
Isaías 7.7 Assim diz o Senhor Deus: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá.
Isaías 7.8 Pois a cabeça da Síria é Damasco, e o cabeça de Damasco é Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será quebrantado, e deixará de ser povo.
Isaías 7.9 Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e o cabeça de Samaria o filho de Remalias; se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer.
Isaías 7.10 De novo falou o Senhor com Acaz, dizendo:
Isaías 7.11 Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal; pede-o ou em baixo nas profundezas ou em cima nas alturas.
Isaías 7.12 Acaz, porém, respondeu: Não o pedirei nem porei à prova o Senhor.
Isaías 7.13 Então disse Isaías: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, que ainda afadigareis também ao meu Deus?
Isaías 7.14 Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.
Isaías 7.15 Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem.
Isaías 7.16 Pois antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, será desolada a terra dos dois reis perante os quais tu tremes de medo.
Isaías 7.17 Mas o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá, isto é, fará vir o rei da Assíria.
Isaías 7.18 Naquele dia assobiará o Senhor às moscas que há no extremo dos rios do Egito, e às abelhas que estão na terra da Assíria.
Isaías 7.19 E elas virão, e pousarão todas nos vales desertos e nas fendas das rochas, e sobre todos os espinheirais, e sobre todos os prados.
Isaías 7.20 Naquele dia rapará o Senhor com uma navalha alugada, que está além do Rio, isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba arrancará.
Isaías 7.21 Sucederá naquele dia que um homem criará uma vaca e duas ovelhas;
Isaías 7.22 e por causa da abundância do leite que elas hão de dar, comerá manteiga; pois manteiga e mel comerá todo aquele que ficar de resto no meio da terra.
Isaías 7.23 Sucederá também naquele dia que todo lugar, em que antes havia mil vides, do valor de mil siclos de prata, será para sarças e para espinheiros.
Isaías 7.24 Com arco e flechas entrarão ali; porque as sarças e os espinheiros cobrirão toda a terra.
Isaías 7.25 Quanto a todos os outeiros que costumavam cavar com enxadas, para ali não chegarás, por medo das sarças e dos espinheiros; mas servirão de pasto para os bois, e serão pisados pelas ovelhas.











Isaías 8


A Esperança dos Gentios

O oitavo capítulo de Isaías e os quatro imediatamente seguintes, são a continuação da profecia dada no capítulo anterior quanto às assolações que viriam sobre o Reino de Israel, e as opressões que seriam permitidas que a Assíria trouxesse a Judá, por causa da infidelidade dos judeus.
Contudo, se vê ainda aqui a conexão com o reinado do Messias, como sendo a causa da explicação de Deus continuar sendo o Deus de Israel, apesar das infidelidades dos israelitas.
A glória de Deus viria a encher toda a terra a partir de Jerusalém, conforme se vê no sexto capítulo.
Logo, a par de todas as assolações que o povo de Israel deveria experimentar (tanto o Reino do Norte, quanto o do Sul), não havia razão para temer um completo desamparo da parte de Deus, e temerem as ameaças das nações inimigas de Israel, como se afirma no verso 12:
“Não chameis conspiração a tudo quanto este povo chama conspiração; e não temais aquilo que ele teme, nem por isso vos assombreis.”
Em vez de temer o poder do homem, das nações inimigas, o povo do Senhor deveria temer unicamente ao Seu Deus, em demonstração prática pela santificação de suas vidas, porque é assim fazendo que Ele se torna um santuário para aqueles que assim o temem.
Contudo, este temor verdadeiro seria visto em muito maior proporção entre os gentios do que entre os próprios israelitas, porque se para estes Jesus seria a pedra eleita e preciosa na qual são edificados, no entanto, para as duas casas de Israel, a saber o Reino do Norte e do Sul, ele seria uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, e uma armadilha e laço para os moradores de Jerusalém (v. 13).
Foi profetizado também que seriam muitos os que tropeçariam, cairiam e seriam quebrados, enlaçados e presos entre os israelitas (v. 14,15).
Isto apontava para a futura rejeição de Jesus pelos israelitas por tentarem ser justificados pelas obras da lei, e não pela fé nEle, como sendo de fato a única esperança não somente de Israel, mas de todas as nações da terra, para se ter acesso à glória de Deus, e escapar do Seu juízo de condenação eterna.
Por isso foi ordenado ao profeta que atasse o testemunho e selasse a lei (v. 16), não entre todos os israelitas, senão somente entre os discípulos do Senhor, porque somente estes poderiam confirmar a lei, por causa da sua fé. Enquanto os israelitas tropeçariam em Cristo, por causa da sua incredulidade.
Então, à luz de tal revelação o profeta declara que esperaria no Senhor e aguardaria a ele, ao Senhor que esconde o seu rosto da casa de Jacó.
No verso 18 há uma declaração proferida pelo Messias, relativa à Sua reunião em glória com o povo que foi por Ele redimido no monte Sião.
Israel visitava os feiticeiros para consultarem os mortos, por temerem o futuro. Eles se preocupavam apenas com o seu futuro imediato neste mundo.
Que resposta poderiam os mortos darem aos vivos?
Que segurança e esperança eterna poderiam garantir os mortos?
Quão grande ignorância e insensatez é desprezar a revelação de uma salvação eterna e segura, garantida pelo temor a Deus, expressado por uma fé viva e operante pela comprovação de uma vida santificada pelo Messias prometido, do que dar ouvidos aos feiticeiros (que alegam falar pelos mortos), que nada entendem dos projetos eternos de Deus.
As ameaças para aqueles que insistem em não temer a Deus e a santificarem suas vidas, por deixarem de dar crédito a esta Palavra afirmada pela Lei e pelo testemunho dos profetas, são desoladoras como se vê nos versos 20 a 22:
“20 A Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva.
21 E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e, tendo fome, se agastarão, e amaldiçoarão o seu rei e o seu Deus, olhando para o céu em cima;
22 e para a terra em baixo, e eis aí angústia e escuridão, tristeza da aflição; e para as trevas serão empurrados.”

Isaías 8.1 Disse-me também o Senhor: Toma uma tábua grande e escreve nela em caracteres legíveis: Maer-Salal-Has-Baz;
Isaías 8.2 tomei pois, comigo fiéis testemunhas, a Urias sacerdote, e a Zacarias, filho de Jeberequias.
Isaías 8.3 E fui ter com a profetisa; e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz.
Isaías 8.4 Pois antes que o menino saiba dizer meu pai ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria.
Isaías 8.5 E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo:
Isaías 8.6 Porquanto este povo rejeitou as águas de Siloa, que correm brandamente, e se alegrou com Rezim e com o filho de Remalias,
Isaías 8.7 eis que o Senhor fará vir sobre eles as águas do Rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras;
Isaías 8.8 e passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel.
Isaías 8.9 Exasperai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos os que sois de terras longínquas; cingi-vos e sereis feitos em pedaços, cingi-vos e sereis feitos em pedaços;
Isaías 8.10 Tomai juntamente conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não subsistirá; porque Deus é conosco.
Isaías 8.11 Pois assim o Senhor me falou, com sua forte mão deitada em mim, e me admoestou a que não andasse pelo caminho deste povo, dizendo:
Isaías 8.12 Não chameis conspiração a tudo quanto este povo chama conspiração; e não temais aquilo que ele teme, nem por isso vos assombreis.
Isaías 8.13 Ao Senhor dos exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e seja ele o vosso assombro.
Isaías 8.14 Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e de rocha de escândalo, às duas casas de Israel; de armadilha e de laço aos moradores de Jerusalém.
Isaías 8.15 E muitos dentre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos.
Isaías 8.16 Ata o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos.
Isaías 8.17 Esperarei no Senhor, que esconde o seu rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei.
Isaías 8.18 Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor; são como sinais e portentos em Israel da parte do Senhor dos exércitos, que habita no monte Sião.
Isaías 8.19 Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? acaso a favor dos vivos consultará os mortos?
Isaías 8.20 A Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva.
Isaías 8.21 E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e, tendo fome, se agastarão, e amaldiçoarão o seu rei e o seu Deus, olhando para o céu em cima;
Isaías 8.22 e para a terra em baixo, e eis aí angústia e escuridão, tristeza da aflição; e para as trevas serão empurrados.







Isaías 9


Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz

No final do capítulo oitavo de Isaías, Deus revelou pelo profeta que haveria trevas para aqueles que permanecessem na impiedade.
Mas, no início do nono capítulo é dito que estas trevas poderão ser dissipadas pela fé nAquele que foi dado também como luz para os gentios, além de ter sido dado também para Israel, que o rejeitaria.
Por isso, continuam as conexões de promessas de bênçãos para os que crerem no Messias, que também é prometido neste capítulo como alguém que seria dado a Israel como um menino, que traria sobre os seus ombros a responsabilidade de governar o povo do Senhor, certamente não como um menino, mas pela perfeita humanidade e divindade que seria manifestada naquele menino, que cresceria em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens, e que por isso recebe um nome divino múltiplo de Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
O menino que foi dado como Salvador do povo de Deus é também o Deus Forte, o Pai Eterno, o Príncipe da Paz, e é também Maravilhoso, porque não é um governante distante, mas um governante que vive como Conselheiro garantindo a paz daqueles que se colocam voluntariamente debaixo do Seu governo amoroso e justo, pela fé nEle.
Por isso, o destino do seu governo e da paz deste governo é ser eterno, e regerá sobre o trono de Davi, que era da tribo de Judá, para estabelecer e fortificar o reino em retidão e em justiça, para todo o sempre (v. 7).
Deus faria isto por causa do Seu zelo em cumprir a Sua Palavra, especialmente em razão da promessa que fizera aos patriarcas, especialmente a Abraão de abençoar no seu descendente (Cristo) todas as nações da terra.
A consequência da rejeição deste Governante divino não poderia ser outra senão as ameaças que são descritas na parte final de Isaías 9, particularmente para aqueles que o rejeitariam em Israel, a quem cabia recebê-lO, porque veio primeiro para eles, por serem o povo de Deus na Antiga Aliança, e no entanto, eles não o receberiam, e daí as ameaças que lhes são dirigidas não somente no nono capítulo, como também em várias outras passagens do livro do profeta Isaías.

Isaías 9.1 Mas para a que estava aflita não haverá escuridão. Nos primeiros tempos, ele envileceu a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos fará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, a Galileia dos gentios.
Isaías 9.2 O povo que andava em trevas viu uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda escuridão resplandeceu a luz.
Isaías 9.3 Tu multiplicaste este povo, a alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa e como exultam quando se repartem os despojos.
Isaías 9.4 Porque tu quebraste o jugo da sua carga e o bordão do seu ombro, que é o cetro do seu opressor, como no dia de Midiã.
Isaías 9.5 Porque todo calçado daqueles que andavam no tumulto, e toda capa revolvida em sangue serão queimados, servindo de pasto ao fogo.
Isaías 9.6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
Isaías 9.7 Do aumento do seu governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer e o fortificar em retidão e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos exércitos fará isso.
Isaías 9.8 O Senhor enviou uma palavra a Jacó, e ela caiu em Israel.
Isaías 9.9 E todo o povo o saberá, Efraim e os moradores de Samaria, os quais em soberba e altivez de coração dizem:
Isaías 9.10 Os tijolos caíram, mas com cantaria tornaremos a edificar; cortaram-se os sicômoros, mas por cedros os substituiremos.
Isaías 9.11 Pelo que o Senhor suscita contra eles os adversários de Rezim, e instiga os seus inimigos,
Isaías 9.12 os sírios do Oriente, e os filisteus do Ocidente; e eles devoram a Israel à boca escancarada. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
Isaías 9.13 Todavia o povo não se voltou para quem o feriu, nem buscou ao Senhor dos exércitos.
Isaías 9.14 Pelo que o Senhor cortou de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo dia.
Isaías 9.15 O ancião e o varão de respeito, esse é a cabeça; e o profeta que ensina mentiras, esse e a cauda.
Isaías 9.16 Porque os que guiam este povo o desencaminham; e os que por eles são guiados são devorados.
Isaías 9.17 Pelo que o Senhor não se regozija nos seus jovens, e não se compadece dos seus órfãos e das suas viúvas; porque todos eles são profanos e malfeitores, e toda boca profere doidices. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
Isaías 9.18 Pois a impiedade lavra como um fogo que devora espinhos e abrolhos, e se ateia no emaranhado da floresta; e eles sobem ao alto em espessas nuvens de fumaça.
Isaías 9.19 Por causa da ira do Senhor dos exércitos a terra se queima, e o povo é como pasto do fogo; ninguém poupa ao seu irmão.
Isaías 9.20 Se colher da banda direita, ainda terá fome, e se comer da banda esquerda, ainda não se fartará; cada um comerá a carne de seu braço.
Isaías 9.21 Manassés será contra Efraim, e Efraim contra Manassés, e ambos eles serão contra Judá. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.






Isaías 10


O Senhor de Todas as Nações

Deus havia levantado a Assíria para ser o seu instrumento de juízo contra as nações idólatras, tal como faria através de Babilônia, depois dela, que a propósito, foi o poder usado por Ele para derrubar o domínio dos assírios.
No entanto, os reis assírios não receberam a comissão que lhes fora dada por Deus com temor, mas se engrandeceram contra Ele, esquecendo que eram apenas um machado nas Suas mãos.
Eles se elevaram em sua soberba a ponto de atribuírem as assolações sobre Israel como demonstrações de um poder maior do falso deus deles do que o do Deus verdadeiro, sem levarem em conta que foi pelo desígnio do Senhor, que eles haviam sido levantados para levarem o Reino do Norte para o cativeiro.
Mas nenhuma ordem lhes fora dada por Deus para fazerem o mesmo com o Reino do Sul (Judá).
Portanto, um dos principais objetivos da profecia deste capítulo foi o de fortalecer a confiança de Judá, que não seria permitido pelo Senhor, que os assírios assolassem a terra de Emanuel.
No entanto, Deus continuaria usando os assírios para cumprirem os Seus propósitos, mas prometeu dar a devida paga à sua arrogância, no tempo oportuno.
Judá seria livrado das assolações dos assírios, mas a iniquidade dos judeus seria também visitada no tempo oportuno, de modo que as promessas de segurança eterna são dirigidas apenas a um pequeno remanescente (v. 20 a 23), que seria deixado a Israel pela eleição da graça e misericórdia do Senhor.
Como temos visto, esta é uma afirmação profética que se vê por repetidas vezes em Isaías.
Afinal, lhe foi revelado que haveria endurecimento em Israel ao governo do Messias.
Este endurecimento culminaria na própria rejeição da grande maioria dos israelitas pelo Senhor; porque Ele não pode honrar aqueles que não Lhe honram.

Isaías 10.1 Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades;
Isaías 10.2 para privarem da justiça os necessitados, e arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo; para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!
Isaías 10.3 Mas que fareis vós no dia da visitação, e na desolação, que há de vir de longe? a quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa riqueza?
Isaías 10.4 Nada mais resta senão curvar-vos entre os presos, ou cair entre os mortos. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
Isaías 10.5 Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos.
Isaías 10.6 Eu a envio contra uma nação ímpia; e contra o povo do meu furor lhe dou ordem, para tomar o despojo, para arrebatar a presa, e para os pisar aos pés, como a lama das ruas.
Isaías 10.7 Todavia ela não entende assim, nem o seu coração assim o imagina; antes no seu coração intenta destruir e desarraigar não poucas nações.
Isaías 10.8 Pois diz: Não são meus príncipes todos eles reis?
Isaías 10.9 Não é Calnó como Carquêmis? não é Hamate como Arpade? e Samaria como Damasco?
Isaías 10.10 Do mesmo modo que a minha mão alcançou os reinos dos ídolos, ainda que as suas imagens esculpidas eram melhores do que as de Jerusalém e de Samaria.
Isaías 10.11 como fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o farei igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?
Isaías 10.12 Por isso acontecerá que, havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então castigará o rei da Assíria pela arrogância do seu coração e a pomba da altivez dos seus olhos.
Isaías 10.13 Porquanto diz ele: Com a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou entendido; eu removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros, e como valente abati os que se sentavam sobre tronos.
Isaías 10.14 E achou a minha mão as riquezas dos povos como a um ninho; e como se ajuntam os ovos abandonados, assim eu ajuntei toda a terra; e não houve quem movesse a asa, ou abrisse a boca, ou chilreasse.
Isaías 10.15 Porventura gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele? ou se engrandecerá a serra contra o que a maneja? como se a vara movesse o que a levanta, ou o bordão levantasse aquele que não é pau!
Isaías 10.16 Pelo que o Senhor Deus dos exércitos fará definhar os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um incêndio, como incêndio de fogo.
Isaías 10.17 A Luz de Israel virá a ser um fogo e o seu Santo uma labareda, que num só dia abrasará e consumirá os seus espinheiros e as suas sarças.
Isaías 10.18 Também consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a alma até o corpo; e será como quando um doente vai definhando.
Isaías 10.19 E o resto das árvores da sua floresta será tão pouco que um menino as poderá contar.
Isaías 10.20 E acontecerá naquele dia que o resto de Israel, e os que tiverem escapado da casa de Jacó, nunca mais se estribarão sobre aquele que os feriu; antes se estribarão lealmente sobre o Senhor, o Santo de Israel.
Isaías 10.21 Um resto voltará; sim, o resto de Jacó voltará para o Deus forte.
Isaías 10.22 Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um resto dele voltará. Uma destruição está determinada, trasbordando de justiça.
Isaías 10.23 Pois uma destruição, e essa já determinada, o Senhor Deus dos exércitos executará no meio de toda esta terra.
Isaías 10.24 Pelo que assim diz o Senhor Deus dos exércitos: ç povo meu, que habitas em Sião, não temas a Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão a maneira dos egípcios;
Isaías 10.25 porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação, e a minha ira servirá para os consumir.
Isaías 10.26 E o Senhor dos exércitos suscitará contra ela um flagelo, como a matança de Midiã junto à rocha de Orebe; e a sua vara se estenderá sobre o mar, e ele a levantará como no Egito.
Isaías 10.27 E naquele dia a sua carga será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo será quebrado por causa da gordura.
Isaías 10.28 Os assírios já chegaram a Aiate, passaram por Migrom; em Micmás deixam depositada a sua bagagem;
Isaías 10.29 já atravessaram o desfiladeiro, já se alojam em Geba; Ramá treme, Gibeá de Saul já fugiu.
Isaías 10.30 Clama com alta voz, ó filha de Galim! Ouve, ó Laís! Responde-lhe, ó Anatote!
Isaías 10.31 Já se foi Madmena; os moradores de Gebim procuram refúgio.
Isaías 10.32 Hoje mesmo parará em Nobe; sacudirá o punho contra o monte da filha de Sião, o outeiro de Jerusalém.
Isaías 10.33 Eis que o Senhor Deus dos exércitos cortará os ramos com violência; e os de alta estatura serão cortados, e os elevados serão abatidos.
Isaías 10.34 E cortará com o ferro o emaranhado da floresta, e o Líbano cairá pela mão de um poderoso.






Isaías 11


O Reino Pacífico do Messias

A par de todo o endurecimento de Israel, o grande amor e misericórdia do Senhor daria ao  remanescente fiel daquela nação, que não estivesse  mais  debaixo do governo de reis ímpios, mas sob o reinado pacífico e justo do Messias, conforme prometido neste 11º capítulo de Isaías.
O Messias não seria procedente de um rei descendente de Davi, que estivesse reinando em pompa e glória, mas de um rebento que surgiria do que restou da árvore genealógica de Jessé, pai de Davi, que seriam pobres e sem qualquer notoriedade em Judá, a saber José e Maria, que eram descendentes de Davi.
Isto seria mais um sinal de que o reino do Messias seria de esperança para todos os seus súditos, fossem eles ricos ou pobres.
Seria nEle que todos os dispersos de Israel, pelos juízos do Senhor, poderiam ser reunidos.
Assim, o profeta faz uma vinculação entre a predição das libertações temporais de Israel na Antiga Aliança, para a grande salvação que se manifestaria na plenitude do tempo por Jesus Cristo.
O Messias é apresentado como sendo proveniente da casa de Davi, a quem Deus havia feito a promessa de ser misericordioso para sempre com os que fossem da sua casa, exatamente porque estava determinado que o Messias seria da sua descendência, segundo a carne.
É enfatizado de modo especial em relação ao governo do Messias, a justiça procedente dele  (v. 3 a 5) e a paz (v. 6 a 9), em cumprimento à vontade de Deus.
Os gentios seriam alcançados pelo seu governo (v. 10), assim como o remanescente de Israel (v. 11 a 16).
Este governo será estabelecido um dia de forma visível na terra, mas é sobretudo um governo de amor, espiritual, no coração dos súditos, de maneira que Jesus tem governado há dois milênios nos corações de milhões de pessoas, que lhe honram como o Rei de suas vidas.
Deus vinha protestando através do profeta Isaías até o 11º capítulo quanto à impiedade que havia em seu povo de Israel, e exigindo que eles se emendassem e andassem em santidade e justiça perante Ele.
E para o cumprimento deste propósito, fez a promessa do nascimento de um menino, que viria a ter  sobre os seus ombros o governo do Seu povo, para que este pudesse andar em justiça (cap 10.27), e agora neste décimo primeiro capítulo Ele revela através do profeta que este Príncipe da paz seria o Messias de Israel, que seria dado também como luz para os gentios.
Os ímpios serão banidos por Ele, mas os mansos da terra serão repreendidos (disciplinados) com equidade, para lhes tornar participantes da Sua santidade. (v.4)
A casa de Davi estava muito reduzida e fraca quando do nascimento de Jesus, o que pode ser visto pela obscuridade e pobreza de José e Maria.
Assim, o Messias surgiria se submetendo a esta humilhação, para que viesse a restaurar e a exaltar de novo aquela casa à qual Deus havia feito gloriosa no passado.
Daí se dizer através do profeta Amós que Ele levantaria de novo o tabernáculo (habitação, casa) de Davi (Amós 9.11).
O Espírito Santo repousaria sobre o Messias com todos os seus dons e graças.
Ele teria o Espírito sem medida, em toda a Sua plenitude.
Importava que em Cristo habitasse toda a plenitude, de maneira que possamos receber desta plenitude, por estarmos ligados a Ele, como nossa cabeça, sendo membros do Seu corpo (João 1.16; Col 1.19; 2.9).
Por causa desta plenitude de sabedoria e entendimento, conselho, fortaleza, conhecimento e temor do Senhor (v. 2) Ele saberá administrar perfeitamente os negócios do Seu reino espiritual, em todas as suas ramificações, para poder responder aos dois grandes propósitos que estão envolvidos nisto: a glória de Deus e o bem dos filhos dos homens.
As condições da aliança serão resolvidas por Ele, e as ordenações instituídas em sabedoria pelo tesouro de sabedoria que está escondido nEle, para ser nosso conselheiro, de modo que se tornou Ele próprio, da parte de Deus, a nossa sabedoria (I Cor 1.30).
Ele será também a força do Seu povo, especialmente na hora da aflição e de angústia.
Mas, também com a Sua força destruirá o ímpio e destruirá toda fortaleza satânica, e toda a altivez e sofisma que se levantam contra o conhecimento de Deus.
Ele dará ao Seu povo o verdadeiro temor de Deus, de forma que isto possa aumentar cada vez mais neles, assim como este temor está nEle próprio apesar de ser em tudo semelhante a Deus Pai.
Assim a nossa fé em Cristo não foi projetada para lançar fora este temor santo e reverente de Deus e da Sua Palavra, mas para criá-lo e aumentá-lo.
Sem este temor é impossível andar na verdade e na prática da justiça em santidade, porque é o temor de Deus o princípio da sabedoria, isto é, ela atua e se manifesta com base na existência deste temor sagrado, especialmente dos juízos do Senhor contra o pecado.
Assim é que todo aquele que estiver andando verdadeiramente no Espírito Santo, demonstrará antes de tudo a existência deste temor a Deus na sua vida.
Jesus tem também a plenitude do entendimento e do conhecimento porque somente Ele conhece perfeitamente ao Pai, e toda a Sua vontade, de maneira a poder instruir o seu povo a caminhar na verdade e a ter entendimento dos caminhos de Deus.
Nenhum julgamento dEle seria por isso feito de modo diferente, em qualquer aspecto, fora da vontade do Pai, e do conhecimento correto desta vontade.
É preciso pois buscar tal conhecimento e entendimento, em humilde oração e por um viver em verdadeira santidade de vida, em plena dependência do Senhor.
Cristo conhece os segredos dos corações dos homens e por isso somente Ele está habilitado a fazer uma julgamento correto do que há verdadeiramente neles.
Jesus não julga de acordo com as opiniões que as pessoas têm de si mesmas, nem pelo que ouve dizerem de outros, porque seu julgamento é sempre de acordo com a verdade do que somos de fato à luz de Deus revelada  nas Escrituras.
Por isso Seu julgamento é sempre justo e correto.
Por ser um governante perfeitamente justo, não favorecerá o poderoso em detrimento do fraco.
Ao contrário, pela Sua força será o protetor e o defensor do pobre.
Ele será o advogado de defesa daqueles que não têm como se defender dos poderosos, que agem com injustiça, ou lhes oprimindo.
Ele os defenderá porque são pobres de espírito e sabem que dependem da força do Seu Senhor para sobreviverem num mundo de trevas como este.
A paz do Seu reino é referida nos versos 6 a 9 e enfatiza especialmente as condições do milênio, quando Ele estabelecer o Seu governo na terra, depois de ter subjugado Satanás e o Anticristo, mas se aplica também ao nosso tempo, significando o seguinte:
Unidade ou acordo com partes inconciliáveis, ilustradas na paz do lobo com o cordeiro. Os homens de disposições mais violentas e furiosas que se mordiam e se devoravam mutuamente poderão ser transformados em seus temperamentos pela eficácia da graça do evangelho de Cristo, que o forte amará e respeitará o fraco, em vez de tentar oprimi-lo ou destruí-lo, como teria feito no passado.
Cristo derrubaria várias barreiras de separação, como por exemplo a que havia entre judeus e gentios. Multidões de ambos os lados se converteriam a Ele.
Todos os seres de naturezas antagônicas deixarão de sê-lo debaixo do governo milenal do Messias.
O leão por exemplo deixará de ser carnívoro e também pastará como o boi.
As serpentes peçonhentas perderão o veneno de maneira que uma criança poderá brincar com elas.
Muito da maldição que foi trazida à terra por causa do pecado original, será removido pela destruição da impiedade, e pela restauração que será operada pelo poder do Messias em Seu reino.
Todos os que estiverem no monte santo de Deus, debaixo do governo do Messias, viverão em verdadeira amizade, sem ruins suspeitas, dissensões, invejas, ciúmes ou qualquer outro tipo de condição, que ainda prevalecem no mundo, e que somente serão subjugadas quando Ele tiver restaurado todas as coisas.
Além de garantia de unidade, a  paz do Messias significa segurança.
Cristo conduzirá Seu rebanho de tal maneira, que aqueles que tocarem nos seus ungidos terão que prestar contas a Ele.
Nenhum mal pode ser feito ao cristão fiel se não for permitido por Cristo para um propósito específico, porque Ele os guarda e protege como o Seu tesouro mais precioso.
Toda oposição será removida no futuro contra os filhos de Deus, porque Ele tem feito a promessa que não permitirá que nenhum dano seja feito no seu santo monte.
Isto se aplica também de  modo particular em situações terrenas presentes, em que Deus determina que fará uma obra no meio de grandes oposições, mas ela seguirá adiante porque repreenderá a todos que se levantarem contra ela, e fará isto por amor do Seu povo e da Sua própria glória e nome.
Há um falso conhecimento que semeia discórdia entre os cristãos, mas estes que semeiam discórdias serão julgados por Deus, que sempre defenderá a causa da paz, porque tem chamado o Seu povo à unidade e não à divisão.
A inimizade que havia na antiga aliança entre Judá e Efraim, isto é entre o Reino do Norte e do Sul, sendo ambos parte do mesmo povo de Deus, seria removida somente com a manifestação do Messias, porque a carne é inimizade contra Deus, e também de uns para com os outros.
Somente um andar no Espírito pode vencer a carne e promover a união de corações que é tão almejada por Deus.
Judá e Efraim deveriam estar unidos para lutarem contra os filisteus e contra todos os povos inimigos de Israel.
Mas eram impedidos frequentemente de fazê-lo por causa da inveja que havia entre eles.
Assim, acabavam muitas vezes sendo subjugados pelos povos inimigos.
Quando na Igreja acontece o mesmo, Satanás sempre levará vantagem sobre os cristãos, por se deixarem vencer pela inveja, em vez de viverem em unidade.
Contudo, a promessa é que após a manifestação do Messias Judá e Efraim estariam reconciliados.
Assim como podem viver os cristãos em divisões carnais?
Como Deus poderia se agradar disto, quando tem feito a promessa que no Messias haveria paz entre aqueles que estivessem debaixo do Seu governo?
Que glória pode Deus receber com estes que promovem divisões no corpo de Cristo, por andarem contrariamente à verdade?
Por não desejarem viver em santidade de vida, obedecendo os mandamentos de Cristo, tal como se encontram revelados na Bíblia?
Mas tudo e todos, que se levantam contra o progresso e sucesso do evangelho, especialmente neste seu caráter de promover a paz em amor, será removido.
Assim como Deus retirou os judeus da própria terra deles para serem levados para Babilônia, por estarem vivendo contrariamente à Sua vontade e amando o mundo.

Isaías 11.1 Então brotará um rebento do toco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará.
Isaías 11.2 E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.
Isaías 11.3 E deleitar-se-á no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem decidirá segundo o ouvir dos seus ouvidos;
Isaías 11.4 mas julgará com justiça os pobres, e decidirá com equidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio.
Isaías 11.5 A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins.
Isaías 11.6 Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará; e o bezerro, e o leão novo e o animal cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá.
Isaías 11.7 A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; e o leão comerá palha como o boi.
Isaías 11.8 A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e a desmamada meterá a sua mão na cova do basilisco.
Isaías 11.9 Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte; porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.
Isaías 11.10 Naquele dia a raiz de Jessé será posta por estandarte dos povos, à qual recorrerão as nações; gloriosas lhe serão as suas moradas.
Isaías 11.11 Naquele dia o Senhor tornará a estender a sua mão para adquirir outra vez e resto do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de Elão, de Sinar, de Hamate, e das ilhas de mar.
Isaías 11.12 Levantará um pendão entre as nações e ajuntará os desterrados de Israel, e es dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra.
Isaías 11.13 Também se esvaecerá a inveja de Efraim, e os vexadores de Judá serão desarraigados; Efraim não invejará a Judá e Judá não vexará a Efraim.
Isaías 11.14 Antes voarão sobre os ombros des filisteus ao Ocidente; juntos despojarão aos filhos do Oriente; em Edom e Moabe porão as suas mãos, e os filhos de Amom lhes obedecerão.
Isaías 11.15 E o Senhor destruirá totalmente a língua do mar do Egito; e vibrará a sua mão contra o Rio com o seu vento abrasador, e, ferindo- o, dividi-lo-á em sete correntes, e fará que por ele passem a pé enxuto.
Isaías 11.16 Assim haverá caminho plano para e restante do seu povo, que voltar da Assíria, como houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito.









Isaías 12


Louvor Eterno para Uma Salvação Eterna

A salvação prometida no capítulo precedente foi comparada à libertação de Israel do cativeiro egípcio nos dias de Moisés, quando os filhos de Israel cantaram um louvor exaltando a glória de Deus (Êx 15.1).
De igual modo, a libertação realizada pelo Messias, livrando o seu povo do cativeiro do pecado e de Satanás, fará brotar um cântico de louvor permanente a Ele em seus lábios, conforme é expressado neste capítulo, pelo Espírito, através do profeta Isaías, antecipando o que aconteceria desde que começassem a ocorrer as conversões na terra de pessoas de todas as nações pela sua fé no Messias.
Assim, o “naquele dia” desta profecia indicando o tempo em que isto ocorreria se refere à dispensação da graça.  
Jesus não é um Salvador distante, mas um Salvador no meio do seu povo.
Por isso é digno de ações de graças, porque afastou dos salvos a ira de Deus que permanecia sobre eles por causa do pecado.
Os salvos não somente seriam livrados da ira de Deus, como seriam consolados por Ele, porque se tornou o Deus da sua salvação.
Assim, o próprio Deus seria a força e louvor do seu povo.
As águas da graça das fontes da salvação, que procedem do rio de água viva do Espírito Santo, serão retiradas, portanto, com alegria espiritual, porque além de serem gratuitas, é por meio delas que somos lavados e saciados espiritualmente, regenerados, santificados, consolados, e somos transformados à imagem de Cristo, para sermos adotados como filhos de Deus, para darmos o fruto de justiça do Espírito, alcançando com isto não apenas grande livramento, como também a reconciliação eterna com Deus.

Isaías 12.1 Dirás, pois, naquele dia: Graças te dou, ó Senhor; porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me confortaste.
Isaías 12.2 Eis que Deus é a minha salvação; eu confiarei e não temerei porque o Senhor, sim o Senhor é a minha força e o meu cântico; e se tornou a minha salvação.
Isaías 12.3 Portanto com alegria tirareis águas das fontes da salvação.
Isaías 12.4 E direis naquele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, fazei notórios os seus feitos entre os povos, proclamai quão excelso é o seu nome.
Isaías 12.5 Cantai ao Senhor; porque fez coisas grandiosas; saiba-se isso em toda a terra.
Isaías 12.6 Exulta e canta de gozo, ó habitante de Sião; porque grande é o Santo de Israel no meio de ti.




Isaías 13


Queda de Babilônia

Certamente, Isaías não viveu para ver a glória e o domínio do reino de Babilônia.
Era a Assíria o reino dominante em seus dias.
Mas foi dada a ele por Deus a revelação do que sucederia à glória futura de Babilônia que viria a ser o império dominante do mundo antigo, depois da Assíria.
Todavia, a queda de Babilônia não é profetizada no 13º capítulo de Isaías, apenas para ser uma referência a este fato histórico que ocorreria em 537 a. C., mas para servir de ilustração da queda da cidade gloriosa, que é exaltada na terra, tal como fora Babilônia no passado, no dia da visitação do juízo do Senhor contra a sua impiedade e luxúria, por ocasião da Sua segunda vinda, conforme se vê no livro de Apocalipse, onde a cidade é codinominada de Babilônia, que passou a ser um nome profético na Bíblia para designar todas as cidades e reinos deste mundo que estejam vivendo na impiedade, numa luxúria obtida através de violência, furto e pilhagens, à custa da prática de toda sorte de injustiça; e que dá aos seus governantes e grandes, o sentimento de exaltação e vanglória, tal como este existiu nos reis de Babilônia desde Nabucodonosor, por se gloriarem em suas posses, conquistas e glória terrena, e não na justiça e no Senhor.
Por conseguinte, no meio das profecias que são dirigidas especificamente contra a Babilônia dos dias do profeta Daniel, está inserida a profecia que tem paralelo no livro de Apocalipse e que se refere às assolações que virão sobre toda a terra no dia do Senhor, que é o modo de se designar profeticamente no Velho Testamento o dia da segunda vinda de Cristo.
Esta parte da  profecia se refere à destruição da impiedade em toda a terra e não apenas no território da cidade de Babilônia, e que as estrelas do céu e suas constelações não darão a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz; e a visitação do juízo do Senhor será sobre a maldade em todo o mundo, e Ele diz que visitará também a iniquidade dos ímpios, e que fará cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterá a soberba dos cruéis.
Tantos serão os mortos, que os homens serão tão raros na terra quanto é o ouro de Ofir, porque é difícil de ser encontrado.
E diz também que fará estremecer o céu, e a terra se movera do seu lugar, por causa do Seu furor,  e por causa do dia da sua ardente ira (v. 6 a 13).
A partir do verso 14 até o 22 são retomadas as profecias contra Babilônia, que seria derrubada em 537 a. C.
O que Deus faria com Babilônia, serviria, portanto, de aviso para as nações para não viverem na mesma impiedade daquele grande reino, porque foi dEle que partiu o grande juízo que veio sobre Babilônia.
Contudo, somente os que conhecem o Senhor dão ouvidos à Sua Palavra, e fogem da impiedade.
Então, em Sua onisciência, e por conhecer o que é a natureza soberba do homem, especialmente dos grandes da terra, já são previstas e descritas as terríveis  assolações que virão sobre o mundo no tempo do fim, por causa da referida impiedade e iniquidade, que aumentarão em vez de diminuir, apesar das muitas profecias como esta, que encontramos na Bíblia, revelando os juízos que Deus trouxe sobre os reinos que viveram na impiedade, para servirem de alerta para que os homens se convertam das suas maldades e se voltem para o Senhor, para viverem na prática da justiça.

Isaías 13.1 Oráculo acerca de Babilônia, que Isaías, filho de Amoz, recebeu numa visão.
Isaías 13.2 Alçai uma bandeira sobre o monte escalvado; levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos príncipes.
Isaías 13.3 Eu dei ordens aos meus consagrados; sim, já chamei os meus valentes para executarem a minha ira, os que exultam arrogantemente.
Isaías 13.4 Eis um tumulto sobre os montes, como o de grande multidão! Eis um tumulto de reinos, de nações congregadas! O Senhor dos exércitos passa em revista o exército para a guerra.
Isaías 13.5 Vêm duma terra de longe, desde a extremidade do céu, o Senhor e os instrumentos da sua indignação, para destruir toda aquela terra.
Isaías 13.6 Uivai, porque o dia do Senhor está perto; virá do Todo-Poderoso como assolação.
Isaías 13.7 Pelo que todas as mãos se debilitarão, e se derreterá o coração de todos os homens.
Isaías 13.8 E ficarão desanimados; e deles se apoderarão dores e ais; e se angustiarão, como a mulher que está de parto; olharão atônitos uns para os outros; os seus rostos serão rostos flamejantes.
Isaías 13.9 Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente; para pôr a terra em assolação e para destruir do meio dela os seus pecadores.
Isaías 13.10 Pois as estrelas do céu e as suas constelações não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz.
Isaías 13.11 E visitarei sobre o mundo a sua maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos cruéis.
Isaías 13.12 Farei que os homens sejam mais raros do que o ouro puro, sim mais raros do que o ouro fino de Ofir.
Isaías 13.13 Pelo que farei estremecer o céu, e a terra se movera do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira.
Isaías 13.14 E como a corça quando é perseguida, e como a ovelha que ninguém recolhe, assim cada um voltará para o seu povo, e cada um fugirá para a sua terra.
Isaías 13.15 Todo o que for achado será traspassado; e todo o que for apanhado, cairá à espada.
Isaías 13.16 E suas crianças serão despedaçadas perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas, e as suas mulheres violadas.
Isaías 13.17 Eis que suscitarei contra eles os medos, que não farão caso da prata, nem tampouco no ouro terão prazer.
Isaías 13.18 E os seus arcos despedaçarão aos mancebos; e não se compadecerão do fruto do ventre; os seus olhos não pouparão as crianças.
Isaías 13.19 E Babilônia, a glória dos reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou.
Isaías 13.20 Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em geração; nem o árabe armará ali a sua tenda; nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos.
Isaías 13.21 Mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis animais; e ali habitarão as avestruzes, e os sátiros pularão ali.
Isaías 13.22 As hienas uivarão nos seus castelos, e os chacais nos seus palácios de prazer; bem perto está o seu tempo, e os seus dias não se prolongarão.













Isaías 14


Promessas Consoladoras

Na profecia de Isaías 14 são misturadas revelações que se aplicam ao presente, ao futuro próximo e distante, porque o tempo não existe para Deus, e tudo vê como num eterno agora.
Ele fala portanto das coisas que serão como se já fossem, e para propósitos definidos.
Por exemplo, o Seu objetivo imediato com as profecias dirigidas contra Babilônia, antes mesmo de se levantar como reino dominante na terra, tinha em vista animar os judeus e encorajá-los a sustentarem a esperança messiânica, anelando pela libertação deles e glorificação, juntamente com o Messias, porque eles não sabiam, mas viriam a ser levados em cativeiro para Babilônia num futuro ainda distante de mais de 120 anos.
Todavia, lhes é dito aqui que seriam livrados do cativeiro de Babilônia e trazidos de volta para a sua própria terra, onde o Senhor tornaria a lhes fazer o bem.
Como os poderes tirânicos que operam nestes reinos o fazem por inspiração de Satanás, que também será o poder operante no Anticristo e em todos aqueles que estiverem associados a ele no tempo do fim, é feita também uma referência nos versos 12 a 20 à soberba do diabo que foi abatida por Deus, desde que se achou iniquidade nele no céu, e de igual forma Deus abaterá a soberba de todos os que se exaltam contra a Sua majestade divina e que se deixam dominar pela soberba tal como o príncipe deles, Satanás.
Eles serão julgados e condenados tal como foi julgado e condenado o seu príncipe,  o diabo, conforme se vê no texto da profecia.
Satanás oferece aos homens a glória dos reinos terrenos, do mesmo modo como havia tentado fazer descaradamente com o próprio Cristo, na tentação a que foi submetido no deserto.
Esta é a estratégia do diabo para conduzir os homens à ruína, porque Ele sabe que Deus e Mamom estão em completa oposição.
Sendo, portanto, impossível servir a Deus, enquanto se serve ao dinheiro, e se consagra a vida para ser dominado por este deus opressivo que nos enche de ansiedade e avareza chamado riquezas terrenas, que consistem em tudo aquilo que é deste mundo e que julgamos precioso (fama, inteligência, posições, propriedades etc) e de cuja aquisição muitos fazem o seu único objetivo de vida.
É dito também na profecia que quando Judá fosse livrado do cativeiro de Babilônia, estrangeiros se juntariam a eles para viverem na paz da sua própria terra, longe dos opressores; e de oprimidos que eram, passariam a exercer domínio sobre as nações.
O alcance desta profecia vai para muito além do período da Restauração quando Judá voltou de Babilônia para a Palestina, porque inclui também, e principalmente a reunião de judeus e gentios num só rebanho, num só povo.
Isaías 14.1 Pois o Senhor se compadecerá de Jacó, e ainda escolherá a Israel e os porá na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com eles os estrangeiros, e se apegarão à casa de Jacó.
Isaías 14.2 E os povos os receberão, e os levarão aos seus lugares; e a casa de Israel os possuirá por servos e por servas, na terra do Senhor e cativarão aqueles que os cativaram, e dominarão os seus opressores.
Isaías 14.3 No dia em que Deus vier a dar-te descanso do teu trabalho, e do teu tremor, e da dura servidão com que te fizeram servir,
Isaías 14.4 proferirás esta parábola contra o rei de Babilônia, e dirás: Como cessou o opressor! como cessou a tirania!
Isaías 14.5 Já quebrantou o Senhor o bastão dos ímpios e o cetro dos dominadores;
Isaías 14.6 cetro que feria os povos com furor, com açoites incessantes, e que em ira dominava as nações com uma perseguição irresistível.
Isaías 14.7 Toda a terra descansa, e está sossegada! Rompem em brados de júbilo.
Isaías 14.8 Até as faias se alegram sobre ti, e os cedros do Líbano, dizendo: Desde que tu caiste ninguém sobe contra nós para nos cortar.
Isaías 14.9 O Seol desde o profundo se turbou por ti, para sair ao teu encontro na tua vinda; ele despertou por ti os mortos, todos os que eram príncipes da terra, e fez levantar dos seus tronos todos os que eram reis das nações.
Isaías 14.10 Estes todos responderão, e te dirão: Tu também estás fraco como nós, e te tornaste semelhante a nós.
Isaías 14.11 Está derrubada até o Seol a tua pompa, o som dos teus alaúdes; os bichinhos debaixo de ti se estendem e os bichos te cobrem.
Isaías 14.12 Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações!
Isaías 14.13 E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte;
Isaías 14.14 subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
Isaías 14.15 Contudo levado serás ao Seol, ao mais profundo do abismo.
Isaías 14.16 Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos?
Isaías 14.17 Que punha o mundo como um deserto, e assolava as suas cidades? que a seus cativos não deixava ir soltos para suas casas?
Isaías 14.18 Todos os reis das nações, todos eles, dormem com glória, cada um no seu túmulo.
Isaías 14.19 Mas tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável, coberto de mortos atravessados a espada, como os que descem às pedras da cova, como cadáver pisado aos pés.
Isaías 14.20 Com eles não te reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo. Que a descendência dos malignos não seja nomeada para sempre!
Isaías 14.21 Preparai a matança para os filhos por causa da maldade de seus pais, para que não se levantem, e possuam a terra, e encham o mundo de cidades.
Isaías 14.22 Levantar-me-ei contra eles, diz o Senhor dos exércitos, e exterminarei de Babilônia o nome, e os sobreviventes, o filho, e o neto, diz o Senhor.
Isaías 14.23 E reduzi-la-ei a uma possessão do ouriço, e a lagoas de águas; e varrê-la-ei com a vassoura da destruição, diz o Senhor dos exércitos.
Isaías 14.24 O Senhor dos exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará.
Isaías 14.25 Quebrantarei o assírio na minha terra e nas minhas montanhas o pisarei; então o seu jugo se apartará deles e a sua carga se desviará dos seus ombros.
Isaías 14.26 Este é o conselho que foi determinado sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações.
Isaías 14.27 Pois o Senhor dos exércitos o determinou, e quem o invalidará? A sua mão estendida está, e quem a fará voltar atrás?
Isaías 14.28 No ano em que morreu o rei Acaz, veio este oráculo.
Isaías 14.29 Não te alegres, ó Filístia toda, por ser quebrada a vara que te feria; porque da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto será uma serpente voadora.
Isaías 14.30 E os primogênitos dos pobres serão apascentados, e os necessitados se deitarão seguros; mas farei morrer de fome a tua raiz, e será destruído o teu restante.
Isaías 14.31 Uiva, ó porta; grita, ó cidade; tu, ó Filístia, estás toda derretida; porque do norte vem fumaça; e não há vacilante nas suas fileiras.
Isaías 14.32 Que se responderá pois aos mensageiros do povo? Que o Senhor fundou a Sião, e que nela acharão refúgio os aflitos do seu povo.







Isaías 15


Profecia Contra Moabe

Quando a Assíria levou Israel em cativeiro, ela foi ajudada pelos moabitas.
E historicamente, os moabitas sempre haviam se levantado contra Israel, especialmente no período dos Juízes, quando subjugaram Israel por dezoito anos, tendo Israel sido livrado por Deus pelas mãos do juiz Eglon, e  quando protestaram direito sobre a terra que pertencia a Israel, e não aceitaram os termos de paz que lhes foram oferecidos pelos israelitas, e por isso Deus os subjugou sob Jefté.
As iniquidades de Israel foram visitadas pela própria deliberação do Senhor, mas ai das nações ímpias que se levantaram para destruir o Seu povo com ira desmedida.
Elas não deixariam de receber da mão do Senhor a justa retribuição.
Israel é a herança do Senhor, então ai daqueles que se levantam para destruir a Sua herdade. Eles serão também destruídos.
Por isso se diz da descendência de Abraão que benditos são aqueles que a abençoarem, e malditos todos os que a amaldiçoarem.
E seria maldição portanto que viria sobre Moabe, porque amaldiçoou Israel.
Estas predições se cumpriram cerca de 10 anos depois de terem sido proferidas, porque os próprios assírios devastaram Moabe e saquearam e pilharam aquele país.
Isaías 15.1 Oráculo acerca de Moabe. Porque Ar foi destruída numa noite, Moabe está desfeita; porque Quir foi destruída numa noite, Moabe está desfeita.
Isaías 15.2 Subiu a filha de Dibom aos altos para chorar; por Nebo e por Medeba pranteia Moabe; em todas as cabeças há calva, e toda barba é rapada.
Isaías 15.3 Nas suas ruas cingem-se de saco; nos seus terraços e nas suas praças todos andam pranteando, e choram abundantemente.
Isaías 15.4 Assim Hesbom como Eleale andam gritando; até Jaaz se ouve a sua voz; por isso os armados de Moabe clamam; estremece-lhes a alma.
Isaías 15.5 O meu coração clama por causa de Moabe; fogem os seus nobres para Zoar, qual uma novilha de três anos; pois vão chorando pela encosta de Luíte; no caminho de Horonaim levantam um grito de destruição.
Isaías 15.6 As águas de Ninrim são desoladas; secou-se a relva, definhou a erva verde, e não há verdura alguma.
Isaías 15.7 Pelo que a abundância que ajuntaram, e o que guardaram, para além do ribeiro dos salgueiros o levam.
Isaías 15.8 Pois o pranto já rodeou os limites de Moabe; até Eglaim chegou o seu clamor, e ainda até Beer-Elim o seu rugido.
Isaías 15.9 Pois as águas de Dimom estão cheias de sangue; pelo que ainda acrescentarei mais a Dimom, um leão contra aqueles que escaparem de Moabe, e contra o restante que ficou na terra.


Isaías 16


O juízo é Individual e Seletivo

Nações foram julgadas pelo Senhor nos dias do Velho Testamento, mas Ele sempre distinguiu para si os piedosos destas nações para lhes dar um destino abençoado.
O  capítulo 16 de Isaías continua e conclui a profecia contra Moabe, iniciada no 15º.
Deus é justo, mas não é cruel. Dá a paga a Seus inimigos mas não segundo a crueldade deles.
O Senhor revela nesta profecia que não tem prazer na destruição dos pecadores e lhes convoca a prevenirem a sua queda em ruína, assim como ele faz em Isaías 16 em relação a Moabe.
Nós lemos nos versos 4 e 5: “4 Habitem entre vós os desterrados de Moabe; serve-lhes de refúgio perante a face do destruidor. Quando o homem violento tiver fim, e a destruição tiver cessado, havendo os opressores desaparecido de sobre a terra, 5 então um trono será estabelecido em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, e que procure a justiça e se apresse a praticar a retidão.”
Em sua benignidade, o Senhor admitiria no reino do Messias, quando a destruição tiver cessado e havendo os opressores desaparecido da terra, aqueles que dentre os que descenderam dos moabitas, e que viessem buscar refúgio no Senhor Jesus. Por isso o trono de Jesus será estabelecido em benignidade, para julgar com justiça e que se apressa para praticar a retidão.
As assolações sobre os ímpios de Moabe já estavam determinadas por Deus, mas Ele se mostraria benigno para com aqueles daquele povo, que viessem a se arrepender dos seus pecados.

Isaías 16.1 Enviaram cordeiros ao governador da terra, desde Sela, pelo deserto, até o monte da filha de Sião.
Isaías 16.2 Pois como pássaros que vagueiam, como ninhada dispersa, assim são as filhas de Moabe junto aos vaus do Arnom.
Isaías 16.3 Dá conselhos, executa juízo; põe a tua sombra como a noite ao pino do meio-dia; esconde os desterrados, e não traias o fugitivo.
Isaías 16.4 Habitem entre vós os desterrados de Moabe; serve-lhes de refúgio perante a face do destruidor. Quando o homem violento tiver fim, e a destruição tiver cessado, havendo os opressores desaparecido de sobre a terra,
Isaías 16.5 então um trono será estabelecido em benignidade, e sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, e que procure a justiça e se apresse a praticar a retidão.
Isaías 16.6 Ouvimos da soberba de Moabe, a soberbíssima; da sua arrogância, da sua soberba, e da sua insolência; de nada valem as suas jactâncias.
Isaías 16.7 portanto Moabe pranteará; prantearão todos por Moabe; pelos bolos de passas de Quir-Haresete suspirareis, inteiramente desanimados.
Isaías 16.8 porque os campos de Hesbom enfraqueceram, e a vinha de Sibma; os senhores des nações derrubaram os seus ramos, que chegaram a Jazer e penetraram no deserto; os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar.
Isaías 16.9 Pelo que prantearei, com o pranto de Jazer, a vinha de Sibma; regar-te-ei com as minhas lágrimas, ó Hesbom e Eleale; porque sobre os teus frutos de verão e sobre a tua sega caiu o grito da batalha.
Isaías 16.10 A alegria e o regozijo são tirados do fértil campo, e nas vinhas não se canta, nem há júbilo algum; já não se pisam as uvas nos lagares. Eu fiz cessar os gritos da vindima.
Isaías 16.11 Pelo que minha alma lamenta por Moabe como harpa, e o meu íntimo por Quir-Heres.
Isaías 16.12 E será que, quando Moabe se apresentar, quando se cansar nos altos, e entrar no seu santuário a orar, nada alcançará.
Isaías 16.13 Essa é a palavra que o Senhor falou no passado acerca de Moabe.
Isaías 16.14 Mas agora diz o Senhor: Dentro de três anos, tais como os anos do jornaleiro, será envilecida a glória de Moabe, juntamente com toda a sua grande multidão; e os que lhe restarem serão poucos e débeis.

