sábado, 17 de outubro de 2015

Lucas 1 a 24

Lucas 1

Lucas começa o seu evangelho apresentando as circunstâncias miraculosas que trouxeram ao mundo aquele que deveria ser o precursor do Messias, a saber, João Batista, de quem profetizara Isaías como sendo aquele seria a voz que clamaria no deserto, para efetuar a transição da Antiga para a Nova Aliança.
João Batista merecia este destaque na revelação do Novo Testamento, porque seria o último profeta pertencente ao Antigo Testamento, e que confirmaria pessoalmente na presença de Cristo tudo o que a Lei e os profetas haviam preanunciado a Seu respeito.
Assim, o intuito do registro destas cousas não era para a glória de João, mas para a glória de Cristo, a quem Ele deveria anunciar.
Tanto que não foi o feto que se encontrava no ventre de Maria (Jesus) que pulou de alegria quando esta veio ao encontro de sua parenta Isabel, mas o feto que estava no ventre desta última (João).
Deus enviou o Arcanjo Gabriel a um casal piedoso já avançado em idade em sem condições de gerar um filho por meios naturais, e então, apesar de sua piedade e ser sacerdote, Zacarias, não creu na mensagem do anjo de que sua esposa geraria dele, Zacarias, um filho a quem deveria por o nome de João.
É interessante observar que Zacarias vinha orando há muito tempo para que sua mulher, que era estéril, concebesse, e isto devia ser com certeza por ser movido pelo Espírito Sano tem tal sentido, já que Deus havia planejado trazer através deles Aquele de quem falara o profeta Isaías cerca de 600 anos antes.
Só que ao receber a resposta à sua oração através do anjo, não creu, pois foi-lhe dito que o menino que nasceria seria motivo de alegria para muitos, porque seria grande diante do Senhor, sendo nazireu e cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe, de modo que teria poder para converter muitos israelitas ao Senhor, de modo que nele se cumpriria a profecia de Malaquias de que iria adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.
Como Zacarias não creu, foi-lhe dado um sinal da parte de Deus, do Seu poder miraculoso para gerar a criança, de modo que os escolhera em idade avançada para este propósito, e este sinal foi o de fazer com que Zacarias ficasse muto até o dia do nascimento do filho que lhe fora prometido.
Como Deus realizara grande abundância de sinais e prodígios miraculosos nos dias de Moisés, para atestar ao povo de Israel que Moisés era seu enviado, e que Ele somente era o Deus de Israel, para que dessem crédito às Suas Palavras através de seus servos escolhidos, de igual forma procedeu nos dias de Josué, dos Juízes, e nos dias de Davi, Salomão, dos profetas Elias e Eliseu, voltou o Senhor a dar sinais e prodígios confirmatórios daqueles que revelariam a Sua vontade na nova dispensação, ainda que João não fizera qualquer milagre, pois isto estava reservado para Aquele ao qual deveria anunciar.
Deus estava cumprindo a promessa que havia feito aos patriarcas naqueles dias, e isto foi reconhecido por Maria, em suas palavras, e pelo próprio pai de João, que profetizou acerca do ministério de seu filho, quando ficou cheio do Espírito Santo.
Com este registro inicial Lucas, dirigido pelo Espírito Santo, destaca que o Evangelho não foi algo que estava surgindo do nada, mas era o cumprimento do que Deus havia prometido desde os dias do próprio Adão e Abraão, tendo marcado o seu advento com profecias específicas.
A promessa do derramar do Espírito Santo em todas as nações dependeria da vinda do Messias e da consumação da obra que lhe estava designada desde a fundação do mundo, e João serviria de instrumento para a conversão de muitas almas a Deus, e a preparação deles para receber o evangelho de Cristo.
João não falaria de si e por si mesmo, mas através do Espírito Santo, e por isso seria cheio do Espírito desde o ventre de sua mãe.
É interessante observar que para marcar o caráter de João ser o precursor de Cristo, que o anúncio do anjo não foi feito primeiro a Maria, mas a Zacarias, pai de João. Se fosse por ordem de importância, seria o contrário, mas Deus queria marcar a ordem da revelação, na forma como o anúncio foi feito por Gabriel. O Evangelho começaria então a ser anunciado por João, na qualidade de um profeta do Antigo Testamento, e logo e imediatamente após ele, o próprio Cristo, como o Grande Profeta do Novo Testamento, manifestaria o evangelho que estava sendo anunciado por João. Cristo é próprio Evangelho em pessoa, e João, apenas o seu servo.
O nascimento de Cristo, segundo a carne, seria mais miraculoso ainda do que o de João, porque não teria a participação do homem, pois seria gerado no ventre de uma virgem, pelo poder do Espírito Santo.
Segundo o anúncio do anjo a Maria Deus lhe daria o direito de governar o seu povo, como o seu rei sobre o santo monte de Sião. Ele garante a ela que o seu reino será espiritual, porque deve ser eterno .