Isaías 17


Profecia Contra a Síria

A profecia do 17º capítulo de Isaías ainda não teve cumprimento porque se diz que Damasco da Síria não seria mais cidade, senão um montão de ruínas.
Como Damasco ainda permanece até hoje como sendo uma das principais cidades da Síria, então é porque a medida da iniquidade ainda não foi completada a ponto de que seja cumprida esta profecia, que como tudo o mais na Palavra de Deus não deixará de ter cumprimento no tempo que Ele tiver estabelecido.
Isto nos mostra a grande longanimidade e justiça de Deus, que prevê o juízo das nações com grande antecedência e aguarda para cumpri-lo com paciência.
É importante lembrar que a Síria, juntamente com  os demais países do Oriente Médio, sempre foi um dos maiores opositores da nação de Israel, e sempre intentou e ainda tem intentado riscar o país de Israel do mapa.
No presente ela se encontra coligada principalmente com o Irã, na busca deste maligno objetivo.
Neste mesmo período em que Damasco será completamente destruída é dito que ficará apenas uma sobra em Israel.
Deste modo, tudo indica que provavelmente tal se dará nos dias das assolações do Anticristo.

Isaías 17.1 Oráculo acerca de Damasco. Eis que Damasco será tirada, para não mais ser cidade, e se tornará um montão de ruínas.
Isaías 17.2 As cidades de Aroer serão abandonadas; hão de ser para os rebanhos, que se deitarão sem haver quem os espante.
Isaías 17.3 E a fortaleza de Efraim cessará, como também o reino de Damasco e o resto da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel, diz o Senhor dos exércitos.
Isaías 17.4 E será diminuída naquele dia a glória de Jacó, e a gordura da sua carne desaparecerá.
Isaías 17.5 E será como o segador que colhe o trigo, e que com o seu braço sega as espigas; sim, será como quando alguém colhe espigas no vale de Refaim.
Isaías 17.6 Mas ainda ficarão nele alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos ramos mais exteriores de uma árvore frutífera, diz o Senhor Deus de Israel.
Isaías 17.7 Naquele dia atentará o homem para o seu Criador, e os seus olhos olharão para o Santo de Israel.
Isaías 17.8 E não atentará para os altares, obra das suas mãos; nem olhará para o que fizeram seus dedos, para os aserins e para os altares do incenso.
Isaías 17.9 Naquele dia as suas cidades fortificadas serão como os lugares abandonados no bosque ou sobre o cume das montanhas, os quais foram abandonados ante os filhos de Israel; e haverá assolação.
Isaías 17.10 Porquanto te esqueceste do Deus da tua salvação, e não te lembraste da rocha da tua fortaleza; por isso, ainda que faças plantações deleitosas e ponhas nelas sarmentos de uma vide estranha,
Isaías 17.11 e as faças crescer no dia em que as plantares, e florescer na manhã desse dia, a colheita voará no dia da tribulação e das dores insofríveis.
Isaías 17.12 Ai do bramido de muitos povos que bramam como o bramido dos mares; e do rugido das nações que rugem como o rugido de impetuosas águas.
Isaías 17.13 Rugem as nações, como rugem as muitas águas; mas Deus as repreenderá, e elas fugirão para longe; e serão afugentadas como a pragana dos montes diante do vento e como a poeira num redemoinho diante do tufão.
Isaías 17.14 Ao anoitecer, eis o terror! e antes que amanheça eles já não existem. Esse é o quinhão daqueles que nos despojam, e a sorte daqueles que nos saqueiam.









Isaías 18


Gloriar-se Somente no Senhor

O reino fraco da Etiópia se vangloriava nos grandes feitos das nações.
De igual modo os pequenos deste mundo se vangloriam nos poderosos, tal como fizeram os etíopes.
No entanto, toda esta vanglória será cortada pelo Senhor no dia previsto para a ceifa.
Assim como ele arrancaria a glória daquelas nações poderosas nas quais os etíopes se gloriavam e procuravam fazer alianças com elas se lhes submetendo, para estarem debaixo da sua proteção contra os povos vizinhos.
Mas, o Senhor diz que contempla toda esta iniquidade estando quieto olhando desde a sua morada (v. 4).
Deus não está impassível, mas sereno.
Esta profecia tem um paralelo com a visão que João teve e que é descrita em Apocalipse 14.14-16:
“14 E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, que tinha sobre a cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice afiada.
15 E outro anjo saiu do santuário, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, porque já a seara da terra está madura.
16 Então aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi ceifada.”
Aqui se vê Jesus assentado, que é uma posição de repouso, descanso, sobre uma nuvem branca, com uma coroa de ouro sobre sua cabeça e uma foice afiada na mão (v 14) pronto para ceifar a terra.
Em Isaías 18.4 é dito que o Senhor estará quieto olhando desde a sua morada antes da sega, quando “o gomo se torna uva prestes a amadurecer” então ceifará toda a terra.
Daí o alerta que é proferido por Ele no verso 3:
“Vede, todos vós, habitantes do mundo, e vós os moradores da terra, quando se arvorar a bandeira nos montes; e ouvi, quando se tocar a trombeta.”
O alerta não é apenas para os etíopes dos dia de Isaías, mas para todos os habitantes do mundo, para todos os moradores da terra, e isto se dará quando se arvorar a bandeira nos montes, e quando se tocar a trombeta.
A bandeira que será elevada nos montes é para a convocação dos exércitos celestiais a entrarem em guerra contra  o  mundo de impiedade, e a trombeta aqui referida é a sétima trombeta, citada no Apocalipse, que precipitará a ação do Senhor que se achava assentado quieto sobre a nuvem com a foice na mão, contemplando o multiplicar da iniquidade do mundo, até o tempo em que deve entrar em ação para ceifar a terra de todos os que praticam males.
Então, uma vez completado o trabalho da vindima,  Ele estabelecerá o Seu reino de justiça na terra, e o que ocorrerá é o que se afirma em Is 18. 7:
“Naquele tempo será levado um presente ao Senhor dos exércitos da parte dum povo alto e de tez luzidia, e dum povo terrível desde o seu princípio, uma nação forte e vitoriosa, cuja terra os rios dividem; um presente, sim, será levado ao lugar do nome do Senhor dos exércitos, ao monte Sião.”
Isto indica que os fortes da terra se dobrarão ao Senhor e não farão mais a guerra.
Muitos daqueles em quem os etíopes se gloriavam em seus dias, e estes grandes, que são perversos, de nossos dias, em que se gloriam os povos, serão destruídos pelo Senhor na Sua segunda vinda, mas os que deles se converterem e ficarem nas nações, virão a Sião adorá-lo trazendo-lhe presentes.
Os etíopes levavam presentes aos grandes da terra e não serviam ao único que deve ser agradado com nossa adoração e serviço, que é o Senhor dos Exércitos.
Mas, isto terá cumprimento a seu tempo, conforme foi profetizado por Isaías, por aqueles que sobrarem na terra, por ocasião da volta do Senhor.

Isaías 18.1 Ai da terra do roçar das asas, que está além dos rios da Etiópia;
Isaías 18.2 que envia embaixadores por mar em navios de junco sobre as águas, dizendo: Ide, mensageiros velozes, a um povo de alta estatura e de tez luzidia, a um povo terrível desde o seu princípio, a uma nação forte e vitoriosa, cuja terra os rios dividem!
Isaías 18.3 Vede, todos vós, habitantes do mundo, e vós os moradores da terra, quando se arvorar a bandeira nos montes; e ouvi, quando se tocar a trombeta.
Isaías 18.4 Pois assim me disse o Senhor: estarei quieto, olhando desde a minha morada, como o ardor do sol resplandecente, como a nuvem do orvalho no calor da sega.
Isaías 18.5 Pois antes da sega, quando acaba a flor e o gomo se torna uva prestes a amadurecer, ele cortará com foices os sarmentos e tirará os ramos, e os lançará fora.
Isaías 18.6 Serão deixados juntos para as aves dos montes e os animais da terra; e sobre eles veranearão as aves de rapina, e todos os animais da terra invernarão sobre eles.
Isaías 18.7 Naquele tempo será levado um presente ao Senhor dos exércitos da parte dum povo alto e de tez luzidia, e dum povo terrível desde o seu princípio, uma nação forte e vitoriosa, cuja terra os rios dividem; um presente, sim, será levado ao lugar do nome do Senhor dos exércitos, ao monte Sião.






Isaías 19


A Salvação Estendida aos Gentios

Na profecia de Isaías 19 é predita a retirada da glória dos faraós do Egito, por Deus.
O próprio rio Nilo no qual os egípcios se gloriavam seria também objeto do juízo de Deus, assim como todos os muitos deuses que eles adoravam.
De fato, há muito não se viu mais a antiga glória do Egito, desde que o Senhor quebrou a força daquela nação, tornando-a um povo pequeno e inexpressivo na terra.
A quase totalidade do egípcios é em nossos dias adepta do islamismo. Eles não são mais adoradores de gatos, de rãs, do sol, da lua, conforme Isaías havia predito.
Muitos deles têm se convertido a Cristo e haverá um acréscimo ainda maior de convertidos no Egito, próximo da Sua vinda, porque Deus o prometeu.
Até mesmo entre os assírios, cuja iniquidade ele estaria visitando com terríveis juízos, tanto quanto aos egípcios.
Mas, também prometeu ter na descendência deles os seus eleitos, conforme se vê no final desta profecia:
“23 Naquele dia haverá estrada do Egito até a Assíria, e os assírios virão ao Egito, e os egípcios irão à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios.
24 Naquele dia Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma benção no meio da terra;
25 porquanto o Senhor dos exércitos os tem abençoado, dizendo: Bem-aventurado seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança.”
Antes dos dias de Isaías Deus havia salvo muitos assírios, através do ministério do profeta Jonas.
E Jesus disse que ninivitas (da capital da Assíria) se levantariam no dia do juízo contra os judeus ímpios e os condenariam, porque haviam se convertido com a pregação de Jonas, enquanto aqueles judeus se recusavam a crer nEle que era maior do que Jonas.
O que aprendemos disto tudo é que Deus sempre misturará enquanto existir o mundo, os seus juízos com a sua misericórdia, e todos aqueles que se arrependem e se voltam para Ele são recebidos como seus filhos, assim como se vê a causa da recepção dos egípcios no verso 20 a 22:
“20 E servirá isso de sinal e de testemunho ao Senhor dos exércitos na terra do Egito; quando clamarem ao Senhor por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador, que os defenderá e os livrará.
21 E o Senhor se dará a conhecer ao Egito e os egípcios conhecerão ao Senhor naquele dia, e o adorarão com sacrifícios e ofertas, e farão votos ao Senhor, e os cumprirão.
22 E ferirá o Senhor aos egípcios; feri-los-á, mas também os curará; e eles se voltarão para o Senhor, que ouvirá as súplicas deles e os curará.”
Nós temos aqui uma grande declaração do amor de Deus pelos gentios, que seria manifestado em plenitude na dispensação da graça, quando se manifestaria a eles pela pregação do evangelho em todas as partes do mundo, e a toda criatura.
Por isso é dito na profecia que a Assíria é obra das mãos de Deus, porque de fato não é apenas o Criador do povo de Israel, mas das pessoas de todas as nações, e criou o homem para ser adorado por ele e para viver em comunhão espiritual em amor.
Isto tem se cumprido conforme foi predito, especialmente desde que Cristo inaugurou a dispensação da graça com o derramar do Espírito Santo, em todas as nações da terra.
O amor e o perdão de Deus seriam estendidos até mesmo a seus inimigos e aos inimigos de Israel.

Isaías 19.1 Profecia acerca do Egito. Eis que o Senhor vem cavalgando numa nuvem ligeira, e entra no Egito; e os ídolos do Egito estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se derreterá dentro de si.
Isaías 19.2 Incitarei egípcios contra egípcios; e cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu próximo, cidade contra cidade, reino contra reino.
Isaías 19.3 E o espírito dos egípcios se esvaecerá dentro deles; eu destruirei o seu conselho; e eles consultarão os seus ídolos, e encantadores, e necromantes e feiticeiros.
Isaías 19.4 Pelo que entregarei os egípcios nas mãos de um senhor duro; e um rei rigoroso os dominará, diz o Senhor Deus dos exércitos.
Isaías 19.5 e as águas do Nilo minguarão, e o rio se esgotará e secará.
Isaías 19.6 Também os rios exalarão um fedor; diminuirão e secarão os canais do Egito; as canas e os juncos murcharão.
Isaías 19.7 Os prados junto ao Nilo, ao longo das suas margens, sim, tudo o que foi semeado junto dele secará, será arrancado, e deixará de existir.
Isaías 19.8 E os pescadores gemerão, e lamentarão todos os que lançam anzol ao Nilo, e desfalecerão os que estendem rede sobre as águas.
Isaías 19.9 Envergonhar-se-ão os que trabalham em linho fino, e os que tecem pano branco.
Isaías 19.10 E os que são as colunas do Egito serão esmagados, e todos os que trabalham, por salário serão entristecidos.
Isaías 19.11 Na verdade estultos são os príncipes de Zoã; o conselho dos mais sábios conselheiros de Faraó se embruteceu. Como pois a Faraó direis: Sou filho de sábios, filho de reis antigos?
Isaías 19.12 Onde estão agora os teus sábios? anunciem-te agora, e te façam saber o que o Senhor dos exércitos determinou contra o Egito.
Isaías 19.13 Estultos tornaram-se os príncipes de Zoã, enganados estão os príncipes de Mênfis; fizeram errar o Egito, os que são a pedra de esquina das suas tribos.
Isaías 19.14 O Senhor derramou no meio deles um espírito de confusão; e eles fizeram errar o Egito em todas as suas obras, como o bêbedo vai cambaleando no seu vômito.
Isaías 19.15 E não haverá para o Egito coisa alguma que possa fazer cabeça ou cauda, ramo ou junco.
Isaías 19.16 Naquele dia os egípcios serão como mulheres, e tremerão e temerão por vibrar o Senhor dos exércitos a sua mão contra eles.
Isaías 19.17 E a terra de Judá será um espanto para o Egito; todo aquele a quem isso se anunciar se assombrará, por causa do propósito que o Senhor dos exércitos determinou contra eles.
Isaías 19.18 Naquele dia haverá cinco cidades na terra do Egito que falem a língua de Canaã e façam juramento ao Senhor dos exércitos. Uma destas se chamará Cidade de destruição.
Isaías 19.19 Naquele dia haverá um altar dedicado ao Senhor no meio da terra do Egito, e uma coluna se erigirá ao Senhor, na sua fronteira.
Isaías 19.20 E servirá isso de sinal e de testemunho ao Senhor dos exércitos na terra do Egito; quando clamarem ao Senhor por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador, que os defenderá e os livrará.
Isaías 19.21 E o Senhor se dará a conhecer ao Egito e os egípcios conhecerão ao Senhor naquele dia, e o adorarão com sacrifícios e ofertas, e farão votos ao Senhor, e os cumprirão.
Isaías 19.22 E ferirá o Senhor aos egípcios; feri-los-á, mas também os curará; e eles se voltarão para o Senhor, que ouvirá as súplicas deles e os curará.
Isaías 19.23 Naquele dia haverá estrada do Egito até a Assíria, e os assírios virão ao Egito, e os egípcios irão à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios.
Isaías 19.24 Naquele dia Israel será o terceiro com os egipcios e os assirios, uma benção no meio da terra;
Isaías 19.25 porquanto o Senhor dos exércitos os tem abençoado, dizendo: Bem-aventurado seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança.










Isaías 20


Porque o Profeta Isaías Andou Nu por 3 Anos

Israel estava confiando na aliança política e militar que havia feito com o Egito e com a Etiópia, na esperança de ser livrado da dominação Assíria.
Entretanto, para frustrar a esperança deles, Deus ordenou a Isaías que andasse nu por três anos, para revelar aos israelitas o que os assírios fariam aos egípcios em quem eles estavam confiando para serem livrados.
Antes de serem levados em cativeiro pelos assírios, os israelitas veriam a humilhação a que seriam submetidos os egípcios e etíopes, porque seriam desnudados pelos assírios quando fossem levados em cativeiro por eles.
Eles deveriam se converter da idolatria deles e se voltarem para o Senhor para serem livrados, e não confiarem na força dos egípcios e dos etíopes.
Mas, de tal maneira estavam desviados do Senhor e com a idolatria arraigada em seus corações, que não teriam como escapar do juízo que já estava determinado contra eles, e que se daria nos dias do rei Oseias de Israel, em 722 a.C., quando o rei Ezequias se encontrava no seu quarto ano de reinado em Judá.

Isaías 20.1 No ano em que Tartã, enviado por Sargão, rei da Assíria, veio a Asdode, e guerreou contra Asdode, e a tomou;
Isaías 20.2 falou o Senhor, naquele tempo, por intermédio de Isaías, filho de Amoz, dizendo: Vai, solta o cilício de teus lombos, e descalça os sapatos dos teus pés. E ele assim o fez, andando nu e descalço.
Isaías 20.3 Então disse o Senhor: Assim como o meu servo Isaías andou três anos nu e descalço, por sinal e portento contra o Egito e contra a Etiópia,
Isaías 20.4 assim o rei da Assíria levará em cativeiro os presos do Egito, e os exilados da Etiópia, tanto moços como velhos, nus e descalços, e com as nádegas descobertas, para vergonha do Egito.
Isaías 20.5 E assombrar-se-ão, e envergonhar-se-ão por causa da Etiopia, sua esperança, e do Egito, sua glória.
Isaías 20.6 Então os moradores desta região litorânea dirão naquele dia: Vede que tal é a nossa esperança, aquilo que buscamos por socorro, para nos livrarmos do rei da Assíria! Como pois escaparemos nós?




Isaías 21


Vigilância para o Retorno do Senhor

Apesar de ter aplicação a pessoas, individualmente falando, podemos observar que a profecia de Isaías é dirigida sobretudo às nações e principalmente aos governantes e grandes da terra.
Isto se explica porque o Messias, que é o centro da sua profecia, estava destinado para reger sobre todas as nações, e o faria em paz, benignidade e justiça.
Logo, a impiedade das nações continuará sendo repreendida e ameaçada pelos juízos de Deus, especialmente pelo grande juízo que virá sobre todos os habitantes da terra, por ocasião da vinda dAquele que estava destinado a ser o Salvador do Seu povo.
O Grande Rei que seria concebido no ventre de uma virgem e teria o governo de toda a terra sobre os Seus ombros, será manifestado mais adiante na profecia de Isaías já crescido em estatura e em graça diante de Deus e dos homens, realizando a Sua obra morrendo no lugar dos pecadores, carregando sobre Si os pecados das pessoas do Seu povo, para que pudessem ser reconciliadas com Deus.
Na profecia de Isaías 21 é mais uma vez  predita a queda de Babilônia sob o poder dos medos.
Enquanto estivessem em Babilônia os judeus deveriam recordar esta profecia, para saberem que Babilônia não prevaleceria, e os persas (Elão) e os medos (v. 2), por meio de Ciro, conforme seria profetizado também por Isaías mais adiante, decretariam o retorno dos judeus para a sua própria terra e ordenariam também a reconstrução do templo de Jerusalém, que seria destruído pelos babilônios.
Importava que Judá fosse levado em cativeiro para Babilônia, para que pudesse ser trilhado o trigo pelas aflições, para que o grão bom fosse separado da palha.
Os ídolos de Babilônia seriam destruídos pelos medos e pelos persas, e os judeus que voltassem para a Palestina poderiam guardar com eles esta lição de que imagens de escultura não são deuses e não têm nenhum poder para livrar do mal, sendo eles próprios uma criação do Maligno, para manter os homens separados do Deus único e verdadeiro, que é invisível.
Se não podemos identificar com precisão quais são os personagens do oráculo de Duma, de Is 21. 11 e 12, uma coisa é certa, que devemos vigiar como sentinelas, e também perguntar àqueles que vigiam o rebanho do Senhor, sendo levantados por Ele como Seus profetas, tal como foi Isaías, a quem alguém perguntou a partir de Seir, chamando-o de sentinela (guarda), que horas eram da noite.
E tornou a lhe fazer a mesma pergunta, e recebeu como resposta que viria não somente a manhã, mas também a noite, e que poderiam voltar para perguntar quantas vezes quisessem.
Compete aos servos de Deus vigiarem e ouvirem seus guias, que vigiam por suas almas, indagando séria e constantemente a eles, quando o Senhor manifestará a glória da Sua presença, na aurora da manhã.
Mas é dever do sentinela avisar que o poder do Espírito virá enquanto houver tal vigilância, mas é necessário lembrar que estamos ainda num mundo de trevas, e quem pensa estar de pé deve vigiar para que não caia.
O dia da volta do Senhor também será assim.
Será o alvorecer de um novo dia para os que esperam nEle, mas será dia de densas trevas para os seus inimigos.
Então com a manifestação do Messias em sua segunda vinda, virá junto com Ele tanto luz como trevas.
Luz para os que O amam, e trevas eternas para os que O odeiam.
Há também neste capítulo uma profecia dirigida contra os árabes.
Eles farão uma coligação nos últimos dias para tentar destruir Israel, mas eles é que serão destruídos, conforme o Senhor tem prometido.
Esta profecia teve um primeiro cumprimento nos dias áureos da Assíria, quando foram dominados pelo exército assírio.

Isaías 21.1 Oráculo acerca do deserto do mar. Como os tufões de vento do sul, que tudo assolam, aí vem do deserto, duma terra horrível.
Isaías 21.2 Dura visão me foi manifesta: o pérfido trata perfidamente, e o destruidor anda destruindo. Sobe, ó Elão, sitia, ó Média; já fiz cessar todo o seu gemido.
Isaías 21.3 Pelo que os meus lombos estão cheios de angústia; dores apoderaram-se de mim como as dores de mulher na hora do parto; estou tão atribulado que não posso ouvir, e tão desfalecido que não posso ver.
Isaías 21.4 O meu coração se agita, o horror apavora-me; o crepúsculo, que desejava, tem-se-me tornado em tremores.
Isaías 21.5 Eles põem a mesa, estendem os tapetes, comem, bebem. Levantai-vos, príncipes, e ungi o escudo.
Isaías 21.6 Porque assim me disse o Senhor: Vai, põe uma sentinela; e ela que diga o que vir.
Isaías 21.7 Quando vir uma tropa de cavaleiros de dois a dois, uma tropa de jumentos, ou uma tropa de camelos, escute a sentinela atentamente com grande cuidado.
Isaías 21.8 Então clamou aquele que viu: Senhor, sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de guarda me ponho todas as noites.
Isaías 21.9 E eis aqui agora vem uma tropa de homens, cavaleiros de dois a dois. Então ele respondeu e disse: Caiu, caiu Babilônia; e todas as imagens esculpidas de seus deuses são despedaçadas até o chão.
Isaías 21.10 Ah, malhada minha, e trigo da minha eira! o que ouvi do Senhor dos exércitos, Deus de Israel, isso vos tenho anunciado.
Isaías 21.11 Oráculo acerca de Dumá. Alguém clama a mim de Seir: Guarda, que horas são da noite? guarda, que horas são da noite?
Isaías 21.12 Respondeu o guarda: Vem a manhã, e também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde.
Isaías 21.13 Oráculo contra a Arábia. Nos bosques da Arábia passareis a noite, ó caravanas de dedanitas.
Isaías 21.14 Saí com água ao encontro dos sedentos; ó moradores da terra de Tema, saí com pão ao encontro dos fugitivos.
Isaías 21.15 pois fogem diante das espadas, diante da espada desembainhada, e diante do arco armado, e diante da pressão da guerra.
Isaías 21.16 porque assim me disse o Senhor: Dentro de um ano, tal como os anos de jornaleiro, toda a glória de Quedar esvaecerá.
Isaías 21.17 e os restantes do número dos flecheiros, os valentes dos filhos de Quedar, serão diminuídos; porque assim o disse o Senhor, Deus de Israel.




Isaías 22


A palavra “oráculo”, do primeiro versículo, deste e de muitos outros capítulos deste livro de Isaías, é vertida do original hebraico massau, que significa fardo, peso, profecia.
Profecia esta que é chamada de fardo porque não é de boas novas, mas de juízos de Deus contra a impiedade de Judá.
Eles estavam andando longe do Senhor, mas banqueteavam e viviam para a comida e para o vinho.
Eles viviam no alarido dos que se alegram com as coisas do mundo e não com a sobriedade e piedade requerida por Deus, especialmente aos que são do Seu povo.
O clamor e a turbulência de Jerusalém seria silenciada não pela morte à espada, mas por ser sitiada pelos assírios, e os principais homens da cidade fugiriam e seriam presos, embora tivessem fugido para bem longe.
O profeta chorou amargamente pela visão, e chamou ao que viu de dia de destroço, de atropelamento, de confusão, no que também chamou de vale da visão.
Senaqueribe da Assíria sitiaria Jerusalém por muitos dias nos dias do rei Ezequias, não pela impiedade de Ezequias, que era um rei reformador e piedoso, mas pela impiedade de Judá, e por causa do Juízo que Deus já havia determinado contra eles, pelos pecados que vinham acumulando desde os dias dos reis que haviam antecedido a Ezequias no trono, desde os dias de Roboão, filho de Salomão.
Até casas seriam derrubadas para fortalecer os muros da cidade de Jerusalém, que estava cheio de brechas. E água foi ajuntada para poder resistir aos dias de cerco.  E enquanto faziam tudo isto, esqueceram de clamar ao Senhor seu Deus por livramento.
Deus lhes estava chamando a chorarem, prantearem, a raparem a cabeça e a se cobrirem de cinzas, em arrependimento pelos seus pecados.
Mas, em vez de reconhecerem que era a mão do Senhor pesando sobre eles, continuaram na sua alegria carnal, matando bois e ovelhas, para se saciarem de carne e de vinho, e diziam: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.”.
Então o Senhor disse que não lhes perdoaria aquele modo pecaminoso de vida e visitaria a maldade deles
Para lhes dar um sinal de que visitaria a maldade dos grandes do povo, ele começaria pelo maior deles, depois do rei, o poderoso Sebna que era o administrador e mordomo do rei. Ele seria deposto do seu cargo, e não repousaria no túmulo esplendoroso que estava preparando para perpetuar o seu nome em Judá, porque o Senhor disse que ele não seria sepultado em Judá, mas na terra estranha para a qual seria deportado, provavelmente pela Assíria, como consequência do cerco de Jerusalém.
O Senhor mesmo designou quem lhe sucederia no cargo quando fosse deposto por Ele, a saber, Eliaquim, do qual disse que o fixaria firmemente como um prego até que chegasse o tempo em que importava que fosse substituído por um outro. Mas isto seria feito debaixo do desígnio do Senhor, porque ninguém pode retirar o que Ele retirou a não ser pela Sua própria deliberação, porque quando fecha ninguém abre, e quando abre, ninguém fecha.

“1 Oráculo acerca do vale da visão. Que tens agora, pois que com todos os teus subiste aos telhados?
2 e tu que estás cheia de clamor, cidade turbulenta, cidade alegre; os teus mortos não são mortos à espada, nem mortos em guerra.
3 Todos os teus homens principais juntamente fugiram, sem o arco foram presos; todos os que em ti se acharam, foram presos juntamente, embora tivessem fugido para longe.
4 Portanto digo: Desviai de mim a vista, e chorarei amargamente; não vos canseis mais em consolar-me pela destruição da filha do meu povo.
5 Porque dia de destroço, de atropelamento, e de confusão é este da parte do Senhor Deus dos exércitos, no vale da visão; um derrubar de muros, e um clamor até as montanhas.
6 Elão tomou a aljava, juntamente com carros e cavaleiros, e Quir descobriu os escudos.
7 Os teus mais formosos vales ficaram cheios de carros, e os cavaleiros postaram-se contra as portas.
8 Tirou-se a cobertura de Judá; e naquele dia olhaste para as armas da casa do bosque.
9 E vistes que as brechas da cidade de Davi eram muitas; e ajuntastes as águas da piscina de baixo;
10 e contastes as casas de Jerusalém, e derrubastes as casas, para fortalecer os muros;
11 fizestes também um reservatório entre os dois muros para as águas da piscina velha; mas não olhastes para aquele que o tinha feito, nem considerastes o que o formou desde a antiguidade.
12 O Senhor Deus dos exércitos vos convidou naquele dia para chorar e prantear, para rapar a cabeça e cingir o cilício;
13 mas eis aqui gozo e alegria; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho, e se diz: Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.
14 Mas o Senhor dos exércitos revelou-se aos meus ouvidos, dizendo: Certamente esta maldade não se vos perdoará até que morrais, diz o Senhor Deus dos exércitos.
15 Assim diz o Senhor Deus dos exércitos: Anda, vai ter com esse administrador, Sebna, o mordomo, e pergunta-lhe:
16 Que fazes aqui? ou que parente tens tu aqui, para que cavasses aqui uma sepultura? Cavando em lugar alto a tua sepultura, cinzelando na rocha morada para ti mesmo!
17 Eis que o Senhor te arrojará violentamente, ó homem forte, e seguramente te prenderá.
18 Certamente te enrolará como uma bola, e te lançará para um país espaçoso. Ali morrerás, e ali irão os teus magníficos carros, ó tu, opróbrio da casa do teu senhor.
19 E demitir-te-ei do teu posto; e da tua categoria serás derrubado.
20 Naquele dia chamarei a meu servo Eliaquim, filho de Hilquias,
21 e vesti-lo-ei da tua túnica, e cingi-lo-ei com o teu cinto, e entregarei nas suas mãos o teu governo; e ele será como pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de Judá.
22 Porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro; ele abrirá, e ninguém fechará; fechará, e ninguém abrirá.
23 E fixá-lo-ei como a um prego num lugar firme; e será como um trono de honra para a casa de seu pai.
24 Nele, pois, pendurarão toda a glória da casa de seu pai, a prole e a progênie, todos os vasos menores, desde as taças até os jarros.
25 Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cederá o prego fincado em lugar firme; será cortado, e cairá; e a carga que nele estava se desprenderá, porque o Senhor o disse.”






Isaías 23


A alegria carnal de Judá foi repreendida no capítulo precedente, e agora é a da cidade de Tiro que está sendo repreendida pelo Senhor, neste capítulo. Isto porque o reino do Messias é para os quebrantados de espírito, para os contritos de coração, para os que choram, e não para os que se alegram com o pecado e com o mundo.
A Fenícia era um país de grandes comerciantes, especialmente de mercadorias que exportavam por mar.
Eles se gloriavam na sua prosperidade, conforme costumam fazer as pessoas de todas as nações e de todas as épocas.
Mas os bens terrenos não podem livrar o homem da maldade, e muito menos promover o encontro do homem com Deus.
Então o gloriar-se na prosperidade material é uma glória vã e passageira, e que tem em si mesma, o grande perigo de elevar o coração, tornando-o inapto para ser habitado por Deus, porque não habita com os corações elevados, senão com os corações contritos e que se humilham na Sua santa presença.
Não é portanto nas riquezas deste mundo que o homem próspero deve colocar a sua confiança, e muito menos se gloriar nela, senão unicamente no Senhor, e deve aprender a fazer um uso piedoso e generoso dos bens que possui.
“17 manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as coisas para delas gozarmos;
18 que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas obras, que sejam liberais e generosos,
19 entesourando para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a verdadeira vida.” (I Tim 6.17-19).
Tão ricos eram os comerciantes de Tiro que viviam como príncipes, então estavam expostos a muitas tentações quanto a terem um coração elevado que é algo muito desprezível aos olhos de Deus, que resiste aos soberbos e dá graça somente aos humildes.
As assolações de Tiro durariam setenta anos (v. 15), o mesmo tempo que foi fixado para o cativeiro dos judeus em Babilônia (Jer 25.11,12).
É dito que não seriam os assírios os assoladores de Tiro, mas os caldeus (babilônios), conforme se afirma no verso 13.
Presume-se, portanto, que quando Ciro decretou o retorno dos judeus à sua terra em Judá, também decretou no mesmo período o retorno dos habitantes de Tiro para a sua terra natal, livrando-os também do cativeiro deles em Babilônia, que havia durado setenta anos, tanto quanto o dos judeus.
Quantos exemplos o Senhor nos deu no passado que a riqueza e a grandeza de posições não podem livrar no dia do juízo, e nem assim os homens aprendem da história, e continuam colocando a sua confiança nas riquezas e posições que alcançam neste mundo, e não somente no Senhor.
Por isso o Senhor nos adverte dizendo que aquele que se gloriar, glorie-se somente nEle próprio.
“23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas;
24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.” (Jer 9.23,24)

“1 Oráculo acerca de Tiro. Uivai, navios de Társis, porque ela está desolada, a ponto de não haver nela casa nem abrigo; desde a terra de Quitim lhes foi isso revelado.
2 Calai-vos, moradores do litoral, vós a quem encheram os mercadores de Sidom, navegando pelo mar.
3 Por sobre grandes águas foi-lhe trazida a sua provisão, a semente de Sior, a ceifa do Nilo; e ela se tornou a feira das nações.
4 Envergonha-te, ó Sidom; porque o mar falou, a fortaleza do mar disse: Eu não tive dores de parto, nem dei à luz, nem ainda criei mancebos, nem eduquei donzelas.
5 Quando a notícia chegar ao Egito, assim haverá dores quando se ouvirem as notícias de Tiro.
6 Passai a Társis; uivai, moradores do litoral.
7 É esta, porventura, a vossa cidade alegre, cuja origem é dos dias antigos, cujos pés a levavam para longe a peregrinar?
8 Quem formou este desígnio contra Tiro, distribuidora de coroas, cujos mercadores eram príncipes e cujos negociantes eram os mais nobres da terra?
9 O Senhor dos exércitos formou este desígnio para denegrir a soberba de toda a glória, e para reduzir à ignomínia os ilustres da terra.
10 Inunda como o Nilo a tua terra, ó filha de Társis; já não há mais o que te refreie.
11 Ele estendeu a sua mão sobre o mar, e abalou os reinos; o Senhor deu mandado contra Canaã, para destruir as suas fortalezas.
12 E disse: Não continuarás mais a te regozijar, ó oprimida donzela, filha de Sidom; levanta-te, passa a Chipre, e ainda ali não terás descanso.
13 Eis a terra dos caldeus! este é o povo, não foi a Assíria. Destinou a Tiro para as feras do deserto; levantaram as suas torres de sítio; derrubaram os palácios dela; a ruínas a reduziu.
14 Uivai, navios de Társis; porque está desolada a vossa fortaleza.
15 Naquele dia Tiro será posta em esquecimento por setenta anos, conforme os dias dum rei; mas depois de findos os setenta anos, sucederá a Tiro como se diz na canção da prostituta.
16 Toma a harpa, rodeia a cidade, ó prostituta, entregue ao esquecimento; toca bem, canta muitos cânticos, para que haja memória de ti.
17 No fim de setenta anos o Senhor visitará a Tiro, e ela tornará à sua ganância de prostituta, e fornicará com todos os reinos que há sobre a face da terra.
18 E será consagrado ao Senhor o seu comércio e a sua ganância de prostituta; não se entesourará, nem se guardará; mas o seu comércio será para os que habitam perante o Senhor, para que comam suficientemente; e tenham vestimenta esplêndida.”












Isaías 24


As assolações que viriam sobre Judá, quando fosse levada em cativeiro para Babilônia, serviriam de alerta e de ilustração para uma assolação ainda maior que viria a ocorrer não somente em Judá, mas em todas as nações da terra nos dias da Grande Tribulação, e da volta do Senhor como juiz à terra.
Esta profecia se aplica portanto, em sua parte inicial, até o verso 15, às desolações de Judá nos dias do Velho Testamento. Mas também é aplicável às condições que reinarão no tempo do fim, no território de Israel, porque desolações estão determinadas por Deus, para a tomada do reino pelo Messias.
Do verso 16 em diante, as condições descritas são as que prevalecerão por ocasião da volta do Senhor, que é nomeado no verso 16, por Justo, com inicial maiúscula. Ele está sendo assim indicado porque vem para julgar toda a terra.
Ao Justo é dada Glória dos confins da terra porque virá para julgar os pérfidos que tratam perfidamente, e por causa dos quais emagrecem em todos os sentidos os que buscam a causa da justiça.
Os fundamentos da terra serão abalados quando o Justo (Cristo) se manifestar na Sua segunda vinda, e a sua voz será um pavor para aqueles que tentarem fugir da sua ira. E eles cairão na cova e serão aprisionados no laço de juízo, e não de misericórdia, de Deus, que os abaterá e amarrará.
Os principados e potestades do mal do ar, que são chamados no verso 21 de exércitos do alto nas alturas, serão castigados no dia do Senhor, bem como os reis da terra, ou seja os seus governantes, porque não governaram com justiça.
É errôneo pensar que presidentes, deputados, magistrados e quaisquer autoridades não têm que andar no temor de Deus e agirem de acordo com a Sua justiça, porque não há autoridade que não seja instituída por Ele, ou seja, eles são vocacionados e levantados pelo próprio Deus, recebendo talentos e dons para liderarem. Então é óbvio que deverão prestar contas de seus atos como líderes perante Ele. O dia do ajuste de contas, conforme revelado nesta profecia será por ocasião da volta do Senhor Jesus, para julgar os vivos e os mortos, ou seja, tanto os que morreram, quanto os que estiverem vivendo na terra, por ocasião da sua segunda vinda.
Depois do juízo dos ímpios o Senhor assumirá o reino no monte Sião, em Jerusalém, e manifestará a Sua glória de Juiz e Rei, porque desta vez não virá para morrer numa cruz para nos remir dos pecados, mas para exercer domínio e poder sobre todos os homens (v. 23).

“1 Eis que o Senhor esvazia a terra e a desola, transtorna a sua superfície e dispersa os seus moradores.
2 E o que suceder ao povo, sucederá ao sacerdote; ao servo, como ao seu senhor; à serva, como à sua senhora; ao comprador, como ao vendedor; ao que empresta, como ao que toma emprestado; ao que recebe usura, como ao que paga usura.
3 De todo se esvaziará a terra, e de todo será saqueada, porque o Senhor pronunciou esta palavra.
4 A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.
5 Na verdade a terra está contaminada debaixo dos seus habitantes; porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos, e quebram o pacto eterno.
6 Por isso a maldição devora a terra, e os que habitam nela sofrem por serem culpados; por isso são queimados os seus habitantes, e poucos homens restam.
7 Pranteia o mosto, enfraquece a vide, e suspiram todos os que eram alegres de coração.
8 Cessa o folguedo dos tamboris, acaba a algazarra dos jubilantes, cessa a alegria da harpa.
9 Já não bebem vinho ao som das canções; a bebida forte é amarga para os que a bebem.
10 Demolida está a cidade desordeira; todas as casas estão fechadas, de modo que ninguém pode entrar.
11 Há lastimoso clamor nas ruas por falta do vinho; toda a alegria se escureceu, já se foi o prazer da terra.
12 Na cidade só resta a desolação, e a porta está reduzida a ruínas.
13 Pois será no meio da terra, entre os povos, como a sacudidura da oliveira, e como os rabiscos, quando está acabada a vindima.
14 Estes alçarão a sua voz, bradando de alegria; por causa da majestade do Senhor clamarão desde o mar.
15 Por isso glorificai ao Senhor no Oriente, e na região litorânea do mar ao nome do Senhor Deus de Israel.
16 Dos confins da terra ouvimos cantar: Glória ao Justo. Mas eu digo: Emagreço, emagreço, ai de mim! os pérfidos tratam perfidamente; sim, os pérfidos tratam muito perfidamente.
17 O pavor, e a cova, e o laço vêm sobre ti, ó morador da terra.
18 Aquele que fugir da voz do pavor cairá na cova, e o que subir da cova o laço o prenderá; porque as janelas do alto se abriram, e os fundamentos da terra tremem.
19 A terra está de todo quebrantada, a terra está de todo fendida, a terra está de todo abalada.
20 A terra cambaleia como o ébrio, e balanceia como a rede de dormir; e a sua transgressão se torna pesada sobre ela, e ela cai, e nunca mais se levantará.
21 Naquele dia o Senhor castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra.
22 E serão ajuntados como presos numa cova, e serão encerrados num cárcere; e serão punidos depois de muitos dias.
23 Então a lua se confundirá, e o sol se envergonhará, pois o Senhor dos exércitos reinará no monte Sião e em Jerusalém; e perante os seus anciãos manifestará a sua glória.”





Isaías 25


Quando o ímpio é desarraigado da terra os justos suspiram de alívio e alegria.
É isto que se vê neste capítulo, que possui um paralelo no livro de Apocalipse, onde o juízo de Deus sobre os ímpios na Sua vinda é exaltado e glorificado tanto no céu quanto na terra com cânticos de louvor e de graças pelo grande livramento.

“5 E ouvi o anjo das águas dizer: Justo és tu, que és e que eras, o Santo; porque julgaste estas coisas;
6 porque derramaram o sangue de santos e de profetas, e tu lhes tens dado sangue a beber; eles o merecem.
7 E ouvi uma voz do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos.”  (Apo 16.5-7).

Estas palavras foram proferidas quando o Senhor começou a despejar seus juízos sobre o trono do Anticristo.

“1 Depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de uma imensa multidão, que dizia: Aleluia! A salvação e a glória e o poder pertencem ao nosso Deus;
2 porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.
3 E outra vez disseram: Aleluia. E a fumaça dela sobe pelos séculos dos séculos.
4 Então os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus que está assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia!
5 E saiu do trono uma voz, dizendo: Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes.
6 Também ouvi uma voz como a de grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso.
7 Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou,
8 e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos.” (Apo 19.1-8).

É exatamente esta expressão de júbilo por causa dos juízos realizados por Deus sobre a impiedade das nações, e quando os santos começarem a reinar com Cristo, que foi dado a Isaías antecipar com a profecia deste capítulo.

Com certeza esta profecia se refere ao tempo do fim porque lemos nos versos 8 e9:

“Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará de toda a terra o opróbrio do seu povo; porque o Senhor o disse.
9 E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus; por ele temos esperado, para que nos salve. Este é o Senhor; por ele temos esperado; na sua salvação gozaremos e nos alegraremos.”.

Compare este texto com Apo 21.4:

“Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.”.

“1 Ó Senhor, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei a ti, e louvarei o teu nome; porque fizeste maravilhas, os teus conselhos antigos, em fidelidade e em verdade.
2 Porque da cidade fizeste um montão, e da cidade fortificada uma ruína, e do paço dos estranhos, que não seja mais cidade; e ela jamais se tornará a edificar.
3 Pelo que te glorificará um povo poderoso; e a cidade das nações formidáveis te temerá:
4 Porque tens sido a fortaleza do pobre, a fortaleza do necessitado na sua angústia, refúgio contra a tempestade, e sombra contra o calor, pois o assopro dos violentos é como a tempestade contra o muro.
5 Como o calor em lugar seco, tu abaterás o tumulto dos estranhos; como se abranda o calor pela sombra da espessa nuvem, assim acabará o cântico dos violentos.
6 E o Senhor dos exércitos dará neste monte a todos os povos um banquete de coisas gordurosas, banquete de vinhos puros, de coisas gordurosas feitas de tutanos, e de vinhos puros, bem purificados.
7 E destruirá neste monte a coberta que cobre todos os povos, e o véu que está posto sobre todas as nações.
8 Aniquilará a morte para sempre, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará de toda a terra o opróbrio do seu povo; porque o Senhor o disse.
9 E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus; por ele temos esperado, para que nos salve. Este é o Senhor; por ele temos esperado; na sua salvação gozaremos e nos alegraremos.
10 Porque a mão do Senhor repousará neste monte; e Moabe será trilhado no seu lugar, assim como se trilha a palha na água do monturo.
11 E estenderá as suas mãos no meio disso, assim como as estende o nadador para nadar; mas o Senhor abaterá a sua altivez juntamente com a perícia das suas mãos.
12 E abaixará as altas fortalezas dos teus muros; abatê-las-á e derruba-las-á por terra até o pó.”




Isaías 26


As profecias deste capítulo como as seguintes, misturam a glória futura do Israel de Deus juntamente com o Messias, com as boas promessas de livramento para Judá, depois de ter passado pelo cativeiro babilônico.
Importava encorajar os judeus, como já comentamos anteriormente, para manterem firme a esperança messiânica, a saber, a guardarem a vontade de Deus para a manifestação do Salvador prometido.
No entanto, sabemos que estas promessas de bênçãos para Judá foram interrompidas por várias vezes, por juízos divinos, quando a nação voltava a se desviar da Sua presença, sendo portanto entregue nas mãos de opressores.
É importante frisar que mesmo ao retornarem de Babilônia permaneceram debaixo do governo sucessivo de medos e persas, de gregos e de romanos.  Somente por um breve período, nos dias dos Macabeus, Israel foi uma nação soberana, sem estar debaixo do jugo de qualquer outra nação.
Então, a aplicação destas profecias de Isaías apontam não para a glória de Judá na terra, quer na dispensação do Antigo, quer na do Novo Testamento, mas, à glória que desfrutariam por meio da mediação e governo do Messias prometido.
É bom fixarmos e lembrarmos sempre, ao ler todo o livro de Isaías, qual foi o caráter da sua chamada por Deus, conforme vimos no sexto capítulo, quando foi profetizado que ele deveria revelar o endurecimento que haveria em Israel até o final da dispensação da graça.
Então não seria de se esperar que Deus falasse da glória de um povo que permaneceria endurecido, apesar de todo o favor e cuidado que tivesse para com ele.
Na verdade sempre foi pela ação de um remanescente fiel, representado nas pessoas de Esdras, Neemias, e outros servos piedosos do Senhor, que Judá foi preservado, e não pela piedade de todo o povo.
Nós lemos no último versículo da profecia deste capítulo:
“Pois eis que o Senhor está saindo do seu lugar para castigar os moradores da terra por causa da sua iniquidade.”
Pode parecer, pela leitura do restante do capítulo, que esta afirmação está deslocada e fora de contexto. No entanto, é por ela que podemos entender o caráter da paz e da glória de Judá, que é prometida no capítulo.
Ela é resultante da confiança total no Senhor, conforme o povo é conclamado a fazer em todo o tempo.
Esta promessa de paz não se destina aos que permanecem na prática deliberada do pecado, porque deles se diz no verso 10:
“Ainda que se mostre favor ao ímpio, ele não aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor.”
Então, o que se reserva para os ímpios é o que se afirma no verso 11:
“Senhor, a tua mão está levantada, contudo eles não a veem; vê-la-ão, porém, e confundir-se-ão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo reservado para os teus adversários os devorará.”
Mas, para os justos é prometido por Deus a paz, porque Ele mesmo fará todas as suas obras para o Seu povo (v. 12).
Ainda que outros dominem sobre o povo, que é a herança do Senhor, é somente o Seu santo nome que eles exaltam (v. 13).
O povo do Senhor será aumentado na terra pelo próprio Deus e para a Sua exclusiva glória (v. 14).
Ele faria a obra do evangelho avançar até aos confins da terra (v. 15), mas para isto, deveria ser buscado nas angústias que são produzidas pelas Suas correções, derramando os seus corações perante Ele em oração.
O povo deve ser santificado e consagrado pelas tribulações, para que aprenda a orar e a buscar ao Senhor, porque é assim que Ele faz a Sua obra avançar através da Igreja, que assim se Lhe consagra (v. 16).
E estas orações devem ser agonizantes, como a mulher que está com as contrações do parto (v. 17) porque são orações para que sejam geradas novas vidas, pelo Espírito Santo, vidas não naturais, mas novas criaturas em Cristo Jesus.
Não basta ter as dores de parto e não orar, porque isto não produzirá vida, senão vento (v. 18), porque o poder do próprio homem não pode trazer livramento à terra, dos poderes opressivos do inferno, que mantêm os homens em cadeias, senão somente o poder do próprio Deus, pelo Espírito, quando o Seu povo ora incessantemente, sem esmorecer, para que Ele mantenha avivada a Sua obra sobre a terra.
Mas, para os que oram sem esmorecer, a promessa é de vida para os que se encontram mortos. A vida abundante de Jesus que livra da morte espiritual e eterna, e que traz também a promessa da ressurreição dos corpos dos que nEle creem (v. 19).
Os que habitam no pó podem exultar porque há esperança de vida para eles, porque o orvalho de Deus, Jesus Cristo, é orvalho de luz, a luz que dá a vida de Deus aos homens (v. 19b); mas os que não vêm para a luz por amarem as trevas, o Senhor fa-los-á cair na terra das sombras em que eles gostam de viver (v. 19c).
Deus está indignado contra o pecado, e manifestará a Sua ira contra o ímpios, mas o Seu povo é convocado a entrar nas suas câmaras e fechar as suas portas sobre si, para se esconder por um  só momento, até que Deus consuma a sua indignação desarraigando o ímpio da terra (v. 20). Isto fala da necessidade de oração, de paciência, de perseverança, de esperar quietos no Senhor, enquanto padecemos neste mundo de trevas.

“1 Naquele dia se entoará este cântico na terra de Judá: uma cidade forte temos, a que Deus pôs a salvação por muros e antemuros.
2 Abri as portas, para que entre nela a nação justa, que observa a verdade.
3 Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti.
4 Confiai sempre no Senhor; porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.
5 porque ele tem derrubado os que habitam no alto, na cidade elevada; abate-a, abate-a até o chão; e a reduz até o pó.
6 Pisam-na os pés, os pés dos pobres, e os passos dos necessitados.
7 O caminho do justo é plano; tu, que és reto, nivelas a sua vereda.
8 No caminho dos teus juízos, Senhor, temos esperado por ti; no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma.
9 Minha alma te deseja de noite; sim, o meu espírito, dentro de mim, diligentemente te busca; porque, quando os teus juízos estão na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.
10 Ainda que se mostre favor ao ímpio, ele não aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor.
11 Senhor, a tua mão está levantada, contudo eles não a veem; vê-la-ão, porém, e confundir-se-ão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo reservado para os teus adversários os devorará.
12 Senhor, tu hás de estabelecer para nós a paz; pois tu fizeste para nós todas as nossas obras.
13 Ó Senhor Deus nosso, outros senhores além de ti têm tido o domínio sobre nós; mas, por ti só, nos lembramos do teu nome.
14 Os falecidos não tornarão a viver; os mortos não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e fizeste perecer toda a sua memória.
15 Tu, Senhor, aumentaste a nação; aumentaste a nação e te fizeste glorioso; alargaste todos os confins da terra.
16 Senhor, na angústia te buscaram; quando lhes sobreveio a tua correção, derramaram-se em oração.
17 Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós diante de ti, ó Senhor!
18 Concebemos nós, e tivemos dores de parto, mas isso foi como se tivéssemos dado à luz o vento; livramento não trouxemos à terra; nem nasceram moradores do mundo.
19 Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fa-lo-ás cair.
20 Vem, povo meu, entra nas tuas câmaras, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a indignação.
21 Pois eis que o Senhor está saindo do seu lugar para castigar os moradores da terra por causa da sua iniquidade; e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seus mortos.”


Isaías 27


Repetidamente se diz neste capítulo “Naquele dia” (v. 1, 2, 12, 13) e também se diz no verso 6 que dias virão em que Jacó lançará raízes; Israel florescerá e brotará; e eles encherão de fruto a face do mundo.”. Esta é uma clara referência aos dias do evangelho, que se espalharia a partir de Israel por toda a face do mundo, desde o derramar do Espírito Santo, no dia de Pentecostes.
“Naquele dia o Senhor castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, a serpente fugitiva, e o leviatã, a serpente tortuosa; e matará o dragão, que está no mar (v. 1)”. É uma referência clara ao esmagamento da cabeça da serpente, Satanás, o diabo, por Jesus.
Diz-se na profecia que naquele dia haverá uma vinha deliciosa, que será motivo de louvor por causa dela (v. 2).
A iniquidade de Jacó seria expiada nestes dias do evangelho (v. 9) e por isso há estas promessas de bênçãos e prosperidade da Igreja.
Sabemos que é pelo sangue de Cristo que esta iniquidade é expiada. E os judeus que se encontravam dispersos pelo mundo, desde os cativeiros assírio e babilônico, poderiam voltar a Jerusalém para adorarem o Senhor, no Seu santo monte (v. 13).
Não seria pela própria bondade de Israel, que lhe sobreviriam estas bênçãos prometidas, porque eram ramos secos, quebrados, prontos para serem queimados, porque era um povo sem entendimento, que não conhecia ao Senhor, e por isso não seria da nação de Israel em geral, que o Senhor teria misericórdia, antes, os padejaria, como o trigo, e colheria um a um daqueles que fossem grão e não palha em Israel, e seria com estes que Ele faria a Sua obra.
Foi exatamente isto que Jesus fez, escolhendo os apóstolos e selecionando os discípulos, provando-os em Sua obediência à Sua vontade e mandamentos, para fazerem a Sua obra através deles, e não de toda a nação de Israel.
Seria por esta pequena raiz que o evangelho espalharia suas raízes por todo o mundo.

“1 Naquele dia o Senhor castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, a serpente fugitiva, e o leviatã, a serpente tortuosa; e matará o dragão, que está no mar.
2 Naquele dia haverá uma vinha deliciosa; cantai a seu respeito.
3 Eu, o Senhor, a guardo, e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia a guardarei.
4 Não há indignação em mim; quem dera que fossem ordenados diante de mim em guerra sarças e espinheiros! eu marcharia contra eles e juntamente os queimaria.
5 Ou, então, busquem o meu refúgio, e façais, paz comigo; sim, façam paz comigo.
6 Dias virão em que Jacó lançará raízes; Israel florescerá e brotará; e eles encherão de fruto a face do mundo.
7 Porventura feriu-os o Senhor como feriu aos que os feriram? ou matou-os ele assim como matou aos que por eles foram mortos?
8 Com medida contendeste com eles, quando os rejeitaste; ele a removeu com o seu vento forte, no tempo do vento leste.
9 Por isso se expiará a iniquidade de Jacó; e este será todo o fruto da remoção do seu pecado: ele fará todas as pedras do altar como pedras de cal feitas em pedaços, de modo que os aserins e as imagens do sol não poderão ser mais levantados.
10 porque a cidade fortificada está solitária, uma habitação rejeitada e abandonada como um deserto; ali pastarão os bezerros, ali também se deitarão e devorarão os seus ramos.
11 Quando os seus ramos se secam, são quebrados; vêm as mulheres e lhes ateiam fogo; porque este povo não é povo de entendimento; por isso aquele que o fez não se compadecerá dele, e aquele que o formou não lhe mostrará nenhum favor.
12 Naquele dia o Senhor padejará o seu trigo desde as correntes do Rio, até o ribeiro do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um.
13 E naquele dia se tocará uma grande trombeta; e os que andavam perdidos pela terra da Assíria, e os que foram desterrados para a terra do Egito tornarão a vir; e adorarão ao Senhor no monte santo em Jerusalém.”



Isaías 28


Quando esta profecia foi proferida ainda existia o Reino do Norte (Israel) mas a destruição da Assíria já estava próxima de suas portas.
Havia um iminente e terrível juízo pairando sobre eles, mas não deram a mínima atenção aos avisos dos profetas e não atentaram para a Lei do Senhor, antes aumentaram ainda mais os seus pecados entregando-se a uma vida desregrada e de luxúria.
Então, é mais uma vez pronunciada neste capítulo a sua ruína.
A graça do Senhor seria manifestada apenas ao remanescente fiel (v. 5) e não a estes ímpios que decidiram viver deliberada e para sempre no pecado, apesar de terem sido insistentemente chamados por séculos, pelo Senhor, ao arrependimento.
Somente o remanescente conheceria e seria fundamentado na pedra de esquina, eleita e preciosa (Jesus), na qual Deus edificaria a Sua Igreja.
“Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra provada, pedra preciosa de esquina, de firme fundamento; aquele que crer não se apressará.” (v. 16)
Este fundamento é alcançado pela fé, e se diz que não se apressará o que crer. Não para crer, mas para serem aperfeiçoados pelo Senhor. Porque o trabalho de santificação será efetuado pela graça, pelo poder do Espírito, e com a paciência e longanimidade de Deus na instrução do Seu povo na verdade.
Mas, quanto aos ímpios de Israel, que não fazem parte deste grupo de eleitos, o que se diz que será dado a eles será regra sobre regra, preceito sobre preceito. Eles serão regidos pela força da lei, porque se recusam a servir o Senhor voluntariamente com um coração sincero, movidos pela Sua graça (v. 10,13).
Seria assim para eles porque se endureceram à mensagem de graça do evangelho. Não aceitaram que o pecador é justificado pela graça, mediante a fé, e continuariam tentando serem justificados pela sua própria justiça, consoante a prática das obras da lei. Mas isto era uma contradição, porque nem mesmo guardavam as obras da Lei, porque sempre transgrediram a Lei do Senhor.
Eles não conheceriam e não receberiam, portanto, a vida e o mover do Espírito Santo em seus corações, para serem regenerados (nascidos de novo) e santificados, e ficariam assim, excluídos do reino de Deus.
Estes que não estiverem fundamentados pela fé na Rocha de esquina, que é Cristo, serão por fim alcançados pelo juízo de Deus, para uma condenação eterna, porque a ira de Deus permanece sobre eles, uma vez que sem estar ligado a Cristo pela fé, é impossível que alguém possa ser justificado e perdoado de seus pecados.


“1 Ai da vaidosa coroa dos bêbedos de Efraim, e da flor murchada do seu glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fértil vale dos vencidos do vinho.
2 Eis que o Senhor tem um valente e poderoso; como tempestade de saraiva, tormenta destruidora, como tempestade de impetuosas águas que transbordam, ele a derrubará violentamente por terra.
3 A vaidosa coroa dos bêbedos de Efraim será pisada aos pés;
4 e a flor murchada do seu glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fértil vale, será como figo que amadurece antes do verão, que, vendo-o alguém, e mal tomando-o na mão, o engole.
5 Naquele dia o Senhor dos exércitos será por coroa de glória e diadema de formosura para o restante de seu povo;
6 e por espírito de juízo para o que se assenta a julgar, e por fortaleza para os que fazem recuar a peleja até a porta.
7 Mas também estes cambaleiam por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta cambaleiam por causa da bebida forte, estão tontos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte; erram na visão, e tropeçam no juízo.
8 Pois todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de sujidade, e não há lugar que esteja limpo.
9 Ora, a quem ensinará ele o conhecimento? e a quem fará entender a mensagem? aos desmamados, e aos arrancados dos seios?
10 Pois é preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali.
11 Na verdade por lábios estranhos e por outra língua falará a este povo;
12 ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir.
13 Assim pois a palavra do Senhor lhes será preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e fiquem quebrantados, enlaçados, e presos.
14 Ouvi, pois, a palavra do Senhor, homens escarnecedores, que dominais este povo que está em Jerusalém.
15 Porquanto dizeis: Fizemos pacto com a morte, e com o Seol fizemos aliança; quando passar o flagelo trasbordante, não chegará a nós; porque fizemos da mentira o nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos.
16 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra provada, pedra preciosa de esquina, de firme fundamento; aquele que crer não se apressará.
17 E farei o juízo a linha para medir, e a justiça o prumo; e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas inundarão o esconderijo.
18 E o vosso pacto com a morte será anulado; e a vossa aliança com o Seol não subsistirá; e, quando passar o flagelo trasbordante, sereis abatidos por ele.
19 Todas as vezes que passar, vos arrebatará; porque de manhã em manhã passará, de dia e de noite; e será motivo de terror o só ouvir tal notícia.
20 Pois a cama é tão curta que nela ninguém se pode estender; e o cobertor tão estreito que com ele ninguém se pode cobrir.
21 Porque o Senhor se levantará como no monte Perazim, e se irará como no vale de Gibeão, para realizar a sua obra, a sua estranha obra, e para executar o seu ato, o seu estranho ato.
22 Agora, pois, não sejais escarnecedores, para que os vossos grilhões não se façam mais fortes; porque da parte do Senhor Deus dos exércitos ouvi um decreto de destruição completa e decisiva, sobre toda terra.
23 Inclinai os ouvidos, e ouvi a minha voz; escutai, e ouvi o meu discurso.
24 Porventura lavra continuamente o lavrador, para semear? ou está sempre abrindo e esterroando a sua terra?
25 Não é antes assim: quando já tem nivelado a sua superfície, não espalha o endro, não semeia o cominho, não lança nela o trigo em leiras, ou cevada no lugar determinado, ou a espelta na margem?
26 Pois o seu Deus o instrui devidamente e o ensina.
27 Porque o endro não se trilha com instrumento de trilhar, nem sobre o cominho passa a roda de carro; mas o endro é debulhado com uma vara, e o cominho com um pau.
28 Acaso é esmiuçado o trigo? não; não se trilha continuamente, nem se esmiúça com as rodas do seu carro e os seus cavalos; não se esmiúça.
29 Até isso procede do Senhor dos exércitos, que é maravilhoso em conselho e grande em obra.”




Isaías 29


O livro de Isaías é todo evangélico, porque não foi escrito para agradar a homens, senão a Deus.
Tal é o caráter do evangelho, porque não encobre o pecado do homem, e não deixa de apontar para o juízo eterno de Deus sobre o pecado, e a necessidade de fé e arrependimento para o perdão dos pecados e a consequente reconciliação com Deus.
Não é sem razão que o livro de Isaías seja muito citado no Novo Testamento, porque, como dissemos, o seu caráter é totalmente evangélico, porque foi para esta missão de falar do evangelho que ele foi chamado por Deus.
Então o enfoque na profecia de Isaías está na obra operada pela graça e pelo poder de Deus, e não pelo mero esforço pessoal do homem.
A graça evangélica que seria manifestada está sempre associada à fé e ao arrependimento, e a um caminhar condigno com a santidade de Deus.
Os fariseus não podiam entender esta mensagem, porque estavam endurecidos, mas os apóstolos a entenderam perfeitamente porque a viram encarnada na pessoa de Cristo.  
Então, é por isso que não vemos nenhuma das epístolas escritas pelos apóstolos desobrigando os crentes de um viver santo e piedoso, sob a alegação de não estarem mais debaixo da Lei e sim da graça do evangelho; porque sabiam que a graça é do remanescente fiel, é dos eleitos, é daqueles que amam a vontade de Deus, é daqueles que detestam o pecado e que amam a santidade.
Foi pra salvar este remanescente fiel que Cristo se manifestou. Ele morreu por todos os pecadores, mas apenas aqueles que creem e se arrependem podem ser beneficiados pela Sua morte e desfrutarem das bênçãos prometidas por Deus para o Seu povo.
Neste capítulo de Isaías, Jerusalém é chamada pelo codinome de Ariel. E o capítulo é introduzido pela expressão interjetiva “Ah!” como um suspiro, porque é relativa à cidade onde Davi acampou, isto é, onde ele estabeleceu a sua casa, porque Jerusalém era chamada de a cidade de Davi.
Mas eles não andaram nos caminhos de Davi. Não imitaram a sua devoção e piedade.
Então é proferido o que o Senhor lhes faria:
“Então porei Ariel em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim como Ariel.” (v. 2).
São proferidas então as assolações que lhes sobreviriam da parte de Babilônia, que a sitiaria e a abateria (v.3,4), e eles se sentiriam como mortos que descem ao pó.
Muitos inimigos prevaleceriam contra Judá, porque os babilônios viriam coligados a outros povos contra Judá, como por exemplo os moabitas e amonitas (v. 5).
E como todos os juízos do Senhor, isto viria repentinamente, como o ladrão, tal como nos dias de Noé, em Sodoma e Gomorra, e como também será no tempo do fim, conforme Jesus afirmou.
Não é dito, portanto, na profecia, como também não é no evangelho, que Deus está esperando bons frutos de árvores más.
Antes é dito que estas árvores más serão cortadas. Que as pérolas do evangelho não devem ser lançadas a porcos. Que não se deve pregar a paz a uma sociedade corrompida, senão que há um juízo aguardando por aqueles que não temem a Deus.
Deus deixa entregues a si mesmos aqueles que amam as trevas e não a luz. Aqueles que amam a mentira e não dão ouvidos à verdade. Ele deixa os que resistem continuamente à Sua vontade, entregues ao próprio endurecimento deles. Ele não lhes concede graça para que achem arrependimento. E nem toca a trombeta de alerta para eles para que despertem do sono de morte em que se encontram, como vemos afirmado nos versos 10 a 12:
“10 Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, os profetas; e vendou as vossas cabeças, os videntes.
11 Pelo que toda visão vos é como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não posso, porque está selado.
12 Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não sei ler.”
Eles eram religiosos só de aparência. Eram falsos piedosos em suas obras externas, mas não tinham o poder da piedade operando pela graça em seus corações. Então a devoção deles não era em espírito e em verdade, mas uma adoração falsa. Como se costuma dizer: da boca para fora, mas não de fato e de verdade. Então se afirma o que lemos no verso 13:
“13 Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor;”.
Com isso o Senhor prometeu que faria, portanto, uma obra maravilhosa com aquele povo hipócrita, com aqueles judeus que eram apenas no nome, mas não no coração, não que consistisse em sinais e maravilhas externos, mas em fazer com que a sabedoria dos seus sábios perecesse diante da glória sobre-excelente do evangelho.
O entendimento dos entendidos a seus próprios olhos nos assuntos da religião ficaria obscurecido pela grande luz do evangelho, porque pelo Espírito Santo derramado no coração dos crentes, eles discerniriam que a doutrina dos líderes de Israel não passava de fumaça e de mandamentos de homens (v. 14).
Deus é onisciente e tudo sabe e conhece, inclusive as intenções dos corações. Mas os que não têm o Seu temor não conseguem ver esta verdade, e vivem enganando e sendo enganados, pensando que o Senhor não leva tal procedimento em consideração (v. 15). Não sabem que há um “Ai!” proferido contra eles, porque serão afligidos no dia do juízo.
Eles não conseguem enxergar que Deus é o oleiro e não o barro. Ao contrário, agem como se fossem oleiros, pensando que podem manipular o Senhor em suas obras e ações, e por isso rejeitam o Seu governo e disciplina em suas vidas (v. 16).
Assim, enquanto os sábios e entendidos, que julgavam enxergar e conhecer completamente a Deus e a Sua vontade, permaneceriam cegos e endurecidos pelo Senhor, Ele daria vista espiritual aos que se reconheciam cegos, isto é, ignorantes da Sua pessoa e vontade, e daria que aqueles que nunca ouviram ou não podiam entender a Sua Palavra, pudessem ouvi-la e compreendê-la (v. 17, 18).
Deus não se revelaria, portanto, aos sábios e entendidos a seus próprios olhos, mas aos pequeninos, a saber, aos mansos (submissos), aos pobres de espírito, e por isso se afirma que são estes os que são bem-aventurados porque são aqueles a quem Deus se dará a conhecer, como também a Sua vontade. Assim estes pequeninos que se converteriam ao evangelho não se alegrariam e não se gloriariam em si mesmos e no seu conhecimento, mas unicamente no Senhor (v. 19).
Enquanto isto, os opressores, os arrogantes, seriam reduzidos a nada, e todos os escarnecedores da verdade e todos os que se dão à iniquidade, serão desarraigados, porque não serão eles que herdarão a terra, senão somente aqueles que se deixam instruir por Deus, porque são mansos e pobres de espírito (v. 20).
Estes que são desarraigados têm alguns dos seus pecados descritos no verso 21:
“21 os que fazem por culpado o homem numa causa, os que armam laços ao que repreende na porta, e os que por um nada desviam o justo.”
Os versos 22 a 24 descrevem de modo muito claro a grande verdade evangélica que somente quem é espiritual pode discernir as coisas espirituais, e tudo discernir sem ser por ninguém discernido.
Então, Deus fala pelo profeta nestes versículos que esta mensagem ficará selada para o entendimento dos israelitas, e assim eles não poderiam ficar envergonhados da glória vazia da devoção deles, pensando que fosse algo muito elevado, quando na verdade era uma adoração de lábios de corações afastados do Senhor. Mas isto, como se diz no verso 23, só poderia ser discernido quando o Senhor fizesse a obra das Suas mãos no meio de Israel através de Jesus Cristo, então santificariam o Santo de Jacó e temeriam ao Deus de Israel, porque veriam que o Seu reino não consiste em palavras, mas em demonstração do Espírito Santo e de poder, o que seria manifestado pelo evangelho.
Tão abundante seria o derramar da graça, que os errados de espírito viriam a ter entendimento, e os murmuradores deixariam a murmuração para aprenderem a instrução do Senhor (v. 24).

“1 Ah! Ariel, Ariel, cidade onde Davi acampou! Acrescentai ano a ano; completem as festas o seu ciclo.
2 Então porei Ariel em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim como Ariel.
3 Acamparei contra ti em redor, e te sitiarei com baluartes, e levantarei tranqueiras contra ti.
4 Então serás abatida, falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca; e será a tua voz debaixo da terra, como a dum necromante, e a tua fala assobiará desde o pó.
5 E a multidão dos teus inimigos será como o pó miúdo, e a multidão dos terríveis como a pragana que passa; e isso acontecerá num momento, repentinamente.
6 Da parte do Senhor dos exércitos será ela visitada com trovões, e com terremotos, e grande ruído, como tufão, e tempestade, e labareda de fogo consumidor.
7 E como o sonho e uma visão de noite será a multidão de todas as nações que hão de pelejar contra Ariel, sim a multidão de todos os que pelejarem contra ela e contra a sua fortaleza e a puserem em aperto.
8 Será também como o faminto que sonha que está a comer, mas, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento que sonha que está a beber, mas, acordando, desfalecido se acha, e ainda com sede; assim será a multidão de todas as nações que pelejarem contra o monte Sião.
9 Pasmai, e maravilhai-vos; cegai-vos e ficai cegos; bêbedos estão, mas não de vinho, andam cambaleando, mas não de bebida forte.
10 Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, os profetas; e vendou as vossas cabeças, os videntes.
11 Pelo que toda visão vos é como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não posso, porque está selado.
12 Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não sei ler.
13 Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor;
14 portanto eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa com este povo, sim uma obra maravilhosa e um assombro; e a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus entendidos se esconderá.
15 Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? e quem nos conhece?
16 Vós tudo perverteis! Acaso o oleiro há de ser reputado como barro, de modo que a obra diga do seu artífice: Ele não me fez; e o vaso formado diga de quem o formou: Ele não tem entendimento?
17 Porventura dentro ainda de muito pouco tempo não se converterá o Líbano em campo fértil? e o campo fértil não se reputará por um bosque?
18 Naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos dos cegos a verão.
19 E os mansos terão cada vez mais gozo no Senhor, e os pobres dentre os homens se alegrarão no santo de Israel.
20 Porque o opressor é reduzido a nada, e não existe mais o escarnecedor, e todos os que se dão à iniquidade são desarraigados;
21 os que fazem por culpado o homem numa causa, os que armam laços ao que repreende na porta, e os que por um nada desviam o justo.
22 Portanto o Senhor, que remiu a Abraão, assim diz acerca da casa de Jacó: Jacó não será agora envergonhado, nem agora se descorará a sua face.
23 Mas quando virem seus filhos a obra das minhas mãos no meio deles, santificarão o meu nome; sim santificarão ao Santo de Jacó, e temerão ao Deus de Israel.
24 E os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão instrução.”








Isaías 30


Mesmo quando afligido debaixo da potente mão do Senhor, é sempre nEle e não em outros, que o Seu povo deve buscar auxílio e socorro.
Judá estava debaixo da ameaça da invasão dos assírios, que haviam se engrandecido contra o Senhor, e intentavam levar Judá para o cativeiro, coisa que Deus não lhes ordenara, e que Judá conheceria caso tivesse buscado o Senhor.
Mas em vez disso, foram se aliançar com o Egito para defendê-los dos assírios, como se vê em II Rs 18.21.
Da Assíria que Judá tanto estava temendo o Senhor disse através do profeta:
“Com a voz do Senhor será desfeita em pedaços a Assíria, quando ele a ferir com a vara.” (v. 31).
Os assírios destruíam as nações dominadas, e temos afirmado repetidas vezes que Judá jamais poderia ser destruída, não por causa da justiça dos judeus, mas por causa do propósito determinado de Deus de trazer a salvação ao mundo por meio deles.
Mas, quando filhos rebeldes darão ouvidos e praticarão as coisas ordenadas por seus pais? De igual modo Judá não daria ouvidos ao Senhor e não O buscariam porque eram filhos rebeldes, e por isso um remanescente dele deveria ser purificado no cativeiro em Babilônia.
Somente filhos que honram a seus pais e que lhes obedecem, buscam tomar conselho com eles, mas esta não era a condição dos judeus, que não buscavam conselho do Senhor, mas fazendo aliança com outros sem a instrução do Espírito Santo, e assim acrescentavam pecado sobre pecado (v. 1).
Eles fizeram de faraó o deus deles, esperando que seria a força do Egito que os livraria da Assíria (v. 2,3).
Os oficiais de Judá, que haviam descido ao Egito, seriam envergonhados porque o próprio Egito seria subjugado pela Assíria, e assim em nada poderiam ser ajudados.
No verso 6 o Egito é chamado de a Besta do Sul, porque é um auxílio vão, um poder que não pode ajudar os judeus. Assim como o Anticristo é também chamado de Besta, porque é como um animal feroz irracional que não poderá auxiliar Israel na aliança que farão com ele nos últimos dias, para serem livrados da ameaça árabe.
Em vez de ajudá-los o próprio Anticristo se voltará contra eles e destruirá a muitos por via de perseguição.
O Egito havia feito grandes promessas aos judeus por troca de um grande tesouro que eles deveriam lhe dar, mas como de nada lhes aproveitaria, Deus chamou o Egito de Gabarola, isto é, de contador de grandes feitos, mas que nada poderia fazer (v. 7).
Deus ordenou que esta profecia ficasse registrada conforme a encontramos aqui neste capítulo, porque era Seu intento que isto ficasse como testemunho para o futuro e para sempre, não para registrar a fraqueza do Egito, mas que os judeus eram de fato um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não queriam ouvir a lei do Senhor, como se afirma no verso 9.
Eles rejeitavam a mensagem dos profetas que Deus lhes enviava porque queriam ouvir coisas aprazíveis e ilusões e não a verdade (v. 10).
Não somente deixavam de dar ouvidos aos mensageiros de Deus, como os rejeitavam, pedindo-lhes que se afastassem deles, para que o Santo de Israel deixasse de estar entre eles, para terem liberdade para viverem no pecado, sem terem suas consciências confrontadas e aferroadas pela verdade (v. 11).
É importante que se frise que tudo isto estava ocorrendo em pleno período em que Ezequias estava se esforçando para empreender uma reforma religiosa em Judá, para trazer o povo de volta aos caminhos do Senhor.
Mas, Deus sabia que toda a honra que Lhe estava sendo tributada, era da boca para fora, porque não era nEle que estava o coração do povo, senão no pecado.
Porventura, não é esta a condição de muitos na igreja de Cristo?
Por isso o Senhor os chama ao arrependimento, nas cartas dirigidas às sete Igrejas no livro de Apocalipse, com exceção de Esmirna e Filadélfia.
Deus não olha a aparência do culto que Lhe prestamos, porque conhece o que está no nosso coração.
Ele sabia o que havia no coração dos judeus, apesar de gostarem de comparecerem aos seus átrios, oferecerem ofertas e sacrifícios, jejuarem e orarem, como veremos nos capítulos seguintes, mas foram repreendidos pelo Senhor por causa das más obras das suas ações.
Então o juízo sobre eles soou nos versos 12 a 17 para os ímpios de Judá que rejeitaram a chamada ao arrependimento. Mas ao exercer o juízo Deus não deixaria de esperar, isto é, de ser longânimo para usar de misericórdia para com o Seu povo, porque determinou em Seu conselho eterno que poria ainda a Judá como glória sobre toda a terra. E faria isto com todos aqueles que esperam por Ele (v. 18) e os faria habitar em Sião, em Jerusalém, e os consolaria porque haviam chorado por seus pecados e pelas aflições que sofreram reconhecendo que lhes sobrevieram por causa dos seus pecados.
Deus se compadeceria deles e ouviria o seu clamor e lhes responderia, embora lhes tivesse dado o pão de angústia e água de aperto, e em vez disso, lhes daria agora guias que poderiam ser reconhecidos por eles, como enviados por Ele, porque lhes abriria os seus olhos para discernirem que eram mestres da verdade; e ouvidos para poderem ouvir a palavra de instrução quanto ao caminho que deveriam seguir, quando se desviassem para a direita ou para a esquerda, deixando de andar no caminho estreito e reto da verdade (v. 20, 21).
Quando eles se convertessem eles jogariam fora os seus ídolos de prata e de ouro (v. 22).
Nos versos 23 a 26 são feitas promessas de bênçãos para os que se convertessem em Judá.
Nos versos 27 a 33 é descrita a alegria do povo de Deus por ter Ele tomado vingança contra os Seus inimigos que os oprimiam.

“1 Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; e que fazem aliança, mas não pelo meu espírito, para acrescentarem pecado a pecado;
2 que se põem a caminho para descer ao Egito, sem pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito!
3 Portanto, a força de Faraó se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito em confusão.
4 Pois embora os seus oficiais estejam em Zoã, e os seus embaixadores cheguem a Hanes,
5 eles se envergonharão de um povo que de nada lhes servirá, nem de ajuda, nem de proveito, porém de vergonha como também de opróbrio.
6 Oráculo contra a Besta do Sul. Através da terra de aflição e de angústia, de onde vem a leoa e o leão, o basilisco, a áspide e a serpente voadora, levam às costas de jumentinhos as suas riquezas, e sobre as corcovas de camelos os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará.
7 Pois o Egito os ajuda em vão, e para nenhum fim; pelo que lhe tenho chamado Gabarola que nada faz.
8 Vai pois agora, escreve isso numa tábua perante eles, registra-o num livro; para que fique como testemunho para o tempo vindouro, para sempre.
9 Pois este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor;
10 que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e profetizai-nos ilusões;
11 desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de Israel deixe de estar perante nós.
12 Pelo que assim diz o Santo de Israel: Visto como rejeitais esta palavra, e confiais na opressão e na perversidade, e sobre elas vos estribais,
13 por isso esta maldade vos será como brecha que, prestes a cair, já forma barriga num alto muro, cuja queda virá subitamente, num momento.
14 E ele o quebrará como se quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o por completo, de modo que não se achará entre os seus pedaços um caco que sirva para tomar fogo da lareira, ou tirar água da poça.
15 Pois assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Voltando e descansando, sereis salvos; no sossego e na confiança estará a vossa força. Mas não quisestes;
16 antes dissestes: Não; porém sobre cavalos fugiremos; portanto fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; portanto hão de ser ligeiros os vossos perseguidores.
17 Pela ameaça de um só fugirão mil; e pela ameaça de cinco vós fugireis; até que fiqueis como o mastro no cume do monte, e como o estandarte sobre o outeiro.
18 Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que por ele esperam.
19 Na verdade o povo habitará em Sião, em Jerusalém; não chorarás mais; certamente se compadecerá de ti, à voz do teu clamor; e, ouvindo-a, te responderá.
20 Embora vos dê o Senhor pão de angústia e água de aperto, contudo não se esconderão mais os teus mestres; antes os teus olhos os verão;
21 e os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele; quando vos desviardes para a direita ou para a esquerda.
22 E contaminareis a cobertura de prata das tuas imagens esculpidas, e o revestimento de ouro das tuas imagens fundidas; e as lançarás fora como coisa imunda; e lhes dirás: Fora daqui.
23 Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.
24 Os bois e os jumentinhos que lavram a terra, comerão forragem com sal, que terá sido padejada com a pá e com o forcado,
25 Sobre todo monte alto, e todo outeiro elevado haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança, quando caírem as torres.
26 E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor atar a contusão do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.
27 Eis que o nome do Senhor vem de longe ardendo na sua ira, e com densa nuvem de fumaça; os seus lábios estão cheios de indignação, e a sua língua é como um fogo consumidor;
28 e a sua respiração é como o ribeiro transbordante, que chega até o pescoço, para peneirar as nações com peneira de destruição; e um freio de fazer errar estará nas queixadas dos povos.
29 um cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma festa santa; e alegria de coração, como a daquele que sai ao som da flauta para vir ao monte do Senhor, à Rocha de Israel.
30 O Senhor fará ouvir a sua voz majestosa, e mostrará a descida do seu braço, na indignação da sua ira, e a labareda dum fogo consumidor, e tempestade forte, e dilúvio e pedra de saraiva.
31 Com a voz do Senhor será desfeita em pedaços a Assíria, quando ele a ferir com a vara.
32 E a cada golpe do bordão de castigo, que o Senhor lhe der, haverá tamboris e harpas; e com combates de brandimento combaterá contra eles.

 33 Porque uma fogueira está, de há muito, preparada; sim, está preparada para o rei; fez-se profunda e larga; a sua pira é fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como torrente de enxofre a acende.”


 





Isaías 31


“1 Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em cavalos, e têm confiança em carros, por serem muitos, e nos cavaleiros, por serem muito fortes; e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao Senhor.
2 Todavia também ele é sábio, e fará vir o mal, e não retirará as suas palavras; mas levantar-se-á contra a casa dos malfeitores, e contra a ajuda dos que praticam a iniquidade.
3 Ora os egípcios são homens, e não Deus; e os seus cavalos carne, e não espírito; e quando o Senhor estender a sua mão, tanto tropeçará quem dá auxílio, como cairá quem recebe auxílio, e todos juntamente serão consumidos.
4 Pois assim me diz o Senhor: Como o leão e o cachorro do leão rugem sobre a sua presa, e quando se convoca contra eles uma multidão de pastores não se espantam das suas vozes, nem se abstêm pelo seu alarido, assim o Senhor dos exércitos descerá, para pelejar sobre o monte Sião, e sobre o seu outeiro.
5 Como aves quando adejam, assim o Senhor dos exércitos protegerá a Jerusalém; ele a protegerá e a livrará, e, passando, a salvará.
6 Voltai-vos, filhos de Israel, para aquele contra quem vos tendes profundamente rebelado.
7 Pois naquele dia cada um lançará fora os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que vos fabricaram as vossas mãos para pecardes.
8 E o assírio cairá pela espada, não de varão; e a espada, não de homem, o consumirá; e fugirá perante a espada, e os seus mancebos serão sujeitos a trabalhos forçados.
9 A sua rocha passará de medo, e os seus oficiais em pânico desertarão da bandeira, diz o Senhor, cujo fogo está em Sião e em Jerusalém sua fornalha.”

Este capítulo fala de forma reduzida as mesmas coisas que foram proferidas no capítulo precedente, e que já comentamos anteriormente.





Isaías 32


Nos versos 1 a 5; e 15 a 18 são descritas as condições que prevaleceriam nos dias do evangelho.
O reinado do Messias seria de justiça, e os príncipes que estariam juntamente com ele, governariam com justiça (v. 1).
Somente um varão (Cristo) serviria de abrigo contra o vento e refúgio contra a tempestade, e seria como ribeiros de águas em lugares secos, e a sombra numa terra sedenta; ou seja, Ele seria o amparo e o socorro do Seus povo nas tempestades de aflições que têm que enfrentar neste mundo; bem como o Provedor de todas as suas necessidades, especialmente a de saciar a sua sede espiritual de justiça (v.2).
Aqueles que andassem por fé e não por vista, ou seja, com os olhos espirituais abertos, jamais teriam sua visão ofuscada; assim como aqueles que têm seus ouvidos espirituais abertos, para ouvirem o que o Espírito Santo diz à Igreja, sempre ouviriam a voz de Deus, dando-lhes conhecimento da Sua vontade (v. 3).
É dito que o coração dos imprudentes, ou seja, dos precipitados, dos temerosos, entenderia o conhecimento na dispensação do evangelho, indicando isto que a graça capacitaria e guiaria na instrução de uma vida piedosa segundo o conhecimento de Deus e da verdade, que seria alcançado pela conversão e pelo trabalho progressivo da santificação, pessoas que têm dificuldade para aprenderem a prudência e a sabedoria de Deus (v. 4).
É dito também no verso 4 que a língua dos gagos estaria pronta para falar distintamente. Isto significa que pessoas não eloquentes, ou com dificuldades de se expressarem verbalmente seriam capacitadas pelo Espírito Santo na dispensação do evangelho a pregarem e a darem testemunho de Cristo com ousadia e desprendimento.
O discernimento do Espírito Santo permitiria ao crente conhecer que não há qualquer nobreza espiritual na tolice, e também conhecer as aparentes generosidades que procedem de corações avarentos (v. 5).
As reformas que o rei Ezequias estava realizando em Judá não tinham o poder de estabelecer um governo no coração dos seus súditos. Mas o Rei justo prometido neste capítulo, Jesus, o Messias, somente Ele, tem o poder de gerar uma obediência que seja de  dentro para fora, e não apenas exterior, porque tem o poder de estabelecer o Seu governo no coração dos Seus servos, e além disso, realizar a transformação de suas vidas e caráter.
Nos versos 15 a 18 nós temos o registro do modo como seria estabelecido este governo no coração, e as suas consequências abençoadas.
É dito no verso 15 que tal sucederia a partir do momento que o Espírito fosse derramado lá do alto sobre o povo de Deus. Sabemos que isto começou a acontecer desde o dia de Pentecostes.
A consequência disto é que o deserto se tornaria em campo fértil (v. 15b). Os campos desolados e infrutíferos dos corações desertos seriam tornados férteis e frutíferos para Deus pela água viva do Espírito Santo, na regeneração e na santificação dos salvos.
Estes desertos infrutíferos que nada entendiam e viviam do juízo e da justiça de Deus, teriam esta justiça habitando neles, porque o Espírito passaria a habitar em seus corações (v. 16).
Estes que foram justificados por Deus, por causa da obra de Reforma do coração, realizada pelo  Rei prometido teriam paz com Deus, porque seriam reconciliados com Ele por meio da justiça de Cristo que receberam pela graça, mediante a fé. E somente isto seria o suficiente para lhes garantir o sossego e a segurança eterna, pelo livramento da condenação e da ira de Deus, que repousava sobre eles (v. 17).
E a estes que foram assim justificados foi feita a promessa de Deus de que habitariam em moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos de descanso, porque os que são da fé têm entrado no descanso de Deus, que não é propriamente um lugar, mas a condição de alma e espírito que estão em plena comunhão com Ele, e assim não podem ter qualquer temor (v.18).
Estas boas promessas dos dias do evangelho estão entremeadas com as repreensões e juízos dos versos 6, 10 a 14 e 19, nos quais são repreendidos os tolos e especialmente as mulheres de Israel que viviam em deslumbramento em vez de uma vida de humildade, piedade e santidade.
Elas, assim como todo o povo de Judá não deveriam se gloriar na prosperidade material que haviam alcançado sob o reinado de Ezequias e nem na glória do palácio real, porque toda aquela prosperidade viria a ser removida da terra, que seria deixada deserta, bem como o palácio real.
Esta profecia demonstra que toda glória terrena é passageira e aparente, e não é nela em que deve estar o nosso coração, senão somente no Senhor.
Este juízo teria cumprimento quando os babilônios desterrassem os judeus para Babilônia, destruindo o templo, o palácio real, derrubando e queimando o muro da cidade e as suas casas.

“1 Eis que reinará um rei com justiça, e com retidão governarão príncipes.
2 um varão servirá de abrigo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra duma grande penha em terra sedenta.
3 Os olhos dos que veem não se ofuscarão, e os ouvidos dos que ouvem escutarão.
4 O coração dos imprudentes entenderá o conhecimento, e a língua dos gagos estará pronta para falar distintamente.
5 Ao tolo nunca mais se chamará nobre, e do avarento nunca mais se dirá que é generoso.
6 Pois o tolo fala tolices, e o seu coração trama iniquidade, para cometer profanação e proferir mentiras contra o Senhor, para deixar com fome o faminto e fazer faltar a bebida ao sedento.
7 Também as maquinações do fraudulento são más; ele maquina invenções malignas para destruir os mansos com palavras falsas, mesmo quando o pobre fala o que é reto.
8 Mas o nobre projeta coisas nobres; e nas coisas nobres persistirá.
9 Levantai-vos, mulheres que estais sossegadas e ouvi a minha voz; e vós, filhas, que estais, tão seguras, inclinai os ouvidos às minhas palavras.
10 Num ano e dias vireis a ser perturbadas, ó mulheres que tão seguras estais; pois a vindima falhará, e a colheita não virá.
11 Tremei, mulheres que estais sossegadas, e turbai-vos, vós que estais tão seguras; despi-vos e ponde-vos nuas, e cingi com saco os vossos lombos.
12 Batei nos peitos pelos campos aprazíveis, e pela vinha frutífera;
13 pela terra do meu povo, que produz espinheiros e sarças, e por todas as casas de alegria, na cidade jubilosa.
14 Porque o palácio será abandonado, a cidade populosa ficará deserta; e o outeiro e a torre da guarda servirão de cavernas para sempre, para alegria dos asnos monteses, e para pasto dos rebanhos;
15 até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto, e o deserto se torne em campo fértil, e o campo fértil seja reputado por um bosque.
16 Então o juízo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fértil.
17 E a obra da justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre.
18 O meu povo habitará em morada de paz, em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.
19 Mas haverá saraiva quando cair o bosque; e a cidade será inteiramente abatida.
20 Bem-aventurados sois vós os que semeais junto a todas as águas, que deixais livres os pés do boi e do jumento.”





Isaías 33


Jerusalém havia sido colocada por Deus para servir de sinal da Sua santidade e presença na terra.
Mas, com os pecados deliberados dos judeus, não somente não podia ser cumprido o propósito que Deus havia fixado para ela, assim como a própria cidade não poderia permanecer firme e segura.
Por isso, como nos capítulos precedentes, nós temos também misturados neste, promessas de bênçãos com repreensões e juízos.
Aos que andarem em justiça, e cuja conversação é reta, e que rejeitam o ganho da opressão, não aceitam subornos, e que fecham seus ouvidos e olhos para não ouvirem e contemplarem o mal (v. 15), é prometido que são apenas estes que habitarão com o Senhor, que é um fogo consumidor e labaredas eternas (v.14).
São estes que habitarão nas alturas, e terão o Senhor como Sua Rocha e fortaleza, e terão sua fome e sede saciadas por Ele (v. 16). Somente a eles será dado ver a beleza da santidade do Rei Jesus, e herdarão a terra (v. 17).
Os pecadores e ímpios seriam assombrados pelo testemunho da luz do evangelho na vida dos crentes fiéis, porque o testemunho deles seria uma repreensão para os que vivem na impiedade.
Além destas boas promessas também foram dadas como revelação a Isaías, as promessas consoladoras dos versos 20 a 22, e 24, como resposta ao clamor que Ele dirigiu ao Senhor em sua angústia no verso 2, em face das visões das opressões que sobreviriam a Judá, e que ele próprio já vinha observando em seus próprios dias, especialmente as que estavam sendo realizadas pelos assírios (v. 1).
Ele viu que o Senhor também repreenderia as nações opressoras, e então elevou um cântico de ações de graças, no qual manifestou a sua plena confiança em Deus.
“5 O Senhor é exalçado, pois habita nas alturas; encheu a Sião de retidão e justiça.
6 Será ele a estabilidade dos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria, e conhecimento; e o temor do Senhor é o seu tesouro.” (v. 5,6).
O Senhor mesmo habitaria com o Seu povo em Sião e a estabeleceria em segurança para sempre, e Ele será o seu juiz,  legislador,  rei e salvador (v.22).

Como o pecado é a pior enfermidade do homem, porque é ele a causa da morte não somente física, como da espiritual e da eterna, é afirmado no verso 24, que nenhum dos salvos, que estarão com Cristo, dirá que está enfermo, porque a todo que for dada a bênção da salvação e de habitar eternamente em Jerusalém, poderá  dizê-lo, porque a sua iniquidade será perdoada por Deus, por causa de Cristo.

“1 Ai de ti que despojas, e que não foste despojado; e que procedes perfidamente, e que não foste tratado perfidamente! quando acabares de destruir, serás destruído; e, quando acabares de tratar perfidamente, perfidamente te tratarão.
2 Ó Senhor, tem misericórdia de nós; por ti temos esperado. Sê tu o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação no tempo da tribulação.
3 Ao ruído do tumulto fogem os povos; à tua exaltação as nações são dispersas.
4 Então ajuntar-se-á o vosso despojo como ajunta a lagarta; como os gafanhotos saltam, assim sobre ele saltarão os homens.
5 O Senhor é exalçado, pois habita nas alturas; encheu a Sião de retidão e justiça.
6 Será ele a estabilidade dos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria, e conhecimento; e o temor do Senhor é o seu tesouro.
7 Eis que os valentes estão clamando de fora; e os embaixadores da paz estão chorando amargamente.
8 As estradas estão desoladas, cessam os que passam pelas veredas; alianças se rompem, testemunhas se desprezam, e não se faz caso dos homens.
9 A terra pranteia, desfalece; o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se tornou como um deserto; Basã e Carmelo ficam despidos de folhas.
10 Agora me levantarei, diz o Senhor; agora me erguerei; agora serei exaltado.
11 Concebeis palha, produzis restolho; e o vosso fôlego é um fogo que vos devorará.
12 E os povos serão como as queimas de cal, como espinhos cortados que são queimados no fogo.
13 Ouvi, vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais vizinhos, reconhecei o meu poder.
14 Os pecadores de Sião se assombraram; o tremor apoderou-se dos ímpios. Quem dentre nós pode habitar com o fogo consumidor? quem dentre nós pode habitar com as labaredas eternas?
15 Aquele que anda em justiça, e fala com retidão; aquele que rejeita o ganho da opressão; que sacode as mãos para não receber subornos; o que tapa os ouvidos para não ouvir falar do derramamento de sangue, e fecha os olhos para não ver o mal;
16 este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio; dar-se-lhe-á o seu pão; as suas águas serão certas.
17 Os teus olhos verão o rei na sua formosura, e verão a terra que se estende em amplidão.
18 O teu coração meditará no terror, dizendo: Onde está aquele que serviu de escrivão? onde está o que pesou o tributo? onde está o que contou as torres?
19 Não verás mais aquele povo feroz, povo de fala obscura, que não se pode compreender, e de língua tão estranha que não se pode entender.
20 Olha para Sião, a cidade das nossas festas solenes; os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta, tenda que não será removida, cujas estacas nunca serão arrancadas, e das suas cordas nenhuma se quebrará.
21 Mas o Senhor ali estará conosco em majestade, nesse lugar de largos rios e correntes, no qual não entrará barco de remo, nem por ele passará navio grande.
22 Porque o Senhor é o nosso juiz; o Senhor é nosso legislador; o Senhor é o nosso rei; ele nos salvará.
23 As tuas cordas ficaram frouxas; elas não puderam ter firme o seu mastro, nem servir para estender a vela; então a presa de abundantes despojos se repartirá; e ate os coxos participarão da presa.
24 E morador nenhum dirá: Enfermo estou; o povo que nela habitar será perdoado da sua iniquidade.”





Isaías 34


Este capítulo é completamente escatológico e aponta para o dia da volta do Senhor, quando ocorrerá a Batalha de Armagedom citada em Apocalipse, a saber, no Vale de Megido.
Por isso é citado repetidamente que o Senhor tem uma batalha em Edom, porque será nos territórios que Edom ocupava no passado que o Anticristo reunirá as suas forças para marchar contra Israel.
No capítulo 9 de Apocalipse, a partir do verso 13, vemos que um exército de duzentos milhões de soldados saiu pela terra induzidos por quatro anjos que foram soltos e que se achavam atados junto ao rio Eufrates, e que dizimou a terça parte da humanidade.
Apocalipse 13.7 nos conta outra coisa interessante sobre esta guerra. O poder poderoso nesta guerra, em parte, não é somente das forças demoníacas do inferno e do próprio Satanás, mas do Anticristo, a besta: “Foi-lhe dado também que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação.”.
Assim, é o Anticristo da mesma maneira que nós vimos no Velho Testamento, em Daniel.
É ele  que massacra o rei do sul, o exército do norte, derrota o exército do leste, e expande o seu poder mundialmente.
Uma outra passagem em Apocalipse 16.13,14 revela que três espíritos imundos, operadores de sinais, saem da boca do dragão, da besta e do falso profeta e se dirigem aos reis da terra para congregá-los para a batalha do Armagedom, no grande dia do Senhor, isto é, na segunda vinda de Cristo.
Mas, o intento deles será marchar contra Jerusalém para devastá-la. E no meio desta batalha Jesus virá e os destruirá.
No sexto versículo deste capítulo de Isaías nós lemos que: “A espada do Senhor está cheia de sangue, engrossada da gordura e do sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifício em Bozra, uma das principais cidades de Edom, e  grande matança na terra de Edom.”.
Em outras palavras, haverá uma matança mundial da parte do Senhor, quando Ele vier com os seus santos e os anjos para julgar o reino do Anticristo e a coligação de nações que se ajuntarão no lugar chamado de Armagedom para destruir Israel.
O Senhor virá e destruirá os ímpios não somente que estiverem marchando contra Israel com o Anticristo, mas os de todas as nações.
Em Is 63.1 lemos: “Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com vestiduras tintas de escarlate? este que é glorioso no seu traje, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu, que falo em justiça, poderoso para salvar.”.
Por isso João viu Jesus com as vestes salpicadas com o sangue dos Seus inimigos, tendo vindo de Bozra, a saber, do lugar onde ocorrerá a batalha de Armagedom (Apo 19.13).
O descrente será morto, mas o justo viverá. E os homens serão mais raros que o ouro de Ofir. E com estes crentes que estiverem vivendo sobre a terra e que sobreviverão à volta do Senhor, o mundo será repovoado para o período do milênio.
A espada referida no mesmo sexto verso deste capítulo de Isaías, da qual é dito que  está cheia de sangue, não é uma espada física, e nem mesmo a ação de uma guerra conforme a ideia que nós temos de uma guerra, porque esta espada é a espada afiada de dois gumes. A espada que procede da boca do Senhor, que é a Sua palavra. Será meramente por meio da palavra de ordem que Ele proferirá que os ímpios serão mortos em todas as nações do mundo, por ocasião da sua segunda vinda.
É aqui que se cumpre em plenitude a palavra que Ele proferiu enquanto neste mundo que deveríamos temer aquele que tem poder para matar o corpo e lançar a alma no inferno. E esta é uma referência a si mesmo como Deus que é. É Ele quem tem as chaves da morte e do inferno. Isto é, é Ele quem tem o domínio sobre ambos. E Ele revelará isto claramente na sua segunda vinda. Esta destruição dos ímpios não significa aniquilação, mas morte física, porque continuarão existindo em espírito, mas sendo lançados no inferno, para aguardarem a condenação final no lago de fogo e enxofre, depois de serem ressuscitados depois do milênio e serem julgados diante do grande trono branco (Apo 20.11).
A citação do verso 4 deste capítulo de  Isaías: “ E todo o exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá, como desvanece a folha da vide e da figueira.”, se refere ao dia da volta do Senhor quando os poderes do céu serão abalados conforme lemos de suas próprias palavras em Lc 21.25-27:
“25 E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
26 os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
27 Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória.”
O dia da volta do Senhor é o dia da vingança de Deus contra todos os ímpios, por causa das opressões que fizeram contra o Seu povo, e pela causa de Sião, que é a causa do estabelecimento da justiça na terra a partir de Jerusalém.
Por isso lemos no verso 8:
“Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião.”
Os inimigos da Igreja receberão diretamente do próprio Deus a retribuição que Ele tem prometido em Sua Palavra.
O crente deve amar, abençoar e orar pelos seus inimigos, mas caso estes não se arrependam, e se voltem contra aqueles que os tem abençoado, eles receberão a justa retribuição da parte do Senhor, no tempo oportuno, conforme tem prometido.
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19).
As nações coligadas com o Anticristo intentavam dominar a terra pela violência, mas Deus os desarraigará da terra para dá-la como herança aos mansos e aos pacificadores, e Ele mesmo distribuirá aos santos, por sortes, a parte que lhes cabe, tal como Josué fizera em seus dias, para repartir a terra de Canaã, como herança às tribos de Israel (v. 17).

“1 Chegai-vos, nações, para ouvir, e vós, povos, escutai; ouça a terra, e a sua plenitude, o mundo e tudo quanto ele produz.
2 Porque a indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o seu furor sobre todo o exército delas; ele determinou a sua destruição, entregou-as à matança.
3 E os seus mortos serão arrojados, e dos seus cadáveres subirá o mau cheiro; e com o seu sangue os montes se derreterão.
4 E todo o exército dos céus se dissolverá, e o céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá, como desvanece a folha da vide e da figueira.
5 Pois a minha espada se embriagou no céu; eis que sobre Edom descerá, e sobre o povo do meu anátema, para exercer juízo.
6 A espada do Senhor está cheia de sangue, está cheia de gordura, de sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifício em Bozra, e grande matança na terra de Edom.
7 E os bois selvagens cairão com eles, e os novilhos com os touros; e a sua terra embriagar-se-á de sangue, e o seu pó se engrossará de gordura.
8 Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa de Sião.
9 E os ribeiros de Edom transformar-se-ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra tornar-se-á em pez ardente.
10 Nem de noite nem de dia se apagará; para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela.
11 Mas o pelicano e o ouriço a possuirão; a coruja e o corvo nela habitarão; e ele estenderá sobre ela o cordel de confusão e o prumo de vaidade.
12 Eles chamarão ao reino os seus nobres, mas nenhum haverá; e todos os seus príncipes não serão coisa nenhuma.
13 E crescerão espinhos nos seus palácios, urtigas e cardos nas suas fortalezas; e será uma habitação de chacais, um sítio para avestruzes.
14 E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e Lilite pousará ali, e achará lugar de repouso para si.
15 Ali fará a coruja o seu ninho, e porá os seus ovos, e aninhará os seus filhotes, e os recolherá debaixo da sua sombra; também ali se ajuntarão os abutres, cada fêmea com o seu companheiro.
16 Buscai no livro do Senhor, e lede: nenhuma destas criaturas faltará, nenhuma será privada do seu companheiro; porque é a boca dele que o ordenou, e é o seu Espírito que os ajuntou.
17 Ele mesmo lançou as sortes por eles, e a sua mão lhes repartiu a terra com o cordel; para sempre a possuirão; de geração em geração habitarão nela.”






Isaías 35


A profecia deste capítulo mistura as graças da dispensação do evangelho, com as consequências de paz e segurança finais, que serão estabelecidas na terra pelo Senhor, depois da Sua segunda vinda.
Isto porque não se pode falar de  uma glória futura com Deus, sem que tenha havia antes uma vida de comunhão com Ele, em justiça, aqui na terra.
As promessas de um porvir de eterna segurança e paz somente podem ser alcançadas por aqueles que se esforçaram para entrar no reino de Deus, pela justificação e pela prática da justiça evangélica.
Então, as promessas do que se alcançará na glória vindoura têm também este caráter de incentivar os santos à prática da justiça e a um viver segundo a Sua vocação santa, conforme é da vontade de Deus, porque este é o modo de se ter a confirmação e a evidência da bênção prometida futura, e também de se viver da forma que foi designada por Deus para todos os Seus filhos.
A profecia é para a Igreja e não para Judá como um todo, porque voltamos a lembrar que Isaías foi chamado para falar das coisas relativas ao evangelho e do endurecimento de Israel, que duraria durante a dispensação da graça.
Então o endereçamento desta mensagem é para os crentes e não para os ímpios, mesmo aqueles que pertenciam ao povo de Israel.
Por isso, a mensagem central deste capítulo é a chamada à perseverança, porque há grande recompensa para aqueles que perseverarem até o fim.
O crente não deve se deixar abater em sua fé. Não deve recuar em sua caminhada cristã, mas deve sempre buscar estar fortalecido no Senhor, porque a promessa que Lhes foi feita por Deus é a de que verão a Sua glória.
Por conseguinte soa a exortação de Deus pelo profeta:
“Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes.”
Esta exortação é reafirmada em Hb 12.12.
Aos crentes que estiverem com seus corações turbados pelas aflições que sofrem neste mundo é dito no verso 4: “Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso Deus! com vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.”.
O Senhor o confirmaria por sinais e maravilhas que realizaria no meio do seu povo, conforme lemos nos versos 5 a 8, e deste modo, nem mesmo os loucos, ou seja, aqueles que tivessem distúrbios mentais, errariam o caminho de Deus, porque prometeu conduzi-los por ele, porque faz isto operando diretamente em seus espíritos.
Os versos 9 e 10 se referem à condição futura da igreja gloriosa, já não mais padecente. O leão e animal feroz que não serão mais achados neste caminho estreito em que se encontram os santos, é uma possível referência a todos os poderes opressores que trabalharam contra a Igreja, principalmente Satanás e seus anjos caídos.

“1 O deserto e a terra sedenta se regozijarão; e o ermo exultará e florescerá;
2 como o narciso florescerá abundantemente, e também exultará de júbilo e romperá em cânticos; dar-se-lhe-á a glória do Líbano, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus.
3 Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes.
4 Dizei aos turbados de coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso Deus! com vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.
5 Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se desimpedirão.
6 Então o coxo saltará como o cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.
7 E a miragem tornar-se-á em lago, e a terra sedenta em mananciais de águas; e nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e juncos.
8 E ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para os remidos. Os caminhantes, até mesmo os loucos, nele não errarão.
9 Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá por ele, nem se achará nele; mas os redimidos andarão por ele.
10 E os resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido.”