Lucas 1.1 Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram,
Lucas 1.2 segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra,
Lucas 1.3 também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.
Lucas 1.4 para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.
Lucas 1.5 Houve nos dias do Rei Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias; e sua mulher era descendente de Arão, e chamava-se Isabel.
Lucas 1.6 Ambos eram justos diante de Deus, andando irrepreensíveis em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
Lucas 1.7 Mas não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos avançados em idade.
Lucas 1.8 Ora, estando ele a exercer as funções sacerdotais perante Deus, na ordem da sua turma,
Lucas 1.9 segundo o costume do sacerdócio, coube-lhe por sorte entrar no santuário do Senhor, para oferecer o incenso;
Lucas 1.10 e toda a multidão do povo orava da parte de fora, à hora do incenso.
Lucas 1.11 Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso.
Lucas 1.12 E Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou.
Lucas 1.13 Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João;
Lucas 1.14 Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento.
Lucas 1.15 porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;
Lucas 1.16 converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;
Lucas 1.17 irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.
Lucas 1.18 Disse então Zacarias ao anjo: Como terei certeza disso? pois eu sou velho, e minha mulher também está avançada em idade.
Lucas 1.19 Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar estas boas novas;
Lucas 1.20 e eis que ficarás mudo, e não poderás falar até o dia em que estas coisas aconteçam; porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo hão de cumprir-se.
Lucas 1.21 O povo estava esperando Zacarias, e se admirava da sua demora no santuário.
Lucas 1.22 Quando saiu, porém, não lhes podia falar, e perceberam que tivera uma visão no santuário. E falava-lhes por acenos, mas permanecia mudo.
Lucas 1.23 E, terminados os dias do seu ministério, voltou para casa.
Lucas 1.24 Depois desses dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou, dizendo:
Lucas 1.25 Assim me fez o Senhor nos dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu opróbrio diante dos homens.
Lucas 1.26 Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,
Lucas 1.27 a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
Lucas 1.28 E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.
Lucas 1.29 Ela, porém, ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria essa.
Lucas 1.30 Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.
Lucas 1.31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
Lucas 1.32 Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai;
Lucas 1.33 e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
Lucas 1.34 Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?
Lucas 1.35 Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.
Lucas 1.36 Eis que também Isabel, tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;
Lucas 1.37 porque para Deus nada será impossível.
Lucas 1.38 Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
Lucas 1.39 Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá,
Lucas 1.40 entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel.
Lucas 1.41 Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,
Lucas 1.42 e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!
Lucas 1.43 E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
Lucas 1.44 Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim.
Lucas 1.45 Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.
Lucas 1.46 Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
Lucas 1.47 e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador;
Lucas 1.48 porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
Lucas 1.49 porque o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.
Lucas 1.50 E a sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.
Lucas 1.51 Com o seu braço manifestou poder; dissipou os que eram soberbos nos pensamentos de seus corações;
Lucas 1.52 depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.
Lucas 1.53 Aos famintos encheu de bens, e vazios despediu os ricos.
Lucas 1.54 Auxiliou a Isabel, seu servo, lembrando-se de misericórdia
Lucas 1.55 (como falou a nossos pais) para com Abraão e a sua descendência para sempre.
Lucas 1.56 E Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.
Lucas 1.57 Ora, completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
Lucas 1.58 Ouviram seus vizinhos e parentes que o Senhor lhe multiplicara a sua misericórdia, e se alegravam com ela.
Lucas 1.59 Sucedeu, pois, no oitavo dia, que vieram circuncidar o menino; e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
Lucas 1.60 Respondeu, porém, sua mãe: De modo nenhum, mas será chamado João.
Lucas 1.61 Ao que lhe disseram: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.
Lucas 1.62 E perguntaram por acenos ao pai como queria que se chamasse.
Lucas 1.63 E pedindo ele uma tabuinha, escreveu: Seu nome é João. E todos se admiraram.
Lucas 1.64 Imediatamente a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; louvando a Deus.
Lucas 1.65 Então veio temor sobre todos os seus vizinhos; e em toda a região montanhosa da Judeia foram divulgadas todas estas coisas.
Lucas 1.66 E todos os que delas souberam as guardavam no coração, dizendo: Que virá a ser, então, este menino? Pois a mão do Senhor estava com ele.
Lucas 1.67 Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo:
Lucas 1.68 Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo,
Lucas 1.69 e para nós fez surgir uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo;
Lucas 1.70 assim como desde os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos profetas;
Lucas 1.71 para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
Lucas 1.72 para usar de misericórdia com nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto
Lucas 1.73 e do juramento que fez a Abrão, nosso pai,
Lucas 1.74 de conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, o servíssemos sem temor,
Lucas 1.75 em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
Lucas 1.76 E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
Lucas 1.77 para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados,
Lucas 1.78 graças à entranhável misericórdia do nosso Deus, pela qual nos há de visitar a aurora lá do alto,
Lucas 1.79 para alumiar aos que jazem nas trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os nossos pés no caminho da paz.
Lucas 1.80 Ora, o menino crescia, e se robustecia em espírito; e habitava nos desertos até o dia da sua manifestação a Israel.



Lucas 2

Lucas 2.1-7 - Vide Mateus 1.18-25

Lucas 2.1 Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado.
Lucas 2.2 Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirínio era governador da Síria.
Lucas 2.3 E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
Lucas 2.4 Subiu também José, da Galileia, da cidade de Nazaré, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,
Lucas 2.5 a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
Lucas 2.6 Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz,
Lucas 2.7 e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.



Lucas 2.8-24:

Lucas 2.8 Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho.
Lucas 2.9 E um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo que se encheram de grande temor.
Lucas 2.10 O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo:
Lucas 2.11 É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
Lucas 2.12 E isto vos será por sinal: Achareis um menino envolto em faixas, e deitado em uma manjedoura.
Lucas 2.13 Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo:
Lucas 2.14 Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade.
Lucas 2.15 E logo que os anjos se retiraram deles para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos já até Belém, e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.
Lucas 2.16 Foram, pois, a toda a pressa, e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura;
Lucas 2.17 e, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita;
Lucas 2.18 e todos os que a ouviram se admiravam do que os pastores lhes diziam.
Lucas 2.19 Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração.
Lucas 2.20 E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora dito.
Lucas 2.21 Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
Lucas 2.22 Terminados os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor
Lucas 2.23 (conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao Senhor),
Lucas 2.24 e para oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos.