Isaías 36


A Assíria havia sido levantada nos dias do rei Ezequias como o grande instrumento dos juízos de Deus sobre os pecados das nações, assim como seria levantada Babilônia, depois deles, e a Média e a Pérsia depois de Babilônia; a Grécia, depois destes, e finalmente os romanos.
Nós devemos lembrar que o ministério de Isaías cobriu os períodos dos reis Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. Ele começou seu ministério próximo da morte de Uzias.
Uzias havia feito o que era reto diante do Senhor, mas no final do seu reinado o seu coração se elevou por causa da prosperidade que havia alcançado em seu reino, a ponto de pensar que tinha o direito de queimar incenso no templo no lugar do sacerdote, e por isso o Senhor o feriu com lepra, por causa da qual viria a morrer.
O reinado de seu filho Jotão, durou 16 anos (II Rs 15.32), e apesar de se dizer dele em II Crôn 27.1,2 que fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Uzias, é afirmado, no entanto, que o povo ainda se corrompia. Isto indica que esta corrupção do povo vinha prevalecendo desde os dias de Salomão, mesmo debaixo do reinado de reis justos de Judá que o sucederam no trono.
Esta corrupção culminaria com o impiedoso Acaz, filho de Jotão, que reinou por 16 anos (II Rs 16.1).
Então, foi esta a herança que o piedoso Ezequias recebeu de seu pai: um povo ainda mais corrompido.
Então, foi permitido por Deus, que o rei Senaqueribe subisse contra Judá, mesmo nos dias de Ezequias, e tomasse as suas cidades fortificadas (II Rs 18.13); e ainda que tivesse recebido tributos de Ezequias para que se retirasse de Judá, Senaqueribe reuniu um exército ainda maior e sitiou a cidade de Jerusalém com o intuito de invadi-la (II Rs 18.18), e foi nesta ocasião que sucederam os eventos que são narrados neste capítulo de Isaías.
Este capítulo nos dá conta do modo como se elevou o coração do rei Assírio Senaqueribe, em razão do grande poder que o seu país estava tendo sobre as demais nações, e esquecido que isto havia sido dado diretamente a eles por Deus, começaram a exacerbar-se nas suas ações usando de extrema crueldade para com os povos conquistados e exaltando-se contra o próprio Deus de Israel, uma vez que eles já haviam levado antes o Reino do Norte para o cativeiro, sob o rei Salmanasar, e agora Senaqueribe veio afrontar o Senhor nos dias de Ezequias, sem saber o grande juízo que Ele estava forjando contra os assírios.
Não havia melhor ocasião do que aquela para visitar o orgulho dos assírios com juízos, porque a santidade do Senhor estava sendo vindicada pelo piedoso Ezequias que não somente empreendeu uma grande reforma religiosa em Judá restaurando tudo o que havia sido destruído pelo seu pai (Acaz), e de Ezequias se diz em II Rs 18.3 que: “Ele fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Davi, seu pai.”, isto é, ele era um crente verdadeiro tal como fora Davi antes dele, e ainda nós lemos sobre quem ele havia sido no verso 5: “Confiou no Senhor Deus de Israel, de modo que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.”. Isto significa que não houve nenhum rei no período do reino dividido em Judá que tivesse confiado tanto no Senhor como Ezequias.
E a grande fé dele seria honrada por Deus de várias formas e especialmente na derrota que imporia aos assírios sem o auxílio de mãos humanas, conforme veremos no capítulo seguinte. E a qualidade da fé de Ezequias era tanto subjetiva quanto objetiva, porque não era fé na fé, ou mera confiança em Deus baseada em sentimentos e emoções, mas fé na Sua Palavra e na disposição de cumpri-la integralmente, como se afirma no verso 6: “Porque se apegou ao Senhor; não se apartou de o seguir, e guardou os mandamentos que o Senhor ordenara a Moisés.”. E o resultado disto não poderia ser outro senão o que se diz no verso 7 do mesmo capítulo de II Rs 18: “Assim o Senhor era com ele; para onde quer que saísse prosperava.”. Comunhão com Deus, poder contar com Suas bênçãos, prosperidade, isto é, poder avançar contando com a boa mão do Senhor sendo-lhe favorável em tudo, dando vitória sobre os inimigos, a mesma prosperidade que Josué havia experimentado no passado e que lhe foi prometida pelo Senhor caso ele andasse nos Seus caminhos não se desviando deles, por um estrito cumprimento dos Seus mandamentos. De outro modo, como a pequena Judá poderia resistir ao poder da Assíria se o Senhor não fosse com eles?
Foi de tal ordem a reforma empreendida por Ezequias que somente ele teve a ousadia que ninguém havia tido antes dele de despedaçar a serpente de bronze que Moisés havia feito no deserto, e que os israelitas haviam transformado em objeto de adoração, porque ele não somente discerniu que aquilo configurava uma idolatria, como também percebeu que não valeria a pena manter aquele objeto como uma relíquia preciosa porque sempre conduziria a uma possível idolatria, e Ezequias estava bem convicto do quanto isto desagradava a Deus.
Aquela serpente foi usada num momento específico para curar os israelitas das feridas das serpentes abrasadoras do deserto, mas muitos israelitas deviam continuar atribuindo ao objeto propriamente dito o poder de curá-los de suas enfermidades, quando que na verdade foi o Senhor e não a serpente de bronze quem havia curado os israelitas no deserto nos dias de Moisés. E esta foi feita a mando de Deus para servir de figura ao modo de salvação, que é por se olhar para Cristo que se fez maldição no nosso lugar, com os olhos da fé.
Como Samaria havia sido tomada pelos assírios no 6º ano do reinado de Ezequias, pelo rei Salmanasar. Senaqueribe que reinou depois dele sentiu-se incentivado cerca de oito anos depois, isto é no 14º ano do reinado de Ezequias, a invadir Judá, e como ele havia conseguido se apoderar das cidades fortificadas de Judá, Ezequias, por prudência, propôs-lhe ser seu tributário, e o rei da Assíria lhe cobrou 300 talentos de prata e trinta de ouro (II Rs 18.14,15) e Ezequias não sabia que a sua fé viria a ser provada nisto tudo de maneira que o grande nome do Senhor viesse a ser exaltado. O diabo parecia já ter vencido a guerra por esta única batalha, mas esta vantagem inicial somente serviria para trazer maior honra ao Senhor, porque estava comprovado que Judá jamais poderia se livrar do poder da Assíria pela sua própria força.
Ezequias aprenderia que não adianta negociar com o inimigo, não adianta fazer concessões ao diabo para que ele não nos prejudique ainda mais, porque ele sempre desonrará os seus tratos conforme é próprio à sua natureza mentirosa, enganosa, destruidora, e ele sempre desejará muito mais de nós, e foi exatamente isto o que ocorreu com Ezequias porque não honrando o que havia sido negociado, Senaqueribe subiu a Jerusalém com um grande exército e enviou três dos seus principais generais para afrontar o exército de Judá e o Deus de Israel.
Naquela ocasião o Egito devia estar tentando efetuar uma aliança com outras nações para poder fazer frente ao poder da Assíria, e esta foi uma das razões apresentadas por Senaqueribe através de seus três generais para ter se antecipado invadindo Judá, sob a alegação de que seria vão os israelitas esperarem receber auxílio do Egito em carros e cavaleiros, e ainda que a própria Assíria desse 2.000 cavalos a Judá, Ezequias não teria cavaleiros suficientes para colocar sobre eles. Então ele concluiu com o seguinte argumento: De que valeria confiarem no Egito? De que adiantaria adorarem ao Deus cujo altar havia sido restaurado pelo rei de Judá no templo de Jerusalém?
Então, os três generais mensageiros de Senaqueribe mentiram aos judeus dizendo que foi o próprio Senhor que lhes havia ordenado subir contra Judá para destruí-la. Eles não disseram isto sequer por confiarem no Senhor e temê-lo, mas simplesmente para intimidar os judeus e queriam dizer que o próprio Deus de Israel estava ao lado dos assírios juntamente com os demais deuses deles.
Percebendo qual era o intento deles, a embaixada que Ezequias enviou aos generais assírios pediu-lhes que não lhes falasse em aramaico e não em hebraico, de modo que os judeus que estavam ao redor não compreendessem o que eles estavam dizendo, para que suas mãos não ficassem frouxas para a guerra.
Tendo percebido isto, Rabsaqué, que falava pelo rei da Assíria, liderando o grupo de três generais, começou a afrontar diretamente todos os judeus, dizendo que era exatamente este o propósito da sua mensagem, e por isso lhes estava falando na própria língua deles de forma que entendessem quais eram as intenções da Assíria em relação a eles, que era a de conduzi-los em cativeiro sem que eles lhes opusessem qualquer resistência. E eles passaram a afrontar os deuses das demais nações e o próprio Deus de Israel, dizendo que nenhum deles puderam livrar os seus povos das mãos da Assíria.
Estas palavras foram bastante perturbadoras a ponto de fazer com que os homens que Ezequias havia enviado a ter com os assírios retornassem a ele com suas vestes rasgadas e lhe contaram tudo o que Rabsaqué lhes havia dito.
Qual foi a razão de tanta fúria do diabo? A resposta está no texto paralelo de II Crônicas 29 no qual nós vemos que o povo estava sendo reconduzido ao Senhor por Ezequias e tornaram a adorá-lo de acordo com as prescrições da Lei de Moisés. E Ezequias havia feito uma restauração do ofício dos sacerdotes e dos levitas que louvavam e ofereciam sacrifícios a Deus. Tudo o que o diabo havia conseguido fazer através de Acaz, Deus havia desfeito através de Ezequias, e esta era a razão do Inimigo estar se levantando tão furiosamente contra tudo isto tentando intimidar os judeus para que não prevalecessem naquele caminho, de modo que viessem de fato a servir ao Senhor de coração.
Ezequias estava servindo fielmente a Deus e ainda assim estava enfrentando dificuldades. Disto aprendemos a lição que crentes fiéis não serão livrados de terem dificuldades neste mundo, especialmente aquelas que são destinadas a por à prova a sua fé, mas nunca deixarão de contar como favor e o socorro de Deus, tal como sucedeu com Ezequias.

“1 No ano décimo quarto do rei Ezequias Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou.
2 Ora, o rei da Assíria enviou Rabsaqué, de Laquis a Jerusalém, ao rei Ezequias, com um grande exército; e ele parou junto ao aqueduto da piscina superior, que está junto ao caminho do campo do lavandeiro.
3 Então saíram a ter com ele Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista.
4 E Rabsaqué lhes disse: Ora, dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é essa em que te estribas?
5 Bem posso eu dizer: Teu conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras. Em quem pois agora confias, visto que contra mim te rebelas?
6 Eis que confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada que, se alguém se apoiar nele, lhe entrará pela mão, e a furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam.
7 Mas se me disseres: No Senhor, nosso Deus, confiamos; porventura não é esse aquele cujos altos e cujos altares Ezequias tirou, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar adorareis?
8 Ora, pois, faze uma aposta com o meu senhor, o rei da Assíria; dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles.
9 Como então poderás repelir um só príncipe dos menores servos do meu senhor, quando confias no Egito pelos carros e cavaleiros?
10 Porventura subi eu agora sem o Senhor contra esta terra, para destruí-la? O Senhor mesmo me disse: Sobe contra esta terra, e destrói-a.
11 Então disseram Eliaquim, Sebna, e Joá, a Rabsaqué: Pedimos-te que fales aos teus servos em aramaico, porque bem o entendemos; e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre o muro.
12 Rabsaqué, porém, disse: Porventura mandou-me o meu senhor só ao teu senhor e a ti, para dizer estas palavras e não aos homens que estão assentados sobre o muro, que juntamente convosco hão de comer o próprio excremento e beber a própria urina?
13 Então Rabsaqué se pôs em pé, e clamou em alta voz na língua judaica, e disse: Ouvi as palavras do grande rei, do rei da Assíria.
14 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar.
15 Nem tampouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo: Infalivelmente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria.
16 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Fazei as vossas pazes comigo, e saí a mim; e coma cada um da sua vide, e da sua figueira, e beba cada um da água da sua cisterna;
17 até que eu venha, e vos leve para uma terra semelhante à vossa, terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas.
18 Guardai-vos, para que não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará. Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria?
19 Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? onde estão os deuses de Sefarvaim? porventura livraram eles a Samaria da minha mão?
20 Quais dentre todos os deuses destes países livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor possa livrar a Jerusalém das minhas mãos?
21 Eles, porém, se calaram e não lhe responderam palavra; porque havia mandado do rei, dizendo: Não lhe respondais.
22 Então Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista, vieram a Ezequias, com as vestiduras rasgadas, e lhe referiram as palavras de Rabsaqué.”




Isaías 37


Ainda que o Senhor possa perdoar e salvar a qualquer que tenha desonrado o Seu nome, blasfemando dEle, especialmente na dispensação da graça, conforme nos ensinou o próprio Jesus (Mt 12.32), no entanto, isto não é algo que possa ser feito sem que não nos exponhamos a um grande risco de sofrer juízos do Senhor para vindicar a santidade do Seu nome, ao qual ele atribui grande estima e honra, a ponto de ter incluído um mandamento específico entre os dez mandamentos da Lei de Moisés, pelo qual proíbe o uso vão do Seu santo nome, e interpôs uma ameaça, afirmando que não terá por inocente a todo que vier a fazê-lo (Êx 20.7).
Não admira, portanto, que Jesus tenha também ensinado o dever de santificar o nome de Deus como a primeira coisa a ser lembrada em nossas orações (Mt 6.9).
Era exatamente contra o grande nome de Deus que os assírios estavam blasfemando, e então, qual seria a resposta que eles poderiam esperar da parte do Senhor na vindicação do Seu santo nome?
Este capítulo revela a resposta. E ainda que Ezequias não tivesse se humilhado e buscado o Seu auxílio, pedindo que Ele fosse consultado pelo profeta Isaías, os assírios receberiam das Suas poderosas mãos o devido castigo. E 185.000 homens do exército deles, que se encontrava acampado ao redor de Jerusalém, foram destruídos a um só tempo, pelo anjo do Senhor, na mesma noite em que o Senhor deu resposta à oração de Ezequias, através do profeta Isaías, na forma de uma resposta à carta afrontosa que Senaqueribe havia enviado a Ezequias.
E o rei assírio fugiu apavorado para a sua terra por ter visto a grande destruição que o próprio Deus fizera em seu exército sem qualquer auxílio de mãos humanas, e quando ele estava adorando no templo do deus Nisroque, em Nínive, capital da Assíria, dois de seus próprios filhos o mataram à espada no  templo em que ele se encontrava, e com isto o Senhor revelou a ele qual era o poder do deus Nisroque para livrá-lo das Suas mãos, e dos seus inimigos, pois, como ele se exaltara sobre o Senhor em nome deste deus falso, ele não foi capaz sequer de livrá-lo daqueles que eram da sua própria casa, e um outro filho dele, chamado Esar-Hadom, assumiu o reino da Assíria.
Este capítulo é autoexplicativo em quase tudo o que contém e dispensa qualquer comentário, e por isso recomendamos uma releitura do próprio texto bíblico, especialmente das seguintes passagens:
a) O pedido que Ezequias fez a Isaías através dos mensageiros que lhe enviou, para que orasse ao Senhor em favor de Judá, pela vindicação que o Senhor faria da santidade do Seu nome que havia sido blasfemado pelos assírios.
b) A resposta inicial que o Senhor deu a Ezequias através do profeta Isaías, prometendo que faria Senaqueribe voltar à Assíria onde seria morto à espada.
c) A oração que Ezequias fez no templo depois de ter recebido uma carta de Senaqueribe na qual lhe dizia para que não confiasse no Seu Deus.
d) A resposta que Deus deu à oração de Ezequias enviando-lhe uma mensagem através do profeta Isaías.
Para melhor informação de toda a fidelidade de Ezequias para com o Senhor antes de ter-se levantado Senaqueribe contra ele, podem ser consultados os capítulos 29 a 31 de II Crônicas, em que vemos sobretudo o seu esforço para cumprir em Judá tudo o que estava contido na Lei de Moisés.

“1 Tendo ouvido isso o rei Ezequias, rasgou as suas vestes, e se cobriu de saco, e entrou na casa do Senhor.
2 Também enviou Eliaquim, o mordomo, Sebna, o escrivão, e os anciãos dos sacerdotes, cobertos de saco, a Isaías, filho de Amoz, o profeta,
3 para lhe dizerem: Assim diz Ezequias: Este dia é dia de angústia e de vitupérios, e de blasfêmias, porque chegados são os filhos ao parto, e força não há para os dar à luz.
4 Porventura o Senhor teu Deus terá ouvido as palavras de Rabsaqué, a quem enviou o rei da Assíria, seu amo, para afrontar o Deus vivo, e para o vituperar com as palavras que o Senhor teu Deus tem ouvido; faze oração pelo resto que ficou.
5 Foram, pois, os servos do rei Ezequias ter com Isaías,
6 e Isaías lhes disse: Dizei a vosso amo: Assim diz o Senhor: Não temas à vista das palavras que ouviste, com as quais os servos do rei da Assíria me blasfemaram.
7 Eis que meterei nele um espírito, e ele ouvirá uma nova, e voltará para a sua terra; e fá-lo-ei cair morto à espada na sua própria terra.
8 Voltou pois Rabsaqué, e achou o rei da Assíria pelejando contra Libna; porque ouvira que se havia retirado de Laquis.
9 Então ouviu ele dizer a respeito de Tiraca, rei da Etiópia: Saiu para te fazer guerra. Assim que ouviu isto, enviou mensageiros a Ezequias, dizendo:
10 Assim falareis a Ezequias, rei de Judá: Não te engane o teu Deus, em quem confias, dizendo: Jerusalém não será entregue na mão do rei da Assíria.
11 Eis que já tens ouvido o que fizeram os reis da Assíria a todas as terras, destruindo-as totalmente; e serás tu livrado?
12 Porventura as livraram os deuses das nações que meus pais destruíram: Gozã, e Harã, e Rezefe, e os filhos de Edem que estavam em Telassar?
13 Onde está o rei de Hamate, e o rei de Arpade, e o rei da cidade de Sefarvaim, Hena e Iva?
14 Recebendo pois Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e lendo-as, subiu à casa do Senhor; e Ezequias as estendeu perante o Senhor.
15 E orou Ezequias ao Senhor, dizendo:
16 O Senhor dos exércitos, Deus de Israel, tu que estás sentado sobre os querubins; tu, só tu, és o Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste o céu e a terra.
17 Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e vê; e ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele mandou para afrontar o Deus vivo.
18 Verdade é, Senhor, que os reis da Assíria têm assolado todos os países, e suas terras,
19 e lançado no fogo os seus deuses; porque deuses não eram, mas obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram.
20 Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua mão, para que todos os reinos da terra saibam que só tu és o Senhor.
21 Então Isaías, filho de Amoz, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Portanto me fizeste a tua súplica contra Senaqueribe, rei de Assíria,
22 esta é a palavra que o Senhor falou a respeito dele: A virgem, a filha de Sião, te despreza, e de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a cabeça por detrás de ti.
23 A quem afrontaste e de quem blasfemaste? contra quem alçaste a voz e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel.
24 Por meio de teus servos afrontaste o Senhor, e disseste: Com a multidão dos meus carros subi eu aos cumes dos montes, aos últimos recessos do Líbano; e cortei os seus altos cedros e as suas faias escolhidas; e entrei no seu cume mais elevado, no bosque do seu campo fértil.
25 Eu cavei, e bebi as águas; e com as plantas de meus pés sequei todos os rios do Egito.
26 Não ouviste que já há muito tempo eu fiz isso, e que já desde os dias antigos o tinha determinado? Agora porém o executei, para que fosses tu o que reduzisses as cidades fortificadas a montões de ruínas.
27 Por isso os seus moradores, dispondo de pouca força, andaram atemorizados e envergonhados; tornaram-se como a erva do campo, e como a relva verde, e como o feno dos telhados ou dum campo, que se queimaram antes de amadurecer.
28 Mas eu conheço o teu sentar, o teu sair e o teu entrar, e o teu furor contra mim.
29 Por causa do teu furor contra mim, e porque a tua arrogância subiu até os meus ouvidos, portanto porei o meu anzol no teu nariz e o meu freio na tua boca, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste.
30 E isto te será por sinal: este ano comereis o que espontaneamente nascer, e no segundo ano o que daí proceder; e no terceiro ano semeai e colhei, plantai vinhas, e comei os frutos delas.
31 Pois o restante da casa de Judá, que sobreviveu, tornará a lançar raízes para baixo, e dará fruto para cima.
32 Porque de Jerusalém sairá o restante, e do monte Sião os que escaparam; o zelo do Senhor dos exércitos fará isso.
33 Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma; tampouco virá perante ela com escudo, ou levantará contra ela tranqueira.
34 Pelo caminho por onde veio, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor.
35 Porque eu defenderei esta cidade, para a livrar, por amor de mim e, por amor do meu servo Davi.
36 Então saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e quando se levantaram pela manhã cedo, eis que todos estes eram corpos mortos.
37 Assim Senaqueribe, rei da Assíria, se retirou, e se foi, e voltou, e habitou em Nínive.
38 E sucedeu que, enquanto ele adorava na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleb, que e Sarezer, seus filhos, o mataram à espada; e escaparam para a terra de Arará. E Ezar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.”













Isaías 38


Ezequias reinou 29 anos (18.2). Foi no 14º ano do seu reinado que Senaqueribe subiu contra ele como vemos em II Rs 18.13.
Como neste capítulo é dito que o Senhor lhe acrescentou 15 anos de vida, quando ele estava com uma enfermidade que era para morte, então nós podemos concluir que foi exatamente no 14º ano do seu reinado quando foi cercado pelas tropas da Assíria, que o Senhor lhe dissera através de Isaías que ele morreria.
Ele tinha dedicado toda a sua vida em buscar ao Senhor, e queria viver para dar continuidade à obra de reforma que estava realizando para o Senhor em Judá.
Nós vemos que Ezequias foi provado em toda a sua fidelidade. Ele estava sendo provado duramente em sua fé não somente pela invasão dos assírios quanto por uma grave enfermidade, da qual lhe foi dito pelo Senhor pelo seu profeta, que resultaria na sua morte.
E pela fé ele pôde vencer não somente os assírios, como também a enfermidade, porque ele argumentou com o Senhor baseado na grande fidelidade que vinha tendo para com Ele, e se firmou nas Suas promessas, em recompensar a obediência aos Seus mandamentos, conforme consta na Sua Palavra, como em Lev 26.3-12, por exemplo.
Ao que tudo indica a palavra que o Senhor deu a Ezequias através de Isaías, que ele morreria, era realmente para provar a fé dele, assim como havia feito com Abraão em relação a Isaque no passado, porque Manassés, seu filho, que viria a sucedê-lo, tinha apenas 12 anos quando subiu ao trono (II Crôn 33.1), e assim, ele foi gerado por Ezequias 3 anos depois de ter sido curado pelo Senhor da sua grave enfermidade. E como poderia o trono de Davi ficar sem sucessor caso ele tivesse morrido antes de ter gerado Manassés? Como Josias seria gerado caso viesse a falhar a sucessão da linhagem de Davi ao trono, depois de Ezequias? Entretanto, poderoso era o Senhor para gerar um filho a Manassés mesmo no período em que se encontrava enfermo, e assim, tudo isto não passa apenas de cogitações porque não há impossíveis para Deus.
É interessante observar que mesmo tendo o Senhor prometido uma cura miraculosa a Ezequias, o profeta Isaías ordenou que se fizesse uma pasta de figos para ser colocada sobre o local da enfermidade, porque com isto a úlcera seria curada.
Certamente, isto tinha em vista colocar à prova a obediência de Ezequias ao profeta e para auxiliá-lo na sua fé de que seria de fato curado, tal como Jesus havia feito com o lodo que aplicou aos olhos do cego, de modo que não houvesse dúvida no coração do rei, que deveria estar dividido em razão de o mesmo profeta ter-lhe dito antes que o Senhor afirmara que ele morreria daquela enfermidade. E tão dividido ele ainda se encontrava entre os pensamentos sobre uma possível morte e uma possível cura que pediu ao profeta um sinal de que seria de fato curado como vemos no relato paralelo deste texto no livro de II Reis, apesar de aqui no texto de Isaías estar sendo afirmado diretamente o sinal que seria dado por Deus no versos 7 e 8. Contudo, no final do capítulo está registrada a pergunta de Ezequias quanto ao sinal de que subiria à casa do Senhor para adorá-lo.
No livro de II Reis nós lemos que Isaías propôs a Ezequias como resposta ao seu pedido de um sinal,  algo sobrenatural que somente o Senhor poderia fazer, a saber, que ele escolhesse entre o avançar ou o retroceder da sombra do relógio solar em 10 graus. Como o avançar é o movimento natural, ainda que o avanço súbito de 10 graus num só instante somente poderia ser efetuado pelo poder sobrenatural do Senhor, governante do universo, então ele pediu que a sombra retrocedesse em vez de avançar, e isto sucedeu quando Isaías orou pedindo que o Senhor o fizesse como sinal de que o rei seria curado.
Nós versos 10 a 20 nós temos o registro da carta memorial que Ezequias escreveu como demonstração de louvor e gratidão a Deus por ter sido curado por Ele.

“1 Naqueles dias Ezequias adoeceu e esteve à morte. E veio ter com ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás.
2 Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao Senhor,
3 e disse: Lembra-te agora, ó Senhor, peço-te, de que modo tenho andado diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e tenho feito o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias amargamente.
4 Então veio a palavra do Senhor a Isaías, dizendo:
5 Vai e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos.
6 Livrar-te-ei das mãos do rei da Assíria, a ti, e a esta cidade; eu defenderei esta cidade.
7 E isto te será da parte do Senhor como sinal de que o Senhor cumprirá esta palavra que falou:
8 Eis que farei voltar atrás dez graus a sombra no relógio de Acaz, pelos quais já declinou com o sol. Assim recuou o sol dez graus pelos quais já tinha declinado.
9 O escrito de Ezequias, rei de Judá, depois de ter estado doente, e de ter convalescido de sua enfermidade.
10 Eu disse: Na tranquilidade de meus dias hei de entrar nas portas do Seol; estou privado do resto de meus anos.
11 Eu disse: Já não verei mais ao Senhor na terra dos viventes; jamais verei o homem com os moradores do mundo.
12 A minha habitação já foi arrancada e arrebatada de mim, qual tenda de pastor; enrolei como tecelão a minha vida; ele me corta do tear; do dia para a noite tu darás cabo de mim.
13 Clamei por socorro até a madrugada; como um leão, assim ele quebrou todos os meus ossos; do dia para a noite tu darás cabo de mim.
14 Como a andorinha, ou o grou, assim eu chilreava; e gemia como a pomba; os meus olhos se cansavam de olhar para cima; ó Senhor, ando oprimido! fica por meu fiador.
15 Que direi? como mo prometeu, assim ele mesmo o cumpriu; assim passarei mansamente por todos os meus anos, por causa da amargura da minha alma.
16 Ó Senhor por estas coisas vivem os homens, e inteiramente nelas está a vida do meu espírito; portanto restabelece-me, e faze-me viver.
17 Eis que foi para minha paz que eu estive em grande amargura; tu, porém, amando a minha alma, a livraste da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados.
18 Pois não pode louvar-te o Seol, nem a morte cantar-te os louvores; os que descem para a cova não podem esperar na tua verdade.
19 O vivente, o vivente é que te louva, como eu hoje faço; o pai aos filhos faz notória a tua verdade.
20 O Senhor está prestes a salvar-me; pelo que, tangendo eu meus instrumentos, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida na casa do Senhor.
21 Ora Isaías dissera: Tomem uma pasta de figos, e a ponham como cataplasma sobre a úlcera; e Ezequias sarará.
22 Também dissera Ezequias: Qual será o sinal de que hei de subir à casa do Senhor?”











Isaías 39


Nos dias de Ezequias, Babilônia se encontrava debaixo do poder da Assíria (II Rs 17.24), mas o rei de Babilônia sabendo que Ezequias se encontrava enfermo, enviou-lhe uma embaixada portando cartas e um presente (v. 12), e Ezequias mostrou a eles tudo o que havia em Jerusalém, sem saber que aquilo serviria para despertar a cobiça deles no futuro em face das grandes riquezas que eles viram sobretudo no palácio real.
E o Senhor disse a Ezequias através do profeta Isaías o que os babilônios viriam a fazer em Judá, não somente saqueando os tesouros que Ezequias havia juntado, como também levariam cativos os seus descendentes para Babilônia.
Não podemos pesar os motivos de Ezequias e com que tom ele disse a Isaías que boas eram aquelas palavras que o Senhor pronunciara através dele, porque todo este mal não ocorreria em seus dias. Entretanto, não podemos afirmar que houve qualquer ironia nelas em face da piedade do rei e a honra que ele devotava ao Senhor e ao Seu profeta. Elas podem sim, ter expressado o seu alívio quando soube que aquele grande mal não ocorreria enquanto ele estivesse vivendo.

“1 Naquele tempo enviou Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei de Babilônia, cartas e um presente a Ezequias; porque tinha ouvido dizer que havia estado doente e que já tinha convalescido.
2 E Ezequias se alegrou com eles, e lhes mostrou a casa do seu tesouro, a prata, e o ouro, e as especiarias, e os melhores unguentos, e toda a sua casa de armas, e tudo quanto se achava nos seus tesouros; coisa nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias lhes não mostrasse.
3 Então o profeta Isaías veio ao rei Ezequias, e lhe perguntou: Que foi que aqueles homens disseram, e donde vieram ter contigo? Respondeu Ezequias: Duma terra remota vieram ter comigo, de Babilônia.
4 Ele ainda perguntou: Que foi que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu deixasse de lhes mostrar.
5 Então disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos exércitos:
6 Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, juntamente com o que entesouraram teus pais até o dia de hoje, será levado para Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor.
7 E dos teus filhos, que de ti procederem, e que tu gerares, alguns serão levados cativos, para que sejam eunucos no palácio do rei de Babilônia.
 8 Então disse Ezequias a Isaías: Tua é a palavra do Senhor que disseste. Disse mais: Porque haverá paz e verdade em meus dias.”







Isaías 40


O Cuidado e a Ação Paternal de Deus

Devemos lembrar que as palavras proferidas em Isaías 40 são espírito e são vida, e devem ser discernidas, portanto, quanto ao seu significado espiritual.
Como Deus olha para o coração, então é no coração que está concentrado o Seu interesse na revelação que nos fez em Sua Palavra, e de um modo muito especial, neste 40º capítulo de Isaías, que aponta em sua quase totalidade para aquilo que é divino, celestial, espiritual e eterno.
Portanto, não é na aparência exterior que devemos fixar nossa atenção e nem no significado histórico e geográfico desta passagem de Isaías.
Esta profecia deve ser, portanto, apreciada em seu conjunto, porque está se referindo à condição abençoada daqueles que estão associados e unidos em espírito ao Messias, e quão triste é a condição daqueles que não conhecem ao Senhor e que continuam apegados aos seus ídolos.
Há graça, perdão, força e poder à disposição daqueles que esperam no Senhor, porque é Ele próprio a força e a vida deles.
Isto é um poder real que procede sobrenaturalmente do Senhor e invade o nosso espírito, trazendo-lhe firmeza, paz, segurança, esperança, alegria, e tudo o mais que se expressa no senso que temos do total controle de Deus sobre as nossas almas, fazendo com que nos sintamos completamente seguros nEle, independentemente das circunstâncias adversas ou favoráveis que estivermos experimentando.
Este senso de total segurança e paz que é comunicado por Deus ao nosso espírito pode ser visto em várias experiências relatadas no texto bíblico por diversos servos do Senhor, como Davi, por exemplo, nos Salmos; Eliseu e Elias, no cumprimento de seus ministérios proféticos; na vida do apóstolo Paulo e em muitos outros.
Não é algo que seja propriamente nosso ou que possa ser produzido por nosso simples desejo ou esforços, mas nos vem diretamente do céu, por pura graça, mediante a simples fé, a qual, a propósito é também concedida e fortalecida pelo próprio Deus em nós.
Nós o percebemos, sentimos, experimentamos, mas não podemos expressá-lo por simples palavras.
Nem sempre somos achados nesta condição tão abençoada, e parece que Deus a reserva para determinadas estações de nossas vidas para que saibamos que não está em nós produzir aquilo que somente Ele pode operar.
Somente Deus é o eterno, e tudo mais passará como a glória da flor da erva.
Ainda que as palavras desta profecia de Isaías sejam aplicáveis aos piedosos de Judá que seriam consolados depois de todas as correções que haviam recebido de Deus, por causa dos seus pecados, no entanto, não se pode restringir a promessa de consolo, que soa logo no primeiro versículo deste capítulo a eles, senão a todos os que viessem a crer em Cristo.
Afinal, seria somente em Cristo que o pecado e a iniquidade não somente de Jerusalém, mas de pessoas de todos os povos e nações da terra poderiam ser expiados (v.2).
Dos judeus é dito que haviam já recebido em dobro da mão do Senhor por todos os seus pecados, porque se encontravam nos dias do Velho Testamento, que eram ainda os dias do próprio profeta Isaías, debaixo de uma Aliança, chamada de Aliança da Lei na qual estavam previstas não somente promessas de bênçãos em caso de obediência a Deus e aos Seus mandamentos, como também ameaças de juízos e de maldições específicas, segundo constava na referida aliança.
Portanto, o Senhor não poderia deixar de cumprir o que havia prometido fazer, inclusive de que a nação de Israel seria espalhada por todas as nações da terra e levada em cativeiro caso não se arrependessem de suas más obras, e não se emendassem em face dos outros castigos que Deus lhes traria em caso de desobediência.
Então, esta profecia de Isaías 40 aponta para dias futuros, os dias do evangelho, em que o Senhor tornaria acessível aos judeus uma Nova Aliança, com a promessa de expiar a culpa e o pecado deles pela graça, e de não mais levar em conta os seus pecados para efeito de condenação eterna; porque derramaria o  Espírito Santo para ser o Consolador do Seu povo.
O Espírito seria dado porque a iniquidade seria expiada por Aquele (Jesus) que seria anunciado pela voz de alguém que clamaria no deserto (João Batista) convocando o povo ao arrependimento, para que o caminho do Messias fosse aberto para que Ele se manifestasse aos corações.
Assim toda depressão de alma seria removida (vales aterrados), e toda altivez e confusão de espírito seriam também removidas (terrenos acidentados e escabrosos que seriam nivelados).
A profecia não está falando de lugares geográficos mas do coração do homem que seria transformado por Aquele que seria anunciado por João Batista (v.3,4).
A glória do Senhor seria revelada na pessoa de Cristo, e toda a carne o veria, porque o Senhor o havia dito.
A sua Palavra é fiel e verdadeira e permanece para sempre.
Isto seria feito porque Ele o quis e não por nenhuma bondade, justiça  ou mérito pessoal que exista no Seu povo.
A salvação é por causa da promessa de Deus, e não pelas coisas que fizemos ou por nossos merecimentos.
Então, foi ordenado ao profeta que clamasse, e ele respondeu perguntando acerca do que deveria clamar?
A resposta divina foi a Palavra do evangelho, conforme já lhe havia sido dito, quando foi chamado para o seu ofício profético.
A palavra do evangelho que deveria clamar lhe foi dita como sendo a relativa ao que está registrado nos versos 6 a  11.
Antes de tudo, na pregação da  mensagem do evangelho deve ser proclamada a inutilidade da carne para o propósito eterno de Deus, porque a glória da carne é passageira e nada tem a ver com o que é espiritual. Porque a carne para nada aproveita, e somente o espírito vivifica. A carne só pode gerar carne e nada do que é relativo ao espírito. E Deus é puramente espírito (v. 6 a 8 a).
Mas a vida do espírito seria produzida pela Palavra do evangelho, que subsiste eternamente (v. 8 b).
É pela Palavra do evangelho que somos gerados novas criaturas. É pela Palavra que vem a fé que salva. É pela Palavra que somos santificados.
Deus está se mostrando gracioso e completamente longânimo nesta nova dispensação, por isso aquele que anuncia estas promessas é um anunciador de boas novas (significado literal da palavra evangelho) para o povo que habitará em Sião (v. 9a).
Esta Palavra deve ser anunciada bem alto e sem temor, porque Deus daria Espírito de coragem ao povo da Nova Aliança.
O centro da mensagem não são coisas mas uma Pessoa, o próprio Senhor Jesus Cristo, que pela fé no Seu nome, e por invocá-lo, somos salvos (v. 9b).
O evangelho não é, portanto, falar acerca de Cristo, mas Cristo falando através de nós no poder do Espírito Santo.
Porque não se pode manifestar, não se pode revelar a Sua pessoa divina a outros, a não ser pelo poder e testemunho do Espírito.
Não é uma apresentação de ideias, mas a apresentação de uma Pessoa, que só pode ser conhecida em espírito.
Os que recebessem o dom da fé para crerem em Cristo experimentariam o Seu poder e receberiam o Seu galardão, conforme a fé deles, porque a recompensa é para aqueles que exercem uma fé viva em Seu nome (v. 10).
Cristo fará com que o fraco fique forte, mas com o cuidado de um pastor terno que apascentará o seu rebanho cuidando dos que são fracos em seus próprios braços, e levando em seu colo os que são novos na fé e que ainda estão sendo alimentados com o leite genuíno que lhes dará crescimento espiritual. E fará isto não com impaciência ou arrogância, mas com mansidão (v. 11).
Tendo feito uma apresentação resumida do evangelho até o verso 11, a partir do 12 o Senhor vai apresentar argumentos porque esta palavra que havia proferido era fidedigna e de inteira aceitação, e poderosa para realizar tudo o que Ele havia prometido.
Certamente porque era grande o endurecimento em Judá, e a tristeza por tudo o que haviam sofrido.
Como poderiam crer agora que depois de tudo que haviam passado poderiam ainda esperar que Deus pudesse estar interessado no bem deles?
O Senhor então iria falar da Sua própria majestade, grandeza, força, amor, fidelidade e poder para realizar impossíveis, e que não era portanto razoável a desconfiança de Judá em relação a Ele, quanto a que tivesse esquecido completamente deles e da promessa que havia feito aos patriarcas, de fazer de Israel um reino sacerdotal.
Então, em face de todos os argumentos que apresentaria a partir do verso 12, acerca da nulidade dos reinos das nações perante Ele, e do Seu grande poder divino, arrazoa com Israel com as palavras do verso 27:

“Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?”

Não podemos nunca esquecer que Deus não é nenhuma criatura, Ele não foi criado por ninguém. Ele é o único Criador, digno portanto de toda honra, glória, louvor e obediência.
Ele nos fez de tal modo que cresçamos em liberdade perante Ele, pelas escolhas acertadas que fizermos, e pelo nosso crescimento, que é realizado com o Seu permanente auxílio. Pois não nos criou para nos deixar entregues à nossa própria sorte.
Ele é um Pai amoroso e paciente, que nos guiará pelo conhecimento do caminho do amor, da verdade e da justiça, nos tornando cada vez mais semelhantes a Ele próprio.
Estes que são assim conduzidos por Ele e que se deixam voluntariamente serem ensinados de boa vontade, são mais valiosos para ele do que todos os reinos do mundo, que considera como um mero pingo de água que cai de um balde.
Devemos então ter todo o cuidado de não errarmos quanto ao grande alvo da Sua vontade, porque somos cercados sempre de muitas tentações neste mundo, de nos apegarmos à criatura e não ao Criador.
Deus é tão grandioso e perfeitamente sábio e onisciente que não necessita tomar conselho com ninguém.
Ele é tão autossuficiente em si mesmo que não necessita criar nada para que possa se sentir completo.
De maneira que se diz nos versos 16 e 17:

“16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para um holocausto.
17 Todas as nações são como nada perante ele; são por ele reputadas menos do que nada, e como coisa vã.”
Não é portanto em ritos religiosos que se encontra o Seu grande objetivo na nossa criação.
Muito menos nas grandes conquistas tecnológicas e científicas que alcançamos com nossa sabedoria terrena e natural.
No entanto, trouxe todas as coisas à existência, porque foi do Seu desejo se ocupar em aperfeiçoar seres tão inábeis e miseráveis como nós, espiritualmente falando, para exibir quão grande é a Sua bondade, amor, longanimidade e paciência.
De forma que nunca se cansará em ter que trabalhar no menor e mais incapaz dos Seus santos, até que os conduza à perfeição em Cristo.
Isto porque, diferentemente de nós, imperfeitos e limitados que somos, Ele nunca se cansa e não se fatiga. E é todo o Seu prazer trocar a nossa força natural que para pouco ou nada serve para cumprir os Seus propósitos espirituais relativos a nós, pela invencível e inextinguível força da Sua graça que tem disponibilizado para o Seu povo na pessoa de Cristo.
De maneira que quando somos fracos, por reconhecer nossa fraqueza, é que podemos ser fortalecidos com o poder espiritual da manifestação da Sua própria presença em nós.

Isaías 40.1 Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.
Isaías 40.2 Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua malícia é acabada, que a sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados.
Isaías 40.3 Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus.
Isaías 40.4 Todo vale será levantado, e será abatido todo monte e todo outeiro; e o terreno acidentado será nivelado, e o que é escabroso, aplanado.
Isaías 40.5 A glória do Senhor se revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse.
Isaías 40.6 Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua beleza como a flor do campo.
Isaías 40.7 Seca-se a erva, e murcha a flor, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade o povo é erva.
Isaías 40.8 Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.
Isaías 40.9 Tu, anunciador de boas-novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas-novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus.
Isaías 40.10 Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e a sua recompensa diante dele.
Isaías 40.11 Como pastor ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente.
Isaías 40.12 Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças,
Isaías 40.13 Quem guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu conselheiro o ensinou?
Isaías 40.14 Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse entendimento, e quem lhe mostrou a vereda do juízo? quem lhe ensinou conhecimento, e lhe mostrou o caminho de entendimento?
Isaías 40.15 Eis que as nações são consideradas por ele como a gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima.
Isaías 40.16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para um holocausto.
Isaías 40.17 Todas as nações são como nada perante ele; são por ele reputadas menos do que nada, e como coisa vã.
Isaías 40.18 A quem, pois, podeis assemelhar a Deus? ou que figura podeis comparar a ele?
Isaías 40.19 Quanto ao ídolo, o artífice o funde, e o ourives o cobre de ouro, e forja cadeias de prata para ele.
Isaías 40.20 O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não apodrece; procura para si um artífice perito, para gravar uma imagem que não se pode mover.
Isaías 40.21 Porventura não sabeis? porventura não ouvis? ou desde o princípio não se vos notificou isso mesmo? ou não tendes entendido desde a fundação da terra?
Isaías 40.22 E ele o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e o desenrola como tenda para nela habitar.
Isaías 40.23 E ele o que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra.
Isaías 40.24 Na verdade, mal se tem plantado, mal se tem semeado e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, quando ele sopra sobre eles, e secam-se, e a tempestade os leva como à pragana.
Isaías 40.25 A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe seja semelhante? diz o Santo.
Isaías 40.26 Levantai ao alto os vossos olhos, e vede: quem criou estas coisas? Foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por ser ele grande em força, e forte em poder, nenhuma faltará.
Isaías 40.27 Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?
Isaías 40.28 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento.
Isaías 40.29 Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor.
Isaías 40.30 Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os mancebos cairão,
Isaías 40.31 mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão.





Isaías 41


Tantas são as repreensões e juízos que lemos no livro do profeta Isaías que a muitos pode parecer que eles são uma repetição pleonástica que poderia ser evitada.
No entanto, não devemos esquecer que estas profecias foram dadas ao profeta num período aproximado de 50 anos, e revelam que não houve nenhuma mudança significativa em Judá quanto ao arrependimento a que eram convocados, e poucos se converteram de fato de coração às reformas religiosas empreendidas pelos reis Uzias, Jotão e Ezequias.
Então, aos que pensavam que Deus havia suspendido o juízo, por causa do tempo decorrido, e as coisas pareciam correr como sempre haviam corrido antes, o profeta se apresentava com novas ameaças e repreensões contra a infidelidade deles ao Senhor, conforme podemos ver neste capítulo.
Não se deve pensar que esta profecia foi recebida logo em seguida às promessas consoladoras do capítulo anterior, nem mesmo se pode afirmar que estão apresentadas em ordem cronológica, e é quase certo que tenham sido produzidas separadas por um longo período de tempo.
O homem que vem do Oriente (leste) é certamente Ciro, o rei medo, que dominaria junto com os persas muitos reis da terra, e o Senhor está afirmando que seria por Ele que Ciro seria levantado, e sabemos que ele foi designado para libertar Judá do cativeiro de 70 anos em Babilônia.
A predição do livramento por Ciro foi feita nesta profecia, antes da relativa ao cativeiro por Nabucodonosor de Babilônia que ainda ocorreria, e que é citada no verso 25 para punição da idolatria de  Judá. Em Habacuque e em outros profetas também é citada a vinda dos babilônios como o poder que descia do norte para dominar Judá que ficava ao sul de Babilônia.
Então, não haveria apenas cativeiro, mas também libertação, e para afirmar a Sua glória, e para que soubessem que é Deus justo, que visitaria a iniquidade de Judá, mas que também daria a devida retribuição à nação opressora (Babilônia), o Senhor afirmou que estava anunciando isto com bastante antecedência, antes que acontecesse (v. 26).
Por isso Judá poderia ter como certas as promessas de proteção divina que foram pronunciadas nos versos 8 a 20, especialmente para que soubesse que a sua ida para o cativeiro não significava que estavam sendo rejeitados por Deus, mas sendo submetidos à Sua correção.
Ele cuidaria dos pobres e necessitados e na volta deles para a sua própria terra, depois do cativeiro, de desolada que ficara, transformaria a terra de Israel que ficaria árida, de novo num pomar.


“1 Calai-vos diante de mim, ó ilhas; e renovem os povos as forças; cheguem-se, e então falem; cheguemo-nos juntos a juízo.
2 Quem suscitou do Oriente aquele cujos passos a vitória acompanha? Quem faz que as nações se lhe submetam e que ele domine sobre reis? Ele os entrega à sua espada como o pó, e ao seu arco como palha arrebatada pelo vento.
3 Ele os persegue, e passa adiante em segurança, até por uma vereda em que com os seus pés nunca tinha trilhado.
4 Quem operou e fez isto, chamando as gerações desde o princípio? Eu, o Senhor, que sou o primeiro, e que com os últimos sou o mesmo.
5 As ilhas o viram, e temeram; os confins da terra tremeram; aproximaram-se, e vieram.
6 um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse: Esforça-te.
7 Assim o artífice animou ao ourives, e o que alisa com o martelo ao que bate na bigorna, dizendo da coisa soldada: Boa é. Então com pregos a segurou, para que não viesse a mover-se.
8 Mas tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem escolhi, descendência de Abraão,
9 tomei desde os confins da terra, e te chamei desde os seus cantos, e te disse: Tu és o meu servo, a ti te escolhi e não te rejeitei;
10 não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.
11 Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que se irritam contra ti; tornar-se-ão em nada; e os que contenderem contigo perecerão.
12 Quanto aos que pelejam contigo, buscá-los-ás, mas não os acharás; e os que guerreiam contigo tornar-se-ão em nada e perecerão.
13 Porque eu, o Senhor teu Deus, te seguro pela tua mão direita, e te digo: Não temas; eu te ajudarei.
14 Não temas, ó bichinho de Jacó, nem vós, vermezinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é o Santo de Israel.
15 Eis que farei de ti um trilho novo, que tem dentes agudos; os montes trilharás e os moerás, e os outeiros tornarás como a palha.
16 Tu os padejarás e o vento os levará, e o redemoinho os espalhará; e tu te alegrarás no Senhor e te gloriarás no Santo de Israel.
17 Os pobres e necessitados buscam água, e não há, e a sua língua se seca de sede; mas eu o Senhor os ouvirei, eu o Deus de Israel não os desampararei.
18 Abrirei rios nos altos desnudados, e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto num lago d'água, e a terra seca em mananciais.
19 Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a murta, e a oliveira; e porei no ermo juntamente a faia, o olmeiro e o buxo;
20 para que todos vejam, e saibam, e considerem, e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou.
21 Apresentai a vossa demanda, diz o Senhor; trazei as vossas firmes razões, diz o Rei de Jacó.
22 Tragam-nas, e assim nos anunciem o que há de acontecer; anunciai-nos as coisas passadas, quais são, para que as consideremos, e saibamos o fim delas; ou mostrai-nos coisas vindouras.
23 Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem, ou fazei mal, para que nos assombremos, e fiquemos atemorizados.
24 Eis que vindes do nada, e a vossa obra do que nada é; abominação é quem vos escolhe.
25 Do norte suscitei a um que já é chegado; do nascente do sol a um que invoca o meu nome; e virá sobre os magistrados como sobre o lodo, e como o oleiro pisa o barro.
26 Quem anunciou isso desde o princípio, para que o possamos saber? ou dantes, para que digamos: Ele é justo? Mas não há quem anuncie, nem tampouco quem manifeste, nem tampouco quem ouça as vossas palavras.
27 Eu sou o que primeiro direi a Sião: Ei-los, ei-los; e a Jerusalém darei um mensageiro que traz boas-novas.
28 E quando eu olho, não há ninguém; nem mesmo entre eles há conselheiro que possa responder palavra, quando eu lhes perguntar.
29 Eis que todos são vaidade. As suas obras não são coisa alguma; as suas imagens de fundição são vento e coisa vã.”



Isaías 42


O Rei Servo

O rei Ciro será citado no capítulo 44 de Isaías como o servo do Senhor que ele chamou para libertar o seu povo. Mas nem de longe Ciro pode ser comparado com o servo que é nomeado no início deste 42º capítulo, como sendo aquele que trará justiça às nações (Nosso Senhor Jesus Cristo).
Ciro operaria um livramento temporal mas Cristo opera um livramento eterno.
Ciro livraria o cativeiro físico, mas Cristo liberta o espírito dos grilhões do pecado.
Por isso o Pai diz que colocou o seu Espírito sobre o seu Filho (ungiu), porque Ele faria a sua obra na terra libertando os cativos do diabo, no poder do Espírito Santo.
Se Israel foi entregue aos opressores pelo Senhor, como se vê nos versos finais deste 42º capítulo é porque recusaram o governo terno, amoroso e justo de Deus, que seria revelado na terra, na pessoa de Seu Filho.
O Filho revelaria o amor do Pai, e os homens ficariam indesculpáveis perante Deus, por darem honra às suas imagens de escultura.
Primeiro, porque o Rei que domina sobre os povos é chamado de servo e não de tirano.
Ele foi escolhido pelo Pai para fazer a Sua obra na terra (v. 1).
Seria com ternura e mansidão que Cristo deveria estabelecer o seu reino (v. 2, 3).
Ele implantaria o seu reino em silêncio, sem barulho ruidoso, porque não bradará para que se submetam a Ele.
O Espírito Santo trabalhará silenciosamente nos corações para produzir o convencimento do pecado, da justiça e do juízo, para conduzir os pecadores ao Salvador, que é manso e humilde de coração.
Quando passa a exercer domínio no coração, que voluntariamente se entrega a Ele, não o faz clamando dizendo: Cristo está lá, ou Cristo está aqui, porque fala mansamente ao coração que se converte.
Não se apresentaria em nenhuma parte da terra com pompa e alarido, conforme costumam fazer os príncipes deste mundo em suas aparições públicas.
Ninguém sairia adiante dele tocando trombetas para alertar as pessoas sobre a presença do Rei dos reis a este mundo, porque seria achado na forma de servo, e não de Rei que era e é, e sempre será.
Ele não lutaria contra a oposição que levantassem contra Ele porque suportaria a contradição dos pecadores com paciência, porque o Seu reino não é deste mundo. É espiritual e no coração.
Seu alvo não é subjugar a vontade e corpo, mas conquistar o coração.
Então suas armas não são carnais ou terrenas, mas espirituais, para destruir as fortalezas do pecado e de Satanás.
Ele seria paciente até mesmo para com os maus, quando os quebrantasse em seu orgulho, como canas quebradas ou pavios fumegantes, para serem tornados humildes.
Com estes que são fracos, Ele seria terno, para curá-los de suas chagas, para serem restaurados e emitirem a Sua luz, não mais como pavios fumegantes, mas como chamas acesas pelo poder do Espírito.
Jesus é muito paciente, portanto, com todos aqueles que possuem a verdadeira graça, ainda que em pequena proporção.
Ele consumaria completamente a obra que Lhe foi designada pelo Pai e não desistiria dela, de forma que jamais falharia em Sua missão (v. 4) de trazer a Sua justiça à terra, para que com ela muitos pudessem ser justificados.
Ele é a salvação que Deus estaria dando, não somente a Israel, mas a todos os gentios, inclusive aos que habitavam nas ilhas distantes.
Este encargo não seria colocado como responsabilidade sobre os ombros de algum homem ou grupo de homens, porque Deus disse que Ele mesmo faria isto, quer dizer, Ele tomaria sobre os Seus ombros a responsabilidade de espalhar o evangelho em toda a terra, de modo que todos os que estiverem empenhados numa obra verdadeira do evangelho é porque teriam sido chamados e capacitados e enviados por Ele, para usá-los como seus simples instrumentos, operados pelo poder de Cristo e do Espírito Santo.
Então, importa que tudo seja feito na, e pela Igreja, pelo Filho, para que toda a glória seja exclusivamente de Deus.
Por isso é Jesus quem é a própria aliança com o povo de Israel e com os gentios, e a luz que dá vida é dEle, e a que houver em nós, seus servos, é apenas um reflexo desta Sua luz (v. 6).
Pedro afirmou e não mentiu quando disse que não foi por seu próprio poder ou piedade, que o coxo de nascença havia sido curado perfeitamente no templo, mas que fora Jesus quem o curara.
Assim, é Ele também quem dá vista aos cegos, que tira da prisão os presos, e do cárcere os que estão em trevas (v. 7).
Deste modo, a nenhum homem, a nenhuma imagem de escultura pode ser atribuída a operação de qualquer milagre ou maravilha, porque o Senhor tem afirmado que não dará a sua glória e louvor a outrem (v. 8).
Como é Ele mesmo que faz as Suas obras, então toda a glória é dEle, e nunca nossa, e de nenhum falso deus.
Para os que creem que o espírito do homem é formado espontaneamente nele, juntamente com o seu corpo, no ato da concepção, Deus nega isto declarando diretamente que é Ele que dá não somente o fôlego de vida aos homens, como é também quem coloca o espírito no homem que é formado no ventre (v. 5).
O Senhor poderia deixar que as coisas acontecessem sem dar qualquer aviso prévio ao Seu povo, mas diz que o faz para que seja glorificado, não somente quanto à Sua onisciência, mas para que entendamos que Ele governa não apenas as nossas vidas, como a própria história da humanidade (v. 9).
Então, se ordena aos que foram alcançados pelo evangelho que cantem ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor desde a extremidade da terra, e até mesmo os que navegam pelo mar, e os habitantes de todas as ilhas, porque o evangelho estava destinado a todos eles.
As vozes anunciando a grande salvação do Senhor deveriam ser alçadas em todas as partes do mundo, quer no deserto, nas cidades e nas aldeias, até mesmo os que habitam em penhascos e nos cumes dos montes, porque o evangelho está sendo também destinado a eles (v. 11).
Glórias devem ser dadas ao Senhor, e o seu louvor anunciado nas ilhas, porque Ele derramaria o seu Espírito lhes trazendo salvação e avivamentos (v. 12).
Mas, contra os Seus inimigos, contra os inimigos do evangelho, os inimigos destas boas novas de salvação, o Senhor se levantaria como um valente contra eles (v. 13).
Depois de encerrada a dispensação da graça, que podemos chamar de período de silêncio do juízo de condenação de Deus, porque Cristo não veio condenar neste período, mas salvar, o Senhor ergueria sua voz no final deste longo período da dispensação do evangelho, no qual estendeu a sua graça e misericórdia a todos, pela sua muita longanimidade, que o levou a esperar por um longo tempo para exercer o Seu juízo de toda a carne (v. 14).
Por isso Paulo afirma em Rom 9 que Deus suportou os vasos de ira com grande longanimidade.
Então trará assolações sobre a terra no final do período da graça, quando Jesus vier em sua segunda vinda, assolações estas que são descritas no verso 15, mas para os ignorantes (cegos) da Sua vontade que se converterem a Ele, usará de misericórdia e os guiará por veredas que não conheciam, tornando as trevas em luz perante eles, aplanando os caminhos escabrosos. E o Senhor prometeu não desampará-los (v. 16).
Mas, os idólatras que fazem de suas imagens de escultura os seus deuses, seriam afastados para trás e cobertos de vergonha (v. 17).
Os surdos são conclamados a ouvirem estas coisas, e os cegos a olharem, para que possam enxergar. A referência é a surdos e a cegos espirituais. Mas Israel, seu servo, insistia em não ser curado da sua surdez e cegueira (v. 18 a 21) e não conseguiriam enxergar mesmo quando fossem roubados e pilhados, e quando tivessem que se esconder em cavernas, porque seriam entregues por presa (v. 22 a 25).

Isaías 42.1 Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem se compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele. ele trará justiça às nações.
Isaías 42.2 Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua.
Isaías 42.3 A cana trilhada, não a quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em verdade trará a justiça;
Isaías 42.4 não faltará nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas aguardarão a sua lei.
Isaías 42.5 Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os desenrolou, e estendeu a terra e o que dela procede; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela.
Isaías 42.6 Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te pela mão, e te guardei; e te dei por pacto ao povo, e para luz das nações;
Isaías 42.7 para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.
Isaías 42.8 Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas.
Isaías 42.9 Eis que as primeiras coisas já se realizaram, e novas coisas eu vos anuncio; antes que venham à luz, vo-las faço ouvir.
Isaías 42.10 Cantai ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor desde a extremidade da terra, vós, os que navegais pelo mar, e tudo quanto há nele, vós ilhas, e os vossos habitantes.
Isaías 42.11 Alcem a voz o deserto e as suas cidades, com as aldeias que Quedar habita; exultem os que habitam nos penhascos, e clamem do cume dos montes.
Isaías 42.12 Deem glória ao Senhor, e anunciem nas ilhas o seu louvor.
Isaías 42.13 O Senhor sai como um valente, como homem de guerra desperta o zelo; clamará, e fará grande ruído, e mostrar-se-á valente contra os seus inimigos.
Isaías 42.14 Por muito tempo me calei; estive em silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto, arfando e arquejando.
Isaías 42.15 Os montes e outeiros tornarei em deserto, e toda a sua erva farei secar; e tornarei os rios em ilhas, e secarei as lagoas.
Isaías 42.16 E guiarei os cegos por um caminho que não conhecem; fá-los- ei caminhar por veredas que não têm conhecido; tornarei as trevas em luz perante eles, e aplanados os caminhos escabrosos. Estas coisas lhes farei; e não os desampararei.
Isaías 42.17 Tornados para trás e cobertos de vergonha serão os que confiam em imagens esculpidas, que dizem às imagens de fundição: Vós sois nossos deuses.
Isaías 42.18 Surdos, ouvi; e vós, cegos, olhai, para que possais ver.
Isaías 42.19 Quem é cego, senão o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, que envio? e quem é cego como o meu dedicado, e cego como o servo do Senhor?
Isaías 42.20 Tu vês muitas coisas, mas não as guardas; ainda que ele tenha os ouvidos abertos, nada ouve.
Isaías 42.21 Foi do agrado do Senhor, por amor da sua justiça, engrandecer a lei e torná-la gloriosa.
Isaías 42.22 Mas este é um povo roubado e saqueado; todos estão enlaçados em cavernas, e escondidos nas casas dos cárceres; são postos por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui.
Isaías 42.23 Quem há entre vós que a isso dará ouvidos? que atenderá e ouvirá doravante?
Isaías 42.24 Quem entregou Jacó por despojo, e Israel aos roubadores? porventura não foi o Senhor, aquele contra quem pecamos, e em cujos caminhos eles não queriam andar, e cuja lei não queriam observar?
Isaías 42.25 Pelo que o Senhor derramou sobre Israel a indignação da sua ira, e a violência da guerra; isso lhe ateou fogo ao redor; contudo ele não o percebeu; e o queimou; contudo ele não se compenetrou disso.





Isaías 43


Promessas de Restauração

O capítulo de Isaías 42 foi encerrado com as seguintes palavras:
“24 Quem entregou Jacó por despojo, e Israel aos roubadores? porventura não foi o Senhor, aquele contra quem pecamos, e em cujos caminhos eles não queriam andar, e cuja lei não queriam observar?
25 Pelo que o Senhor derramou sobre Israel a indignação da sua ira, e a violência da guerra; isso lhe ateou fogo ao redor; contudo ele não o percebeu; e o queimou; contudo ele não se compenetrou disso.”
O israelita que lesse estas palavras nos dias de Isaías poderia concluir: “É o fim”. “Agora fomos rejeitados para sempre pelo Senhor”.
Todavia, veja como é iniciado o 43º capítulo:
“1 Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
3 Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; por teu resgate dei o Egito, e em teu lugar a Etiópia e Seba.
4 Visto que foste precioso aos meus olhos, e és digno de honra e eu te amo, portanto darei homens por ti, e es povos pela tua vida.
5 Não temas, pois, porque eu sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente, e te ajuntarei desde o Ocidente.
6 Direi ao Norte: Dá; e ao Sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra;
7 a todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz.”
Há alguma contradição?
Deus desistiu de julgar Israel?
Não. Porque no final deste mesmo capítulo é reafirmado o seguinte:
“28 Pelo que profanei os príncipes do santuário; e entreguei Jacó ao anátema, e Israel ao opróbrio”.
O juízo viria com certeza, mas isto não significava que Deus havia rejeitado definitivamente Israel.
De igual modo, quando um cristão é corrigido por Deus quando cai, não significa que cai para uma queda que o conduzirá a uma condenação final, ou que Deus o tenha rejeitado como filho.
Onde abundou o pecado superabundou a graça.
Onde há trevas mais brilham a misericórdia e a bondade de Deus.
Não que Ele aprove o pecado, porque vemos  em toda a Bíblia as Suas grandes repreensões e juízos por causa do pecado.
Mas, ao mesmo tempo, vemos que Ele não desistirá dos homens até que faça vingar a causa da justiça do evangelho, pela qual tem justificado pecadores em toda a terra.
Este é o ponto de equilíbrio e de sabedoria, para entendermos o caráter de Deus.
Ele odeia o pecado, mas está usando de misericórdia na presente dispensação, esperando que pessoas se arrependam do pecado e se convertam a Ele pela fé em Jesus, para que possam sair das trevas para a luz, e da morte para a vida.
Afinal é o Deus vivo, que é pela vida e não pela morte.
Não foi Ele o autor da morte, sendo esta, consequência do pecado.
Ou seja, o seu propósito não é morte, mas vida.
Não é Deus de mortos mas de vivos.
Vivificados pelo Espírito. Nascidos para uma nova vida espiritual por meio de Cristo, que é espírito vivificante. O pão vivo que desceu do céu para que tenhamos a vida eterna abundante divina.
Os idólatras são chamados, portanto, a deixarem os seus ídolos e a se voltarem para Deus porque é grandioso em perdoar.
Uma nação idólatra iria para o cativeiro,  mas Deus está dizendo que não desistiu deles, porque usaria de misericórdia para com aqueles que se voltassem para Ele.
É assim que devemos pregar o evangelho porque o caráter do evangelho reflete o caráter do próprio Deus.
Não há outro modo aprovado para fazê-lo senão usando da mesma longanimidade e misericórdia que Deus tem para com todos os pecadores nesta dispensação da graça, que durará até que Cristo volte.
Há mais de dois mil anos que estão sendo praticadas na terra, desde a inauguração da dispensação da graça, horríveis blasfêmias, idolatrias, impurezas  e toda sorte de abominações, mas Deus ainda não se cansou de ser longânimo e misericordioso, e tal como Ele, os seus servos não devem se cansar também, porque o tempo da misericórdia será fechado somente no juízo final, depois do milênio.
Deus demonstrou que não havia se cansado de Israel mas foi Israel que se cansou de Deus.
“Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó; mas te cansaste de mim, ó Israel.” (v. 22).
Deus não se cansa de ouvir nossas orações, mas nós podemos nos cansar com facilidade de orarmos a Ele, então é preciso muita vigilância e diligência para não cairmos no mesmo erro dos israelitas, que haviam se cansado de Deus, e por isso iriam para o cativeiro.
O Senhor tem suportado as muitas transgressões dos seus eleitos até que eles venham a se converter, e não seria de se esperar que permanecessem nelas depois de convertidos, em face da longanimidade da qual foram objeto.
Contudo, via de regra, em razão da fraqueza do pecado, que opera na carne, sempre será dado ao Senhor muito menos da fidelidade que lhe deveríamos dar.
Então o evangelho é a dispensação da longanimidade, senão nenhuma carne restaria sobre a terra. Nem mesmo entre os santos de Deus.
É importante sabermos que Ele não nos rejeitará, se não O rejeitarmos.
Enquanto clamarmos a Ele por socorro e livramento dos nossos pecados, sempre haverá esperança, porque Ele tem prometido nunca nos deixar e nunca nos desamparar, e não lançará fora a nenhum que tenha vindo a Ele para lhe entregar o seu coração.
Nem mesmo ao endurecido Israel Deus tem afirmado que não rejeitará, quanto mais àqueles que foram feitos seus filhos por meio da fé em Jesus.
“1 Pergunto, pois: Acaso rejeitou Deus ao seu povo? De modo nenhum; por que eu também sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
2 Deus não rejeitou ao seu povo que antes conheceu.” (Rom 11.1,2b).

Isaías 43.1 Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
Isaías 43.2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
Isaías 43.3 Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; por teu resgate dei o Egito, e em teu lugar a Etiópia e Seba.
Isaías 43.4 Visto que foste precioso aos meus olhos, e és digno de honra e eu te amo, portanto darei homens por ti, e es povos pela tua vida.
Isaías 43.5 Não temas, pois, porque eu sou contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente, e te ajuntarei desde o Ocidente.
Isaías 43.6 Direi ao Norte: Dá; e ao Sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra;
Isaías 43.7 a todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz.
Isaías 43.8 Fazei sair o povo que é cego e tem olhos; e os surdos que têm ouvidos.
Isaías 43.9 Todas as nações se congreguem, e os povos se reúnam; quem dentre eles pode anunciar isso, e mostrar-nos coisas já passadas? apresentem as suas testemunhas, para que se justifiquem; e para que se ouça, e se diga: Verdade é.
Isaías 43.10 Vós sois as minhas testemunhas, do Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.
Isaías 43.11 Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador.
Isaías 43.12 Eu anunciei, e eu salvei, e eu o mostrei; e deus estranho não houve entre vós; portanto vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor.
Isaías 43.13 Eu sou Deus; também de hoje em diante, eu o sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?
Isaías 43.14 Assim diz o Senhor, vosso Redentor, o Santo de Israel: Por amor de vós enviarei a Babilônia, e a todos os fugitivos farei embarcar até os caldeus, nos navios com que se vangloriavam.
Isaías 43.15 Eu sou o Senhor, vosso Santo, o Criador de Israel, vosso Rei.
Isaías 43.16 Assim diz o Senhor, o que preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas uma vereda;
Isaías 43.17 o que faz sair o carro e o cavalo, o exército e a força; eles juntamente se deitam, e jamais se levantarão; estão extintos, apagados como uma torcida.
Isaías 43.18 Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas.
Isaías 43.19 Eis que faço uma coisa nova; agora está saindo à luz; porventura não a percebeis? eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo.
Isaías 43.20 Os animais do campo me honrarão, os chacais e os avestruzes; porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido,
Isaías 43.21 esse povo que formei para mim, para que publicasse o meu louvor.
Isaías 43.22 Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó; mas te cansaste de mim, ó Israel.
Isaías 43.23 Não me trouxeste o gado miúdo dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus sacrifícios; não te fiz servir com ofertas, nem te fatiguei com incenso.
Isaías 43.24 Não me compraste por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios me satisfizeste; mas me deste trabalho com os teus pecados, e me cansaste com as tuas iniquidades.
Isaías 43.25 Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.
Isaías 43.26 Procura lembrar-me; entremos juntos em juizo; apresenta as tuas razães, para que te possas justificar!
Isaías 43.27 Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim.
Isaías 43.28 Pelo que profanei os príncipes do santuário; e entreguei Jacó ao anátema, e Israel ao opróbrio.








Isaías 44


Ao ter rejeitado a Jesus, Israel tem vivido em grande ingratidão, que não pode ser medida, porque eles vivem pela deliberação de Deus, justamente por causa da esperança da salvação que lhes está sendo oferecida em Cristo, e que dará cumprimento à vocação deles, ainda que num remanescente fiel, por causa do qual todo Israel ainda existe, senão de há muito teriam sido riscados da face da terra, como Babilônia, Assíria e tantas outras nações da terra.
E principalmente eles, porque em nenhum outro povo Deus depositou qualquer esperança nos dias do Velho Testamento, senão somente neles. A nenhum outro povo Deus escolheu no passado para entrar em aliança com Ele. E o que fez Israel? Voltou as costas para Deus, transgrediu a aliança e rejeitou Aquele que lhes foi dado para poderem ser nação e reino sacerdotal.
Então, é meramente por causa da eleição da graça, que Israel tem permanecido na terra, e há de permanecer até que Cristo volte para a remoção do seu endurecimento.
Eles se endureceram e Deus permitiu este endurecimento para estender a sua salvação aos gentios, uma vez que foi rejeitada pelos judeus.
A verdade relativa aos motivos da não rejeição de Israel, que acabamos de comentar, é declarada expressamente nos versos 1 a 8 deste capítulo.
Não era, portanto, por nenhuma coisa boa que viu em Israel que Deus não os havia rejeitado, mas por causa da aliança que prometera fazer com eles em Cristo, derramando o Espírito Santo sobre a descendência de Jacó.
Por isso, o nome de Jacó é declarado no primeiro verso, antes de se dizer o nome do povo, que era conhecido pelo novo nome que Deus lhe dera, para que soubessem que não era pela nação, mas pela promessa feita aos patriarcas que não desistiria de ser o Deus da descendência deles.
Israel não existia como nação, mas foi um povo formado pelo próprio Deus (v.2) e, portanto, o ajudaria, e eles não deveriam temer, porque sempre teria os seus eleitos entre eles, apesar da dura rejeição que sofria por parte da maioria daquela nação.
E a razão de Israel ser mantido como nação é que Deus prometeu derramar o Espírito Santo sobre a posteridade deles (v. 3). E sabemos que não se pode receber a habitação do Espírito sem que se tenha a Cristo. Então somente os judeus que se convertessem a Cristo seriam batizados com o Espírito Santo. De modo que diriam que eram do Senhor (v. 5), porque quem não tem o Espírito Santo não é de Cristo.
E o Senhor deles é identificado: o Rei de Israel, o seu Redentor. O Senhor dos exércitos. O primeiro e o último. Títulos geralmente usados para se referir a Jesus Cristo (v. 6).
Não há salvação fora de Cristo. Ninguém pode dizer que é filho de Deus se não tiver a Cristo, porque o Pai determinou ser honrado pela honra que é dada ao Filho.
Como poderiam então ter esperança de salvação em Israel, aqueles que rejeitassem a Cristo, para colocarem sua confiança em imagens de escultura, como se descreve nos demais versículos deste capítulo?
Mas, mesmo estes idolatras dentre os judeus são convocados pelo Senhor a se arrependerem (v, 21, 22), porque provaria que haveria esperança para eles, depois de tê-los livrado do cativeiro, tornaria a trazê-los para a sua própria terra, através do rei Ciro dos medos, a quem daria a missão de reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém (v. 28).

Isaías 44.1 Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel, a quem escolhi.
Isaías 44.2 Assim diz o Senhor que te criou e te formou desde o ventre, e que te ajudará: Não temas, ó Jacó, servo meu, e tu, Jesurum, a quem escolhi.
Isaías 44.3 Porque derramarei água sobre o sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência;
Isaías 44.4 e brotarão como a erva, como salgueiros junto às correntes de águas.
Isaías 44.5 Este dirá: Eu sou do Senhor; e aquele se chamará do nome de Jacó; e aquele outro escreverá na própria mão: Eu sou do Senhor; e por sobrenome tomará o nome de Israel.
Isaías 44.6 Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus.
Isaías 44.7 Quem há como eu? Que o proclame e o exponha perante mim! Quem tem anunciado desde os tempos antigos as coisas vindouras? Que nos anuncie as que ainda hão de vir.
Isaías 44.8 Não vos assombreis, nem temais; porventura não vo-lo declarei há muito tempo, e não vo-lo anunciei? Vós sois as minhas testemunhas! Acaso há outro Deus além de mim? Não, não há Rocha; não conheço nenhuma.
Isaías 44.9 Todos os artífices de imagens esculpidas são nada; e as suas coisas mais desejáveis são de nenhum préstimo; e suas próprias testemunhas nada veem nem entendem, para que eles sejam confundidos.
Isaías 44.10 Quem forma um deus, e funde uma imagem de escultura, que é de nenhum préstimo?
Isaías 44.11 Eis que todos os seus seguidores ficarão confundidos; e os artífices são apenas homens; ajuntem-se todos, e se apresentem; assombrar-se-ão, e serão juntamente confundidos.
Isaías 44.12 O ferreiro faz o machado, e trabalha nas brasas, e o forja com martelos, e o forja com o seu forte braço; ademais ele tem fome, e a sua força falta; não bebe água, e desfalece.
Isaías 44.13 O carpinteiro estende a régua sobre um pau, e com lápis esboça um deus; dá-lhe forma com o cepilho; torna a esboçá-lo com o compasso; finalmente dá-lhe forma à semelhança dum homem, segundo a beleza dum homem, para habitar numa casa.
Isaías 44.14 Um homem corta para si cedros, ou toma um cipreste, ou um carvalho; assim escolhe dentre as árvores do bosque; planta uma faia, e a chuva a faz crescer.
Isaías 44.15 Então ela serve ao homem para queimar: da madeira toma uma parte e com isso se aquenta; acende um fogo e assa o pão; também faz um deus e se prostra diante dele; fabrica uma imagem de escultura, e se ajoelha diante dela.
Isaías 44.16 Ele queima a metade no fogo, e com isso prepara a carne para comer; faz um assado, e dele se farta; também se aquenta, e diz: Ah! já me aquentei, já vi o fogo.
Isaías 44.17 Então do resto faz para si um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se diante dela, prostra-se, e lhe dirige a sua súplica dizendo: Livra-me porquanto tu és o meu deus.
Isaías 44.18 Nada sabem, nem entendem; porque se lhe untaram os olhos, para que não vejam, e o coração, para que não entendam.
Isaías 44.19 E nenhum deles reflete; e não têm conhecimento nem entendimento para dizer: Metade queimei no fogo, e assei pão sobre as suas brasas; fiz um assado e dele comi; e faria eu do resto uma abominação? ajoelhar-me-ei ao que saiu duma árvore?
Isaías 44.20 Apascenta-se de cinza. O seu coração enganado o desviou, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Porventura não há uma mentira na minha mão direita?
Isaías 44.21 Lembra-te destas coisas, ó Jacó, sim, tu ó Israel; porque tu és meu servo! Eu te formei, meu servo és tu; ó Israel não te esquecerei de ti.
Isaías 44.22 Apagai as tuas transgressões como a névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi.
Isaías 44.23 Cantai alegres, vós, ó céus, porque o Senhor fez isso; exultai vós, as partes mais baixas da terra; vós, montes, retumbai com júbilo; também vós, bosques, e todas as árvores em vós; porque o Senhor remiu a Jacó, e se glorificará em Israel.
Isaías 44.24 Assim diz o Senhor, teu Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus, e espraiei a terra (quem estava comigo?);
Isaías 44.25 que desfaço os sinais dos profetas falsos, e torno loucos os adivinhos, que faço voltar para trás os sábios, e converto em loucura a sua ciência;
Isaías 44.26 sou eu que confirmo a palavra do meu servo, e cumpro o conselho dos meus mensageiros; que digo de Jerusalém: Ela será habitada; e das cidades de Judá: Elas serão edificadas, e eu levantarei as suas ruínas;
Isaías 44.27 que digo ao abismo: Seca-te, eu secarei os teus rios;
Isaías 44.28 que digo de Ciro: Ele é meu pastor, e cumprira tudo o que me apraz; de modo que ele também diga de Jerusalém: Ela será edificada, e o fundamento do templo será lançado.








Isaías 45


Em Isaías 44.28 o rei dos medos, Ciro, foi chamado de pastor  do Senhor, e no início do 45º capítulo ele é nomeado de ungido, porque no original hebraico a palavra usada é messias.
Ele sequer havia nascido quando Isaías profetizou cerca de 737 a.C., convocando-o por nome, para a tarefa que Ciro realizaria em 537 a.C., portanto, cerca de 200 anos depois desta profecia.
Ele é chamado de messias porque teria a missão de libertar o povo de Israel do cativeiro em Babilônia, e faria isto em relação aos judeus como um pastor faz em relação ao seu rebanho, porque teria que lhes construir casas no seu retorno a Jerusalém, e restaurar a religião deles, pela reconstrução do templo e ativação dos serviços que deveriam ser realizados nele.
Assim, ele serviu de tipo de Cristo, para o trabalho que lhe foi designado pelo Pai para ser o Pastor e o Ungido do verdadeiro Israel, que é composto por todos os seus santos.
Ciro é também designado como um tipo do Messias porque ele livraria e reconduziria Israel a seu lugar, depois de ter subjugado os reis da terra, especialmente Belsazar, neto de Nabucodonozor, que se encontrava no trono de Babilônia, no seu terceiro ano de reinado, quando Ciro lhe subjugou.
De igual modo Cristo dará o reino ao Pai depois de ter subjugado os reis e poderosos da terra em Sua segunda vinda.
A missão de Ciro declarada no primeiro verso era a de abater as nações dominadoras e abrir as portas aos cativos da Assíria e de Babilônia, decretando o retorno deles para as suas respectivas nações.
É dito que o Senhor o tomaria pela mão direita para fazer este trabalho e para abrir portas que não mais se fechariam.
Isto serviria de tipo para o trabalho de Cristo de tirar os cativos da prisão, para onde não mais retornariam, porque faria uma obra de salvação e de livramento perfeitos, de forma que não poderiam mais retornar ao cativeiro do pecado.
É importante destacar que Ciro serviu também de tipo para o Messias, e por isso é chamado aqui de messias, porque os judeus seriam libertados por ele, mas permaneceriam debaixo da sua autoridade, assim como todas as demais nações subjugadas.
De igual modo os cristãos são livrados por Cristo para estarem debaixo da Sua autoridade, onde encontram segurança e paz contra todos os seus inimigos, para poderem adorar livremente o seu Deus.
No verso 2 o Senhor diz que iria adiante de Ciro para tornar planos os lugares escabrosos e quebrar as portas de bronze, e despedaçar os ferrolhos de ferro.
De igual modo, tudo que Jesus fez em Seu ministério terreno foi debaixo da unção e poder do Espírito Santo, e sempre disse que era o Pai que fazia as obras por meio dEle, e que tudo que fazia, era somente aquilo que era da vontade do Pai.
O modo de trabalhar para Deus tem em Cristo o seu exemplo máximo e perfeito, para seguirmos os Seus passos, quando chamados para sermos seus servos e ministros.
Ele deve fazer o Seu trabalho através de nós, e não devemos ser nós que faremos o nosso trabalho para Ele, porque é um trabalho que somente Ele pode fazer, que é de tornar planos lugares escabrosos (corações), e quebrar portas de bronze e despedaçar ferrolhos de ferro (as fortes cadeias do pecado e do diabo).
No verso 3 é dito que Deus daria a Ciro os tesouros das trevas e as riquezas encobertas, para que soubesse que Ele é o Senhor, o Deus de Israel que o chamava pelo nome de Ciro.
Deus falou o nome de alguém antes de ter nascido, assim como fizera em relação ao rei Josias e a tantos outros que são mencionados na Bíblia, revelando com isso o seu grande poder.
No caso de Ciro lhe daria as riquezas das nações dominadoras que foram obtidas por meios tenebrosos, pela pilhagem, roubo e despojo.
Deus o conduziria a retomar a posse destas riquezas para que Ciro se tornasse poderoso sobre a terra para realizar o trabalho que Deus lhe designara para ser feito, por amor de Israel, porque o Seu maior objetivo era libertar o Seu povo.
Nosso Senhor Jesus Cristo virá com grande glória e poder para subjugar as nações por amor dos santos, e para lhes dar a posse da terra como herança eterna.
O Messias é Deus e conhecido por Deus. Na verdade somente Deus pode conhecer perfeitamente a Deus, porque é infinito. Por isso Jesus diz que ninguém conhece o Pai senão o Filho.
No entanto, de Ciro, Deus declara nos versos 4 e 5, que ainda que o chamasse por nome, ele não O conhecia, porque de fato, apesar de tudo o que faria para Deus, Ciro era um rei ímpio, por cujo relato da história podemos inferir que não se converteu ao Senhor.
Por isso a profecia afirma que o que seria feito por meio de Ciro não seria por amor a ele, mas de Jacó e de Israel, servo e escolhido de Deus.
A obra do Messias através da Igreja dá testemunho que não há outro Deus verdadeiro além do Deus da Bíblia, que realizou todas estas coisas, e que as anunciou, muito antes que elas acontecessem.
Ao dizer que forma a luz e cria as trevas, e faz a paz e cria o mal, no verso 7, Deus não está afirmando que é o autor do pecado. As trevas e o mal aqui referidos são relativos aos seus juízos sobre a terra, assim como o de estar usando Ciro para subjugar as nações.
Ao profeta estavam sendo reveladas as profundidades da riqueza do conhecimento e da sabedoria de Deus quanto ao modo como planejou a criação de todas as coisas, e o modo como agiria em relação à coroa da sua criação, a saber, o homem.
Haveria salvação e justiça na terra para os homens, as quais proviriam das alturas celestiais (v. 8), que cairiam sobre a terra como a chuva, com o derramar da graça e do Espírito Santo.
Mas, nem todos seriam alcançados e beneficiados pela luz e paz divinas citadas no verso 7; porque muitos resistem vir para a luz de Jesus.
O Senhor é o Criador de tudo que tem existência, e se porventura muitos têm escolhido antes o mal do que o bem, tanto entre os homens quanto os anjos, não é porque Deus os inspirou a isto, mas sabia em Sua onisciência que isto ocorreria ao ter criado os seres morais, lhes dando a liberdade de escolherem o bem ou o mal, a bênção ou a maldição.
Os que escolhem o mal são amaldiçoados. Mas os que escolhem o bem são  abençoados. E não há verdadeiro e duradouro bem fora de Deus, e da nossa união com Ele.
Então, ninguém tem o direito de contender com o Criador, ou seja, de reclamar pela condição em que for encontrado, quando estiver debaixo do seu juízo contra o pecado, porque como Criador tem o direito de fazer o que quiser com o que Lhe pertence.
Nos versos 13 até o 25 é proferida a obra de justificação feita por Deus por meio do Messias.
Esta justificação seria pela graça, e não por nenhuma obra ou dom dos próprios homens que eles oferecessem a Deus (v. 13).
Seria reconhecido inclusive pelos grandes da terra que o Deus invisível é somente com Jesus e com a Sua Igreja, e que é um Deus Salvador (v. 14, 15).
Os idólatras ficariam confundidos e cairiam juntos em ignomínia com os fabricantes de ídolos, mas o verdadeiro Israel de Deus, seus eleitos, seriam salvos pelo Senhor com uma salvação ETERNA, de maneira que jamais seriam confundidos e envergonhados, por toda a eternidade.
Eles saberiam que somente o Senhor é Deus e não haveria nenhuma confusão, nenhuma dúvida neles quanto à existência e pessoa do único Deus verdadeiro.
E sendo justificados por Ele, não teriam mais vergonha por causa do pecado, porque seriam perdoados e o pecado seria destruído em Suas vidas por este Deus poderoso e gracioso (v. 16, 17).
Deus salvará o Seu povo porque não criou a terra para o caos, mas para ser habitada em justiça. De modo que os santos terão a posse eterna da terra (v. 18).
Deus não pode ser achado no caos, e por isso não será encontrado em lugares tenebrosos, envolvido pelas trevas, pois é luz que as dissipa; mas fala em justiça e proclama o que é reto, porque é perfeitamente justo e santo (v. 19).
Ele será achado, portanto, pelos que indagam pela causa da justiça divina, e pela verdade da Sua Palavra, e nunca nas trevas da ignorância da falsa sabedoria terrena, nas coisas que são afirmadas acerca da divindade.
Os que escaparam da opressão das nações são convocados a se congregarem e a se achegarem juntos a Deus, e que indagassem mutuamente se desde a antiguidade alguém havia anunciado estas coisas antes que elas acontecessem, assim como Ele o fizera (v. 20).
A única conclusão lógica a que podemos chegar depois de examinar as Escrituras comparando com a história da Igreja, é a de que realmente não há outro Senhor e nenhum Deus justo e Salvador além do Pai, do Filho e do Espírito Santo (v. 21).
O modo de se obter esta salvação eterna, prometida por Deus desde a antiguidade, é citado no verso 22:
“22 Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.”.
É simplesmente olhando para Jesus com os olhos da fé que somos salvos, porque, como o Senhor declarou antes nesta profecia de Isaías, a salvação seria inteiramente pela graça.
Deus jurou que salvaria conforme a palavra da justiça que saiu da sua boca, e com a qual somos justificados, conforme vimos, somente pela graça, mediante a fé, e por isso afirmou que diante dEle todo joelho se dobraria e toda língua confessaria que somente nEle há justiça e força (v. 21 a 24).
Todos os que se opusessem a Ele seriam envergonhados (v. 24 b).
Mas daqueles que O amam é dito no verso 25:
“Mas no Senhor será justificada e se gloriará toda a descendência de Israel.”
Mais uma vez é afirmado que a salvação será por meio da justificação, e que todo o verdadeiro Israel de Deus, a saber, seus eleitos, todos seriam justificados e se gloriariam no Senhor, sem faltar um único deles.

“1 Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão;
2 eu irei adiante de ti, e tornarei planos os lugares escabrosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro.
3 Dar-te-ei os tesouros das trevas, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome.
4 Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças.
5 Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cinjo, ainda que tu não me conheças.
6 Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro.
7 Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas.
8 Destilai vós, céus, dessas alturas a justiça, e chovam-na as nuvens; abra-se a terra, e produza a salvação e ao mesmo tempo faça nascer a justiça; eu, o Senhor, as criei:
9 Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou dirá a tua obra: Não tens mãos?
10 Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? e à mulher: Que dás tu à luz?
11 Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos.
12 Eu é que fiz a terra, e nela criei o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todo o seu exército dei as minhas ordens.
13 Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e libertará os meus cativos, não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos exércitos.
14 Assim diz o Senhor: A riqueza do Egito, e as mercadorias da Etiópia, e os sabeus, homens de alta estatura, passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti; em grilhões virão; e, prostrando-se diante de ti, far-te-ão as suas súplicas, dizendo: Deus está contigo somente; e não há nenhum outro Deus.
15 Verdadeiramente tu és um Deus que te ocultas, ó Deus de Israel, o Salvador.
16 Envergonhar-se-ão, e também se confundirão todos; cairão juntos em ignomínia os que fabricam ídolos.
17 Mas Israel será salvo pelo Senhor, com uma salvação eterna; pelo que não sereis jamais envergonhados nem confundidos em toda a eternidade.
18 Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro.
19 Não falei em segredo, nalgum lugar tenebroso da terra; não disse à descendência de Jacó: Buscai-me no caos; eu, o Senhor, falo a justiça, e proclamo o que é reto.
20 Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.
21 Anunciai e apresentai as razões: tomai conselho todos juntos. Quem mostrou isso desde a antiguidade? quem de há muito o anunciou? Porventura não sou eu, o Senhor? Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim.
22 Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.
23 Por mim mesmo jurei; já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua.
24 De mim se dirá: Tão somente no senhor há justiça e força. A ele virão, envergonhados, todos os que se irritarem contra ele.
25 Mas no Senhor será justificada e se gloriará toda a descendência de Israel.”







Isaías 46


Deus nos Carrega no Colo

Como no capítulo precedente, Deus continua falando neste 46º capítulo de Isaías, acerca da salvação eterna que estava oferecendo pela graça a Israel, conforme vemos especialmente no seu último verso:
“Faço chegar a minha justiça; e ela não está longe, e a minha salvação não tardará; mas estabelecerei a salvação em Sião, e em Israel a minha glória.” (v. 13).
E o convite à salvação é feito aos que são duros de coração e que estão longe da justiça (v.12).
Não é para justos e sadios na fé.
Mas para pecadores, que é a condição de todo homem perante Deus.
Quanto a esta salvação pela graça, que é mediante a justiça de Cristo que nos é atribuída na justificação, Deus disse que a levaria completamente a termo, porque Judá sairia do cativeiro em Babilônia, sendo livrados por Ciro, ao qual Ele chama neste capítulo de ave de rapina (v. 11), que vem do Oriente (Média), e assim o Seu conselho eterno subsistiria e seria feita toda a Sua vontade divina (v. 10), porque esta salvação foi planejada desde antes da fundação do mundo.
Por causa do que seria feito por Ciro é dito que Bel (Babilônia) seria encurvada e os seus ídolos seriam colocados sobre animais de carga, para serem levados para fora de Babilônia, e seriam um peso para estes animais assim como eram para os babilônios, e não somente não puderam lhes livrar, como também os conduziram àquela ruína.
Então, assim como os animais se encurvariam com o peso daqueles ídolos que estariam carregando, de igual modo Babilônia seria encurvada. E os seus próprios deuses (ídolos) iriam para o cativeiro (v. 1, 2).
Mas, quanto a Israel, em vez de ser uma carga para eles, Deus lhes vinha carregando no seu colo, desde que lhes havia formado no ventre, e até a sua velhice continuaria sendo o mesmo para eles, porque os levaria, carregaria e livraria, porque era um pai para o Seu povo (v. 3, 4).
A quem então poderia se comparar a Deus? Com os ídolos? Com estes que são uma carga para os homens, em vez de carrregá-los, para acharem alívio e paz?
Que não podem responder e livrar alguém da sua tribulação? (v. 7)
Os transgressores de Israel foram, portanto, convocados por Deus a considerarem esta verdade e trazê-la sempre à memória (v. 8).
A recordarem sempre as coisas passadas desde a antiguidade, trazendo à memória os grandes feitos do Senhor em relação a Israel, e certamente isto se referia ao que fizera com eles desde os patriarcas até os seus dias; para que reconhecessem que não há outro Deus, senão somente Ele, e que não há ninguém que possa ser comparado com Ele (v. 9).
Isaías 46.1 Bel se encurva, Nebo se abaixa; os seus ídolos são postos sobre os animais, sobre as bestas; essas cargas que costumáveis levar são pesadas para as bestas já cansadas.
Isaías 46.2 Eles juntamente se abaixam e se encurvam; não podem salvar a carga, mas eles mesmos vão para o cativeiro.
Isaías 46.3 Ouvi-me, ó casa de Jacó, e todo o resto da casa de Israel, vós que por mim tendes sido carregados desde o ventre, que tendes sido levados desde a madre.
Isaías 46.4 Até a vossa velhice eu sou o mesmo, e ainda até as cãs eu vos carregarei; eu vos criei, e vos levarei; sim, eu vos carregarei e vos livrarei.
Isaías 46.5 A quem me assemelhareis, e com quem me igualareis e me comparareis, para que sejamos semelhantes?
Isaías 46.6 Os que prodigalizam o ouro da bolsa, e pesam a prata nas balanças, assalariam o ourives, e ele faz um deus; e diante dele se prostram e adora,
Isaías 46.7 Eles o tomam sobre os ombros, o levam, e o colocam no seu lugar, e ali permanece; do seu lugar não se pode mover; e, se recorrem a ele, resposta nenhuma dá, nem livra alguém da sua tribulação.
Isaías 46.8 Lembrai-vos, disto, e considerai; trazei-o à memória, ó transgressores.
Isaías 46.9 Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim;
Isaías 46.10 que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade;
Isaías 46.11 chamando do oriente uma ave de rapina, e dum país remoto o homem do meu conselho; sim, eu o disse, e eu o cumprirei; formei esse propósito, e também o executarei.
Isaías 46.12 Ouvi-me, ó duros de coração, os que estais longe da justiça.
Isaías 46.13 Faço chegar a minha justiça; e ela não está longe, e a minha salvação não tardará; mas estabelecerei a salvação em Sião, e em Israel a minha glória.





Isaías 47


A soberba e a crueldade de Babilônia são condenadas por Deus neste capítulo.
Os inimigos de Israel seriam abatidos depois de  cumprido o tempo que foi determinado e permitido por Ele para que assolassem o Seu povo.
De igual modo, Cristo por fim se levantará no tempo do fim contra os inimigos e opressores da Igreja, para lhes dar a devida retribuição pelas suas más obras.
Pelo seu muito poder e grandes feitiçarias, especialmente pelas adivinhações de seus magos e astrólogos, Babilônia pensava que permaneceria absoluta para sempre, como reino dominante sobre toda a terra, e que nunca ficaria viúva e privada de nenhum de seus filhos, mas o Senhor mandou lhe dizer que ambas as coisas viriam sobre ela num momento, no mesmo dia, tanto a perda de filhos quanto a viuvez (v.9), porque Ciro entraria na cidade repentinamente enquanto o rei Belsazar banqueteava com grande luxúria com os seus príncipes, usando os utensílios sagrados que haviam saqueado do templo de Deus em Jerusalém.
Foi para este rei que o profeta Daniel decifrou o que Deus escreveu sobrenaturalmente na parede indicando a sua destruição.
Eles haviam desprezado os judeus que se encontravam cativos em Babilônia, não usando de misericórdia para com eles, e até mesmo sobre os velhos haviam feito muito pesado o seu jugo (v. 6).
Pelo que o Senhor lhes daria a devida retribuição.
É importante dizer que isto tudo foi profetizado por Isaías muito antes de os próprios judeus serem levados para o cativeiro em Babilônia, o que ocorreria somente a partir de 605 a.C., sendo a maior leva de cativos sido efetuada em 587 a.C., e sabemos que Isaías profetizou em torno de 700 a. C.
Deus demonstra portanto que sabe todas as coisas futuras como se fossem presentes.
Eles excederiam na medida do juízo que Deus lhes havia ordenado, conforme revelou ao profeta, e erraram tanto quanto o rei Jeú e outros reis de Israel haviam feito no passado, em relação aos juízos sobre os maus reis que lhes haviam sucedido no trono.
Por isso devemos usar de toda longanimidade e doutrina quando corrigimos nossos filhos, ou as ovelhas do rebanho de Cristo, sendo cautelosos para não excedermos na medida da correção, de forma que nós mesmos, que temos o dever de corrigir, não fiquemos também sujeitos aos mesmos juízos de Deus.
Ferir o injusto de forma desmedida nos torna tanto ou mais injustos do que ele; e o Senhor o verá e o retribuirá.
É preciso vigiar também em relação à soberba do coração, Por causa da muita abundância de bens, tal como sucedeu com Babilônia, porque isto produz uma falsa segurança, que cega, e que impede que o coração faça uma justa avaliação de que há muita instabilidade na falsa segurança que é proporcionada pelas riquezas, porque ainda que andemos na justiça, o dia da calamidade poderá vir bater à nossa porta, mesmo que não seja em razão de algum juízo de Deus contra nós, tal como foi o caso de Babilônia, mas em razão de ser este mundo um lugar de aflições e tribulações.
Há na própria Igreja muitos que estão cegos quanto a isto, pensando que a bênção de Deus para suas vidas consiste na quantidade de bens que eles possuem.
No verso 7, o Senhor afirma que Babilônia não havia considerado em seu coração estas coisas, e nem se lembraram do fim delas, e por isso permaneceram cegos quanto ao fato de que toda impiedade será visitada, e que as riquezas não podem livrar no dia da calamidade.

“1 Desce, e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão sem trono, ó filha dos caldeus, porque nunca mais serás chamada a mimosa nem a delicada.
2 Toma a mó, e mói a farinha; remove o teu véu, suspende a cauda da tua vestidura, descobre as pernas e passa os rios.
3 A tua nudez será descoberta, e ver-se-á o teu opróbrio; tomarei vingança, e não pouparei a homem algum.
4 Quanto ao nosso Redentor, o Senhor dos exércitos é o seu nome, o Santo de Israel.
5 Assenta-te calada, e entra nas trevas, ó filha dos caldeus; porque não serás chamada mais a senhora de reinos.
6 Muito me agastei contra o meu povo, profanei a minha herança, e os entreguei na tua mão; não usaste de misericórdia para com eles, e até sobre os velhos fizeste muito pesado o teu jugo.
7 E disseste: Eu serei senhora para sempre; de sorte que até agora não tomaste a sério estas coisas, nem te lembraste do fim delas.
8 Agora pois ouve isto, tu que és dada a prazeres, que habitas descuidada, que dizes no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos.
9 Mas ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; em toda a sua plenitude virão sobre ti, apesar da multidão das tuas feitiçarias, e da grande abundância dos teus encantamentos.
10 Porque confiaste na tua maldade e disseste: Ninguém me vê; a tua sabedoria e o teu conhecimento, essas coisas te perverteram; e disseste no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra.
11 Pelo que sobre ti virá o mal de que por encantamentos não saberás livrar-te; e tal destruição cairá sobre ti, que não a poderás afastar; e virá sobre ti de repente tão tempestuosa desolação, que não a poderás conhecer.
12 Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias em que te hás fatigado desde a tua mocidade, a ver se podes tirar proveito, ou se porventura podes inspirar terror.
13 Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois agora e te salvem os astrólogos, que contemplam os astros, e os que nas luas novas prognosticam o que há de vir sobre ti.
14 Eis que são como restolho; o logo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas; pois não é um braseiro com que se aquentar, nem fogo para se sentar junto dele.
15 Assim serão para contigo aqueles com quem te hás fatigado, os que tiveram negócios contigo desde a tua mocidade; andarão vagueando, cada um pelo seu caminho; não haverá quem te salve.”









Isaías 48


Deus estava predizendo todas estas coisas com bastante antecedência para que quando chegasse o dia da libertação com Ciro, os judeus se animassem a retornarem a Judá.
Daí o Seu comando que lemos no verso 20:
“Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus. E anunciai com voz de júbilo, fazei ouvir isto, e levai-o até o fim da terra; dizei: O Senhor remiu a seu servo Jacó;”.
Eles deveriam lembrar que não há paz para os que são ímpios, porque o Senhor não dará paz senão somente aos justos (v. 22). Então deveriam se converter a Ele e retornar a Judá quando o libertador viesse.
De igual modo, nesta dispensação da graça, os homens devem deixar a impiedade e se voltarem para Deus, porque o libertador deles, Cristo, já se manifestou.
A mesma razão que se aplicava a Israel em seus dias, também se aplica a nós, na forma como é apresentada nos versos 16 e 17:
“16 Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e agora o Senhor Deus me enviou juntamente com o seu Espírito.
17 Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar.”
Nesta profecia o Senhor tanto prometeu castigar Babilônia, como também repreendeu Israel pelo seu endurecimento e rebelião contra a Sua vontade, e declarou o motivo porque havia poupado Israel e ainda o pouparia, como podemos ler nos versos 9 a 11.
Primeiro, por causa do amor pelo Seu grande nome, que deve ser santificado, e por isso retardou a Sua ira, senão Israel teria sido exterminado (v. 9).
Não é pelo mesmo motivo que Ele poupa os crentes da Igreja de Cristo, dos quais disse que teriam a sua libertação e eles próprios comprados sem preço? Isto porque Cristo pagou o preço total por nós e não deixou nada para que pagássemos, porque na verdade nada tínhamos para pagar a nossa dívida de pecados.
Jesus nos comprou para o Pai com o Seu sangue. Somente Ele poderia pagar o preço exigido para tão grande salvação.
Em segundo lugar, Israel não foi exterminado quando foi levado para o cativeiro, porque o propósito do Senhor não era o de destruí-lo, mas corrigi-lo, purificá-lo na fornalha da aflição (v. 10).
Deus usa o mesmo procedimento com os crentes da Igreja. Esta verdade que se aplicou a Israel no passado também se aplica à Igreja no presente. Ela está sendo purificada pelo fogo da provação, porque é pela tribulação que se aprende a perseverança, a experiência e a esperança.
Por fim, Deus declarou no verso 11 que não destruiu Israel por amor dEle próprio, porque não permitiria que o Seu nome fosse profanado e nem que a Sua glória fosse dada a outrem.
Não é por nenhum mérito ou bem pessoal que haja em nós que o Senhor nos poupa, mas por causa  da nossa fé na justiça de Cristo, pela qual Lhe fomos tornados aceitáveis.
Israel não teria em que se gloriar senão somente no Senhor, quando fossem libertados. Porque não seria pelo seu próprio poder que eles poderiam se libertar, porque foi necessário que se lhes provesse um libertador, Ciro, e de igual modo, nenhum crente tem que se gloriar em si mesmo e nos feitos pela libertação que lhe trouxe paz com Deus, senão somente nAquele que foi dado como libertador a eles, a saber, Cristo.
Se fosse deixado a nós mesmos provermos a nossa libertação, ficaríamos perdidos para sempre, porque há necessidade que o Pai seja revelado a nós pelo Filho. Precisamos do trabalho de convencimento do nosso pecado pelo Espírito Santo. Necessitamos ser quebrados no nosso endurecimento natural, e da remoção do pecado, que nos assedia tão de perto, habitando em nossa própria natureza.
Assim, as palavras dirigidas aos judeus nos dias de Isaías se aplicam a todos nós, para que lhes dando crédito, nos arrependamos e nos tornemos para Deus, para que o nosso coração de pedra seja trocado pelo coração de carne, que somente Ele pode nos dar.
“Porque eu sabia que és obstinado, que a tua cerviz é um nervo de ferro, e a tua testa de bronze.” (v. 4).
 Ninguém é salvo, portanto, porque era alguém melhor do que os judeus, que se converteriam ao Senhor, quando saíssem de Babilônia, dos quais o Senhor declara que a cerviz deles era um nervo de ferro, e a testa de bronze.
Nenhum de nós merecia a graça pela qual somos salvos.
Em nenhum de nós habitava algum bem ou justiça que nos tornasse agradáveis a Deus.
Deste modo, somos salvos por pura graça e misericórdia, quando Ele realiza o trabalho de salvação em  nossas vidas.
Tudo é realizado pelo Espírito Santo no que se refere ao nosso novo nascimento e santificação.  Jesus ensinou isto claramente, especialmente quando esteve com Nicodemos.
O próprio Isaías afirma na segunda parte do verso 16, que havia sido enviado junto com o Espírito Santo. Ou seja, não foi Ele quem produziu as profecias do seu livro, mas o Espírito Santo, que estava com ele.

O mesmo se dá com a Igreja de Cristo, porque todo aquele que for enviado por Deus, para alguma obra, terá o Espírito Santo com ele, para que não o próprio enviado, mas o Espírito faça a obra de Deus por nós.

“1 Ouvi isto, casa de Jacó, que vos chamais do nome de Israel, e saístes dos lombos de Judá, que jurais pelo nome do Senhor, e fazeis menção do Deus de Israel, mas não em verdade nem em justiça.
2 E até da santa cidade tomam o nome, e se firmam sobre o Deus de Israel; o Senhor dos exércitos é o seu nome.
3 Desde a antiguidade anunciei as coisas que haviam de ser; da minha boca é que saíram, e eu as fiz ouvir; de repente as pus por obra, e elas aconteceram.
4 Porque eu sabia que és obstinado, que a tua cerviz é um nervo de ferro, e a tua testa de bronze.
5 Há muito tas anunciei, e as manifestei antes que acontecessem, para que não dissesses: O meu ídolo fez estas coisas, ou a minha imagem de escultura, ou a minha imagem de fundição as ordenou.
6 Já o tens ouvido; olha bem para tudo isto; porventura não o anunciarás? Desde agora te mostro coisas novas e ocultas, que não sabias.
7 São criadas agora, e não de há muito, e antes deste dia não as ouviste, para que não digas: Eis que já eu as sabia.
8 Tu nem as ouviste, nem as conheceste, nem tampouco há muito foi aberto o teu ouvido; porque eu sabia que procedeste muito perfidamente, e que eras chamado transgressor desde o ventre.
9 Por amor do meu nome retardo a minha ira, e por causa do meu louvor me contenho para contigo, para que eu não te extermine.
10 Eis que te purifiquei, mas não como a prata; provei-te na fornalha da aflição,
11 Por amor de mim, por amor de mim o faço; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória não a darei a outrem,
12 Escuta-me, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, eu o primeiro, eu também o último.
13 Também a minha mão fundou a terra, e a minha destra estendeu os céus; quando eu os chamo, eles aparecem juntos.
14 Ajuntai-vos todos vós, e ouvi: Quem, dentre eles, tem anunciado estas coisas? Aquele a quem o Senhor amou executará a sua vontade contra Babilônia, e o seu braço será contra os caldeus.
15 Eu, eu o tenho dito; também já o chamei; eu o trouxe, e o seu caminho será próspero.
16 Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e agora o Senhor Deus me enviou juntamente com o seu Espírito.
17 Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar.
18 Ah! se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar;
19 também a tua descendência teria sido como a areia, e os que procedem das tuas entranhas como os seus grãos; o seu nome nunca seria cortado nem destruído de diante de mim.
20 Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus. E anunciai com voz de júbilo, fazei ouvir isto, e levai-o até o fim da terra; dizei: O Senhor remiu a seu servo Jacó;
21 e não tinham sede, quando os levava pelos desertos; fez-lhes correr água da rocha; fendeu a rocha, e as águas jorraram.
22 Não há paz para os ímpios, diz o Senhor.”