O anjo não foi enviado aos chefes dos sacerdotes ou aos anciãos (eles não estavam preparados para receber essas notícias), mas para uma companhia de pastores pobres, que eram como Jacó, homens simples que habitam em tendas, não como Esaú, astutos caçadores. Os patriarcas eram pastores. Moisés e Davi particularmente foram chamados para apascentar as ovelhas do povo de Deus.
O anjo anunciou o evangelho (boas novas) aos pastores como sendo o nascimento do Salvador que é Cristo, o Senhor, em Belém.
O anjo lhes deu a indicação do local onde o menino se encontrava e as circunstâncias humildes que o rodeavam na manjedoura de uma estrebaria.
O Rei que nasceu humilde poderia receber os humildes, e por isso assim nascera, para que ninguém se sentisse excluído da boa nova da salvação anunciada.


Lucas 2.25-38:

Lucas 2.25 Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
Lucas 2.26 E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.
Lucas 2.27 Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei,
Lucas 2.28 Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
Lucas 2.29 Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
Lucas 2.30 pois os meus olhos já viram a tua salvação,
Lucas 2.31 a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;
Lucas 2.32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.
Lucas 2.33 Enquanto isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se diziam.
Lucas 2.34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,
Lucas 2.35 sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
Lucas 2.36 Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua virgindade;
Lucas 2.37 e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
Lucas 2.38 Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.

Lucas continua apresentando os sinais confirmatórios relativos à messianidade de Jesus, que haviam sido previamente preparados por Deus, como o ter colocado em Simeão e Ana, pelo Espírito Santo, a esperança de verem com seus próprios olhos o Messias, antes que eles morressem.


Lucas 2.39-52

Lucas 2.39 Assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galileia, para sua cidade de Nazaré.
Lucas 2.40 E o menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.
Lucas 2.41 Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da páscoa.
Lucas 2.42 Quando Jesus completou doze anos, subiram eles segundo o costume da festa;
Lucas 2.43 e, terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem o saberem seus pais;
Lucas 2.44 julgando, porém, que estivesse entre os companheiros de viagem, andaram caminho de um dia, e o procuravam entre os parentes e conhecidos;
Lucas 2.45 e não o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele.
Lucas 2.46 E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
Lucas 2.47 E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.
Lucas 2.48 Quando o viram, ficaram maravilhados, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que procedeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
Lucas 2.49 Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?
Lucas 2.50 Eles, porém, não entenderam as palavras que lhes dissera.
Lucas 2.51 Então, descendo com eles, foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração.
Lucas 2.52 E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.

A infância de Jesus comprovou a Sua excelência e a marcante diferença que havia entre Ele e os pecadores, por ser muito mais elevado do que eles. Isto se comprovou na sabedoria e graça que demonstrou já aos doze anos de idade, ensinando os doutores da lei no templo.
Ele já tinha plena consciência da Sua divindade e filiação a Deus Pai, pela resposta que dera a Maria e a José quando o procuraram, pensando que havia se perdido.






Lucas 3

Lucas 3.1-14 - Vide Mateus 3.1-10

Lucas 3.1 No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene,
Lucas 3.2 sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
Lucas 3.3 E ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados;
Lucas 3.4 como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas.
Lucas 3.5 Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro; o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão;
Lucas 3.6 e toda a carne verá a salvação de Deus.
Lucas 3.7 João dizia, pois, às multidões que saíam para ser batizadas por ele: Raça de víboras, quem vos ensina a fugir da ira vindoura?
Lucas 3.8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos por pai a Abrão; porque eu vos digo que até destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abrão.
Lucas 3.9 Também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
Lucas 3.10 Ao que lhe perguntavam as multidões: Que faremos, pois?
Lucas 3.11 Respondia-lhes então: Aquele que tem duas túnicas, reparta com o que não tem nenhuma, e aquele que tem alimentos, faça o mesmo.
Lucas 3.12 Chegaram também uns publicanos para serem batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que havemos nós de fazer?
Lucas 3.13 Respondeu-lhes ele: Não cobreis além daquilo que vos foi prescrito.

Lucas 3.14 Interrogaram-no também uns soldados: E nós, que faremos? Disse-lhes: A ninguém queirais extorquir coisa alguma; nem deis denúncia falsa; e contentai-vos com o vosso soldo.



Lucas 3.15-20 - Vide Mateus 3.11,12 ou João 1.19-28

Lucas 3.15 Ora, estando o povo em expectativa e arrazoando todos em seus corações a respeito de João, se porventura seria ele o Cristo,
Lucas 3.16 respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.
Lucas 3.17 A sua pá ele tem na mão para limpar bem a sua eira, e recolher o trigo ao seu celeiro; mas queimará a palha em fogo inextinguível.
Lucas 3.18 Assim pois, com muitas outras exortações ainda, anunciava o evangelho ao povo.
Lucas 3.19 Mas o tetrarca Herodes, sendo repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão, e por todas as maldades que havia feito,

Lucas 3.20 acrescentou a todas elas ainda esta, a de encerrar João no cárcere.


Lucas 3.21,22 - Vide Mateus 3.13-17

Lucas 3.21 Quando todo o povo fora batizado, tendo sido Jesus também batizado, e estando ele a orar, o céu se abriu;

Lucas 3.22 e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo.