Isaías 49


Grandiosas Promessas Sobre o Messias

Em todo o capítulo 49 de Isaías, o próprio Messias fala através do profeta, dirigindo-se às ilhas e aos povos de longe, ou seja, aos gentios (v. 1).
Ele faz menção ao seu nascimento de uma mulher, e que se faria menção ao Seu nome desde que estivesse nas entranhas de sua mãe. Quando foi concebido pelo poder do Espírito no ventre de Maria foi feito menção ao nome que deveria lhe ser dado, pelo arcanjo Gabriel a Maria, e também o mesmo Gabriel falou com José.
Muitos falaram do Salvador que havia sido dado a Israel naquela família pobre de Nazaré. Lembremos da visita que Maria fez a Isabel quando ainda grávida, e da glorificação do nome de Jesus naquela ocasião.
Deus o Pai não somente providenciou para que Deus Filho recebesse um corpo como o nosso, mas sem pecado, no ventre de Maria, como também fez da Sua boca qual espada afiada, e o guardou na Sua mão qual uma flecha polida, para que penetrasse os coração que estavam endurecidos pelo pecado, com a Sua Palavra e poder (v. 2).
O Pai o chamou de servo, de Israel, por meio de quem seria glorificado. O Filho glorificou o Pai, e ouviu a voz do Pai desde o céu quando estava na terra dizendo que lhe havia glorificado e que ainda o glorificaria (v. 3).
Mas pelas muitas oposições e resistências que teria em Seu ministério terreno, como que suspirando por causa disto, o Senhor declarou que tinha trabalhado em vão, gastando as Suas forças, mas estava convicto de que o Seu galardão estava perante o Pai.
Ele faria então a obra que Lhe foi designada a fazer, não para agradar a homens, senão ao Pai, e para a Sua exclusiva glória (v. 4).
Jesus declara qual foi o propósito da Sua encarnação: trazer de volta Jacó para o Pai, reunir Israel a Ele. Ele faria este trabalho na força do Pai, e o Pai o glorificaria pelo Seu trabalho (v. 5).
Mas somente trazer Jacó de volta e reunir Israel era pouco para o Seu serviço, de modo que o Pai lhe deu também para ser luz para as nações e para ser a Sua salvação até a extremidade da terra (v. 6). Ou seja, Ele não viria apenas para a salvação de Israel, mas também em todas as nações dos povos gentios.
O Pai disse do Filho que Ele seria desprezado pelos homens, e um aborrecimento para as nações e que seria servo dos tiranos (v. 7).
A profecia teve total cumprimento porque Jesus realmente foi rejeitado e desprezado, e despertou muito ódio contra Si, porque condenou as obras das trevas e disse somente a verdade.
Além disso, enquanto na carne, se sujeitou aos governantes tiranos como Herodes e o rei de Roma, lhes pagando tributo, e se sujeitando, especialmente na sua condenação injusta às autoridades de Israel e a Pôncio Pilatos.
Foi neste sentido que foi servo dos tiranos, portanto, e não fazendo a vontade dos tiranos, para o agrado deles.
Mas no mesmo verso 7 se afirma que reis e príncipes o adorariam, e isto sucedeu desde o seu nascimento com a visita dos magos, e com a conversão de muitos poderosos da terra, que ainda se converteriam a Ele depois que concluísse a Sua obra na terra e subisse ao céu, para ser glorificado e derramar o Espírito Santo.
O Pai também disse acerca do Filho, que lhe ouviria no tempo aceitável, que é o da dispensação da graça, porque Jesus está à Sua direita como nosso Advogado e Sumo Sacerdote, intercedendo por nós, e o Pai tem ouvido as Suas petições em favor do Seu povo.
Isto porque o Pai Lhe ajudou e Lhe guardou para cumprir o Seu ministério como homem na terra, pois Ele próprio fora dado para ser o Mediador da Nova Aliança que seria feita no Seu sangue.
De forma que, principalmente, as herdades assoladas da terra pelo Anticristo, possam ser restauradas por Ele para serem dadas como herança ao povo de Deus (v. 8).
Ele libertaria os presos e traria para a luz todos os que estavam nas trevas da ignorância de Deus e da Sua vontade.  E os apascentaria em pastos verdejantes (v. 9).
Estes que fossem salvos por Ele nunca mais teriam sede, assim como Jesus havia dito à mulher Samaritana, porque lhes daria como bebida a água viva do Espírito.
E nenhuma aflição fria como a tempestade, e nenhuma tribulação ardente como o sol, lhes afligiria, porque se compadeceria deles, e os conduziria mansamente aos mananciais das águas do Espírito.
De fato Jesus governa com mansidão, e diz que os mansos são também bem-aventurados, porque é dEle que aprenderão tal mansidão, que é fruto do Espírito, ou seja, algo que é produzido por Ele, e não por nós (v. 10).
Os montes das adversidades seriam feitos um caminho para os que viessem a Cristo, de todas as partes da terra, porque a fé cresce na adversidade, de forma que se anda melhor no caminho de Deus quando a fé é aperfeiçoada pelos montes da adversidade, porque sendo vencidos pela fé nEle, nos ensinam que o modo de caminhar neste mundo é por fé e não por vista, e nem pelo nosso próprio poder e capacidade, porque o Senhor tem prometido trabalhar para todo o que nEle espera (v. 11, 12).
Isto seria motivo de louvor nos céus e na terra, porque o Senhor consola o Seu povo e se compadece dos seus aflitos. (v. 13).
Assim, não tem prometido nos livrar dos problemas e tribulações, mas nos livrar em meio a eles.
Mesmo assim, com tão grandiosas promessas, o povo do Senhor ainda tem muita incredulidade e murmuração contra Ele, sem entender o propósito das tribulações, e não consegue portanto, muitas vezes, ver a Sua própria mão divina nelas e por isso diz:
“Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu Senhor se esqueceu de mim.” (v. 14).
Mas qual é a resposta do Messias?
Ela se encontra nos versos 15 a 26 onde além de afirmar que jamais se esquecerá do Seu povo (v. 15,16), e que ampliaria muito a Igreja, mesmo com toda a forte oposição que ela sofreria, e que os opressores da Igreja seriam julgados no tempo próprio, e que todos os que estão marcados para a salvação e que estivessem presos pelo valente (o diabo) seriam libertados, porque o Senhor mesmo contenderia com o valente e o subjugaria (v. 24,25).
Quando estas coisas estivessem ocorrendo todos saberiam quem era este que as estava falando através de Isaías, a saber: O Senhor, o Salvador do Seu povo. O Redentor e o Poderoso de Jacó (v. 26).

Isaías 49.1 Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O Senhor chamou-me desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome
Isaías 49.2 e fez a minha boca qual espada aguda; na sombra da sua mão me escondeu; fez-me qual uma flecha polida, e me encobriu na sua aljava;
Isaías 49.3 e me disse: Tu és meu servo; és Israel, por quem hei de ser glorificado.
Isaías 49.4 Mas eu disse: Debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão perante o meu Deus.
Isaías 49.5 E agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser o seu servo, para tornar a trazer-lhe Jacó, e para reunir Israel a ele (pois aos olhos do Senhor sou glorificado, e o meu Deus se fez a minha força).
Isaías 49.6 Sim, diz ele: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te porei para luz das nações, para seres a minha salvação até a extremidade da terra.
Isaías 49.7 Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel, e o seu Santo, ao que é desprezado dos homens, ao que é aborrecido das nações, ao servo dos tiranos: Os reis o verão e se levantarão, como também os príncipes, e eles te adorarão, por amor do Senhor, que é fiel, e do Santo de Israel, que te escolheu.
Isaías 49.8 Assim diz o Senhor: No tempo aceitável te ouvi, e no dia da salvação te ajudei; e te guardarei, e te darei por pacto do povo, para restaurares a terra, e lhe dares em herança as herdades assoladas;
Isaías 49.9 para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei; eles pastarão nos caminhos, e em todos os altos desnudados haverá o seu pasto.
Isaías 49.10 Nunca terão fome nem sede; não os afligirá nem a calma nem o sol; porque o que se compadece deles os guiará, e os conduzirá mansamente aos mananciais das águas.
Isaías 49.11 Farei de todos os meus montes um caminho; e as minhas estradas serão exaltadas.
Isaías 49.12 Eis que estes virão de longe, e eis que aqueles do Norte e do Ocidente, e aqueles outros da terra de Sinim.
Isaías 49.13 Cantai, ó céus, e exulta, ó terra, e vós, montes, estalai de júbilo, porque o Senhor consolou o seu povo, e se compadeceu dos seus aflitos.
Isaías 49.14 Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu Senhor se esqueceu de mim.
Isaías 49.15 pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti.
Isaías 49.16 Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim.
Isaías 49.17 Os teus filhos pressurosamente virão; mas os teus destruidores e os teus assoladores sairão do meio de ti.
Isaías 49.18 Levanta os teus olhos ao redor, e olha; todos estes que se ajuntam vêm ter contigo. Vivo eu, diz o Senhor, que de todos estes te vestirás, como dum ornamento, e te cingirás deles como a noiva.
Isaías 49.19 Pois quanto aos teus desertos, e lugares desolados, e à tua terra destruída, serás agora estreita demais para os moradores, e os que te devoravam se afastarão para longe de ti.
Isaías 49.20 Os filhos de que foste privada ainda dirão aos teus ouvidos: Muito estreito é para mim este lugar; dá-me espaço em que eu habite.
Isaías 49.21 Então no teu coração dirás: Quem me gerou estes, visto que eu era desfilhada e solitária, exilada e errante? quem, pois, me criou estes? Fui deixada sozinha; estes onde estavam?
Isaías 49.22 Assim diz o Senhor Deus: Eis que levantarei a minha mão para as nações, e ante os povos arvorarei a minha bandeira; então eles trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros.
Isaías 49.23 Reis serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus pés; e saberás que eu sou o Senhor, e que os que por mim esperam não serão confundidos.
Isaías 49.24 Acaso tirar-se-ia a presa ao valente? ou serão libertados os cativos de um tirano?
Isaías 49.25 Mas assim diz o Senhor: Certamente os cativos serão tirados ao valente, e a presa do tirano será libertada; porque eu contenderei com os que contendem contigo, e os teus filhos eu salvarei.
Isaías 49.26 E sustentarei os teus opressores com a sua propria carne, e com o seu proprio sangue se embriagarão, como com mosto; e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.

Isaías 50


Deus Nunca Esquecerá de Seus Filhos

O Messias continua falando através de Isaías no 50º capítulo do seu livro, e agora afirma que não era procedente a reclamação de Israel de que havia sido esquecido por Ele.
Ele não lhes havia dado nenhuma carta de divórcio para que fizessem tal afirmação.
E também não lhes apresentou nenhum documento de débito pelo qual se comprovasse que lhes havia vendido para um outro, em troca de dinheiro.
Se algo lhes havia repudiado ou vendido, havia sido a própria maldade deles, mas não o fato de terem sido abandonados pelo Senhor (v. 1).
Foram eles que Lhe haviam rejeitado e não Ele a eles.
Até hoje ocorre o mesmo.
São os homens que apostatam de Deus e que Lhe viram as costas e não o Senhor a Eles.
São sempre os homens que tomam esta iniciativa, e nunca o Senhor.
Porque seria contraditório para o ministério de quem veio buscar e salvar quem havia se perdido, e para tornar amigos de Deus, aqueles que eram Seus inimigos.
Tão verdadeiro é o argumento que Jesus apresentou para responder a ingratidão de Israel, que Ele o reforçou no verso 2 com outras perguntas na forma de arrazoamento para nos convencer da verdade que somos sempre nós que o deixamos primeiro, quando interrompemos a nossa comunhão com Ele, por causa dos nossos pecados, ou por motivo de não desejarmos confessar nossas faltas e voltarmos para Ele, para obedecermos à Sua vontade.
Mesmo quando o Senhor fala pelo Espírito, diretamente, ou pela boca dos Seus ministros, convocando as pessoas a se reconciliarem com Deus, não raro, o Seu clamor não é atendido.
De quem é então a culpa pelo afastamento? Do Senhor?
Ele continua argumentando no verso 2 que tem prazer em salvar e que Seu braço nunca se recolherá para que não possa remir.
Nunca lhe faltará poder para livrar do mal.
Então a consequência de falta de atendimento à convocação à reconciliação, o resultado é principalmente morte espiritual, que é a condição de espírito resultante da falta de comunhão com Deus, e por isso o Senhor afirma no final do verso 2 e no verso 3 o seguinte:
“Eis que com a minha repreensão faço secar o mar, e torno os rios em deserto; cheiram mal os seus peixes, pois não há água, e morrem de sede: 3 Eu visto os céus de negridão, e lhes ponho pano de saco por sua cobertura.”.
Os que buscam o Senhor Jesus sempre receberão dEle palavras boas para instrução e para edificação e consolação porque não fala por Si mesmo, mas pelo Pai (v. 4); e demonstrou isto fartamente em Seu  ministério terreno.
O Pai Lhe sustentou na angústia, especialmente nos momentos que acompanharam a Sua morte, de modo que não recuou, ao contrário, se ofereceu voluntariamente para ser ferido em suas costas com as chibatadas que recebeu dos soldados romanos, e para que sua barba fosse arrancada e  não se envergonhou e não deixou de contemplar corajosamente os rostos daqueles que lhe cuspiam na face (v. 6).
O Pai lhe amparou naquela hora difícil e por isso não se sentiu confundido, e pôde assim fazer o seu rosto como uma rocha inabalável, porque sabia que não seria envergonhado, antes glorificado e engrandecido pela Sua aflição e morte (v. 7).
Não foram os homens os seu juízes naquela hora, porque a Sua morte foi injusta da parte dos homens, mas justa aos olhos de Deus, não propriamente por ter cometido alguma transgressão, ou por ter algum pecado, mas porque carregou os nossos pecados sobre Si, e era a ofensa dos nossos pecados que estava sendo visitada pelo juízo de Deus naquela hora de terrível angústia e dor, que o Senhor suportou por nós e em nosso lugar.
Foi o Pai que fez com que Ele fosse feito pecado por nós, para que pudéssemos ser feitos justiça para Deus.
Quem quiser contestar esta justiça divina deve se apresentar ao próprio Cristo para que juntos sejam julgados por Deus.
Afinal foi justo o que o Pai fez por nós pelo Filho?
O Filho afirma que Ele foi justificado pelo Pai em tudo o que fez (v. 8).
Quem é então o homem para contender com Deus e para contestar tal obra, se apresentado como adversário de Cristo?
Se é o Pai que justifica o Filho, então aqueles que foram alvo da obra do Filho em Suas vidas, convertendo-se a Ele, são também justificados por Deus.
Assim quem intentará acusação contra eles?
Quem os condenará?
Os que ousarem fazer isto perecerão e envelhecerão como um vestido e serão consumidos pela traça do pecado, que destrói oculta, silenciosa e progressivamente (v. 9).
Então, aqueles que temem a Deus devem ouvir a voz do Messias.
Os que andam em trevas e que não têm luz devem simplesmente confiar no nome de Jesus e se firmarem, não em suas próprias convicções, mas no seu Deus (v. 10).
Agora, aqueles que não atenderem tal convocação e continuarem se cingindo com o fogo do inferno, permanecerão andando em tais labaredas de tormento e serão atormentados para sempre pelo Senhor na morte espiritual eterna (v. 11).
Porque o evangelho, é aroma de vida para a vida nos que se salvam, e cheiro de morte para a morte nos que se perdem, conforme dizer do apóstolo Paulo.

Isaías 50.1 Assim diz o Senhor: Onde está a carta de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei? ou quem é o meu credor, a quem eu vos tenha vendido? Eis que por vossas maldades fostes vendidos, e por vossas transgressões foi repudiada vossa mãe.
Isaías 50.2 Por que razão, quando eu vim, ninguém apareceu? quando chamei, não houve quem respondesse? Acaso tanto se encolheu a minha mão, que já não possa remir? ou não tenho poder para livrar? Eis que com a minha repreensão faço secar o mar, e torno os rios em deserto; cheiram mal os seus peixes, pois não há água, e morrem de sede:
Isaías 50.3 Eu visto os céus de negridão, e lhes ponho cilício por sua cobertura.
Isaías 50.4 O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo.
Isaías 50.5 O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fui rebelde, nem me retirei para trás.
Isaías 50.6 Ofereci as minhas costas aos que me feriam, e as minhas faces aos que me arrancavam a barba; não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam.
Isaías 50.7 Pois o Senhor Deus me ajuda; portanto não me sinto confundido; por isso pus o meu rosto como um seixo, e sei que não serei envergonhado.
Isaías 50.8 Perto está o que me justifica; quem contenderá comigo? apresentemo-nos juntos; quem é meu adversário? chegue-se para mim.
Isaías 50.9 Eis que o Senhor Deus me ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles se envelhecerão como um vestido, e a traça os comerá.
Isaías 50.10 Quem há entre vós que tema ao Senhor? ouça ele a voz do seu servo. Aquele que anda em trevas, e não tem luz, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus.
Isaías 50.11 Eia! todos vós, que acendeis fogo, e vos cingis com tições acesos; andai entre as labaredas do vosso fogo, e entre os tições que ateastes! Isto vos sobrevirá da minha mão, e em tormentos jazereis.





Isaías 51


A Promessa da Justiça do Evangelho

Tal como Abraão, o povo de Deus foi tirado de uma rocha de perdição da qual faziam parte, e de um profundo abismo de pecado que teve que ser cavado profundamente para serem retirados de lá.
Então, a profecia de Isaías 51 começa com uma chamada para o povo de Deus à recordação de qual era a sua condição anterior, antes de serem chamados por Ele.
Há uma buraco na rocha de onde fomos tirados, e há uma caverna que ficou no abismo do qual fomos cavados.
Isto nos torna humildes e nos faz recordar qual seria a nossa condição se Jesus não tivesse nos resgatado das rochas e profundezas deste mundo de pecado.
Portanto, a convocação para que Israel olhasse para Abraão e Sara, nesta passagem particular das Escrituras, não era naquela hora, para que mirassem o exemplo de obediência deles, mas da misericórdia e graça do Senhor por tê-los tirado de uma terra idólatra para formar a partir deles um povo que andasse na verdade.
Assim como Paulo nos pede para olharmos para o Seu exemplo, por ter sido recebido por Deus, apesar de ter sido perseguidor da Igreja, não para que contemplássemos a sua obediência e piedade, mas para sermos encorajados a crer que há no Senhor realmente uma infinita longanimidade para salvar o principal dos pecadores, como Paulo se classificou por ter perseguido a igreja, antes da sua conversão.
Então, não somente Israel, como todos os gentios, podiam ter como certo e líquido que Deus cumpriria o que havia prometido quanto a salvar por Sua exclusiva graça e misericórdia àqueles que se aproximassem dEle pela fé em Cristo.
Que Ele consolaria os que estivessem em Sião (a posição espiritual de quem está unido a Cristo), e todos os lugares assolados e o deserto seria feito como o jardim do Éden (palavra hebraica para paraíso, que é o terceiro céu).
Por isso Jesus prometeu ao ladrão que foi crucificado ao seu lado, e que confiou nEle, que estaria ainda com Ele naquele mesmo dia no paraíso.
Esta bem-aventurança é alcançada a partir deste mundo, quando cremos em Cristo, e por isso gera alegria, regozijo, ação de graças e louvor, por parte daqueles que a conquistam (v. 3b).
O povo do Senhor, particularmente Israel, que se encontrava endurecido, é conclamado a atender ao convite da salvação, porque a lei da Nova Aliança não revogaria a Lei do Velho Testamento, mas alteraria a lei do sacerdócio, porque seria instituído um novo sacerdócio, não mais segundo a ordem de Arão, mas segundo a de Melquisedeque, cujo sumo sacerdote é Cristo, e os sacerdotes, todos os que nEle creem. E isto seria luz para os povos (v. 4).
A justiça do evangelho foi prometida desde Abraão, e estava sendo detalhada por meio de Isaías, mas somente se manifestaria quando viesse o Messias (o Ungido – Cristo).
Mas esta justiça que traz a salvação estava próxima e o domínio do Messias se estenderia pelo mundo dos gentios, até mesmo em suas ilhas, e eles aguardariam esta salvação prometida (v. 5).
Esta salvação durará para sempre, por toda a eternidade para aqueles que a obtivessem, porque a justiça com a qual seriam justificados não pode ser revogada, e ainda que passem os céus e a terra, no entanto, esta salvação durará para sempre (v. 6).
Somente este versículo de Isaías põe por terra toda afirmação de que alguém salvo e remido pelo sangue de Cristo pode vir a perder a sua salvação. Afirmar isto, é portanto desmentir a Deus que afirma que ela durará para sempre.
Os que conhecem a justiça de Cristo, ou seja, os que são justificados e que fazem parte do verdadeiro Israel de Deus, e que têm a lei de Deus escrita em seus corações, são encorajados no verso 7 a não temerem o opróbrio dos homens, porque por causa do seu amor a Cristo e ao evangelho, seriam rejeitados, desprezados e perseguidos por muitos.
Assim são chamados no mesmo verso, a não ficarem turbados com as    suas injúrias contra eles.
Estes opositores dos cristãos são na verdade opositores de Cristo e da verdade do evangelho.
Por isso Jesus disse que quem rejeita a seus discípulos está rejeitando a Ele próprio, porque são apenas seus embaixadores a Seu serviço, e a mensagem que pregam não é da invenção deles, mas a revelação que receberam do céu, conforme está registrada na Palavra, para que seja pregada e ensinada.
Então, dos que se opõem ao evangelho é dito que a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como a lã, isto é, eles serão destruídos pelo juízo de Deus no tempo oportuno.
Mas, os que foram salvos podem estar sossegados porque a salvação que receberam do Senhor durará para sempre e para todas as gerações, porque a justiça de Cristo, com a qual somos justificados também será eterna (v. 8).
Assim como Deus havia agido com sinais e prodígios nos dias de Moisés, de Josué, de Elias, e outros, subjugando os Seus inimigos, de igual modo agiria na dispensação da graça, fazendo sinais e maravilhas através da Igreja e a consequência disto seria alegria e júbilo (v. 9 a 11).
Não se deve negar a Cristo ou deixar de se atender ao Seu convite à salvação, por temor dos homens, porque Ele nos consola, e não é mortal como é o homem, e é o Criador de todas as coisas (v. 12, 13).
Quando Judá estivesse no exílio deveria manter a esperança do livramento, porque Deus prometeu fazê-lo não apenas para trazê-los de volta a Israel, mas para dar aos que cressem nEle, a salvação eterna que é por meio e por causa de Cristo.
E estes que são livrados do cativeiro do espírito jamais tornarão para qualquer tipo de cativeiro, e no fim haverão de prevalecer sobre todos os seus opressores (v. 14 a 23).

Isaías 51.1 Ouvi-me vós, os que seguis a justiça, os que buscais ao Senhor; olhai para a rocha donde fostes cortados, e para a caverna do poço donde fostes cavados.
Isaías 51.2 Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque ainda quando ele era um só, eu o chamei, e o abençoei e o multipliquei.
Isaías 51.3 Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Edem e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se acharão nela, ação de graças, e voz de cântico.
Isaías 51.4 Atendei-me, povo meu, e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e estabelecerei a minha justiça como luz dos povos.
Isaías 51.5 Perto está a minha justiça, vem saindo a minha salvação, e os meus braços governarão os povos; as ilhas me aguardam, e no meu braço esperam.
Isaías 51.6 Levantai os vossos olhos para os céus e olhai para a terra em baixo; porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se envelhecerá como um vestido; e os seus moradores morrerão semelhantemente; a minha salvação, porém, durará para sempre, e a minha justiça não será abolida.
Isaías 51.7 Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, povo, em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias.
Isaías 51.8 Pois a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como à lã; a minha justiça, porém, durará para sempre, e a minha salvação para todas as gerações.
Isaías 51.9 Desperta, desperta, veste-te de força, ó braço do Senhor; desperta como nos dias da antiguidade, como nas gerações antigas. Porventura não és tu aquele que cortou em pedaços a Raabe, e traspassou ao dragão,
Isaías 51.10 Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo? o que fez do fundo do mar um caminho, para que por ele passassem os remidos?
Isaías 51.11 Assim voltarão os resgatados do Senhor, e virão com júbilo a Sião; e haverá perpétua alegria sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão.
Isaías 51.12 Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para teres medo dum homem, que é mortal, ou do filho do homem que se tornará como feno;
Isaías 51.13 e te esqueces de Senhor, o teu Criador, que estendeu os céus, e fundou a terra, e temes continuamente o dia todo por causa do furor do opressor, quando se prepara para destruir? Onde está o furor do opressor?
Isaías 51.14 O exilado cativo depressa será solto, e não morrerá para ir à sepultura, nem lhe faltará o pão.
Isaías 51.15 Pois eu sou o Senhor teu Deus, que agita o mar, de modo que bramem as suas ondas. O Senhor dos exércitos é o seu nome.
Isaías 51.16 E pus as minhas palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo.
Isaías 51.17 Desperta, desperta, levanta-te, ó Jerusalém, que bebeste da mão do Senhor o cálice do seu furor; que bebeste da taça do atordoamento, e a esgotaste.
Isaías 51.18 De todos os filhos que ela teve, nenhum há que a guie; e de todos os filhos que criou, nenhum há que a tome pela mão.
Isaías 51.19 Estas duas coisas te aconteceram; quem terá compaixão de ti? a assolação e a ruína, a fome e a espada; quem te consolará?
Isaías 51.20 Os teus filhos já desmaiaram, jazem nas esquinas de todas as ruas, como o antílope tomado na rede; cheios estão do furor do Senhor, e da repreensão do teu Deus.
Isaías 51.21 Pelo que agora ouve isto, ó aflita, e embriagada, mas não de vinho.
Isaías 51.22 Assim diz o Senhor Deus e o teu Deus, que pleiteia a causa do seu povo: Eis que eu tiro da tua mão a taça de atordoamento e o cálice do meu furor; nunca mais dele beberás;
Isaías 51.23 mas pô-lo-ei nas mãos dos que te afligem, os quais te diziam: Abaixa-te, para que passemos sobre ti; e tu puseste as tuas costas como o chão, e como a rua para os que passavam.





Isaías 52


A Proteção de Deus para o Seu Povo

Enquanto Israel estava no cativeiro o nome de Deus era blasfemado todos os dias pelos inimigos do Seu povo, porque davam glória aos seus deuses por terem triunfado, segundo o seu parecer, sobre o povo de Israel (Is 52.5).
Mas o Senhor declara neste 52º capítulo de Isaías, que não havia vendido Israel por preço, a nenhum povo inimigo e a nenhum falso deus.
Eles haviam sido vendidos sim, mas Deus não recebera nenhum preço ou recompensa pelo fato de Israel ter sido vendido, porque saiu de debaixo do seu domínio, em sua própria terra, para estar debaixo do domínio de Babilônia.
Como não haviam sido vendidos por nada, também por nada seriam resgatados.
Ou seja, Deus não exigiria nada em troca para poder reaver a Sua propriedade, a saber, o povo de Israel (v. 6).
Ele os resgataria então do cativeiro com o Seu braço forte.
O mesmo ocorre com todos os que são salvos por Cristo na dispensação da graça.
Eles foram comprados por Cristo para Deus, não com dinheiro, mas com o Seu precioso sangue.
Nada lhes foi cobrado, e ninguém pagou e nem poderia pagar a Deus qualquer coisa para que fosse comprado para Ele.
Porque somente aceitaria o preço de resgate que foi pago por Jesus.
Os salvos seriam comprados para habitarem para sempre em Jerusalém, não mais juntamente com qualquer incircunciso de coração.
Porque a Nova Jerusalém será habitada somente pelos santos do Senhor (v. 1).
A atitude dos que têm alcançado tais promessas é a de despertarem do sono, e vigiarem, e de se vestirem da força da graça do Senhor, e vestirem as suas vestes formosas da justiça de Cristo.
Devem se sacudir do pó, se levantar e descansar na liberdade que alcançaram no Senhor, se soltando das ataduras dos jugos de servidão que estavam em seus pescoços (v. 1, 2).
O Senhor mesmo se manifestaria em Sião, em pessoa, habitando entre os homens, e o Seu povo o reconheceria (v. 6).
Boas novas de salvação (o evangelho) passariam a ser proclamadas desde então, e se diz que são muito formosos os pés de quem anuncia as boas novas e que proclama a paz de Cristo e as Suas bênçãos e salvação, e que diz a Sião que Ele é Deus e Rei (v. 7).
Os atalaias (cristãos) devem estar reunidos e levantarem a sua voz em exultação ao Senhor, porque contemplam com os olhos do espírito o retorno do Senhor a Sião.
A glória do Senhor havia se retirado do templo quando os judeus foram levados para o cativeiro de Babilônia.
Mas a glória de Deus estava vindo pessoalmente ao Seu povo na pessoa de Jesus Cristo, então isto deveria ser celebrado com clamores e cânticos de júbilo por todos os Seus servos, porque Jesus remiria o seu povo e também a Jerusalém (v. 8, 9).
A profecia deste 52º capítulo tanto se destinava a encorajar a Judá a sair do cativeiro em Babilônia quando Ciro os libertasse, como também à Igreja, para não permanecer amando o mundo, desde que Cristo se manifestou libertando-a do cativeiro do pecado.
Afinal, o Senhor desnudou o seu santo braço à vista de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus (v. 10, 11).
Judá deveria se lembrar desta profecia quando saísse de Babilônia, para que não saíssem apressada e apavoradamente, pelo temor de haver uma possibilidade de serem aprisionados de novo, porque seria o braço do Senhor que os libertaria, e Jesus iria adiante deles, e Deus Pai os protegeria pela retaguarda (v. 12).
Os cristãos não devem temer Satanás e fugirem por temor dele, depois de terem sido salvos por Cristo, porque estão debaixo da mesma proteção de Deus.
Esta grande salvação seria realizada por Cristo, que tomaria a forma de servo, como se afirma no livro de Isaías e em Filipenses, apesar de ser prudente, exaltado, elevado e mui sublime (v. 13).
No entanto, na Sua glória, por ocasião da Sua segunda vinda, estaria com o Seu rosto muito diferente da aparência comum dos seres humanos, e muitos ficarão pasmados com a Sua aparência e espantará muitas nações, e por Sua causa, reis ficarão calados e verão com os próprios olhos o que não tinham ouvido e que lhes não havia sido anunciado, porque seus ouvidos estavam surdos para ouvirem a verdade, e seus olhos espirituais cegos para a enxergarem, mas agora entenderão aquilo não tinham ouvido, porque Cristo virá em aparência visível com poder e grande glória para julgar o mundo (v. 14, 15).

Isaías 52.1 Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, Sião; veste-te dos teus vestidos formosos, ó Jerusalém, cidade santa; porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo.
Isaías 52.2 Sacode-te do pó; levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém; solta-te das ataduras de teu pescoço, ó cativa filha de Sião.
Isaías 52.3 Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados.
Isaías 52.4 Pois assim diz o Senhor Deus: O meu povo desceu no princípio ao Egito, para peregrinar lá, e a Assíria sem razão o oprimiu.
Isaías 52.5 E agora, que acho eu aqui? diz o Senhor, pois que o meu povo foi tomado sem nenhuma razão, os seus dominadores dão uivos sobre ele, diz o Senhor; e o meu nome é blasfemado incessantemente o dia todo!
Isaías 52.6 Portanto o meu povo saberá o meu nome; portanto saberá naquele dia que sou eu o que falo; eis-me aqui.
Isaías 52.7 Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!
Isaías 52.8 Eis a voz dos teus atalaias! eles levantam a voz, juntamente exultam; porque de perto contemplam a volta do Senhor a Sião.
Isaías 52.9 Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalém.
Isaías 52.10 O Senhor desnudou o seu santo braço à vista de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.
Isaías 52.11 Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.
Isaías 52.12 Pois não saireis apressadamente, nem ireis em fuga; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa retaguarda.
Isaías 52.13 Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime.
Isaías 52.14 Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava tão desfigurado que não era o de um homem, e a sua figura não era a dos filhos dos homens),
Isaías 52.15 assim ele espantará muitas nações; por causa dele reis taparão a boca; pois verão aquilo que não se lhes havia anunciado, e entenderão aquilo que não tinham ouvido.

Isaías 53


Profecia de Isaías Sobre a Morte e Obra de Jesus

Nós vemos em Isaías 53 que apesar da excelência da pessoa do Messias Ele não realizaria o Seu ministério terreno de modo a obter fama mundana, e reconhecimento natural e carnal das pessoas, bem como o seu aplauso.
Ele veio dar testemunho da verdade ao mundo mergulhado nas trevas do pecado, e amarrado aos grilhões de Satanás.
Não seria portanto popular e agradável aos que amam o mundo.
Por isso se diz em Is 53.1:
“Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?”
É dito no verso 2 que a razão disto é que Jesus “foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.”.
Isto não significa que era de aparência feia e repulsiva, mas que não era alguém que usava os recursos que o mundo costuma usar para enganar e alcançar os corações dos homens, conforme costuma fazer a maioria daqueles que são idolatrados e admirados pelo mundo.
Por isso se diz no verso 3 que Jesus “Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.”.
Agora é dito a partir do verso 4 qual era o objetivo e comportamento de Cristo que fizeram com que angariasse tal reputação.
Ele veio a este mundo para morrer por nós numa rude cruz de madeira.
Deus revelou ao profeta Isaías, o fato, a sua causa e consequência.
O fato: Cristo carregou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores, e fizera isto sofrendo em nosso lugar, sendo afligido, oprimido e ferido pelo desígnio do Pai, porque isto estava ajustado desde antes da fundação do mundo, a saber, que Ele deveria morrer para poder nos remir dos nossos pecados (v. 4),
A causa: “ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades;” (v. 5a).
Não foi por algum pecado nEle, que sofreu aquilo tudo, mas por causa das nossas próprias transgressões e iniquidades.
A consequência: “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (v. 5b).
Somos reconciliados com Deus, ao crermos em Cristo, porque temos paz com o Pai, por meio dEle, por causa de termos sido justificados pela Sua morte e ressurreição, pela graça, mediante a fé.
A guerra com Deus acabou para os que são de Cristo.
Eles foram resgatados da maldição da Lei e da ira de Deus contra o pecado, porque Jesus sofreu o castigo que lhes era destinado ficando no seu lugar, como culpado, no tribunal de Deus.
Assim, para aqueles que andavam desgarrados como ovelhas, se desviando cada um pelo seu próprio caminho, sem poderem andar no caminho de Deus, para que pudessem ser achados, estes que se encontravam perdidos, Deus fez cair sobre Cristo a iniquidade de todos eles (v. 6).
E o fizera permitindo que Jesus fosse oprimido e afligido nas mãos dos pecadores, no entanto, Ele não abriu a sua boca para se defender,  não porque não fosse justo que o fizesse, porque afinal não tinha qualquer culpa, mas Ele voluntariamente, tal como ovelha que permanece perante seus tosquiadores,  nada disse em sua defesa porque sabia que importava se entregar para que pudéssemos ser livrados da condenação eterna que pairava sobre nós (v. 7).
No entanto, poucos sabiam deste mistério, e até o próprio Pedro havia tentado, por inspiração de Satanás, dissuadi-lo de não morrer em Jerusalém, por causa do afeto que sentia por Ele.
Mas foi repreendido porque Ele viera a este mundo exatamente para o propósito de se oferecer como sacrifício por nós, porque é o único Cordeiro que sendo sacrificado, poderia remover o pecado e a culpa do povo de Deus para sempre.
Então seria por meio de opressão e por um juízo errado dos homens que Ele seria morto, mas, como Isaías pergunta: “quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo?” (v. 8);  Deus mataria a morte com aquela morte do Seu Filho na cruz. Este era o objetivo de ambos, e deveria ser cumprido, conforme havia sido ajustado na Trindade, desde antes dos tempos eternos.
Então, diferentemente daquilo que os judeus costumavam pensar, o Messias morreria, apesar de ser perfeito Deus e perfeito homem, portanto, não por qualquer imperfeição nEle, mas por causa da imperfeição daqueles que seriam salvos por aquela morte.
Ele seria sepultado do mesmo modo como são sepultados os ímpios, porque foi considerado um malfeitor pelos que o julgaram.
Mas estaria com o rico na sua morte, porque foi o rico José de Arimateia que lhe deparou o lugar onde fora sepultado.
No entanto, isto não significava que fosse um malfeitor, porque o profeta afirma que isto sucedeu “embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca.” (v. 9).
Ele não tinha pecado algum, mas foi da vontade do Pai esmagar o Filho, fazendo-o enfermar (enfraquecer e ser ferido) porque importava que fosse dado como oferta pelo pecado, porque ressuscitaria, porque é dito que veria a sua posteridade, ou seja, os que descenderiam dEle como filhos de Deus, e os seus dias seriam prolongados porque importa que a vontade do Pai prosperasse em suas mãos, a saber, é Ele que recebeu do Pai a responsabilidade de conduzir o Seu povo (v. 10).
Assim, Ele não seria retido pela morte, porque é dito que veria o fruto do trabalho da sua alma, e que ficaria satisfeito com o seu resultado, porque justificaria a muitos com a Sua justiça, porque carregou as iniquidades deles sobre si (v. 11).
Pelo Seu trabalho o Pai lhe daria um galardão, honra e glória inigualáveis, por causa da Sua morte, não fazendo caso de ser contado como se fosse um transgressor, não o sendo, entretanto, foi por causa disto que pôde tomar sobre si o pecado de muitos, veja que não se diz de todos, porque tomou os pecados daqueles que nEle creem, de maneira que se tivesse tomado de todos, os ímpios não poderiam ser condenados no juízo final.
Então é por estes transgressores que se arrependerão e que se arrependem de seus pecados, que Ele intercede, conforme podemos ver em sua oração sacerdotal em João 17 (v 12).

Isaías 53.1 Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?
Isaías 53.2 Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.
Isaías 53.3 Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Isaías 53.4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Isaías 53.5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Isaías 53.6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.
Isaías 53.7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca.
Isaías 53.8 Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo?
Isaías 53.9 E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca.
Isaías 53.10 Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
Isaías 53.11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si.
Isaías 53.12 Pelo que lhe darei o seu quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.




Isaías 54


Predições de Isaías Quanto à Formação da Igreja

Como foi predita no capítulo 53 de Isaías a morte de Cristo, então no 54º é declarada a formação, extensão, glória e alegria da Igreja.
Porque Jesus morreu para fundar a Sua Igreja, sobre o firme fundamento que é Ele próprio.
A Igreja é o fruto da Sua morte. É parte da recompensa de Cristo pela Sua morte.
Afinal foi com aquela morte que Ele comprou pessoas de todas as nações, povos, tribos e línguas para Deus.
Se a Igreja, em linguagem espiritual e profética, era uma mulher, então não era casada e era estéril.
Mas, em Cristo ela terá um marido extraordinariamente fecundo que lhe dará muitos filhos (v. 1).
Deus havia se casado com Israel na Antiga Aliança, mas deste casamento obteve poucos filhos, a saber, pessoas que O conhecessem de fato.
Mas do casamento do novo Israel, a Igreja, com Cristo, numa Nova Aliança, Deus se proveria de muitos filhos, não somente em Israel, mas em todas as nações da terra.
Então a Igreja é chamada a cantar alegremente por causa do excelente acréscimo de filhos ao Seu reino, que Deus obteria através desta esposa auxiliadora de Cristo, no Seu trabalho de prover o Pai de muitos filhos.
Dos seus humildes começos, desde o Pentecostes em Jerusalém, com o derramar inicial do Espírito Santo, a família de Deus aumentaria extraordinariamente, de modo que é ordenado que o lugar da tenda (habitação), fosse ampliado, porque seria imensa a sua posteridade em todas as nações, ou seja, o número de filhos de Deus aumentaria muito em toda a terra, com o passar dos anos (v. 2,3).
O verso 4 de Isaías 54 tem muitas aplicações, mas se aplica de modo muito especial aos períodos da história da Igreja, em que ela passasse por decadências, de forma a ser encorajada a dar continuação à obra missionária, porque a promessa de Deus é a de que ela nunca será envergonhada no Seu trabalho para Ele, e não poderá permanecer debaixo de permanente afronta, e quando a obra prosperar em Suas mãos deve esquecer do opróbrio da vergonha dos dias anteriores e da viuvez, quando andou sem que tivesse ao Senhor como Seu marido (v. 4).
No entanto, Deus nunca deixou ou deixará de ser o marido da Igreja, porque o laço que Lhe une a ela é de caráter matrimonial, a saber, indissolúvel (v. 6).
Jesus se casou com uma noiva pobre e sem dotes e capacitações. Ele se casou com uma mulher (cristãos antes da conversão) desamparada e triste de espírito, como se fora uma mulher que havia sido repudiada (v. 6).
Se Deus esconder o Seu rosto daqueles que são verdadeiramente Seus filhos, por causa do andar desordenado deles, Ele o fará por um momento, mas tem prometido se compadecer deles com benignidade eterna (v. 7, 8)
Porque assim como Ele havia prometido a Noé que não mais destruiria a terra com as águas de um dilúvio, também jurou que não traria mais a nenhum de Seus filhos debaixo da Sua ira, para efeito de condenação eterna e nem para uma repreensão eterna (v. 9), porque os aceitou inteiramente por causa da obra perfeita que Cristo consumou em favor da sua redenção, quando morreu na cruz.
Montanhas serão removidas, mas não a benignidade do Senhor, de sobre a Igreja, conforme tem prometido nos versos 9 e 10, porque a Nova Aliança que fez com o Seu povo por meio de Cristo, tem um caráter eterno, diferente da aliança que havia feito através da mediação de Moisés, que era transitória.
Isto porque esta não é uma aliança de obras, mas de misericórdia, de graça, que leva Deus a se compadecer de todos os Seus filhos, por causa de Cristo (v. 10 b).
Então as promessas, para o porvir relativo à Igreja, são gloriosas, conforme se lê nos versos 11 a 17, de forma que as portas do inferno e nenhum intento maligno poderá prevalecer contra ela, porque é o Senhor quem a sustém e é a Sua Rocha, por causa da obra perfeita de justificação que Ele obteve para os Seus servos (v. 17).

Isaías 54.1 Canta, alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta de prazer com alegre canto, e exclama, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da desolada, do que os filhos da casada, diz o Senhor.
Isaías 54.2 Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e firma bem as tuas estacas.
Isaías 54.3 Porque trasbordarás para a direita e para a esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e fará que sejam habitadas as cidades assoladas.
Isaías 54.4 Não temas, porque não serás envergonhada; e não te envergonhes, porque não sofrerás afrontas; antes te esquecerás da vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás mais do opróbrio da tua viuvez.
Isaías 54.5 Pois o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor, que é chamado o Deus de toda a terra.
Isaías 54.6 Porque o Senhor te chamou como a mulher desamparada e triste de espírito; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus:
Isaías 54.7 Por um breve momento te deixei, mas com grande compaixão te recolherei;
Isaías 54.8 num ímpeto de indignação escondi de ti por um momento o meu rosto; mas com benignidade eterna me compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu Redentor.
Isaías 54.9 Porque isso será para mim como as águas de Noé; como jurei que as águas de Noé não inundariam mais a terra, assim também jurei que não me irarei mais contra ti, nem te repreenderei.
Isaías 54.10 Pois as montanhas se retirarão, e os outeiros serão removidos; porém a minha benignidade não se apartará de ti, nem será removido ao pacto da minha paz, diz o Senhor, que se compadece de ti.
Isaías 54.11 e aflita arrojada com a tormenta e desconsolada eis que eu assentarei as tuas pedras com antimônio, e lançarei os teus alicerces com safiras.
Isaías 54.12 Farei os teus baluartes de rubis, e as tuas portas de carbúnculos, e toda a tua muralha de pedras preciosas.
Isaías 54.13 E todos os teus filhos serão ensinados do Senhor; e a paz de teus filhos será abundante.
Isaías 54.14 Com justiça serás estabelecida; estarás longe da opressão, porque já não temerás; e também do terror, porque a ti não chegará.
Isaías 54.15 Eis que embora se levantem contendas, isso não será por mim; todos os que contenderem contigo, por causa de ti cairão.
Isaías 54.16 Eis que eu criei o ferreiro, que assopra o fogo de brasas, e que produz a ferramenta para a sua obra; também criei o assolador, para destruir.
Isaías 54.17 Não prosperará nenhuma arma forjada contra ti; e toda língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justificação que de mim procede, diz o Senhor.




Isaías 55


O Bem Mais Precioso Por Cuja Aquisição Não se Paga

Em Isaías 55 vemos que o evangelho é para os que têm fome e sede de justiça.
A mesa do banquete está pronta e tudo o que de nós se exige é apetite. É tudo de graça.
Por isso, o convite da salvação é dirigido a todos os que têm sede para que venham às águas da salvação, e que poderão adquirir (comprar) o vinho espiritual da alegria, e o leite racional que nos alimenta que é a graça de Cristo, que acompanha o evangelho, para sermos alimentados por ela, sem dinheiro e sem preço (v. 1).
Diz-se, portanto, que todo esforço e gasto de dinheiro para obter a salvação é vão, porque a salvação verdadeira que Deus está operando pelo Filho, é completamente gratuita.
A boa comida espiritual, e o tutano divino são achados somente na mesa de Cristo, e não nas mãos dos que fazem da religião ocasião de comércio (v. 2).
A mensagem do evangelho deve ser ouvida atentamente, pela voz dos ungidos do Senhor, através dos quais Cristo fala, para que pessoas se convertam a Ele, para entrarem na aliança eterna, que Ele havia prometido como sendo firmes beneficências a Davi (v. 3).
Estas firmes beneficências a Davi são citadas também em  passagens do Novo Testamento, como em At 13.34.
“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3).
É maravilhoso saber que as últimas palavras que Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta aliança segura e eterna.
Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e nós aprendemos das Suas palavras pela boca de Davi que é uma aliança perpétua.
Perpétua em si mesma e na forma do seu caráter, manutenção, continuação e confirmação. Deus diz também pela boca de Davi que é bem ordenada e segura (v. 5).
Esta aliança está bem ordenada por Deus em todas as coisas que dizem respeito a ela.
Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará progressivamente, para a glória de Deus, de modo que se a obra não for completada na terra, ele o será no céu.
E para isso a aliança possui um Mediador e um Consolador para promover a santidade e o conforto dos cristãos.
Está ordenado também QUE TODA TRANSGRESSÃO NA ALIANÇA NÃO LANÇARÁ FORA A QUALQUER DOS ALIANÇADOS.
Por isso Jesus afirma que na lançará fora de modo nenhum, a qualquer que vier a Ele.
Assim, a segurança da salvação não é colocada nas mãos dos cristãos, mas nas mãos do Mediador.
E se diz que a aliança é segura porque está assim bem ordenada por Deus.
Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir pecadores ao céu.
Ela está tão bem estruturada que qualquer um deles pode ter a certeza de que estará sendo aperfeiçoado na terra e a conclusão desta obra de aperfeiçoamento será concluída no céu.
E uma das razões para que o aperfeiçoamento não seja concluído na terra, é para que se saiba que a aliança é de fato para pecadores, e não para quem se considera perfeitamente justo, embora todos os aliançados sejam chamados agora a se empenharem na prática da justiça.
As misericórdias prometidas aos aliançados é segura, e operarão de acordo com as condições estabelecidas em relação à necessidade de arrependimento e fé.
A aplicação particular destas misericórdias para santificar os cristãos é segura.
É segura porque é suficiente.
Nada mais do que isto nos salvará, porque a base da salvação repousa na fidelidade de Deus em cumprir a promessa que Ele fez à casa de Davi, a todo aquele que for encontrado nela, por causa da sua fé no descendente, no Filho de Davi que é Cristo.
É somente disto que a nossa salvação depende.
Muitos podem pensar que quando se conclama, na profecia de Isaías, ao ímpio a deixar o seu caminho e o homem maligno os seus pensamentos para se voltar para o Senhor, para achar misericórdia e perdão, porque se diz que Deus é rico em perdoar, que isto não se aplique às pessoas perversas.
No entanto, é um convite a todas as pessoas porque não há quem não peque, e Cristo veio salvar e justificar ímpios (Rom 4.5), de forma que aquele que se julgar justo e bom a seus próprios olhos jamais poderá ser salvo por Cristo, porque Ele salva aqueles que se reconhecem pecadores.
Para esclarecer este ponto, para que ninguém fizesse uma avaliação errada relativa à sua real condição diante de Deus, Ele declarou que os seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos os seus caminhos (v. 8).
Se nos compararmos com outras pessoas é possível que nos achemos bons e justos.
Mas se contemplarmos os que estão no céu, especialmente ao próprio Deus em sua perfeita santidade e glória, nós veremos quão imperfeitos  somos.
E clamaremos tal como Isaías fizera no capítulo sexto, quando viu a santidade e glória com que os serafins louvavam ao Senhor no Seu trono de glória.
Por isso se ordena que olhemos para Cristo para que sejamos salvos, porque somente quando contemplamos a majestade da sua santidade, é que podemos enxergar qual é o nosso real quadro de miséria e de necessidade que temos de sermos salvos por Ele.
Então esta salvação não será achada em nós mesmos. Porque ela nos vem inteiramente destes caminhos e pensamentos elevados de Deus que procedem do céu e não da terra.
É do alto que a graça e o Espírito são derramados, e por isso somos conclamados a olhar para o alto, para Cristo, para o tesouro do céu e não para o que é terreno, quando o assunto se refere à nossa salvação.
Esta salvação vem do alto, mas a Palavra que salva foi revelada por Cristo na terra, e está não apenas na Bíblia, mas junto da nossa boca e coração, para que façamos a confissão da fé no Seu nome e senhorio, para que sejamos salvos.
Deus pôs esta autoridade para nos salvar na Sua Palavra. A palavra do evangelho é a semente que contém a vida eterna.
De maneira que todo o que crê na Palavra da verdade será salvo, porque esta Palavra gerará em seu coração a fé pela qual Deus o salvará. Por isso Ele afirma o que se lê em Is 55.10,11.
Estes que crerem no evangelho e forem salvos sairiam dando testemunho por todas as partes com a alegria e a paz com que seriam guiados pelo Espírito Santo, e por onde passarem anunciando as boas novas, a maldição será transformada em bênção porque se diz que em vez de espinheiros e sarças,   cresceriam a faia e a murta que são plantas ornamentais. E isto seria para o Senhor um nome e um sinal eterno que nunca se apagará (v. 12, 13).
Isaías 55.1 Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.
Isaías 55.2 Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão! e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e deleitai-vos com a gordura.
Isaías 55.3 Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um pacto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências prometidas a Davi.
Isaías 55.4 Eis que eu o dei como testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos.
Isaías 55.5 Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu a ti correrá, por amor do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel; porque ele te glorificou.
Isaías 55.6 Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
Isaías 55.7 Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.
Isaías 55.8 Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.
Isaías 55.9 Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.
Isaías 55.10 Porque, assim como a chuva e a neve descem dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e brotar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come,
Isaías 55.11 assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.
Isaías 55.12 Pois com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores de campo baterão palmas.
Isaías 55.13 Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.



Isaías 56


À vista de tão grandiosas promessas, os judeus deveriam emendar o seu caminhar perante o Senhor e guardarem os seus mandamentos, especialmente as prescrições relativas ao sábado, que era um dia separado para Deus ser adorado por todos os israelitas.
Os judeus voltariam à sua própria terra depois que fossem libertados de Babilônia por Ciro, e o culto do templo seria restaurado, e até que o Messias viesse inaugurar a Nova Aliança, prometida nos capítulos anteriores, eles deveriam ser fiéis aos termos da Antiga Aliança, que ainda se encontrava em vigor naqueles dias, como prova da Sua confiança nas boas promessas que Deus havia feito não somente em relação a Israel, como também em relação aos gentios.
Por isso, lemos nos versos 1 a 3 referências tanto ao procedimento que deveria existir nos israelitas tanto quanto nos gentios que se unissem a eles na sua devoção ao Senhor.
Em Cristo a barreira de separação entre judeus e gentios cairia, porque seria formado nEle um só rebanho e um só povo para Deus. Então no seu retorno a Jerusalém, depois do cativeiro, ambos deveriam colocar em prática tal viver em convivência pacífica no culto prestado a Deus, antecipando assim os dias que seriam vividos na dispensação da graça, sob o governo de Cristo.
Este capítulo tem também o propósito de esclarecer que o fato de estar sob a graça não significaria que o povo de Deus não teria mais nenhum mandamento para cumprir. Ao contrário, Cristo tem lei para o seu povo. E o modo de viver para Deus é guardando os Seus mandamentos.
A lei não seria revogada. Mas os crentes não estariam mais debaixo da maldição da lei. E também não seriam justificados pela lei, mas pela graça. Isto não significa que era pela lei que alguém era justificado na Antiga Aliança, porque Deus sempre salvou pela graça, mediante a fé, conforme exemplificado na pessoa de Abraão, muito antes de ter dado a Lei a Moisés.
Barreiras de separação impostas no regime da lei cairiam, mas não a lei propriamente dita.
A aliança antiga seria revogada mas não a lei.
Deus usaria de infinita longanimidade na dispensação da graça, mas isto não significa que estava dando abertura para que abusássemos de tal longanimidade.
Ele adiaria o juízo condenatório, mas isto não significava que não viria o dia do juízo e da condenação, depois de fechado o período da graça.
Então, este capítulo é um alerta para não se pensar que estar debaixo da graça e não da lei, significa ter liberdade para pecar e continuar sendo agradável a Deus.
Tanto é um alerta para estas coisas referidas que na parte final do capítulo (versos 10 a 12) há uma forte repreensão contra os maus pastores, que não apascentam as ovelhas no caminho do Senhor, senão por interesse pessoal e para fins perversos.

“1 Assim diz o Senhor: Mantende a retidão, e fazei justiça; porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça a manifestar-se.
2 Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto: que se abstém de profanar o sábado, e guarda a sua mão de cometer o mal.
3 E não fale o estrangeiro, que se houver unido ao Senhor, dizendo: Certamente o Senhor me separará do seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca.
4 Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, e escolhem as coisas que me agradam, e abraçam o meu pacto:
5 Dar-lhes-ei na minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.
6 E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu pacto,
7 sim, a esses os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.
8 Assim diz o Senhor Deus, que ajunta os dispersos de Israel: Ainda outros ajuntarei a ele, além dos que já se lhe ajuntaram.
9 Vós, todos os animais do campo, todos os animais do bosque, vinde comer.
10 Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães mudos, não podem ladrar; deitados, sonham e gostam de dormir.
11 E estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção.
12 Vinde, dizem, trarei vinho, e nos encheremos de bebida forte; e o dia de amanhã será como hoje, ou ainda mais festivo.”






Isaías 57


Neste capítulo o Senhor faz duras repreensões contra a impiedade, a falsidade, a luxúria, e principalmente contra a idolatria.
Os que vivem na prática da impiedade se gloriam na sua longevidade na terra, e consideram que não vale a pena viver na prática da justiça, porque não são poucos os justos, que morrem até mesmo em tenra idade.
Mas Deus declara nos versos 1 e 2 que ainda que ninguém entenda porque perecem tanto o justo quanto o misericordioso, contudo, isto é bênção para eles, porque são livrados da calamidade e entram na paz e descansam todos os que andam na retidão.
Então há recompensa em viver retamente.
Esta recompensa é grande, porque por ela se ganha a própria alma.
Por isso o Senhor repreende e ameaça severamente os escarnecedores a partir do verso 3 até a parte “a” do verso 13.
Ele os chama de filhos da agoureira e de linhagem do adúltero e da prostituta (v. 3), porque a Seus olhos são semelhantes a eles.
Com base em que estes que têm grandes traves em seu olhos escarnecem dos justos e lhes infamam com suas línguas?
Como podem aqueles que são falsos julgarem os que são justos? (v. 4)
Como Deus poderia estar contente com estas suas práticas, às quais acrescentavam uma grosseira idolatria, a ponto de oferecerem seus próprios filhos em sacrifício nos vales, debaixo das fendas dos penhascos?
Deus está portanto em ordem de batalha contra aqueles que ridicularizam a Sua palavra na boca dos seus justos.
O terrível quadro de iniquidade que é aqui descrito não pode ser limitado aos dias de Israel no Velho Testamento, porque a iniquidade se tem multiplicado em nossos dias, e o motivo que Deus alegou para isto está afirmado no verso 11:
“Mas de quem tiveste receio ou medo, para que mentisses, e não te lembrasses de mim, nem te importasses? Não é porventura porque eu me calei, e isso há muito tempo, e não me temes?”
O silêncio de Deus diante da perversão que é praticada por muitos na terra, pode lhes soar como uma forma de permissão ou incentivo para continuarem em suas práticas. Mas eles esquecem que Deus nos deu a Sua Palavra para que vejamos o que Ele nos fala através dela para que tenhamos o temor que lhe é devido.
No entanto, como tem usado de completa longanimidade na dispensação da graça, conforme prometera, muitos interpretam que o silêncio de Deus e a falta de juízos imediatos sobre os seus pecados, signifique até mesmo que não há Deus. Que não há juízo. Que não há o que temer. Que Deus não está olhando as suas más obras. Afinal, já são passados mais de dois mil anos debaixo de tal longanimidade por causa da obra de Jesus Cristo.
Mas este capítulo de Isaías, como muitas outras passagens da Bíblia, toca a trombeta de alerta para que ninguém interprete a longanimidade de Deus como uma forma de permissão ou incentivo para se permanecer na prática do pecado, porque Ele dará a cada um conforme as Suas obras no Tribunal de Cristo, depois da Sua segunda vinda, depois de fechado o período da graça.
Então, a partir do verso 13, o Senhor declara que somente aqueles que nEle confiam são os que possuirão a terra, e herdarão o seu santo monte.
Os tropeços serão removidos do caminho do seu povo (v. 14).
Estes que não levam em consideração os seus pecados, não serão ajudados por Deus, porque Ele tem prometido habitar somente com os que são contritos e humildes de espírito, e vivificará os seus espíritos e corações, habitando neles (v. 15).
Ele sarará, guiará e consolará os pecadores, mas somente aqueles que choram por causa do pecado (v. 18).
Isto foi confirmado por Jesus em seu ministério terreno quando disse que bem-aventurados são os que choram.
Deus dará a Sua paz a estes, e os sarará (v. 19), mas para os ímpios não dará nenhuma paz, porque são como o mar agitado, que não pode se aquietar e cujas águas lançam de si lama e lodo (v. 20, 21).
Eles nunca param para esperarem em Deus, e não o buscam, e assim não poderão ser ajudados, e ficando sem a paz de Deus, a qual é fruto da nossa reconciliação com Ele, por meio da fé em Jesus Cristo, eles nada podem esperar senão uma justa condenação eterna.

“1 Perece o justo, e não há quem se importe com isso; os homens compassivos são arrebatados, e não há ninguém que entenda. Pois o justo é arrebatado da calamidade,
2 entra em paz; descansam nas suas camas todos os que andam na retidão.
3 Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira, linhagem do adúltero e da prostituta.
4 De quem fazeis escárnio? Contra quem escancarais a boca, e deitais para fora a língua? Porventura não sois vós filhos da transgressão, estirpe da falsidade,
5 que vos inflamais junto aos terebintos, debaixo de toda árvore verde, e sacrificais os filhos nos vales, debaixo das fendas dos penhascos?
6 Por entre as pedras lisas do vale está o teu quinhão; estas, estas são a tua sorte; também a estas derramaste a tua libação e lhes ofereceste uma oblação. Contentar-me-ia com estas coisas?
7 sobre um monte alto e levantado puseste a tua cama; e lá subiste para oferecer sacrifícios.
8 Detrás das portas e dos umbrais colocaste o teu memorial; pois te descobriste a outro que não a mim, e subiste, e alargaste a tua cama; e fizeste para ti um pacto com eles; amaste a sua cama, onde quer que a viste.
9 E foste ao rei com óleo, e multiplicaste os teus perfumes, e enviaste os teus embaixadores para longe, e te abateste até o Seol.
10 Na tua comprida viagem te cansaste; contudo não disseste: Não há esperança; achaste com que renovar as tuas forças; por isso não enfraqueceste.
11 Mas de quem tiveste receio ou medo, para que mentisses, e não te lembrasses de mim, nem te importasses? Não é porventura porque eu me calei, e isso há muito tempo, e não me temes?
12 Eu publicarei essa justiça tua; e quanto às tuas obras, elas não te aproveitarão.
13 Quando clamares, livrem-te os ídolos que ajuntaste; mas o vento a todos levará, e um assopro os arrebatará; mas o que confia em mim possuirá a terra, e herdarão o meu santo monte.
14 E dir-se-á: Aplanai, aplanai, preparai e caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo.
15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.
16 Pois eu não contenderei para sempre, nem continuamente ficarei irado; porque de mim procede o espírito, bem como o fôlego da vida que eu criei.
17 Por causa da iniquidade da sua avareza me indignei e o feri; escondi-me, e indignei-me; mas, rebelando-se, ele seguiu o caminho do seu coração.
18 Tenho visto os seus caminhos, mas eu o sararei; também o guiarei, e tornarei a dar-lhe consolação, a saber aos que dele choram.
19 Eu crio o fruto dos lábios; paz, paz, para o que está longe, e para o que está perto diz o Senhor; e eu o sararei.
20 Mas os ímpios são como o mar agitado; pois não pode estar quieto, e as suas águas lançam de si lama e lodo.
21 Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.”











Isaías 58


Mera Religiosidade Externa Não Resolve

Em Isaías 58, o pecado e a falsa religiosidade são denunciados com uma chamada ao arrependimento, e é feita a adição de promessas consoladoras para aqueles que se convertessem a Deus.
Especialmente o conjunto de profecias deste 58º capítulo até o capítulo final do livro de Isaías (66), consiste na preparação da chegada do reino do Messias até a sua glorificação final.
Assim o protesto contra o pecado e falsa religiosidade denunciados neste capítulo, apesar de ser também aplicável à Igreja, teve por alvo principalmente a casa de Jacó, a saber, o povo de Israel na antiga dispensação, de maneira que o profeta é convocado a tocar a trombeta de alerta e anunciar ao povo do Senhor que ele se encontrava em pecado, e que a religiosidade deles era falsa.
Importava que se arrependessem porque era o povo da aliança, através do qual o Messias se manifestaria ao mundo, para dar cumprimento ao propósito eterno de Deus, de formar através dEle um povo santo, a saber a Igreja.
O Deus de Israel não muda e o Seu propósito para aqueles que chama a estarem aliançados com Ele é o mesmo, seja para Israel na antiga aliança, seja para a Igreja de Cristo na nova.
O povo do Senhor deve ser um povo santo, e este capítulo de Isaías, não deixa nenhuma dúvida quanto a isto.
O Messias veio para o povo de Israel. Foi a eles que Ele foi enviado. O evangelho deveria ser pregado primeiro aos judeus; porque o propósito de Deus de ter um povo santo seria consolidado com a redenção e os dons do Messias para a santificação do Seu povo.
A função do profeta na antiga dispensação quanto a protestar contra o pecado e a falsa religiosidade do povo do Senhor, continua sendo a mesma para os pregadores do evangelho na Igreja. Eles devem tocar a trombeta para alertá-la quanto à necessidade de um viver verdadeiramente santo, para o inteiro agrado do Senhor.
O pregador não pode lisonjear o povo do Senhor, mas denunciar o seu pecado.
O povo do Senhor é um povo privilegiado, um povo honorável, um povo glorioso, mas nunca deve ser lisonjeado.
Ainda que estejam reformados em muitas coisas, entretanto as suas transgressões devem ser repreendidas e abandonadas, ainda que sejam poucas, porque Deus assim o exige.
Ele não pode estar contente vendo que o seu povo está sendo vencido por qualquer tipo de pecado.
A santidade deve ser positiva, expressada num viver em boas obras aprovadas pelo Senhor. Especialmente na demonstração de um amor verdadeiro e prático ao próximo.
Nos versos 2 e 3 nós vemos que Deus declara que o Seu povo estava com uma falsa convicção de lhe estar agradando, porque afinal jejuavam, e O buscavam todos os dias, e julgavam que guardavam todos os Seus mandamentos, e que andavam nos Seus caminhos, e com isto pensavam que viviam de modo justo perante Ele.
No entanto, lhes apontou no final do verso 3 qual era o grande motivo de esconder a Sua face deles, a saber, tudo o que faziam era para os próprios interesses deles.
Estavam buscando o Senhor para alcançarem a realização dos seus desejos, como todas as pessoas pagãs das demais nações faziam em relação à adoração dos seus falsos deuses.
A motivação estava errada, e por consequência, o modo deles adorarem e servirem ao Senhor também estava errado.
Não era para o agrado do Senhor que eles O buscavam. Não era para serem aperfeiçoados em santidade para servirem-no melhor e ao próximo que eles o faziam, senão para atenderem aos seus próprios interesses egoístas e mesquinhos.
As obras da carne permaneciam em realce na vida dos israelitas, apesar de toda a religiosidade deles.
As iras, contenções, violência e todas as demais obras da carne (v. 4) permaneciam lhes dominando, porque quando buscamos fazer a nossa própria vontade quem prevalece é a carne, e não o Espírito.
Mas eles jejuavam, pensando que com isto estavam agradando ao Senhor.
Entretanto, não se vence a carne com práticas ascéticas.
O que eles faziam era ascetismo e não jejum. Jejum não é simplesmente deixar de comer (v. 5).
Um jejum verdadeiro despertará automaticamente o amor prático ao próximo, em ações desenvolvidas para abençoá-lo, porque o amor divino é despertado naquele que dele se aproxima verdadeiramente, e que busca fazer sinceramente a Sua vontade (v. 6 e 7).
E é este viver verdadeiro em amor que traz a bênção do Senhor e a Sua recompensa à nossa vida, porque este é o modo dEle manifestar o Seu agrado com o nosso modo correto de viver (v. 8 a 14).
Este capítulo de Isaías é um alerta poderoso para nos convencer que é muito fácil viver de maneira hipócrita diante de Deus com uma falsa religiosidade, enquanto estamos convencidos não pelo Espírito, mas pelas nossas próprias convicções de que estamos vivendo de modo agradável a Deus, quando na verdade estamos errando completamente o alvo.
Sabendo desta nossa facilidade para errar o alvo, o Senhor nos alerta na Sua palavra a avaliarmos o nosso caminhar pelas nossas motivações, pelos resultados de nossas ações, ou seja, se para nosso interesse, ou se para a Sua exclusiva glória.
O Senhor mesmo acrescentará as Suas bênçãos espirituais ao nosso viver, de maneira que tenhamos a convicção de que Lhe temos agradado de fato.
Ele fará que os nossos frutos espirituais sejam achados até na nossa descendência e nas gerações posteriores.
E por isso seremos conhecidos como reparadores de brechas e restauradores de veredas.
As gerações posteriores reedificarão ruínas porque trabalharão sobre o fundamento que lhes deixamos (v. 12).
E o Senhor fará isto para honrar o nosso trabalho diligente feito por amor a Ele e para a Sua glória;
porque Ele tem prometido honrar os que Lhe honram.
Por isso os puritanos históricos ingleses dos séculos XVI a XVIII, depois de tantos séculos têm recebido a honra que lhes é devida nesta nossa geração, porque têm inspirado muitas vidas a edificarem sobre o fundamento que eles nos deixaram por terem pregado e vivido a verdade.
Devemos servir ao Senhor em humildade, reconhecendo que Ele faz sozinho o Seu trabalho nos usando apenas como Seus instrumentos, porque somos servos inúteis que não podem produzir por si mesmos a vida espiritual e todas as operações sobrenaturais que somente Ele pode realizar.
Sem Ele nada podemos fazer, em relação às realidades celestiais, espirituais e divinas.
Neste 58º capítulo de Isaías Deus nos revela que nós devemos deixar de praticar o mal, e aprender a fazer o bem.
Porque assim agindo prometeu que traria as bênçãos citadas em Is 58.8-12:
- um verdadeiro viver na luz; cura das nossas transgressões; ter a glória do Senhor nos protegendo e abençoando por causa da nossa prática da justiça (v. 8);
- ter as orações e clamores respondidos por Deus, com a Sua própria presença, por termos deixado de ser prepotentes e arrogantes e por ter deixado o falar pecaminoso (v.9);
-  dissipação de todas as trevas da nossa vida por estarmos atentos às necessidades do nosso próximo (v. 10);
- ser guiado continuamente pelo Senhor e ser provido por Ele até mesmo em lugares áridos, recebendo dele força e vigor de tal maneira que a nossa vida será como um jardim regado e um manancial que nunca secará (v. 11);
- ser habilitado a viver a verdade de tal maneira que o nosso testemunho virá a ser um fundamento para as gerações futuras, especialmente para que possam reformar a Igreja tirando-a do erro, para que possa trilhar no caminho da verdade, formando um fundamento forte e seguro sobre o qual o povo de Deus possa edificar as suas vidas (v. 12);
Isto é muito mais do que simplesmente pregar e ensinar a doutrina correta.
É muito mais do que teologia, ou melhor dizendo, é a teologia verdadeira que é muito fácil de ser esquecida de ser praticada.
Isto não tem nada a ver com o ensino de técnicas psicológicas, ou de qualquer fundamento científico aplicado como fórmula para uma vida bem sucedida.
Isto é a verdade da Palavra de Deus apontando como um grande farol qual é o caminho para um verdadeiro viver vitorioso.
É por praticar as coisas afirmadas neste 58º capítulo de Isaías, e por atender à repreensão que é dirigida por Deus contra o pecado, que a Igreja de Cristo pode contar com o seu favor.
Não basta, portanto, chorar pelos nossos fracassos, não basta orar pedindo a Deus que faça prosperar o nosso trabalho, é preciso viver efetivamente de modo justo e verdadeiro diante dEle, e tudo o mais será consequência disto.
Não é sendo um mero religioso que se alcança o favor de Deus, mas vivendo de maneira justa e santa, na prática da verdadeira piedade, que é sobretudo amor prático e real a Deus e ao nosso próximo.
Por isso se diz que não devemos buscar apenas o reino de Deus, mas também a justiça do reino.

Isaías 58.1 Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados.
Isaías 58.2 Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos; como se fossem um povo que praticasse a justiça e não tivesse abandonado a ordenança do seu Deus, pedem-me juízos retos, têm prazer em se chegar a Deus!,
Isaías 58.3 Por que temos nós jejuado, dizem eles, e tu não atentas para isso? por que temos afligido as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais, prosseguis nas vossas empresas, e exigis que se façam todos os vossos trabalhos.
Isaías 58.4 Eis que para contendas e rixas jejuais, e para ferirdes com punho iníquo! Jejuando vós assim como hoje, a vossa voz não se fara ouvir no alto.
Isaías 58.5 Seria esse o jejum que eu escolhi? o dia em que o homem aflija a sua alma? Consiste porventura, em inclinar o homem a cabeça como junco e em estender debaixo de si saco e cinza? chamarias tu a isso jejum e dia aceitável ao Senhor?
Isaías 58.6 Acaso não é este o jejum que escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? e que deixes ir livres os oprimidos, e despedaces todo jugo?
Isaías 58.7 Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desamparados? que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?
Isaías 58.8 Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará. e a tua justiça irá adiante de ti; e a glória do Senhor será a tua retaguarda.
Isaías 58.9 Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente;
Isaías 58.10 e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares o aflito; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio dia.
Isaías 58.11 O Senhor te guiará continuamente, e te fartará até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca falham.
Isaías 58.12 E os que de ti procederem edificarão as ruínas antigas; e tu levantarás os fundamentos de muitas gerações; e serás chamado reparador da brecha, e restaurador de veredas para morar.
Isaías 58.13 Se desviares do sábado o teu pé, e deixares de prosseguir nas tuas empresas no meu santo dia; se ao sábado chamares deleitoso, ao santo dia do Senhor, digno de honra; se o honrares, não seguindo os teus caminhos, nem te ocupando nas tuas empresas, nem falando palavras vãs;
Isaías 58.14 então te deleitarás no Senhor, e eu te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse.






Isaías 59


A Face Oculta do Pecado

O capítulo 59 de Isaías deveria ser meditado por todos aqueles que têm uma definição simples conceitual relativa ao pecado, por influência da  chamada teologia liberal, que surgiu em fins do século XIX e que se consolidou no século XX, que  tem desviado a muitos da verdade das Escrituras.
A teologia liberal prega e ensina a falsa noção de que o pecado é um problema para o mundo sem Cristo mas não para os cristãos.
Com isto, a Igreja perdeu o poder, porque o pecado tem prevalecido em grande número de cristãos, os quais descansam neste falso ensino de que tudo está bem com eles simplesmente porque confessaram a Jesus como o Salvador deles, um dia.
Entretanto, poucos destes se colocam de fato debaixo do senhorio de Jesus, poucos o conhecem como Senhor de suas vidas, tal como ocorria na Igreja Primitiva, de modo que isto era o segredo do poder de Deus que se manifestava neles e entre eles.
A condição do homem é de escravidão ao pecado e por isso lhe é dada a promessa de um Redentor, mas não um Redentor que deixará de continuar trabalhando para destruir completamente o pecado nas vidas daqueles aos quais tem redimido.
O homem precisa de um Redentor porque não é por sua própria capacidade e meios que pode vencer o pecado.
Por isso, o pecado que é denunciado neste capítulo 59 de Isaías, não é apenas o pecado dos ímpios, mas o pecado de toda a humanidade, inclusive dos cristãos.
O que Deus quer nos mostrar aqui é que toda e qualquer transgressão faz separação entre Ele e nós.
Quanto lhe desagrada um viver pecaminoso!
No capítulo anterior (58) nós vemos que a mera religiosidade (falsa) não pode enganar a Deus e trazer a nós o Seu favor, antes agrava as Suas correções.
Ele exige vidas verdadeiramente santas que mortifiquem toda forma de pecado.
Foi para este propósito que Ele nos proveu de um Redentor.
É um Redentor que nos separa das nossas transgressões (Rom 11.26; Is 59.20).
Em Romanos se afirma que o Redentor nos desviará das nossas transgressões, e no texto do verso 20 deste capítulo de Isaías, no qual o texto de Romanos se baseia, é dito que o Redentor virá àqueles que se desviarem das transgressões.
Na verdade ambas as coisas ocorrem simultaneamente, porque Cristo não pode desviar das transgressões quem não procure se desviar delas.
Deus julga o pecado onde quer que ele seja encontrado.
Falta de paz e alegria espiritual e divina são formas de Deus julgar o pecado.
Ele nos priva de Suas bênçãos espirituais.
Ele nos deixa à mercê das circunstâncias da vida.
As trevas prevalecem e não a luz.
E tantas outras coisas que nos roubam a paz de mente e o deleite pelo viver nos alcançam quando vivemos em pecado.
Isto está declarado de modo bastante enfático nos versos 9 a 11 deste capítulo 59 de Isaías:
“9 Pelo que a justiça está longe de nós, e a retidão não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão.
10 Apalpamos as paredes como cegos; sim, como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como no crepúsculo, e entre os vivos somos como mortos.
11 Todos nós bramamos como ursos, e andamos gemendo como pombas; esperamos a justiça, e ela não aparece; a salvação, e ela está longe de nós.”.
 A salvação referida no final deste verso 11 não é propriamente a salvação da alma pela fé em Cristo, mas a falta de livramentos, especialmente das opressões e tentações do Inimigo. Em suma, uma vida sem poder para vencer e prevalecer no meio das circunstâncias difíceis.
“1 Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir;
2 mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.” (Is 59.1,2).
Eis aqui declarada a verdade relativa a Deus e a nós. Não que Ele não queira salvar e abençoar, mas os nossos pecados impedem suas bênçãos; que nossas orações sejam ouvidas, e fazem com que Ele desvie o Seu rosto de nós.
É preciso se converter dos pecados para uma vida de verdadeira santidade e de obediência à vontade do Senhor, não apenas no pensamento, mas na vida prática, sobretudo no amor, misericórdia e justiça, que se exige de nós no relacionamento com o nosso próximo.
Não podemos esquecer que este capítulo de Isaías é uma continuação da resposta dada por Deus àqueles que estavam protestando que estavam jejuando e orando, e Ele, no entanto, não estava respondendo aos seus jejuns e orações.
Deus sempre quer salvar e abençoar, e tem provado isto com o fato de nos ter dado um Redentor, mas não pode haver vida vitoriosa, onde não haja empenho para se vencer o pecado.
O ouvido do Senhor não está cansado de ouvir orações e nunca se cansará de ouvi-las (v. 1), mas Ele, que é santo, não pode ouvir as orações dos que vivem na iniquidade.
Não é Deus que se cansa de ouvir orações, nós é que nos cansamos de orar.
Não são os Seus ouvidos que têm desprazer em nos ouvir. Nós é que não temos prazer em ouvi-lO, e especialmente aquilo que Ele nos diz na Sua Palavra.
E é este o motivo de não sermos ouvidos e atendidos por Ele quando pensamos que estamos orando, quando na verdade estamos exigindo que Ele faça aquilo que é da nossa própria vontade.
A teologia que afirma que por causa da misericórdia de Deus todos podem estar confiantes de serem ouvidos e atendidos em suas orações independentemente de viverem no pecado, é uma falsa teologia, porque faz uma afirmação que é contrária à verdade revelada na Palavra.
Por isso, para que não fosse anulada ou vencida por qualquer teologia liberal, a verdade relativa ao pecado do Seu próprio povo é apresentada pelo Senhor ao profeta com uma descrição gráfica bastante impressiva nos versos 3 a 8.
São denunciadas:
-  a violência e a iniquidade das mãos; e a mentira e a perversidade pronunciada pela boca (v.3):
- o mal que é abrigado no interior do coração produz atos de iniquidade e injustiça, e indiferença pela justiça; e por outro lado confiança no que é vão (v. 4);
- o trabalho e atividade deles estão voltados para a concepção do mal (ovos de basiliscos e teias de aranhas). O fruto das suas ações é alimento que produz morte e não vida, e quem atacar ainda que inadvertidamente o mal que eles concebem em seus corações, em vez de exterminá-lo, fará com que ele se reproduza (víbora que sai do ovo). (v.5).
- o produto das ações deles não servem para cobrir os seus pecados, porque suas obras são obras de iniquidade e de violência (v. 6).
- são inclinados apressadamente para o mal, e por isso derramam sangue inocente, e pensam somente em iniquidade, de maneira que há desolação e destruição no caminho deles (v. 7);
-  por isso não podem conhecer o caminho da paz e da justiça, porque caminham por veredas tortas (v. 8).
Deus afirma também expressamente no final do verso 8 que aqueles que andam por caminhos tortuosos não podem conhecer a paz, isto é, viver e experimentar a paz sobrenatural do Senhor em toda e qualquer circunstância, porque Ele a reterá deles.
Quem vive no pecado não pode, portanto, esperar experimentar a paz do Senhor, porque esta é dada por Ele somente àqueles que não vivem na prática do pecado.
À luz de toda esta odiosidade do pecado que habita na natureza terrena de todas as pessoas, Deus declara através do profeta que somente Ele é a esperança do Seu povo.
Que a salvação é provida por Ele próprio, uma vez que o pecado contaminou tão profundamente toda a humanidade.
Ele se proverá de santos através do Redentor, pelo Seu próprio poder e méritos.
Este trabalho de purificação deste perverso coração pecaminoso é um trabalho que somente o Espírito Santo pode realizar.
O homem não está habilitado para realizar tal trabalho pela sua própria incapacidade e fraqueza decorrente do pecado que nele opera.
Por isso quando nos sentimos como mortos entre os vivos, por estarem as graças espirituais morrendo na nosso viver, e quando percebemos trevas em nós e ao nosso redor e não a luz de Jesus, quando nos sentimos incapazes e inabilitados para viver de modo justo e santo; quando andamos como cegos das verdades da Palavra de Deus e por isso tropeçamos (v. 9, 10).
Quando andamos gemendo como gemem as pombas, e esperamos pela justiça e ela não aparece, e por livramento, e sentimos que ele está longe de nós (v. 11), a causa disto sempre será a multiplicação das nossas transgressões diante de Deus, ainda que as conheçamos, porque apesar de conhecê-las Deus não nos dará o poder para vencê-las por causa da falta da nossa consagração a Ele para fazer a Sua vontade.
Nós nos sentiremos acusados pelas nossas iniquidades, mas não poderemos vencê-las enquanto não nos dispusermos a um verdadeiro arrependimento (v.12).
Quando a verdade deixa de ser praticada a iniquidade se multiplica.
Quando o Senhor e a Sua Palavra são negados por deixarmos de segui-lO, o nosso falar será opressivo e rebelde, e o nosso coração conceberá palavras de falsidade (v. 13).
Quando isto acontece o direito e a justiça que são segundo a verdade desaparecem, e a retidão não pode entrar em nossas vidas, em nossas famílias, em nossas igrejas, na nossa sociedade (v. 14).
Veja que não se diz no final do verso 14 que a equidade, isto é, a igualdade de todos perante Deus, será difícil de entrar em nosso meio, mas que ela não poderá entrar.
Isto porque o orgulho, a violência, a prepotência prevalecerão mesmo naqueles que sejam muitos religiosos.
Eles usarão a própria religião e espiritualidade para se sentirem superiores aos seus irmãos.
Deus não pode de modo algum se agradar disto, porque quando a verdade desfalece, aqueles que procurarem viver de modo justo e santo, se desviando do mal, serão atacados pelos que estão sendo  vencidos pelo mal (v. 15).
Quando todo o povo de Deus se encontra em tal condição quem poderá entre eles ser um intercessor efetivo para que este estado de coisas seja modificado?
E se houvesse alguém, por quanto tempo esta pessoa poderia prevalecer diante de Deus com a sua intercessão em favor de tão agravado estado de pecado?
Ninguém poderia fazê-lo pelo seu próprio poder e força. Esta é a grande verdade, e por isso o Senhor age por Sua exclusiva misericórdia para trazer a salvação ao Seu povo, deste estado miserável de derrota ao pecado (v. 16).  
Não somente o Senhor se veste com a couraça da justiça e do capacete da salvação para lutar contra o mal para salvar os que se arrependerem de seus pecados, como também das vestes de guerra da vingança, com o manto do Seu zelo, para dar a cada um conforme as suas obras, para tomar vingança contra os Seus inimigos que não se arrependem dos seus pecados (v. 17,18).
Quando o Senhor julga os pecadores impenitentes os lançando com o Seu grande poder no tormento eterno, isto traz grande temor e glória ao Seu nome (v. 19), mas aos que se desviam das suas transgressões, pelo arrependimento, em vez de vingança contra o pecado, Ele envia na Sua bondade e misericórdia um Redentor e faz um pacto com estes e com os seus descendentes, de não retirar deles o Seu Espírito, e nem estas palavras verdadeiras, que colocou na boca do profeta, porque tem feito a promessa de mantê-las nas bocas destes que se arrependem e também na boca dos seus descendentes, isto é, daqueles que se converterão através do testemunho deles (v. 20,21).
Observe que o Espírito e a Palavra vão juntos, e é por eles que a Igreja é mantida. Porque a palavra nas bocas dos pastores não nos alcançará a menos que venha com a unção e o trabalho do Espírito.
O Espírito faz o Seu trabalho em justa cooperação com a Palavra de Deus, e é neste fundamento que a Igreja é edificada.
A couraça da justiça da armadura que usamos não é nossa mas do Senhor Jesus.
O capacete da salvação que usamos na pregação não é nosso, mas do Senhor.
Assim todos os itens da armadura que Paulo afirma em Efésios pertencem a Deus (Ef 6.13).

Isaías 59.1 Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir;
Isaías 59.2 mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.
Isaías 59.3 Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniquidade; os vossos lábios falam a mentira, a vossa língua pronuncia perversidade.
Isaías 59.4 Ninguém há que invoque a justiça com retidão, nem há quem pleiteie com verdade; confiam na vaidade, e falam mentiras; concebem o mal, e dão à luz a iniquidade.
Isaías 59.5 Chocam ovos de basiliscos, e tecem teias de aranha; o que comer dos ovos deles, morrerá; e do ovo que for pisado sairá uma víbora.
Isaías 59.6 As suas teias não prestam para vestidos; nem se poderão cobrir com o que fazem; as suas obras são obras de iniquidade, e atos de violência há nas suas mãos.
Isaías 59.7 Os seus pés correm para o mal, e se apressam para derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniquidade; a desolação e a destruiçao acham-se nas suas estradas.
Isaías 59.8 O caminho da paz eles não o conhecem, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si veredas tortas; todo aquele que anda por elas não tem conhecimento da paz.
Isaías 59.9 Pelo que a justiça está longe de nós, e a retidão não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão.
Isaías 59.10 Apalpamos as paredes como cegos; sim, como os que não têm olhos andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como no crepúsculo, e entre os vivos somos como mortos.
Isaías 59.11 Todos nós bramamos como ursos, e andamos gemendo como pombas; esperamos a justiça, e ela não aparece; a salvação, e ela está longe de nós.
Isaías 59.12 Porque as nossas transgressões se multiplicaram perante ti, e os nossos pecados testificam contra nós; pois as nossas transgressões estão conosco, e conhecemos as nossas iniquidades.
Isaías 59.13 transgredimos, e negamos o Senhor, e nos desviamos de seguir após o nosso Deus; falamos a opressão e a rebelião, concebemos e proferimos do coração palavras de falsidade.
Isaías 59.14 Pelo que o direito se tornou atrás, e a justiça se pôs longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a equidade não pode entrar.
Isaías 59.15 Sim, a verdade desfalece; e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado; e o Senhor o viu, e desagradou-lhe o não haver justiça.
Isaías 59.16 E viu que ninguém havia, e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve;
Isaías 59.17 vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs na cabeça o capacete da salvação; e por vestidura pôs sobre si vestes de vingança, e cobriu-se de zelo, como de um manto.
Isaías 59.18 Conforme forem as obras deles, assim será a sua retribuição, furor aos seus adversários, e recompensa aos seus inimigos; às ilhas dará ele a sua recompensa.
Isaías 59.19 Então temerão o nome do Senhor desde o poente, e a sua glória desde o nascente do sol; porque ele virá tal uma corrente impetuosa, que o assopro do Senhor impele.
Isaías 59.20 E virá um Redentor a Sião e aos que em Jacó se desviarem da transgressão, diz o Senhor.
Isaías 59.21 Quanto a mim, este é o meu pacto com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca, nem da boca dos teus filhos, nem da boca dos filhos dos teus filhos, diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre.
Isaías 60


A Glória Futura Prometida para a Igreja

Deus está formando gradualmente um povo glorioso, exclusivamente Seu, zeloso de boas obras, em meio a este mundo tenebroso.
A condição terrível do pecado, apresentada nos capítulos 58 e 59 de Isaías, não poderá impedir a plena realização da manifestação da luz e glória de Deus no monte Sião, que tem sido objeto de disputas através dos séculos, sendo Jerusalém pisoteada por povos pagãos para perplexidade, especialmente, dos judeus piedosos, aos quais Deus havia prometido fazer de Jerusalém um objeto de glória para eles na terra.
Enquanto o Messias não se manifestar com a Igreja triunfante em Sua volta, no monte Sião, parecerá a muitos que a promessa de Deus caducou, mas como Ele é fiel em cumprir a Sua Palavra ela terá cabal cumprimento a Seu tempo.
“e não lhe deis a ele descanso até que estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra.” (Is 62.7).
“E olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o Monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que traziam na fronte escrito o nome dele e o nome de seu Pai.” (Apo 14.1).
Foi principalmente com esta perspectiva da glória futura da Igreja na nova Jerusalém que este capítulo foi escrito.
Os cristãos são chamados a olharem para o grande objetivo final do seu trabalho, e não para as suas presentes condições neste mundo sujeito ao pecado.
Mas, a grande luz e glória que seriam manifestadas ao povo do Senhor com a chegada do Redentor prometido no capítulo 59 de Isaías é prometida na abertura e continuidade deste 60º capítulo, que agora comentaremos.
Nosso Senhor Jesus Cristo viria numa primeira vinda a Israel, cerca de setecentos anos depois da profecia que foi dada a Isaías, para começar a buscar o Seu povo em todas as partes do mundo, e se manifestará com eles no monte Sião na plenitude da Sua luz e glória por ocasião da Sua segunda vinda.
Não são feitas promessas de riquezas terrenas das nações para a Igreja antes que Cristo venha, porque Deus em Sua grande sabedoria sabe que o pecado ainda opera na carne dos cristãos, e o amor ao dinheiro num mundo de pecado como o nosso é a raiz de todos os males.
Muitos se desviaram da fé ao longo da história da Igreja por causa das riquezas terrenas.
As Igrejas de Sardes e de Laodiceia se desviaram da sua firmeza exatamente por causa da abundância de bens materiais que eles possuíam.
E, geralmente, a mesma história se repete quando se coloca neste mundo, ainda sujeito ao pecado, os bens terrenos como alvo da vida cristã.
Mas, na perfeição da glória com Cristo no milênio, estes bens serão mero adorno para o Seu santuário e reino, e já não existirá mais o pecado da cobiça nos corações.
Então se fala deles na profecia de Isaías como uma promessa de Deus para a futura glória da Igreja.
Foi somente depois da vinda do Senhor a este mundo que a luz do evangelho brilhou nos nossos corações.
Todos estavam em ignorância quanto a quem se referiam as promessas da vinda de um Redentor que traria consigo a graça e a verdade.
Foi somente depois que Ele se manifestou que até mesmo estes capítulos finais do livro de Isaías passaram a ter pleno significado para nós quanto ao Redentor e quanto ao Seu trabalho de redenção, para nos libertar dos nossos pecados.
A luz que dissipou as trevas da ignorância quanto ao plano de Deus para o Seu povo possibilitou que a Igreja fosse formada pela operação do Espírito Santo.
Uma era a glória que Deus manifestava em Israel nos dias da Antiga Aliança, e uma outra muito maior é a que Ele tem manifestado através de Cristo na Igreja, nesta chamada dispensação da graça.
Não somente pelo modo como tem transformado os pecadores, mas sobretudo pela manifestação do Seu grande poder através da Igreja.
Somente a luz do evangelho pode dissipar as trevas do pecado que está no mundo, de maneira que a palavra de ordem do Senhor é que a Igreja se levante e resplandeça com a luz que lhe foi dada com a chegada de Cristo, e que trouxe a ela a glória do Senhor (v. 1).
A necessidade de que a Igreja se levante dando testemunho da luz da verdade do evangelho, é que as trevas continuarão cobrindo a terra e a escuridão os povos, mas sobre os eleitos a luz do Senhor virá surgindo e a Sua glória se verá sobre eles (v.2).
Estes eleitos estão em todas as nações, e daí a necessidade de o evangelho ser pregado em todas as nações, porque nestas nações até mesmo muitos dos seus governantes caminharão para a luz de Cristo que está na Igreja.
Os cristãos fiéis são a luz do mundo. E pelo testemunho deles de caminharem na luz, muitos, em todas as nações se converterão também à luz (v. 3).
Os homens e mulheres que caminharem para a luz são chamados por Deus de seus filhos e filhas que serão criados ao lado daqueles que já se encontravam no Senhor (v. 4).
Estas muitas conversões serão motivo de grande alegria para a Igreja, e o coração se estremecerá diante do grande poder do Senhor para salvar, e se alegrará com isto, porque é dito que a abundância do mar será para a Igreja, e as riquezas das nações virão a ela (v. 5).
A principal riqueza das nações são os que se convertem a Cristo, porque as nações que não têm o evangelho estão em extrema tristeza, escuridão e pobreza espiritual. Quão miseráveis são aos olhos de Deus as nações que não têm o verdadeiro evangelho de Cristo.
Entretanto, a promessa desta profecia também se cumpre na mercadorias e riquezas materiais que são trazidas à Igreja não para o propósito de comércio, mas quando ela deixar o seu estado presente de odiada e perseguida pelas nações, para ser honrada por elas quando lhes trouxerem suas riquezas, quando estiver em glória com Cristo em Jerusalém.
Antes, no Velho Testamento, somente os israelitas subiam ao templo de Jerusalém para a adoração ao Senhor, mas no milênio todas as nações virão a esta cidade para honrarem o Grande Rei e à Igreja que estará com Ele reinando em glória (Zac 14.16).
Mas, mesmo no presente, a promessa da provisão divina para atender as necessidades dos que estão empenhados em servir ao evangelho está também aqui embutida (v. 6 a 17).
Entretanto, a Igreja que se levanta e resplandece com o testemunho da verdade é rica e enriquece a muitos, como também é ainda mais enriquecida com as almas que o Senhor junta a ela.
Nunca, em tempo algum, o Judaísmo, sob a antiga aliança conseguiria fazer convertidos em todas as nações como passou a acontecer com o evangelho, que começou a ser pregado a partir de Jerusalém.
Esta glória estava reservada à Igreja, para a glorificação do nome de Cristo, que é o seu Senhor.
É o castiçal da Igreja a luz através da qual o testemunho do evangelho ilumina o mundo.
Até mesmo muitos dos que eram inimigos de Deus e do evangelho e que se opunham à Igreja de Cristo e que oprimiram e perseguiram os cristãos, viriam a se render a Cristo, pelo bom testemunho dos seus servos (v. 14).
Devemos servir ao Senhor com o que temos. Devemos glorificá-lo com os nossos bens.
Por isso é dito que as riquezas que são trazidas à Igreja têm o propósito de publicar os louvores do Senhor, e para que Ele possa glorificar a casa da Sua glória (v. 6, 7).
Os bens que são consagrados ao Senhor e que são usados especialmente para socorrer os necessitados do Seu povo trazem grande glória ao nome de Deus porque desta forma tem provido, através da Igreja uma casa para estes Seus filhos que não teriam outra forma de serem sustentados.
A submissão ao evangelho de Cristo impõe esta necessidade de servirmos ao Senhor e aos santos com os nossos bens materiais.
Porque com isto damos provas de maneira prática do quanto reconhecemos que Jesus é de fato o Senhor, o Dono de tudo que somos e possuímos.
Que coisa maravilhosa e agradável a Deus é reconhecermos que nada do que temos é propriamente nosso, mas que pertence ao Senhor, e que por isso deve ser disposto e usado conforme a Sua santa vontade.
Quão grande glória é ser provido pelas cousas santas que foram consagradas ao Senhor!
Que grande honra é poder ser provido pela Sua mesa!
Diante de tanta luz e bondade as conversões se multiplicam, e os que se convertem são descritos por Deus através do profeta como nuvens e como pombas que vêm voando em grande multidão para as janelas da Igreja (v.8).
A citação às portas da Igreja que estarão sempre abertas (v.11) significa que todos os que vierem para a Igreja serão bem vindos, e que Cristo está de braços abertos para recebê-los, e que não lançará fora, de modo algum, a qualquer que vier a Ele.
Para o cumprimento da Sua vontade em relação à Igreja Deus fará até mesmo que ela seja ajudada por aqueles que não lhe pertencem (v. 10, 12, 14).
As ameaças de julgamento e destruição das nações que se recusarem a ajudar a Igreja é uma referência àqueles que resistem ao evangelho de Cristo, e que serão julgados por Ele por ocasião da Sua segunda vinda (II Tes 1.8).
Para que não se confunda a glória que é referida à Igreja com qualquer tipo de glória terrena até que Cristo volte e reúna os redimidos de todas as épocas no monte Sião, é afirmado o estado de desprezo (v. 14), de abandono pelo mundo (v. 15) da verdadeira Igreja no presente século, porque não é na suntuosidade de muitas mega igrejas de diversas denominações que a glória do Senhor reside.
Jesus disse que a Igreja seria perseguida e odiada pelo mundo. Então a glória aqui referida neste capítulo de Isaías não é uma glória terrena decorrente do prestígio da verdadeira Igreja entre aqueles que são do mundo.
Esta glória está especialmente relacionada ao seu futuro na Nova Jerusalém em seu estado eterno, quando não necessitará mais da luz do sol e da lua para ser iluminada, porque o Senhor mesmo será a sua luz perpétua (v. 19,20).
Deus afirma expressamente que todos os que fazem parte da Igreja são obra das Suas mãos e que foram plantados por Ele para a Sua própria glória (v. 21).
Todos aqueles que viveram em pobreza nos dias da Igreja padecente, serão enriquecidos e serão achados em glória na Igreja triunfante depois da volta do Senhor.
Em vez de bronze em suas casas eles terão ouro, em vez de ferro prata, e em vez de madeira bronze, e em vez de pedra, ferro; e serão governados por oficiais pacíficos e justos (v. 17).
Deus fez também a promessa de que a Igreja apesar de ter sido pequena e humilde no Seu começo, viria a ser numerosa e gloriosa no fim (v. 22).
A Igreja Cristã nos dias de Jesus era composta por apenas cerca de 120 discípulos, e já no Pentecostes teve um acréscimo de três mil convertidos. E logo depois este número subiu a cerca de cinco mil, e hoje é composta por uma multidão inumerável tanto no céu quanto na terra, e será mais ainda até que Cristo volte.
O Senhor o disse e o Senhor o tem feito para a glória do Seu próprio nome (v. 21).

Isaías 60.1 Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz, e é nascida sobre ti a glória do Senhor.
Isaías 60.2 Pois eis que as trevas cobrirão a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti.
Isaías 60.3 E nações caminharão para a tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora.
Isaías 60.4 Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes se ajuntam, e vêm ter contigo; teus filhos vêm de longe, e tuas filhas se criarão a teu lado.
Isaías 60.5 Então o verás, e estarás radiante, e o teu coração estremecerá e se alegrará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações a ti virão.
Isaías 60.6 A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos os de Sabá, virão; trarão ouro e incenso, e publicarão os louvores do Senhor.
Isaías 60.7 Todos os rebanhos de Quedar se congregarão em ti, os carneiros de Nebaoite te servirão; com aceitação subirão ao meu altar, e eu glorificarei a casa da minha glória.
Isaías 60.8 Quem são estes que vêm voando como nuvens e como pombas para as suas janelas?
Isaías 60.9 Certamente as ilhas me aguardarão, e vêm primeiro os navios de Társis, para trazerem teus filhos de longe, e com eles a sua prata e o seu ouro, para o nome do Senhor teu Deus, e para o Santo de Israel, porquanto ele te glorificou.
Isaías 60.10 E estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque na minha ira te feri, mas na minha benignidade tive misericórdia de ti.
Isaías 60.11 As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão; para que te sejam trazidas as riquezas das nações, e conduzidos com elas os seus reis.
Isaías 60.12 Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas.
Isaías 60.13 A glória do Líbano virá a ti; a faia, o olmeiro, e o buxo conjuntamente, para ornarem o lugar do meu santuário; e farei glorioso o lugar em que assentam os meus pés.
Isaías 60.14 Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; e prostrar-se-ão junto às plantas dos teus pés todos os que te desprezaram; e chamar-te-ão a cidade do Senhor, a Sião do Santo de Israel.
Isaías 60.15 Ao invés de seres abandonada e odiada como eras, de sorte que ninguém por ti passava, far-te-ei uma excelência perpétua, uma alegria de geração em geração.
Isaías 60.16 E mamarás o leite das nações, e te alimentarás ao peito dos reis; assim saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.
Isaías 60.17 Por bronze trarei ouro, por ferro trarei prata, por madeira bronze, e por pedras ferro; farei pacíficos os teus oficiais e justos os teus exatores.
Isaías 60.18 Não se ouvirá mais de violência na tua terra, de desolação ou destruição nos teus termos; mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas Louvor.
Isaías 60.19 Não te servirá mais o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória.
Isaías 60.20 Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará; porque o Senhor será a tua luz perpétua, e acabados serão os dias do teu luto.
Isaías 60.21 E todos os do teu povo serão justos; para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado.
Isaías 60.22 O mais pequeno virá a ser mil, e o mínimo uma nação forte; eu, o Senhor, apressarei isso a seu tempo.


Isaías 61


Cristo o Noivo e Cabeça da Igreja

No capítulo 60 de Isaías nós vemos a descrição da glória e da honra que são dadas por Deus àqueles que são chamados por Ele para fazerem parte da Sua Igreja.
E no 61º capítulo, que estaremos agora comentando, é descrito quem são estes que são redimidos pelo Senhor, o que eles devem fazer para Ele; e qual é a missão do Messias em relação ao mundo. Na condição de Senhor de tudo e de todos Ele anunciará tanto salvação quanto juízo eternos.
Aos mansos e contritos de coração Ele salvará, curando-os e libertando-os da prisão, mas aos que resistem ao evangelho Ele anunciará o dia do Juízo de Deus no qual Ele visitará a iniquidade de todos os Seus inimigos, ou seja, os que se opõem ao amor, à justiça e à verdade.
Ao ler este texto das Escrituras na Sinagoga de Nazaré Jesus afirmou que elas estavam tendo o cumprimento nEle, isto é, elas passaram a ser cumpridas quando Ele se manifestou dando início ao Seu mistério, o qual teria prosseguimento através da Igreja.
Como este ministério de Cristo e da Igreja é ministério do espírito (II Cor 3) então importava que fosse ungido pelo Espírito Santo para o exercício do Seu ministério, tanto quanto os cristãos devem sê-lo para a realização dos ministérios deles, que é a extensão do próprio ministério de Cristo.
No entanto, o Espírito havia ungido a Jesus sem medida porque Ele é a cabeça da Igreja e o Seu Senhor.
Ele tem também batizado a Sua Igreja no Espírito, mas a honra da realização do ministério dos seus servos pertence a Ele, porque é Ele quem batiza no Espírito e distribui os dons ao Seu corpo como Lhe apraz.
Além disso é Ele próprio que faz todo o trabalho através da Igreja.
Os dons e capacitações que operam nos cristãos não são propriamente deles, mas de Cristo.
Eles são chamados de luz do mundo não que a luz seja propriamente deles, mas de Cristo, que neles está.
Assim, tudo o que os cristãos possuem é oriundo da união deles com Cristo, a quem pertencem de fato todas as graças e que é a fonte de todos os poderes espirituais e sobrenaturais que operam na Igreja. Se eles não permanecerem em Cristo, não poderão, portanto, fazer coisa alguma porque tudo o que têm não procede deles próprios, mas do Senhor.
Isto é assim porque aprouve ao Pai que residisse no Filho toda a plenitude, de maneira que Ele receba toda a glória pelo trabalho que realiza na Igreja e através dela.
O Pai ungiu o Filho com o Espírito, não por medida, e lhe preparou um corpo (a Igreja) para ser formada por aqueles que são mansos e que choram neste mundo de pecado.
Estes mansos são aqueles que são submissos à vontade de Deus e que se entristecem e lamentam pelos seus pecados.
É particularmente apropriada a menção ao fato de que estes que são salvos são submissos (mansos), isto é, eles se submetem de fato à vontade de Deus.
Dizemos que é particularmente apropriada tal afirmação das Escrituras porque muitos pretextam que estão buscando uma vida de poder do Espírito Santo, de uma obra que realce o poder do Espírito, porque na verdade eles não pretendem se submeter a ninguém, e muito menos aos mandamentos do Senhor em Sua Palavra.
Assim, é falsa a noção que têm do que seja uma vida segundo o poder do Espírito, porque o Ungido, o Messias, é manso e humilde de coração. E é deste modo que importa que sejam todos os ungidos de Deus.
É preciso ter unção e poder do Espírito, mas isto não deve ser entendido como muitos pensam erroneamente, que isto significa independência, rebelião e não se submeter a ninguém.
Na obediência há segurança, mas na rebelião há muito mais do que insegurança, como também a certeza de que seremos submetidos à correção e disciplina de Deus, se formos de fato Seus filhos.
Por isso, é aos mansos e humildes que o Messias proclama liberdade da servidão ao pecado, e a abertura da prisão a eles, porque estavam presos à vontade do diabo (v.1).
É a estes que o Messias prega que há um ano aceitável do Senhor, isto é, a dispensação da graça na qual Ele está sendo misericordioso para com os que são mansos e que choram, lhes trazendo a salvação, de maneira que os consolará de suas tristezas (v. 2), e estando na Igreja devem se alegrar sempre no Senhor porque Ele é o Noivo que sempre estará com eles, e assim, em vez de pranto,  terão motivo de alegria, por causa da unção do Espírito, que é o óleo de alegria que está neles, e como seus espíritos foram vivificados por Cristo, eles louvarão a Deus em vez de terem espírito angustiado, e Deus os plantará como árvores de justiça para que Ele seja glorificado neles (v. 3).
Como o Senhor derramará o Seu Espírito na Sua Igreja de tal maneira que Ele venha a ser glorificado, será através dela e dos avivamentos do Espírito que Ele edificará o testemunho que tenha sido arruinado em alguma época da história da Igreja.
A Igreja será capacitada pelo Espírito Santo a levantar as desolações do passado, as regiões assoladas e as desolações de muitas gerações porque o testemunho da Igreja sempre será revigorado pelo Senhor segundo o cumprimento desta promessa, conforme tem de fato ocorrido ao longo da sua história (v. 4).
“Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo de Davi, que está caído, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e as reedificarei como nos dias antigos;” (Am 9.11).
Tiago reconheceu no Concílio de Jerusalém que estas palavras de Amós se referiam ao trabalho de evangelização do mundo, conforme se vê em At 15.16,17.
Aquele primeiro grande avivamento do Pentecoste em Jerusalém havia convertido muitos gentios, e houve outro derramar do Espírito na casa de Cornélio quando Pedro lá esteve, o qual deu ensejo a esta citação de Tiago no Concílio de Jerusalém.
E Deus ainda está reedificando o tabernáculo (habitação, casa) de Davi que estava caído, levantando-o de suas ruínas, pela conversão de pessoas  com a pregação do evangelho em todo o mundo.
Deus prometeu fazer uma aliança eterna com a casa de Davi, e o cumprimento desta aliança se refere à formação da Igreja.
É importante lembrar que no texto de Is 58.12 Deus fez a promessa de que aqueles que se convertessem a Ele seriam conhecidos como “reparador de brechas, e restaurador de veredas para morar” e também que deles procederiam aqueles que edificariam os lugares que foram assolados na Antiguidade, e que por eles os fundamentos seriam levantados de geração em geração.
Está fora de qualquer dúvida que esta promessa se cumpre na Igreja, que nasceu daqueles primeiros israelitas que buscaram ao Senhor e se converteram com a pregação do evangelho por nosso Senhor Jesus Cristo. Todos os cristãos, podemos dizer, são descendentes daquele primeiro grupo fiel do qual faziam parte os apóstolos.
Cristo foi ungido para pregar boas novas, isto é, o evangelho, porque o significado da palavra evangelho é exatamente boas novas.
De igual forma os cristãos devem ser ungidos para também pregarem o evangelho, porque a profecia afirma que eles serão conhecidos como sacerdotes do Senhor e  ministros do nosso Deus (v. 6).
Especialmente estes que forem chamados para serem ministros do evangelho viverão do evangelho, porque lhes será trazida as riquezas das nações, e em vez de vergonha, terão dupla honra, porque em vez de opróbrio se alegrarão na porção que o Senhor lhes dará, por terem duplos honorários, e eles terão perpétua alegria (v. 7).
A chamada para o ministério da Palavra é uma elevada honra, maior do que a dos sacerdotes do Antigo Testamento, que deviam viver das ofertas trazidas ao tabernáculo e ao templo.
Deus mesmo garante por promessa a provisão dos Seus ministros e Ele o fará fielmente porque tem prometido lhes dar a recompensa pelo trabalho deles de anunciar as boas novas, e a garantia desta fidelidade está no fato de que Deus ama o juízo, aborrece o roubo e toda injustiça (v. 8).
E agora não somente aos ministros, mas a todos os cristãos que são sacerdotes para o Senhor lhes é dirigida a promessa de que a posteridade deles será conhecida entre as nações e os seus descendentes no meio dos povos, e todos quantos os virem os reconhecerão como descendência bendita do Senhor (v. 9).
Isto tem sido cumprido cabalmente porque os que têm se destacado no evangelho pela sua fidelidade em servir ao Senhor têm tido os seus nomes registrados nos anais da Igreja cristã, e suas vidas têm sido inspiração para a fidelidade de muitos que têm se levantado depois deles.
A alegria de Cristo se confunde com a alegria da Igreja por causa da obra da salvação e do plano estabelecido por Deus desde antes da fundação do mundo de formar um povo santo para que o Seu filho fosse a cabeça deste povo.
Quando Cristo se manifestasse ao mundo Deus faria brotar a justiça e o louvor perante todas as nações.
O cântico de alegria da Igreja é por ter sido vestida com as vestes de salvação e o manto de justiça de Cristo.
O noivo (Cristo) está alegre  e também a Sua noiva (a Igreja) (v. 10, 11).