Lucas 3.23-38 - Vide Mateus 1.1-17

Lucas 3.23 Ora, Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo (como se cuidava) filho de José, filho de Eli;
Lucas 3.24 Eli de Matate, Matate de Levi, Levi de Melqui, Melqui de Janai, Janai de José,
Lucas 3.25 José de Matatias, Matatias de Amós, Amós de Naum, Naum de Esli, Esli de Nagai,
Lucas 3.26 Nagai de Maate, Maate de Matatias, Matatias de Semei, Semei de Joseque, Joseque de Jodá,
Lucas 3.27 Jodá de Joanã, Joanã de Resa, Resa de Zorobabel, Zorobabel de Salatiel, Salatiel de Neri,
Lucas 3.28 Neri de Melqui, Melqui de Adi, Adi de Cosão, Cosão de Elmodã, Elmodão de Er,
Lucas 3.29 Er de Josué, Josué de Eliézer, Eliézer de Jorim, Jorim de Matate, Matate de Levi,
Lucas 3.30 Levi de Simeão, Simeão de Judá, Judá de José, José de Jonã, Jonã de Eliaquim,
Lucas 3.31 Eliaquim de Meleá, Meleá de Mená, Mená de Matatá, Matatá de Natã, Natã de Davi,
Lucas 3.32 Davi de Jessé, Jessé de Obede, Obede de Boaz, Boaz de Salá, Salá de Nasom,
Lucas 3.33 Nasom de Aminadabe, Aminadabe de Admim, Admim de Arni, Arni de Esrom, Esrom de Farés, Farés de Judá,
Lucas 3.34 Judá de Jacó, Jacó de Isaque, Isaque de Abraão, Abraão de Tará, Tará de Naor,
Lucas 3.35 Naor de Seruque, Seruque de Ragaú, Ragaú de Faleque, Faleque de Eber, Eber de Salá,
Lucas 3.36 Salá de Cainã, Cainã de Arfaxade, Arfaxade de Sem, Sem de Noé, Noé de Lameque,
Lucas 3.37 Lameque de Matusalém, Matusalém de Enoque, Enoque de Jarede, Jarede de Maleleel, Maleleel de Cainã,
Lucas 3.38 Cainã de Enos, Enos de Sete, Sete de Adão, e Adão de Deus.

Lucas completa a genealogia de Jesus em Adão, de modo que se comprove que Ele é de fato a semente da mulher prometida a Adão, que esmagaria a cabeça da serpente.
Começando com Adão descortina-se também o planto eterno de Deus em nos dar o Messias para nos salvar dos nossos pecados e restaurar a Sua criação ao nível do que ele havia intentado em Seu conselho eterno.
Nenhuma outra pessoa neste mundo teve a Sua árvore genealógica definida por Deus desde o início da criação. É maravilhoso saber que Ele foi conduzindo pessoas chaves para serem ancestrais de Jesus, como Sete, Noé, Sem, Jacó, Judá, Nasom (esposo de Raabe), Boaz (esposo de Rute),  Davi (rei), entre outros, até que se chegasse a Jesus, e providenciasse o registro desta genealogia.
Somente por isso deveríamos crer que Jesus e de fato o Messias prometido nas Escrituras, mas muitas outras evidências foram acrescentadas a esta providência da revelação de Deus, como os muitos milagres que Ele realizou, tudo o que ensinou, Sua ressurreição e ascensão testemunhada por tantos, e anunciada até os nossos dias, e além de tudo a evidência interna do testemunho do Espírito Santo em pessoas de todas as nações, o qual foi derramado conforme por Ele fora prometido.








Lucas 4

Lucas 4.1-13 - Vide Mateus 4.1-11

Lucas 4.1 Jesus, pois, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão; e era levado pelo Espírito no deserto,
Lucas 4.2 durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. E naqueles dias não comeu coisa alguma; e terminados eles, teve fome.
Lucas 4.3 Disse-lhe então o Diabo: Se tu és Filho de Deus, manda a esta pedra que se torne em pão.
Lucas 4.4 Jesus, porém, lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem.
Lucas 4.5 Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.
Lucas 4.6 E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória destes reinos, porque me foi entregue, e a dou a quem eu quiser;
Lucas 4.7 se tu, me adorares, será toda tua.
Lucas 4.8 Respondeu-lhe Jesus: Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
Lucas 4.9 Então o levou a Jerusalém e o colocou sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
Lucas 4.10 porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que te guardem;
Lucas 4.11 e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
Lucas 4.12 Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Lucas 4.13 Assim, tendo o Diabo acabado toda sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião oportuna.


Lucas 4.14,15 - Vide Mateus 4.12-17

Lucas 4.14 Então voltou Jesus para a Galileia no poder do Espírito; e a sua fama correu por toda a circunvizinhança.

Lucas 4.15 Ensinava nas sinagogas deles, e por todos era louvado.


Lucas 4.16-30 - Vide Mateus 12.53-58

Lucas 4.16 Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
Lucas 4.17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito:
Lucas 4.18 O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
Lucas 4.19 e para proclamar o ano aceitável do Senhor.
Lucas 4.20 E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
Lucas 4.21 Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos.
Lucas 4.22 E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de graça que saíam da sua boca; e diziam: Este não é filho de José?
Lucas 4.23 Disse-lhes Jesus: Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; Tudo o que ouvimos teres feito em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.
Lucas 4.24 E prosseguiu: Em verdade vos digo que nenhum profeta é aceito na sua terra.
Lucas 4.25 Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando céu se fechou por três anos e seis meses, de sorte que houve grande fome por toda a terra;
Lucas 4.26 e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Serepta de Sidom.
Lucas 4.27 Também muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Elizeu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o sírio.
Lucas 4.28 Todos os que estavam na sinagoga, ao ouvirem estas coisas, ficaram cheios de ira.
Lucas 4.29 e, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o despenhadeiro do monte em que a sua cidade estava edificada, para dali o precipitarem.
Lucas 4.30 Ele, porém, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.


Lucas 4.31-37:

Lucas 4.31 Então desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e os ensinava no sábado.
Lucas 4.32 e maravilharam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade.
Lucas 4.33 Havia na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo; e gritou em alta voz:
Lucas 4.34 Ah! que temos nós contigo, Jesus, nazareno? vieste destruir-nos? Bem sei quem é: o Santo de Deus.
Lucas 4.35 Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, tendo-o lançado por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal algum.
Lucas 4.36 E veio espanto sobre todos, e falavam entre si, perguntando uns aos outros: Que palavra é esta, pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
Lucas 4.37 E se divulgava a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança.


Lucas 4.38,39 - Vide Mateus 8.14,15

Lucas 4.38 Ora, levantando-se Jesus, saiu da sinagoga e entrou em casa de Simão; e estando a sogra de Simão enferma com muita febre, rogaram-lhe por ela.
Lucas 4.39 E ele, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou. Imediatamente ela se levantou e os servia.


Lucas 4.40,41 - Vide Mateus 8.16,17

Lucas 4.40 Ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e ele punha as mãos sobre cada um deles e os curava.

Lucas 4.41 Também de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus. Ele, porém, os repreendia, e não os deixava falar; pois sabiam que ele era o Cristo.


Lucas 4.42-44:

Lucas 4.42 Ao romper do dia saiu, e foi a um lugar deserto; e as multidões procuravam-no e, vindo a ele, queriam detê-lo, para que não se ausentasse delas.
Lucas 4.43 Ele, porém, lhes disse: É necessário que também às outras cidades eu anuncie o evangelho do reino de Deus; porque para isso é que fui enviado.
Lucas 4.44 E pregava nas sinagogas da Judeia.

Jesus foi descansar num lugar solitário, mas as multidões não lhe davam descanso. Não queriam que Ele partisse e tentaram detê-lo.
Mas Ele não consentiu com isso e declarou que a Sua missão era a de anunciar o evangelho em todas as cidades de Israel, o que efetivamente fizera em Seu ministério terreno.
Importava que o anúncio do Evangelho começasse por Israel, pois seria dali que se espalharia para todas as demais nações do mundo.
A ida dos judeus para o cativeiro em Babilônia, para serem purificados da idolatria, havia possibilitado a criação de sinagogas para o ensino da Lei em várias partes do mundo conhecido de então, inclusive na própria palestina, depois que de lá retornaram.
Não somente o Senhor Jesus usou as sinagogas para pregar o evangelho, como também foi seguido nesta prática pelos apóstolos, principalmente Paulo.


 



Lucas 5

Lucas 5.1-11 - Vide Mateus 4.18-22

Lucas 5.1 Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago de Genezaré;
Lucas 5.2 e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores haviam descido deles, e estavam lavando as redes.
Lucas 5.3 Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões.
Lucas 5.4 Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca.
Lucas 5.5 Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes.
Lucas 5.6 Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam.
Lucas 5.7 Acenaram então aos companheiros que estavam no outro barco, para virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
Lucas 5.8 Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.
Lucas 5.9 Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto se apoderara dele e de todos os que com ele estavam,
Lucas 5.10 bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.
Lucas 5.11 E, levando eles os barcos para a terra, deixaram tudo e o seguiram.


Lucas 5.12-16 - Vide Mateus 8.1-4

Lucas 5.12 Estando ele numa das cidades, apareceu um homem cheio de lepra que, vendo a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
Lucas 5.13 Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante desapareceu dele a lepra.
Lucas 5.14 Ordenou-lhe, então, que a ninguém contasse isto. Mas vai, disse ele, mostra-te ao sacerdote e faze a oferta pela tua purificação, conforme Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
Lucas 5.15 A sua fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões se ajuntavam para ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades.
Lucas 5.16 Mas ele se retirava para os desertos, e ali orava.


Lucas 5.17-26 - Vide Mateus 9.1-8

Lucas 5.17 Um dia, quando ele estava ensinando, achavam-se ali sentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galileia e da Judeia, e de Jerusalém; e o poder do Senhor estava com ele para curar.
Lucas 5.18 E eis que uns homens, trazendo num leito um paralítico, procuravam introduzí-lo e pô-lo diante dele.
Lucas 5.19 Mas, não achando por onde o pudessem introduzir por causa da multidão, subiram ao eirado e, por entre as telhas, o baixaram com o leito, para o meio de todos, diante de Jesus.
Lucas 5.20 E vendo-lhes a fé, disse ele: Homem, são-te perdoados os teus pecados.
Lucas 5.21 Então os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que profere blasfêmias? Quem é este que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?
Lucas 5.22 Jesus, porém, percebendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Por que arrazoais em vossos corações?
Lucas 5.23 Qual é mais fácil? dizer: São-te perdoados os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, e anda?
Lucas 5.24 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
Lucas 5.25 Imediatamente se levantou diante deles, tomou o leito em que estivera deitado e foi para sua casa, glorificando a Deus.
Lucas 5.26 E, tomados de pasmo, todos glorificavam a Deus; e diziam, cheios de temor: Hoje vimos coisas extraordinárias.


Lucas 5.27,28 - Vide Mateus 9.9

Lucas 5.27 Depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, disse-lhe: Segue-me.
Lucas 5.28 Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.


Lucas 5.29-32 - Vide Mateus 9.10-13

Lucas 5.29 Deu-lhe então Levi um lauto banquete em sua casa; havia ali grande número de publicanos e outros que estavam com eles à mesa.
Lucas 5.30 Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas contra os discípulos, perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
Lucas 5.31 Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos;
Lucas 5.32 eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento.


Lucas 5.33-39 - Vide Mateus 9.14-17

Lucas 5.33 Disseram-lhe eles: Os discípulos de João jejuam frequentemente e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem.
Lucas 5.34 Respondeu-lhes Jesus: Podeis, porventura, fazer jejuar os convidados às núpcias enquanto o noivo está com eles?
Lucas 5.35 Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim hão de jejuar.
Lucas 5.36 Propôs-lhes também uma parábola: Ninguém tira um pedaço de um vestido novo para o coser em vestido velho; do contrário, não somente rasgará o novo, mas também o pedaço do novo não condirá com o velho.
Lucas 5.37 E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão;
Lucas 5.38 mas vinho novo deve ser deitado em odres novos.