Isaías 61.1 O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;
Isaías 61.2 a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;
Isaías 61.3 a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado.
Isaías 61.4 E eles edificarão as antigas ruínas, levantarão as desolações de outrora, e restaurarão as cidades assoladas, as desolações de muitas gerações.
Isaías 61.5 E haverá estrangeiros, que apascentarão os vossos rebanhos; e estranhos serão os vossos lavradores e os vossos vinheiros.
Isaías 61.6 Mas vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso Deus; comereis as riquezas das nações, e na sua glória vos gloriareis.
Isaías 61.7 Em lugar da vossa vergonha, haveis de ter dupla honra; e em lugar de opróbrio exultareis na vossa porção; por isso na sua terra possuirão o dobro, e terão perpétua alegria.
Isaías 61.8 Pois eu, o Senhor, amo o juízo, aborreço o roubo e toda injustiça; fielmente lhes darei sua recompensa, e farei com eles um pacto eterno.
Isaías 61.9 E a sua posteridade será conhecida entre as nações, e os seus descendentes no meio dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão como descendência bendita do Senhor.
Isaías 61.10 Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como noivo que se adorna com uma grinalda, e como noiva que se enfeita com as suas joias.
Isaías 61.11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o horto faz brotar o que nele se semeia, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações.











Isaías 62


Orar Para que Venha O Reino de Glória

A perspectiva da profecia de Isaías 62, relativa à Igreja, aponta para a Sua glória futura com o Senhor em Jerusalém. As promessas apontam para Jerusalém porque a nova Jerusalém será a morada eterna dos santos.
Tanto os santos do Antigo Testamento quanto os do Novo serão reunidos por Cristo num só corpo, porque importa que haja um só rebanho e um só Pastor.
O templo de Salomão viria ainda a ser destruído depois dos dias de Isaías e os judeus seriam levados em cativeiro para Babilônia.
Mas, mesmo depois que Jesus se manifestasse em Israel, o templo que havia sido reconstruído pelos judeus quando retornaram de Babilônia, também seria destruído e Jerusalém seria assolada pelos romanos em 70. d.C.
Estas profecias tiveram, portanto, também o alvo de manter acesa a esperança dos judeus quanto a que ainda haveria uma glória futura para Jerusalém a par de todas as destruições que ela vinha sofrendo ao longo dos séculos.
Mas, esta glória futura de Jerusalém somente poderá ser concretizada por causa do trabalho de redenção do Messias, não somente em favor de Israel, mas de todos os povos.
Jesus voltará depois de o evangelho ter sido pregado pela Igreja em todo o mundo.
O triunfo final de Cristo com os santos deve ser manifestado em Sião conforme está profetizado em várias porções das Escrituras.
A Igreja deve trabalhar para que este dia venha e o Senhor possa receber toda a glória que Lhe é devida por todas as nações que se reunirão em Jerusalém.
Importa que isto suceda, e para tanto a Igreja deve orar para que seja revestida de poder espiritual para realizar a obra de evangelização do mundo.
Assim, a oração de Isaías 62.1 não é apenas a oração do profeta Isaías, mas a oração de Cristo e de toda a Igreja para que Jerusalém seja estabelecida como objeto de louvor em toda a terra.
"Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa." (v.1).
"e Jerusalém, sobre os teus muros pus atalaias, que não se calarão nem de dia, nem de noite; ó vós, os que fazeis lembrar ao Senhor, não descanseis,  e não lhe deis a ele descanso até que estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra." (v. 6,7).
Deus se agrada do clamor santo do Seu povo que Lhe é dirigido continuamente aos ouvidos para que Ele manifeste a Sua glória em todo o mundo.
Nenhum cristão deve esmorecer em suas orações, de maneira que prevaleça com Deus para o cumprimento das Suas misericórdias prometidas à Igreja.
Por isso, especialmente os ministros do evangelho não devem se ocupar de coisas que lhes possa desviar do ministério da oração e da Palavra.
Os ministros não devem estar calados, mas devem fazer a vontade de Deus conhecida para o Seu povo, para que todos clamem a Ele para apressar a vinda do Seu reino de glória.
O reino de graça já está manifestado entre nós, mas esta graça tem o seu clímax no reino de glória ainda por vir. Por isso oramos no Pai nosso: "Venha o teu reino".
O clamor, a oração, a pregação da Igreja é pela causa de Sião, e não por nenhum interesse particular, porque o Senhor tem prometido cuidar de todos aqueles que buscam os interesses do Seu reino.
A oração é para que a salvação queime como uma tocha acesa, isto é, que haja o fogo do Espírito na Igreja na pregação do evangelho, se espalhando por todo o mundo, tal como fogo numa floresta.
Importa que os eleitos sejam salvos e reunidos num só rebanho, para que o Senhor venha.
De perseguida, odiada e desprezada a Igreja passará a ser buscada e honrada por todas as nações da terra, quando o Salvador vier a Sião para governar a partir de Jerusalém todos os povos, juntamente com os Seus santos no período do milênio.
A igreja de perseguida e despojada passará a ser suprida pelas nações da terra, e nunca lhe faltará a provisão e honra que lhes serão dadas no seu estado triunfante, depois que Jesus voltar para distribuir os galardões aos seus servos.
A própria cidade de Jerusalém, de desprezada, passará a ser a principal cidade de todo o mundo porque lá estará o trono do Senhor, e aqueles que nela habitarem a terão por objeto de louvor porque ali estarão aqueles que serão os seus habitantes eternos e que oraram para que ela fosse colocada finalmente como objeto de louvor em toda a terra.
Ela será a noiva ataviada porque é nela que os filhos de Deus habitarão juntamente com o noivo.
Sendo a noiva (por ser a morada dos cristãos que são o corpo de Cristo) é dito que a cidade será desposada, não porque Cristo se casará com a cidade propriamente dita, mas com os seus santos habitantes.
"E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo." (Apo 21.2).
Quão grande admiração a Igreja despertará a todas as nações quando estiver assim glorificada com Cristo!
Ela será verdadeiramente admirável com o brilho da sua justiça e salvação, com todos os filhos de Deus aperfeiçoados, e sem qualquer infidelidade ou escândalo em testemunho contra qualquer um deles.
A Igreja receberá um novo nome por causa desta sua nova dignidade.
O Senhor chamará a Sua Igreja de Minha Delícia, Desposada, Procurada e ela será uma coroa de adorno na mão do Senhor, e um diadema real na mão do Seu Deus.
Um Rei deve ter um povo e um reino, e a Igreja será este povo e o reino sobre o qual o Senhor dominará em amor para sempre.
Jerusalém nesta profecia de Isaias sendo designada como a morada dos santos, representa a causa de Sião e uma cidade espiritual invisível que deve ser guardada pela constante vigilância da Igreja.
Daí ser dito pelo Senhor no verso 6 que Ele colocou atalaias sobre os seus muros, que não se calarão nem de dia, nem de noite.
Esta é uma clara referência ao dever da Igreja de vigiar e de orar incessantemente até que o Senhor volte e estabeleça o Seu reino de glória.
Os atalaias devem tocar a trombeta do evangelho, e o ato de fazer este trabalho sobre os muros de Jerusalém significa que a paz da Igreja deve ser preservada dos ataques de Satanás, do pecado e do mundo contra ela, através da oração incessante.
A pura e verdadeira adoração ao Senhor para dentro dos muros da Igreja deve ser preservada através da vigilância e oração dos Seus servos, e através da proclamação da verdade.
A precisão da profecia de Isaías em relação à Igreja se comprova no fato de não haver apenas promessas de bênçãos para ela, como também a afirmação das provações, aflições, e perdas que a Igreja sofrerá até que Cristo volte.
A Igreja tem sido duramente perseguida e odiada ao longo de toda a sua história, e milhares de cristãos foram martirizados, muitos outros foram despojados de seus bens por não terem negado o nome de Cristo.
Já no princípio todos os cristãos foram expulsos de Jerusalém, com exceção dos apóstolos (Atos 8.1).
Não é nosso propósito descrever aqui em detalhes todas as perseguições e despojamentos sofridos pela Igreja ao longo de toda a sua história, mas isto está declarado na profecia de Isaías, porque Deus diz que esta Igreja padecente virá a ser um dia uma Igreja triunfante depois da volta do Senhor, e a partir de então ela nunca mais será perseguida e despojada, ao contrário, ela desfrutará das riquezas das nações (v. 8, 9).
Os resquícios da destruição de Jerusalém pelos exércitos coligados ao Anticristo, e das assolações despejadas por Deus em Sua ira contra o pecado do mundo descritas no livro de Apocalipse por ocasião da segunda vinda do Senhor, serão removidos, para que o Senhor possa começar a governar o mundo a partir de Jerusalém durante o milênio.
"Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai a bandeira aos povos." (v. 10).

Isaías 62.1 Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa.
Isaías 62.2 E as nações verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor designará.
Isaías 62.3 Também serás uma coroa de adorno na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus.
Isaías 62.4 Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá, e à tua terra Beulá; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará.
Isaías 62.5 Pois como o mancebo se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus
Isaías 62.6 e Jerusalém, sobre os teus muros pus atalaias, que não se calarão nem de dia, nem de noite; ó vós, os que fazeis lembrar ao Senhor, não descanseis,
Isaías 62.7 e não lhe deis a ele descanso até que estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra.
Isaías 62.8 Jurou o Senhor pela sua mão direita, e pelo braço da sua força: Nunca mais darei de comer o teu trigo aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu mosto, em que trabalhaste.
Isaías 62.9 Mas os que o ajuntarem o comerão, e louvarão ao Senhor; e os que o colherem o beberão nos átrios do meu santuário.
Isaías 62.10 Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai a bandeira aos povos.
Isaías 62.11 Eis que o Senhor proclamou até as extremidades da terra: Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; eis que com ele vem o seu galardão, e a sua recompensa diante dele.
Isaías 62.12 E chamar-lhes-ão: Povo santo, remidos do Senhor; e tu serás chamada Procurada, cidade não desamparada.







Isaías 63


Este capítulo é introduzido com a descrição da vitória de Cristo sobre os inimigos do Seu povo, da Sua Igreja, estando aí incluídos os santos que viveram antes do Pentecostes em Jerusalém.
Eles haviam oprimido o Seu povo; haviam colocado muitos tropeços e tentações diante dos santos para desviá-los da fidelidade deles a Deus, e lhes haviam causado muitas tristezas e sofrimentos.
Mas agora era chegado o dia do acerto de contas com eles, para que não somente os santos fossem vingados, mas para que também a justiça, santidade e poder gloriosos do Senhor fossem manifestados e vindicados neles.
Por isso o conjunto dos inimigos assolados por Cristo em Sua ira foram intitulados debaixo do nome de Edom, por ser o povo descendente de Esaú, e que se levantara na terra  como inimigo de Israel. Israel representa todo o povo de Deus de todas as épocas, e Edom, de igual modo os Seus inimigos que O desprezam, e contra os quais Deus está aborrecido, tal como havia se aborrecido de Esaú no passado.
A citação particular a Bozra subtende a cidade de Edom que era a pior inimiga de Israel, e assim é feito menção ao seu nome na profecia, não somente de Isaías, como também em outras passagens da Bíblia, para representar a soma de todos os inimigos de Deus e do Seu povo:
“Pois por mim mesmo jurei, diz o Senhor, que Bozra servirá de objeto de espanto, de opróbrio, de ruína, e de maldição; e todas as suas cidades se tornarão em desolações perpétuas.”  (Jer 49.13).
O texto dos versos 1 a 6 deste capítulo de Isaías são paralelos a Apocalipse 19.11-15 que descreve a vitória de Cristo sobre o Anticristo e os exércitos coligados a ele, na batalha do Armagedon.
Assim, o propósito de Deus através do profeta foi principalmente o de consolar o Seu povo quanto aos sofrimentos deles neste mundo, e de demonstrar o quanto Ele fora benigno até mesmo para com os pecados deles, porque estariam sujeitos à mesma destruição que alcançou os Seus inimigos se não fosse o Seu grande amor e misericórdia para com o seu povo, a começar das infidelidades demonstradas por Israel no antigo pacto.
Haverá um grande juízo no qual será manifestada a ira de Deus sobre os ímpios, mas Deus não somente livrou o Seu povo desta ira futura, como também nunca o abandonou por causa do Seu grande amor para com Israel (a verdadeira Igreja de todas as épocas da história da  humanidade).
“16 e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro;
17 porque é vindo o grande dia da ira deles; e quem poderá subsistir?”  (Apo 6.16,17).
A partir do verso 7 até o 14 deste capítulo de Isaías, o profeta faz uma revisão em nome da Igreja, com um reconhecimento grato dos procedimentos de Deus para com a Sua Igreja desde os dias da antiguidade.
A bondade, a benignidade e a misericórdia de Deus para com o Seu povo são celebradas e louvadas (v. 7) porque apesar de tê-lo escolhido para ser um povo santo que não procedesse com falsidade, de modo que se fez o Salvador deles (v. 8), e de ter se angustiado em toda a angústia do Seu povo, tendo enviado o anjo da sua presença para salvá-los de suas angústias sob o opressor e sob as circunstâncias difíceis da vida; tendo-lhes remido e os tomado para Si carregando-os todos os dias da antiguidade (v.9), no entanto, em face de tanta bondade e misericórdia, ainda assim se rebelaram contra Ele e entristeceram o Espírito Santo, pelo que o Senhor teve que agir como um inimigo pelejando contra eles (v. 10), por ter lembrado da aliança que fizera com os patriarcas no passado, particularmente de Moisés e do seu povo que indagavam pela Sua presença quando se retirava deles (v. 11 a 13). Em face do arrependimento deles o Espírito do Senhor lhes deu descanso e guiou o Seu povo para a glória do nome do Senhor (v. 14).
Esta descrição do profeta pode ser aplicada á Igreja de todas as épocas do Cristianismo, porque por mais que qualquer Igreja local seja fiel ao Senhor, sempre haverá momentos de baixa quanto à sua fidelidade na caminhada espiritual. E sempre será pela exclusiva bondade e misericórdia do Senhor que ela será restaurada. É por causa do Seu grande amor e misericórdia para com o Seu povo que não somos consumidos. Porque Ele sabe que somos pó, e sujeitos ainda a uma natureza terrena que necessita ser mortificada completamente para que possamos ser plenamente perfeitos, e isto somente será possível quando Ele voltar para arrebatar a Sua Igreja.
Por isso é nosso dever como aparece neste texto de Isaías, tributarmos sempre louvor e gratidão à bondade, benignidade e misericórdia de Deus para conosco, porque somos pecadores, e é em razão exclusivamente da misericórdia que Ele teve para conosco escolhendo-nos por esta mesma misericórdia, e se fazendo Ele próprio o nosso Salvador, porque de outro modo não poderíamos ser salvos da ira futura que Ele manifestará sobre todos aqueles que não foram alvos da Sua grande misericórdia, e que por isso são chamados na Palavra por vasos de ira, por terem rejeitado a bondade que ofereceu gratuitamente aos pecadores.
Mas, o povo de Deus é designado por vasos de misericórdia porque é nos crentes que Deus exibe o quanto Ele é misericordioso porque não somente os livrou da Sua ira vindoura, como vemos nos primeiros versos deste capítulo de Isaías, e em muitas passagens bíblicas, como também tem sido perdoador das transgressões deles.
A casa de Israel na profecia é uma designação relativa ao povo de Deus de todas as épocas, e  a Igreja está portanto incluída nesta promessa, como se vê por exemplo em Jer 31.31-33, quando foi feita a promessa da Nova Aliança. A verdadeira casa de Israel, o verdadeiro Israel de Deus é composto por todos aqueles que tiveram suas vestes lavadas no sangue de Jesus.
Em face de tanta bondade e misericórdia nos é ordenado que não entristeçamos o Espírito Santo. O quanto Deus fica desagradado com isto foi fartamente demonstrado na história de Israel, e o apóstolo Paulo nos chama a contemplar o que aconteceu com eles nos dias de Moisés quando saíram do Egito e cobiçaram as coisas más, e murmuraram, fazendo com que o Senhor pelejasse contra o Seu próprio povo (I Cor 10.1-14).
O fechamento da profecia neste capítulo de Isaías (verso 15 a 19) é uma oração feita pelo profeta ante o atual quadro de miséria espiritual de Israel nos seus dias, e esta oração é modelar para toda Igreja que se encontra em ruína espiritual, como estará a Igreja de Laodiceia citada em Apocalipse nestes últimos dias.
“15 Atenta lá dos céus e vê, lá da tua santa e gloriosa habitação; onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias para comigo estancaram.
16 Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antiguidade é o teu nome.
17 Por que, ó Senhor, nos fazes errar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para te não temermos? Faze voltar, por amor dos teus servos, as tribos da tua herança.
18 Só por um pouco de tempo o teu santo povo a possuiu; os nossos adversários pisaram o teu santuário.
19 Somos feitos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste, e como os que nunca se chamaram pelo teu nome.” .
Se o Senhor não nos vender colírio para que vejamos e entendamos as coisas espirituais e celestiais; se não nos vender ouro refinado para que sejamos ricos da Sua graça; se não nos der vestes brancas para cobrir a nossa nudez diante dele devido ao pecado, nós não podemos triunfar sobre o pecado fazendo morrer a nossa natureza terrena.
Somente o Senhor mesmo pode nos capacitar à vida celestial, espiritual e divina que devemos viver. Somente Ele pode fazer com que tenhamos o nosso tesouro no céu e não na terra, de modo que o nosso coração e pensamentos estejam nas coisas celestiais e não nas que são da terra.
Por isso o profeta ora pedindo que Deus remova o endurecimento do Seu povo.
Quando entramos num viver dominado pela carne automaticamente entramos também num vazio espiritual de uma vida sem a presença de Deus.
O profeta expressa o clamor do povo lamentando a falta do zelo e das obras poderosas de Deus. Eles sentiam como que a ternura do coração e as misericórdias do Senhor tivessem estancado, isto é, cessado (v. 15).
Mas, em todo verdadeiro crente, mesmo entregue a estes sentimentos de derrota e de ausência de Deus, existe e permanece a convicção de que somente Deus é Pai e conhece perfeitamente o Seu povo, porque é o Redentor dele desde a antiguidade (v. 16). Abraão é chamado de Pai dos crentes, mas Ele não conhece a quase totalidade deles, especialmente a todos os que viveram depois dele, mas o Senhor conhece a todos os Seus filhos.
Sem Ele estamos mortos. Sem Cristo, fora da videira, somos ramos que secam e morrem. Dependemos inteiramente de estar verdadeiramente em comunhão com Ele para que tenhamos vida, porque Ele é o caminho, a verdade e a vida.
Por isso não podemos acertar com o caminho de Deus, não permanecendo em Cristo que é o caminho. Orar como fez o profeta para que Deus não nos faça errar o caminho, é portanto o mesmo que pedir que Ele nos mantenha ligados a Cristo. Se o Senhor não amolecer o nosso coração ele ficará no seu estado natural de endurecimento. E um coração endurecido não tem o temor de Deus.
Daí o profeta ter orado para que o Senhor fizesse voltar por amor dos seus servos as tribos da Sua herança; porque reconhecia que foi somente por um pouco de tempo que Israel havia acertado o seu caminhar com o Seu Deus, e no seu presente estado de endurecimento não poderia esperar senão que os seus adversários pisassem no santuário de Deus, e o próprio povo de Israel foi feito como aqueles sobre os quais o Senhor nunca havia dominado e como aqueles que nunca foram chamados pelo Seu santo nome (v. 17 a 19).
Não é deste mesmo modo que ficam todos aqueles que andam contrariamente à vontade do Senhor na Igreja de Cristo? Eles não se tornam parecidos com aqueles que são do mundo? Eles deveriam fazer esta mesma oração do profeta pedindo que o Senhor por seu amor e misericórdia lhes restaurasse para andarem em todos os Seus caminhos, temendo o Seu grande nome, com um coração amolecido pela Sua graça.

“1 Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com vestiduras tintas de escarlate? este que é glorioso no seu traje, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu, que falo em justiça, poderoso para salvar.
2 Por que está vermelha a tua vestidura, e as tuas vestes como as daquele que pisa no lagar?
3 Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém houve comigo; eu os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor, e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura.
4 Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado.
5 Olhei, mas não havia quem me ajudasse; e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu próprio braço me trouxe a vitória; e o meu furor é que me susteve.
6 Pisei os povos na minha ira, e os embriaguei no meu furor; e derramei sobre a terra o seu sangue.
7 Celebrarei as benignidades do Senhor, e os louvores do Senhor, consoante tudo o que o Senhor nos tem concedido, e a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que ele lhes tem concedido segundo as suas misericórdias, e segundo a multidão das suas benignidades.
8 Porque dizia: Certamente eles são meu povo, filhos que não procederão com falsidade; assim ele se fez o seu Salvador.
9 Em toda a angústia deles foi ele angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; no seu amor, e na sua compaixão ele os remiu; e os tomou, e os carregou todos os dias da antiguidade.
10 Eles, porém, se rebelaram, e contristaram o seu santo Espírito; pelo que se lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra eles.
11 Todavia se lembrou dos dias da antiguidade, de Moisés, e do seu povo, dizendo: Onde está aquele que os fez subir do mar com os pastores do seu rebanho? Onde está o que pôs no meio deles o seu santo Espírito?
12 Aquele que fez o seu braço glorioso andar à mão direita de Moisés? que fendeu as águas diante deles, para fazer para si um nome eterno?
13 Aquele que os guiou pelos abismos, como a um cavalo no deserto, de modo que nunca tropeçaram?
14 Como ao gado que desce ao vale, o Espírito do Senhor lhes deu descanso; assim guiaste o teu povo, para te fazeres um nome glorioso.
15 Atenta lá dos céus e vê, lá da tua santa e gloriosa habitação; onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias para comigo estancaram.
16 Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antiguidade é o teu nome.
17 Por que, ó Senhor, nos fazes errar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para te não temermos? Faze voltar, por amor dos teus servos, as tribos da tua herança.
18 Só por um pouco de tempo o teu santo povo a possuiu; os nossos adversários pisaram o teu santuário.
19 Somos feitos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste, e como os que nunca se chamaram pelo teu nome.”.








Isaías 64


Nós devemos lembrar que não somente o livro do profeta Isaías, como todos os livros da Bíblia foram escritos originalmente sem serem divididos em capítulos e versículos. Desta forma, não há uma quebra na mensagem de um capítulo para outro. E faríamos bem em lembrar disso toda vez que estudarmos a Palavra.
O início deste capítulo é portanto uma continuação da mensagem do capítulo anterior e assim sucessivamente; e isto se dá com todo o texto bíblico, mesmo que haja uma mudança de assunto, o que não é o caso com as profecias do livro de Isaías que estamos analisando.
Convém lembrar que o livro do profeta Isaías é considerado como sendo o evangelho segundo Isaías, especialmente a partir do capítulo 40 até o último capítulo, assim como a epístola aos Romanos é chamada de o evangelho segundo Paulo.
É realmente maravilhoso observar que a essência do mistério do evangelho que foi manifestado por Jesus Cristo se encontra no livro de Isaías, especialmente no que se refere ao modo como Deus se relaciona com o Seu povo nas bases da graça, da verdade e da misericórdia e do juízo revelados no evangelho.
Mas, como dizíamos, este capítulo é iniciado com uma continuação da oração contida nos versos finais do capítulo anterior (63).
É um clamor por avivamento. A condição de fracasso, de miséria espiritual foi reconhecida. A ausência do poder do Senhor na Igreja foi lamentado, e agora o coração ora desde as suas profundezas por um avivamento para que tal estado de coisas na Igreja possa ser superado.
“1 Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os montes tremessem à tua presença,
2 como quando o fogo incendeia os gravetos, e o fogo faz ferver a água, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que à tua presença tremam as nações!
3 Quando fazias coisas terríveis, que não esperávamos, descias, e os montes tremiam à tua presença.”
Este é o clamor por um verdadeiro avivamento. É clamor pela manifestação da própria presença de Deus em toda a Sua glória e poder. Para que todos temam e tremam diante do Seu grande nome. Para que as nações deem glória à Sua majestade e tremam diante da Sua grandeza e poder. É um clamor por amor à própria glória de Deus, isto é, para que Ele seja glorificado. Este é o desejo de todo servo fiel do Senhor, ele amará ver o Senhor sendo exaltado e glorificado, e por isso diz: “Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os montes tremessem à tua presença,”  (v. 1).
O profeta lamentou a ruína e destruição de Jerusalém que ainda não havia ocorrido nos seus dias, e que se daria sob os babilônios mais de cem anos depois de Isaías ter assim profetizado.
A profecia apontaria aos judeus qual foi a causa da ruína deles, ao mesmo tempo que lhes incitaria a orarem para que o Senhor lhes restaurasse.
De igual modo tem servido para alertar a Igreja quanto à necessidade de orar por avivamento para que os crentes vivam realmente em santidade diante do Senhor e para que lhe acrescente novos convertidos.
A afirmação e indagação que são feitas no final do verso 5 não retratam a impossibilidade de que seja salvo alguém que esteja vivendo em pecado; mas de que não se pode contar com o livramento de Deus enquanto os crentes vivem de tal maneira.
“Eis que te iraste, porque pecamos; há muito tempo temos estado em pecados; acaso seremos salvos?” (v. 5.b).
O conteúdo desta reflexão nunca pode ser esquecido pelos crentes, para que estejam convictos de que não podem contar com o favor de Deus enquanto vivem deliberadamente na prática do pecado.
Os crentes devem se lembrar que os olhos de Deus repousam sobre os justos, não simplesmente por terem sido justificados pela fé em Cristo, mas por efetivamente praticarem a justiça evangélica que consiste não na nossa perfeição ou na perfeição das nossas obras, mas no nosso permanente desejo de sermos perfeitos assim como o nosso Pai é perfeito, e pela sinceridade de buscarmos a Sua face para sermos transformados pelo Seu Espírito e sermos habilitados a fazer a Sua vontade, pelo poder da Sua graça, buscando viver em obediência aos Seus mandamentos.
Por isso Isaías afirmou a graça do Senhor, antes de ter  afirmado que o povo se encontrava em pecado despertando a ira de Deus, e que somente aqueles que praticam com alegria a justiça e que se lembram do Senhor em todos os Seus caminhos, podem contar com a Sua santa presença que irá ao encontro deles, isto porque Deus  opera em nosso favor segundo a Sua graça e bondade, somente pelo fato de esperarmos por Ele (v.4, 5).
Tal como o profeta orando no lugar de todo o Israel de Deus, movido pelo Espírito, nós deveríamos também confessar ao Senhor qual é a nossa condição natural de não podermos confiar na nossa justiça própria que é falha e pecaminosa para que possamos ser justificados perante Ele em Sua Grandeza, Justiça e Santidade perfeitas. Nós deveríamos pedir um avivamento, um livramento, como fez o profeta, somente depois de termos confessado a nossa miséria e a miséria espiritual de toda a Igreja, porque somos pessoas falidas aos olhos do Senhor. De nós mesmos não podemos fazer cousa alguma que Lhe seja agradável. Dependemos inteiramente da graça e do poder de Jesus que nos são concedidos pelo Espírito.
“6 Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam.
7 E não há quem invoque o teu nome, que desperte, e te detenha; pois escondeste de nós o teu rosto e nos consumiste, por causa das nossas iniquidades.”.
É somente quando o Senhor manifesta a Sua presença que este quadro de miséria espiritual é vencido. Reconhecemos que somos pobres de espírito, isto é, que somos necessitados espirituais, que dependem da provisão do Senhor para sermos enriquecidos espiritualmente.
Então devemos orar pedindo que nos fortifique na graça que está em Cristo Jesus.
E isto deve ser pedido de forma humilde como convém a pobres, tal como fizera o profeta Isaías em nome de Israel:
“8 Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos.
9 Não te agastes tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniquidade; olha, pois, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo.
10 As tuas santas cidades se tornaram em deserto, Sião está feita um ermo, Jerusalém uma desolação.
11 A nossa santa e gloriosa casa, em que te louvavam nossos pais, foi queimada a fogo; e todos os nossos lugares aprazíveis se tornaram em ruínas.
12 Acaso conter-te-ás tu ainda sobre estas calamidades, ó Senhor? ficarás calado, e nos afligirás tanto?”
Quando um crente ou uma Igreja se encontram na condição de terem fama de que vivem, mas estão mortos, como Jesus afirmou em relação à Igreja de Sardes, como poderiam orar por restauração senão da forma humilde que é apontada neste texto de Isaías? Caberia se vangloriarem no fato de que são filhos de Deus por meio de Jesus Cristo e que por isto Ele está obrigado a lhes fazer o bem?
Por isso o Senhor coloca em II Crôn 7.14 a necessidade de que o seu povo não somente se converta a Ele, mas que também se humilhe, quando estiver vivendo em pecado.
Esta necessidade de se humilhar diante de Deus não é necessária somente quando se está vivendo em pecado, como em todos os momentos de nossas vidas. Esta é a razão porque Ele empobrece a muitos crentes ou os mantém em estado de pobreza, porque de outro modo não se humilhariam diante dEle. De Israel nos dias de Moisés é dito que os humilhou no deserto para afinal fazer-lhes bem depois. Isto é necessário porque ainda estamos na carne, e a carne é fraca, ela é dada a se exaltar e a nos dominar com orgulho quando as nossas circunstâncias presentes são elevadas. São raríssimos aqueles que conseguem escapar deste espírito orgulhoso diante da grande abundância de bens e de elevada posição social.
Por isso o Senhor primeiro humilha para depois exaltar. Sabe que se não aprendermos na escola da humilhação não poderemos ser admitidos na carreira da exaltação, porque certamente o nosso coração se elevará e se desviará dele.
Há no mundo uma teologia triunfalista e arrogante que esconde esta verdade. A qual produz crentes insolentes e irreverentes na presença de Deus.
A oração humilde do profeta é um bom preventivo contra este mal.
Como poderia uma Igreja que está a ponto de ser vomitada pelo Senhor, como a de Laodiceia, protestar arrogantemente o direito de ser abençoada por Deus? Isto não serviria somente para agravar ainda mais o seu pecado?
Sejamos humildes diante do Senhor porque Ele concede a Sua graça somente a quem se humilha, e todos nós na condição de pecadores que somos sempre teremos motivo para nos humilhar perante Ele.

“1 Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os montes tremessem à tua presença,
2 como quando o fogo incendeia os gravetos, e o fogo faz ferver a água, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que à tua presença tremam as nações!
3 Quando fazias coisas terríveis, que não esperávamos, descias, e os montes tremiam à tua presença.
4 Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que opera a favor daquele que por ele espera.
5 Tu sais ao encontro daquele que, com alegria, pratica a justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus caminhos. Eis que te iraste, porque pecamos; há muito tempo temos estado em pecados; acaso seremos salvos?
6 Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam.
7 E não há quem invoque o teu nome, que desperte, e te detenha; pois escondeste de nós o teu rosto e nos consumiste, por causa das nossas iniquidades.
8 Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos.
9 Não te agastes tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniquidade; olha, pois, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo.
10 As tuas santas cidades se tornaram em deserto, Sião está feita um ermo, Jerusalém uma desolação.
11 A nossa santa e gloriosa casa, em que te louvavam nossos pais, foi queimada a fogo; e todos os nossos lugares aprazíveis se tornaram em ruínas.
12 Acaso conter-te-ás tu ainda sobre estas calamidades, ó Senhor? ficarás calado, e nos afligirás tanto?”



Isaías 65


É Andar na Verdade Que Faz a Diferença

Muitos pensam equivocadamente que há contradição na Bíblia porque ao mesmo tempo que se fala de um favor imerecido demonstrado por Deus ao Seu povo, e de uma aliança eterna que Ele faz com eles, há também mensagens ameaçadoras contra este povo de Deus, as quais podem dar a entender que eles não desfrutam efetivamente do Seu favor, como se vê por exemplo no capítulo 65 de Isaías.
A razão deste modo errôneo de julgar consiste no fato de se confundir a justificação com a santificação; a filiação com o viver em vitória; enfim, do de ter sido crucificado com Cristo com o ato de carregar diariamente a cruz.
São coisas distintas as promessas absolutas e eternas para aqueles que são filhos de Deus, e o modo que Deus trata com estes filhos em razão da obediência ou desobediência deles.
Assim, Ele disciplina o Seu povo para não condená-lo juntamente com o mundo de impiedade.
Este contraste entre o tratamento que o Senhor dá àqueles que Lhe pertencem e àqueles que são do mundo, por amarem  a iniquidade do mundo, é apresentado de modo muito claro no 65º capítulo de Isaías, ao mesmo tempo que é apresentado o desagrado do Senhor para com aqueles que no Seu povo vivem em pecado.
Isto mostra claramente que não é pelo fato de o cristão ter sido justificado pela fé que Ele poderá contar com o favor e o poder de Deus em Seu viver diário, caso viva em pecado.
Os cristãos devem, portanto, sempre se guardarem de um viver na prática deliberada do pecado porque há a promessa absoluta da criação de novos céus e de uma nova terra nos quais habita somente a justiça (v. 17).
A vocação, portanto, para este estado de glória é a prática da justiça e não da iniquidade.
Daí ser ordenado a todos os cristãos que busquem a paz e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.
Importa que haja novos céus e nova terra porque os seus habitantes foram feitos novas criaturas em Cristo, com uma mente renovada e um novo espírito. Então para um homem novo, será preparado tudo novo.
Assim, muitos israelitas não seriam salvos para acessarem a esta glória prometida futura por serem meramente descendentes de Abraão, segundo a carne.
Um verdadeiro israelita deve ser regenerado pelo Espírito para ser nova criatura em Cristo Jesus.
Somente os que nascerem da água e  do Espírito terão acesso ao reino do céu.
Então, Deus não estava amarrado ao compromisso, à aliança que fizera com os israelitas através dos patriarcas, Ele se voltaria aos gentios para salvar aqueles que se arrependessem dos seus pecados, quando lhes fosse pregado o evangelho.
O evangelho é portanto preanunciado no início deste 65º capítulo de Isaías, demonstrando que Deus salvará a todo aquele que se desviar do pecado, mas manterá nas trevas a todos os que amam a injustiça e praticam a iniquidade.
Deus se voltaria para os gentios que não O conheciam, porque não havia se revelado a eles na antiga aliança, senão somente aos israelitas.
Ele anunciaria o evangelho a eles e lhes ofereceria a Sua salvação, e muitos deles se converteriam a Ele.
Quantos ainda hoje dentre os gentios, nada conhecem do verdadeiro Deus e do evangelho de Cristo, mas que se convertem assim que Cristo é apresentado a eles pela Palavra no poder do Espírito? Isto é maravilhoso porque é o cumprimento da promessa que Ele fez através do profeta Isaías.
É importante frisar que a verdade relativa à salvação dos gentios ocorre conforme revelado por Deus ao profeta no primeiro versículo deste 65º capítulo.
Eles são salvos não porque conheciam ao Senhor ou porque estavam buscando pela Sua face. Isto não seria possível porque Eles nada sabiam dos Seus caminhos.
Então o evangelho é enviado a eles através da pregação e muitos deles se convertem ao Senhor quando ouvem estas boas novas de salvação, e é somente a partir de então que passam a conhecê-lo.
Por isso se diz que a salvação do evangelho é inteiramente pela graça, porque até mesmo se exclui o mérito de que o salvo estivesse buscando antes a Deus e se esforçando para viver de acordo com a Sua vontade, simplesmente porque não conhecia nem ao Senhor, nem à Sua vontade.
Por isso somente um remanescente seria deixado a Israel que se converteria de fato ao Senhor.
Porque a salvação não é segundo as nossas obras, mas segundo a graça.
Israel confiava em suas obras de justiça própria e por isso tropeçaram na pedra que é a graça de Cristo.
Eles estavam endurecidos para a verdade de que eram pecadores necessitados de salvação e pensavam que eram mais santos do que o próprio Deus, apesar de todas as abominações e idolatrias que praticavam (v. 2 a 7).
Os gentios estavam entregues também a práticas abomináveis e idolatrias, mas muitos destes foram salvos, porque fizeram suas más obras na ignorância, e porque se arrependeram destas suas obras assim que tomaram conhecimento da santidade do Senhor.
Mas, a maioria de Israel, apesar de ser o povo da aliança que tinha os mandamentos de Deus, os profetas, e tudo o mais que Ele levantou para conduzi-los à Sua presença, se desviaram dEle e de todas as Suas coisas santas para praticarem deliberadamente aquelas coisas que eles sabiam perfeitamente que foram condenadas pelo Senhor e que despertavam o Seu desagrado.
Assim, que esperança poderia haver para eles, tendo sido endurecidos com a própria Palavra de Deus?
Tal perigo deve ser evitado por muitos cristãos na Igreja de Cristo, os quais se permitem ficar endurecidos com a própria pregação da verdade.
Eles não admitem serem exortados quanto ao pecado. Eles querem a aprovação de Deus e da Igreja para o viver pecaminoso deles na carne.
Enquanto alguém vive desta forma não há esperança de cura para ele, porque está endurecido exatamente contra o único remédio que poderia curá-lo que é a Palavra do Senhor.
 Assim, esta profecia de Isaías como toda a Bíblia é maravilhosamente verdadeira porque não aponta por posição conceitual quem é o grupo favorecido por Deus por condição de privilégios, e qual é o grupo que está debaixo do seu desagrado. Não. Ele não faz a distinção desta maneira. Deus distingue não por condição de nascimento, de cultura, de posição na sociedade ou por qualquer outro critério humano. Ele contempla o coração e salva mediante a receptividade e disposição em obedecer a Sua Palavra.
Estes que são verdadeiramente salvos passam automaticamente a servi-lO, ou então manifestam este desejo sincero de não viverem mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou.
O Senhor mostrará no futuro a distinção que Ele faz entre os que O servem e aqueles que não O servem.
Se servem é porque reconheceram que Ele é Senhor. É o dono de Suas vidas e vontade.
Os que não O servem é porque seguem após os seus próprios pensamentos buscando sempre fazer o que é exclusivamente da própria vontade deles, e que jamais se submeterão à vontade de Deus.
Estes não podem ser alvo de promessas de justiça e paz perfeitas, a começar no milênio, como se vê no final deste 65º capítulo, porque isto não lhes interessa, pois têm prazer na iniquidade.
A verdade revelada aos profetas do Antigo Testamento é confirmada por Jesus e pelos apóstolos nas páginas do Novo Testamento, e por isso é realmente algo para pasmar o modo como a verdade é ocultada em nossos dias, como também o fora em diversos períodos da história da Igreja.
O caráter santo e justo de Deus e o modo correto de servi-lO são ocultados contra um viver ou legalista ou segundo o modo errado de se julgar a graça de Deus, como se fosse um pretexto para pecarmos.
O legalista se firma na sua justiça própria e na sua religiosidade, ainda que usando os próprios mandamentos da Palavra de Deus, e assim permanecem cegos para o fato de que é o Senhor mesmo que nos capacita a viver segundo a Sua vontade.
O que afirma que é o Senhor que tem todo o mérito e que tudo é pela Sua graça, apesar de fazer esta afirmação verdadeira, mas se vive segundo a carne, também erra o alvo da vontade de Deus, tanto quanto o legalista.
Portanto, todos os cristãos são chamados a praticarem a verdade conforme está revelada neste capítulo de Isaías e nas demais Escrituras, especialmente no ensino de Jesus e dos apóstolos no Novo Testamento.
Ali não vemos nenhuma base para uma afirmação legalista ou antinomista, mas a verdade relativa ao modo correto de se viver e fazer a vontade de Deus.
O Senhor será misericordioso para com as faltas daqueles que se humilham perante Ele, daqueles que reconhecem de fato que sem Ele nada podem fazer, mas que procuram se inteirar de qual seja a Sua vontade para as suas vidas.
Estes que choram por causa dos seus pecados serão certamente consolados pelo Espírito, porque serão ajudados a vencerem o pecado e a fazerem o que é agradável a Deus.
Mas, aos que estão endurecidos pelo pecado, e orgulhosos de suas próprias obras de iniquidade receberão a justa retribuição por suas más obras, da parte de Deus (Is 65.6,7).

Isaías 65.1 Tornei-me acessível aos que não perguntavam por mim; fui achado daqueles que não me buscavam. A uma nação que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui.
Isaías 65.2 Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por um caminho que não é bom, após os seus próprios pensamentos;
Isaías 65.3 povo que de contínuo me provoca diante da minha face, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre tijolos;
Isaías 65.4 que se assenta entre as sepulturas, e passa as noites junto aos lugares secretos; que come carne de porco, achando-se caldo de coisas abomináveis nas suas vasilhas;
Isaías 65.5 e que dizem: Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são fumaça no meu nariz, um fogo que arde o dia todo.
Isaías 65.6 Eis que está escrito diante de mim: Não me calarei, mas eu pagarei, sim, deitar-lhes-ei a recompensa no seu seio;
Isaías 65.7 as suas iniquidades, e juntamente as iniquidades de seus pais, diz o Senhor, os quais queimaram incenso nos montes, e me afrontaram nos outeiros; pelo que lhes tornarei a medir as suas obras antigas no seu seio.
Isaías 65.8 Assim diz o Senhor: Como quando se acha mosto num cacho de uvas, e se diz: Não o desperdices, pois há bênção nele; assim farei por amor de meus servos, para que eu não os destrua a todos.
Isaías 65.9 E produzirei descendência a Jacó, e a Judá um herdeiro dos meus montes; e os meus escolhidos herdarão a terra e os meus servos nela habitarão.
Isaías 65.10 E Sarom servirá de pasto de rebanhos, e o vale de Acor de repouso de gado, para o meu povo, que me buscou.
Isaías 65.11 Mas a vós, os que vos apartais do Senhor, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que preparais uma mesa para a fortuna, e que misturais vinho para o Destino
Isaías 65.12 também vos destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança; porque quando chamei, não respondestes; quando falei, não ouvistes, mas fizestes o que era mau aos meus olhos, e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer.
Isaías 65.13 Pelo que assim diz o Senhor Deus: Eis que os meus servos comerão, mas vós padecereis fome; eis que os meus servos beberão, mas vós tereis sede; eis que os meus servos se alegrarão, mas vós vos envergonhareis;
Isaías 65.14 eis que os meus servos cantarão pela alegria de coração, mas vós chorareis pela tristeza de coração, e uivareis pela angústia de espírito.
Isaías 65.15 E deixareis o vosso nome para maldição aos meus escolhidos; e vos matará o Senhor Deus, mas a seus servos chamará por outro nome.
Isaías 65.16 De sorte que aquele que se bendisser na terra será bendito no Deus da verdade; e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos.
Isaías 65.17 Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão:
Isaías 65.18 Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo motivo de gozo.
Isaías 65.19 E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor.
Isaías 65.20 Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado.
Isaías 65.21 E eles edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas.
Isaías 65.22 Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras das suas mãos:
Isaías 65.23 Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles.
Isaías 65.24 E acontecerá que, antes de clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei.
Isaías 65.25 O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor.







Isaías 66


Quem É Santo Santifique-se Ainda Mais

O caráter do evangelho de ser aroma de vida para a vida nos que salvam, e cheiro de morte para a morte nos que se perdem é mais uma vez afirmado no capítulo 66 de Isaías. Nunca se fala somente de bênçãos e de glória, mas também e sobretudo de juízo e de condenação eterna debaixo de espada e de fogo.
E se diz que serão muitos os mortos no juízo do Senhor como se vê no verso 16: “Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os que forem mortos pelo Senhor serão muitos.”.
Apesar desta palavra de advertência poucos se dispõem a dar ouvidos à trombeta de alerta que é tocada pelo Espírito através do profeta, para que o homem se arrependa e escape da condenação futura.
Deus declara expressamente que Ele salvará somente aqueles que tremem da Sua Palavra e que são humildes e contritos de coração:
“A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra.” (v. 2).
Assim a mensagem do profeta é dirigida àqueles que tremem da Palavra do Senhor porque somente eles podem ouvi-la e darem atenção a ela, porque os que se desviam de fazer a vontade de Deus ficam endurecidos em seus pecados e se tornam incapacitados de ouvirem aquilo que o Espírito está dizendo à Igreja, pois coisas espirituais se discernem em espírito, e assim é necessário estar em espírito para que se possa ouvi-las.
“Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua palavra: Vossos irmãos, que vos odeiam e que para longe vos lançam por causa do meu nome, disseram: Seja glorificado o Senhor, para que vejamos a vossa alegria; mas eles serão confundidos.” (v. 5).
Neste mesmo texto é dito que aqueles que estão na Igreja mas que andam contrariamente com Deus no fundo de seus corações, odeiam aqueles que andam na verdade e que não negam o nome do Senhor, e por isso eles os expulsam para longe de si, com a ironia de que estes cristãos fiéis se alegrem mesmo em face da infidelidade destes que lhes odeiam, para que o Senhor seja glorificado, mas Deus profere um juízo contra eles dizendo que serão confundidos.
Eles ficarão confundidos porque o Senhor não se manifestará a eles, e por causa de tudo o que é dito do procedimento deles nos versos 3b e 4: “Porquanto eles escolheram os seus próprios caminhos, e tomam prazer nas suas abominações, também eu escolherei as suas aflições, farei vir sobre eles aquilo que temiam; porque quando clamei, ninguém respondeu; quando falei, eles não escutaram, mas fizeram o que era mau aos meus olhos, e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.”.
Eles escolheram não ouvir e atender à repreensão de Deus quanto aos seus pecados, quando a palavra foi pregada a eles, e por isso o Senhor lhes deixará no seu endurecimento trazendo sobre eles os Seus juízos.
Estes que não dão a devida consideração aos seus pecados e à necessidade de atender ao chamado do Senhor ao arrependimento e à conversão ficarão de fora da reunião alegre e triunfal que o Senhor fará com todos aqueles que o amam, e que tremeram da Sua Palavra, no dia da reunião de todos eles com Cristo no monte Sião (v. 7 a 14).
Este dia que será de grande alegria para os servos do Senhor, será um dia de horror para os inimigos de Deus e do Seu povo, porque Ele tomará vingança contra os seus inimigos (v.14) para vingar as perseguições e tristezas que causaram injustamente aos Seus servos.
É dito que neste dia o “Senhor virá com fogo, e os seus carros serão como o torvelinho, para retribuir a sua ira com furor, e a sua repreensão com chamas de fogo.
Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os que forem mortos pelo Senhor serão muitos.
Os que se santificam, e se purificam para entrar nos jardins após uma deusa que está no meio, os que comem da carne de porco, e da abominação, e do rato, esses todos serão consumidos, diz o Senhor.” (v. 15 a 17).
Ofertas e sacrifícios são desprezados pelo Senhor  quando eles vierem de mãos não piedosas. O sacrifício do ímpio não é somente inaceitável, como é também uma abominação ao Senhor (Prov 15.8).
Da parte b do verso 18 ao 20, de Isaías 66, Deus promete que evangelizaria todas as nações do mundo com o propósito de anunciar a sua glória entre as nações, que não conheceram a Sua fama e que não haviam visto a Sua glória se manifestando em Israel nos dias do Antigo Testamento.
Os Seus escolhidos destas nações seriam reunidos a seus irmãos pelo trabalho de evangelização que começaria com aqueles que escapassem do juízo de Deus em Israel, a saber, os primeiros que vieram a formar a Igreja de Cristo em Jerusalém e que partiram dali pregando o evangelho em todo o mundo.
E destes que se convertessem ao evangelho o Senhor tomaria alguns para sacerdotes e para levitas (v. 21) não nos termos do Velho Testamento, mas nos da Nova Aliança, isto é, ministros para dirigirem a Sua casa, como Ele tem feito de fato em todo o mundo separando pessoas para o exercício do ministério e para a administração da Sua casa, a saber, a Sua Igreja.
O nome e a posteridade destes convertidos (seus filhos espirituais) durarão para sempre diante do Senhor, assim como os novos céus e a nova terra que Ele jamais destruirá, como fará aos que existem atualmente (v. 22).
O Senhor será adorado todos os dias por aqueles que escaparem da Sua ira por causa do pecado e da impiedade, e eles verão os cadáveres daqueles que transgrediram contra Ele, dos quais o fogo do juízo jamais se afastará e que jamais terão a oportunidade de serem ressuscitados em glória tal como os servos de Deus, daí se dizer que o verme deles nunca morrerá, e se diz que eles serão um horror para toda a carne (v. 23, 24).
Fecharemos este texto de Isaías com a palavra proferida pelo Senhor Jesus em Apo 22.12:
“Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo a sua obra.”.
Uns terão uma recompensa gloriosa, e outros terão uma recompensa que será para eles um horror eterno.
Esta Palavra de Jesus é uma reafirmação de tudo o que estudamos no livro do profeta Isaías.
É por dar atenção a esta Palavra e por colocá-la em prática, que somos verdadeiramente salvos.
Ninguém pense, portanto, que Jesus é um Salvador e Senhor para permanecermos no pecado.
Ele é Salvador e Senhor exatamente para nos libertar dos nossos pecados.
Glorificado seja o Seu santo nome por nos habilitar a escapar da ira vindoura e a viver de modo agradável a Deus.
Nunca esqueçamos que Deus fez todas estas coisas não para a nossa, mas para a Sua própria glória (v. 18).
Uma glória que jamais passará porque o reino de Cristo é um reino inabalável (Hb 12.27,28), cujas leis e privilégios nunca poderão ser removidos ou alterados.

Isaías 66.1 Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificaríeis vós? e que lugar seria o do meu descanso?
Isaías 66.2 A minha mão fez todas essas coisas, e assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra.
Isaías 66.3 Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro, como o que quebra o pescoço a um cão; quem oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco; quem queima incenso, como o que bendiz a um ídolo. Porquanto eles escolheram os seus próprios caminhos, e tomam prazer nas suas abominações,
Isaías 66.4 também eu escolherei as suas aflições, farei vir sobre eles aquilo que temiam; porque quando clamei, ninguém respondeu; quando falei, eles não escutaram, mas fizeram o que era mau aos meus olhos, e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.
Isaías 66.5 Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua palavra: Vossos irmãos, que vos odeiam e que para longe vos lançam por causa do meu nome, disseram: Seja glorificado o Senhor, para que vejamos a vossa alegria; mas eles serão confundidos.
Isaías 66.6 uma voz de grande tumulto vem da cidade, uma voz do templo, ei-la, a voz do Senhor, que dá a recompensa aos seus inimigos.
Isaías 66.7 Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, deu à luz um filho.
Isaías 66.8 Quem jamais ouviu tal coisa? quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? nasceria uma nação de uma só vez? Mas logo que Sião esteve de parto, deu à luz seus filhos.
Isaías 66.9 Acaso farei eu abrir a madre, e não farei nascer? diz o Senhor. Acaso eu que faço nascer, fecharei a madre? diz o teu Deus.
Isaías 66.10 Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteastes;
Isaías 66.11 para que mameis e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória.
Isaías 66.12 Pois assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações como um ribeiro que trasborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e sobre os joelhos vos afagarão.
Isaías 66.13 Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.
Isaías 66.14 Isso vereis e alegrar-se-á o vosso coração, e os vossos ossos reverdecerão como a erva tenra; então a mão do Senhor será notória aos seus servos, e ele se indignará contra os seus inimigos.
Isaías 66.15 Pois, eis que o Senhor virá com fogo, e os seus carros serão como o torvelinho, para retribuir a sua ira com furor, e a sua repreensão com chamas de fogo.
Isaías 66.16 Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os que forem mortos pelo Senhor serão muitos.
Isaías 66.17 Os que se santificam, e se purificam para entrar nos jardins após uma deusa que está no meio, os que comem da carne de porco, e da abominação, e do rato, esses todos serão consumidos, diz o Senhor.
Isaías 66.18 Pois eu conheço as suas obras e os seus pensamentos; vem o dia em que ajuntarei todas as nações e línguas; e elas virão, e verão a minha glória.
Isaías 66.19 Porei entre elas um sinal, e os que dali escaparem, eu os enviarei às nações, a Társis, Pul, e Lude, povos que atiram com o arco, a Tubal e Javã, até as ilhas de mais longe, que não ouviram a minha fama, nem viram a minha glória; e eles anunciarão entre as nações a minha glória.
Isaías 66.20 E trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, como oblação ao Senhor; sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, os trarão ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor, como os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do Senhor.
Isaías 66.21 E também deles tomarei alguns para sacerdotes e para levitas, diz o Senhor.
Isaías 66.22 Pois, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, durarão diante de mim, diz o Senhor, assim durará a vossa posteridade e o vosso nome.
Isaías 66.23 E acontecerá que desde uma lua nova até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor.
Isaías 66.24 E sairão, e verão os cadáveres dos homens que transgrediram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne.








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