Lucas 5.39 E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom.




Lucas 6

Lucas 6.1-5 - Vide Mateus 12.1-8

Lucas 6.1 E sucedeu que, num dia de sábado, passava Jesus pelas searas; e seus discípulos iam colhendo espigas e, debulhando-as com as mãos, as comiam.
Lucas 6.2 Alguns dos fariseus, porém, perguntaram; Por que estais fazendo o que não é lícito fazer nos sábados?
Lucas 6.3 E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nem ao menos tendes lido o que fez Davi quando teve fome, ele e seus companheiros?
Lucas 6.4 Como entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão só aos sacerdotes, e deles comeu e deu também aos companheiros?
Lucas 6.5 Também lhes disse: O Filho do homem é Senhor do sábado.


Luca 6.6-11 - Vide Mateus 12.9-14

Lucas 6.6 Ainda em outro sábado entrou na sinagoga, e pôs-se a ensinar. Estava ali um homem que tinha a mão direita atrofiada.
Lucas 6.7 E os escribas e os fariseus observavam-no, para ver se curaria em dia de sábado, para acharem de que o acusar.
Lucas 6.8 Mas ele, conhecendo-lhes os pensamentos, disse ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te, e fica em pé aqui no maio. E ele, levantando-se, ficou em pé.
Lucas 6.9 Disse-lhes, então, Jesus: Eu vos pergunto: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou tirá-la?
Lucas 6.10 E olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele assim o fez, e a mão lhe foi restabelecida.
Lucas 6.11 Mas eles se encheram de furor; e uns com os outros conferenciam sobre o que fariam a Jesus.


Lucas 6.12-16 - Vide Mateus 10.1-4

Lucas 6.12 Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus.
Lucas 6.13 Depois do amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos:
Lucas 6.14 Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu;
Lucas 6.15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote;
Lucas 6.16 Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor.


Lucas 6.17-19 - Vide Mateus 4.23-25

Lucas 6.17 E Jesus, descendo com eles, parou num lugar plano, onde havia não só grande número de seus discípulos, mas também grande multidão do povo, de toda a Judeia e Jerusalém, e do litoral de Tiro e de Sidom, que tinham vindo para ouví-lo e serem curados das suas doenças;
Lucas 6.18 e os que eram atormentados por espíritos imundos ficavam curados.
Lucas 6.19 E toda a multidão procurava tocar-lhe; porque saía dele poder que curava a todos.


Lucas 6.20-23 - Vide Mateus 5.1-12

Lucas 6.20 Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
Lucas 6.21 Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.
Lucas 6.22 Alegrem-se quando os homens vos odiarem, e quando vos expulsarem da sua companhia, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do homem.
Lucas 6.23 Regozijai-vos nesse dia e exultai, porque eis que é grande o vosso galardão no céu; pois assim faziam os seus pais aos profetas.


Lucas 6.24-26:

Lucas 6.24 Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação.
Lucas 6.25 Ai de vós, os que agora estais fartos! porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides! porque vos lamentareis e chorareis.
Lucas 6.26 Ai de vós, quando todos os homens vos louvarem! porque assim faziam os seus pais aos falsos profetas.

A  partícula adversativa "mas" do início do versículo 24, o liga ao que foi dito anteriormente, de que bem-aventurados são os pobres de espírito, porque deles é o reino de Deus.
E estes que possuem o reino de Deus, ainda que tenham que padecer fome, chorar e serem odiados e perseguidos pelos homens, sendo injuriados e rejeitados por eles, sendo considerados como indignos por causa do amor deles a Cristo, todavia serão saciados, e têm motivo de se alegrar no espírito em tudo isso, por saberem que somente serve para confirmar que são de fato cidadãos do reino dos céus, pois de outro modo não seriam tão odiados e perseguidos por causa de Cristo.
Aos que suportarem tais sofrimentos com paciência e alegria é feita a promessa por Cristo de terem um grande galardão no céu, tal como receberam os profetas que haviam padecido sob a mão de seus compatriotas de Israel que não temiam a Deus.
Então especialmente os escribas e fariseus, e os sacerdotes de Israel que eram ricos e avarentos, tinham motivo não para se gloriarem, mas para temer, pois suas consolações presentes não eram uma garantia do favor de Deus para com eles, muito ao contrário, lhes aguardava um juízo mais rigoroso porque em toda a abundância que tiveram não se voltaram para Ele tributando-lhe a devida honra e glória.
Assim, suas alegrias presentes se transformariam em pranto e ranger de dentes no juízo condenatório eterno que lhes aguardava depois da sua morte.
Os que se gloriavam no fato de serem louvados pelos homens tinham também motivo para temer pois seus antepassados haviam louvado aos falsos profetas de Israel, de modo que ser louvado não é nenhuma garantia de ser de fato honrado.
Melhor é sofrer desonras neste mundo por amor a Cristo e permanecer no reino de Deus, do que buscar honrarias e permanecer debaixo de uma condenação eterna.


Lucas 6.27-31 - Vide Mateus 5.38-42

Lucas 6.27 Mas a vós que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
Lucas 6.28 bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
Lucas 6.29 Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica.
Lucas 6.30 Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames.
Lucas 6.31 Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo modo lhes fazei vós também.


Lucas 6.32-36 - Vide Mateus 5.43-48

Lucas 6.32 Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.
Lucas 6.33 E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo.
Lucas 6.34 E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
Lucas 6.35 Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.
Lucas 6.36 Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.


Lucas 6.37,38 - Vide Mateus 7.1-5

Lucas 6.37 Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.
Lucas 6.38 Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós.


Lucas 6.39-42

Lucas 6.39 E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego guiar outro cego? não cairão ambos no barranco?
Lucas 6.40 Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre.
Lucas 6.41 Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?
Lucas 6.42 Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.

Estas palavras estão conectadas ao que foi dito nos versículos imediatamente anteriores nos quais nosso Senhor afirma que não devemos julgar para não sermos julgados, e não condenar para não sermos condenados, e perdoar para sermos perdoados, recomendando também a nossa generosidade no trato com o próximo.
Um espírito arrogante e elevado fora de medida nos conduz à cegueira espiritual, pois Deus resiste aos soberbos, e desta forma como poderíamos, sendo cegos, julgar a outros pela nossa medida que não corresponde à reta justiça de Deus?
Então, nos é ordenado que tratemos primeiro de remover a nossa cegueira por aprendermos do Espirito de Deus em nossa própria experiência, para que assim possamos ser conselheiros e não julgadores ou condenadores de nossos irmãos.


Lucas 6.43-45 - Vide Mateus 12.33-37

Lucas 6.43 Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto.
Lucas 6.44 Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
Lucas 6.45 O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.


Lucas 6.46-49 - Vide Mateus 7.24-27

Lucas 6.46 E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?
Lucas 6.47 Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante:
Lucas 6.48 É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala, e pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu com ímpeto a torrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem edificada.
Lucas 6.49 Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a torrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.






Lucas 7

Lucas 7.1-10 - Vide Mateus 8.5-13

Lucas 7.1 Quando acabou de proferir todas estas palavras aos ouvidos do povo, entrou em Cafarnaum.
Lucas 7.2 E um servo de certo centurião, de quem era muito estimado, estava doente, quase à morte.
Lucas 7.3 O centurião, pois, ouvindo falar de Jesus, enviou-lhes uns anciãos dos judeus, a pedir-lhe que viesse curar o seu servo.
Lucas 7.4 E chegando eles junto de Jesus, rogavam-lhe com instância, dizendo: É digno de que lhe concedas isto;
Lucas 7.5 porque ama à nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.
Lucas 7.6 Ia, pois, Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou o centurião uns amigos a dizer-lhe: Senhor, não te incomodes; porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado;
Lucas 7.7 por isso nem ainda me julguei digno de ir à tua presença; dize, porém, uma palavra, e seja o meu servo curado.
Lucas 7.8 Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
Lucas 7.9 Jesus, ouvindo isso, admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.
Lucas 7.10 E voltando para casa os que haviam sido enviados, encontraram o servo com saúde.


Lucas 7.11-17:

Lucas 7.11 Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão.
Lucas 7.12 Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
Lucas 7.13 Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
Lucas 7.14 Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te.
Lucas 7.15 O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe.
Lucas 7.16 O medo se apoderou de todos, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.
Lucas 7.17 E correu a notícia disto por toda a Judeia e por toda a região circunvizinha.


Lucas 7.18-23 - Vide Mateus 11.2-6

Lucas 7.18 Ora, os discípulos de João anunciaram-lhe todas estas coisas.
Lucas 7.19 E João, chamando a dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
Lucas 7.20 Quando aqueles homens chegaram junto dele, disseram: João, o Batista, enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
Lucas 7.21 Naquela mesma hora, curou a muitos de doenças, de moléstias e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos.
Lucas 7.22 Então lhes respondeu: Ide, e contai a João o que tens visto e ouvido: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
Lucas 7.23 E bem-aventurado aquele que não se escandalizar de mim.


Lucas 7.24-35 - Vide Mateus 11.7-19

Lucas 7.24 E, tendo-se retirado os mensageiros de João, Jesus começou a dizer às multidões a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?
Lucas 7.25 Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam roupas preciosas, e vivem em delícias, estão nos paços reais.
Lucas 7.26 Mas que saístes a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
Lucas 7.27 Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho.
Lucas 7.28 Pois eu vos digo que, entre os nascidos de mulher, não há nenhum maior do que João; mas aquele que é o menor no re medida com é maior do que ele.
Lucas 7.29 E todo o povo que o ouviu, e até os publicanos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o batismo de João.
Lucas 7.30 Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus quando a si mesmos, não sendo batizados por ele.
Lucas 7.31 A que, pois, compararei os homens desta geração, e a que são semelhantes?
Lucas 7.32 São semelhantes aos meninos que, sentados nas praças, gritam uns para os outros: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes.
Lucas 7.33 Porquanto veio João, o Batista, não comendo pão nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio;
Lucas 7.34 veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores.
Lucas 7.35 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.


Lucas 7.36-50:

Lucas 7.36 Um dos fariseus convidou-o para comer com ele; e entrando em casa do fariseu, reclinou-se à mesa.
Lucas 7.37 E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo;
Lucas 7.38 e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo.
Lucas 7.39 Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava consigo, dizendo: Se este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é essa mulher que o toca, pois é uma pecadora.
Lucas 7.40 E respondendo Jesus, disse-lhe: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu ele: Dize-a, Mestre.
Lucas 7.41 Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos denários, e outro cinquenta.
Lucas 7.42 Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles, pois, o amará mais?
Lucas 7.43 Respondeu Simão: Suponho que é aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe Jesus: Julgaste bem.
Lucas 7.44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou.
Lucas 7.45 Não me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés.
Lucas 7.46 Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo ungiu-me os pés.
Lucas 7.47 Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
Lucas 7.48 E disse a ela: Perdoados são os teus pecados.
Lucas 7.49 Mas os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados?
Lucas 7.50 Jesus, porém, disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.

Não aparece aqui quem era essa mulher que testemunhou tão grande afeição a Cristo; é dito por alguns que era Maria Madalena, mas não há qualquer fundamento na Escritura para isso.
Um fariseu de nome Simão convidou Jesus para comer em sua casa, e o Senhor aceitou o convite apesar de saber que o fariseu não cria nele, como se supõe de suas palavras no verso 39.
A grande devoção que uma pobre pecadora arrependida mostrou-lhe, quando ele estava à mesa em casa do fariseu, foi devida ao fato de ela ter sido convertida de um mau curso de vida pela pregação de Jesus, e fora demonstrar sua gratidão a Ele quando soube que estava na casa de Simão.
Lavar os pés era parte do costume dos orientais quando se assentavam para fazer suas refeições,  e geralmente isto era feito por um dos serviçais da casa. A mulher não ousou olhar Cristo na face, pois veio por detrás dele e lhe lavou os pés, não com água, mas com suas próprias lágrimas, e os enxugou não com uma toalha, mas com seus cabelos, e os ungiu com um caríssimo bálsamo que trazia num vaso de alabastro. Certamente era uma convertida genuína movida pelo Espirito Santo naquela ação de adoração.
Os fariseus que desprezavam o povo e especialmente aqueles que tinham uma reputação duvidosa, não criam em conversão, e isso explica a reação legalista de Simão em relação ao fato de Jesus ter recepcionado a mulher.
Isto lhe custou uma sincera e verdadeira reprimenda, por uma comparação que lhe foi apresentada por Jesus sobre dois devedores.
O fariseu não titubeou em responder que o que mais amaria e seria mais grato ao seu senhor pela dívida perdoada seria o que devia mais.
Com base na sua própria resposta Jesus lhe mostrou qual era razão do procedimento daquela mulher que ele estava desprezando, e que no entanto estava sendo amada por Deus, porque demonstrara muito amor. Certamente o motivo da sua salvação não foi o amor, mas a fé e o arrependimento. O seu grande amor era apenas a evidência de que havia sido convertida de fato. E assim sucede com todos aqueles que são limpos dos seus pecados pela graça de Jesus Cristo.
Por isso Simão não demonstrou qualquer amor pelo Senhor conforme aquela mulher havia demonstrado, pois não era um convertido, e portanto, não havia nele o amor de Deus.
Ele não havia sido perdoado dos seus muitos pecados, porque se considerava justo a seus próprios olhos, e por isso não podia entender a realidade do perdão de Deus que é concedido aos pecadores que se arrependem e confiam em Cristo para ser o Salvador deles.





Lucas 8

Lucas 8.1-3:

Lucas 8.1 Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele os doze,
Lucas 8.2 bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios.
Lucas 8.3 Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus bens.

Muitos dizem que Jesus e os apóstolos eram oportunistas e exploradores por serem assistidos por outras pessoas, como vemos no verso 3. No entanto, não consideram o que é dito nos dois primeiros versículos de que andavam de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho .
Eles pouco tempo tinham para descansar conforme vemos em outros relatos dos evangelhos,e faziam o bem a todos e em todos os lugares, expulsando demônios, curando enfermidades e principalmente salvando almas da condenação eterna.
Há serviço mais nobre do que este neste mundo?
E seria injusto de que aqueles que são abençoados espiritualmente pelo evangelho, assistam com bens materiais àqueles que o pregam em tempo integral, segundo chamada de Deus para tal?
Se cuidassem de interesses seculares como poderiam se entregar totalmente aos interesses espirituais?
Especialmente naquela ocasião em que o evangelho estava sendo implantado no mundo sob severas perseguições dos judeus, havia a necessidade de deslocamentos constantes, mas por eles se atendia à demanda de se pregar o evangelho a todos e em todos os lugares.


Lucas 8.4-15 - Vide Mateus 13.1-23

Lucas 8.4 Ora, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola:
Lucas 8.5 Saiu o semeador a semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; e foi pisada, e as aves do céu a comeram.
Lucas 8.6 Outra caiu sobre pedra; e, nascida, secou-se porque não havia umidade.
Lucas 8.7 E outra caiu no meio dos espinhos; e crescendo com ela os espinhos, sufocaram-na.
Lucas 8.8 Mas outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu fruto, cem por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Lucas 8.9 Perguntaram-lhe então seus discípulos o que significava essa parábola.
Lucas 8.10 Respondeu ele: A vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; mas aos outros se fala por parábolas; para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.
Lucas 8.11 É, pois, esta a parábola: A semente é a palavra de Deus.
Lucas 8.12 Os que estão à beira do caminho são os que ouvem; mas logo vem o Diabo e tira-lhe do coração a palavra, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
Lucas 8.13 Os que estão sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas estes não têm raiz, apenas creem por algum tempo, mas na hora da provação se desviam.
Lucas 8.14 A parte que caiu entre os espinhos são os que ouviram e, indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites desta vida e não dão fruto com perfeição.
Lucas 8.15 Mas a que caiu em boa terra são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.

Lucas 8.16-18:

Lucas 8.16 Ninguém, pois, acende uma candeia e a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz.
Lucas 8.17 Porque não há coisa encoberta que não haja de manifestar-se, nem coisa secreta que não haja de saber-se e vir à luz.
Lucas 8.18 Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver, até o que parece ter lhe será tirado.

Uma das características da graça de Deus que opera no crente é que ela sempre chama por mais graça, acrescentando maiores graus de santificação à sua vida.
Porém, a graça é acrescentada à media que o crente investe nas coisas relativas ao reino de Deus, como vemos isto explicado por exemplo, na Parábola dos Talentos, cuja conclusão é semelhante à do verso 18 deste capítulo.
Onde houver a graça, haverá mais graça.
Onde faltar a graça, nada será acrescentado espiritualmente por Deus, e até os dons naturais que a pessoa possuir neste mundo serão perdidos na sua morte, mas os que são enriquecidos espiritualmente pela graça de Deus reterão os dons recebidos por toda a eternidade.


Lucas 8.19-21 - Vide Mateus 12.46-50

Lucas 8.19 Vieram, então, ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele por causa da multidão.
Lucas 8.20 Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te.
Lucas 8.21 Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam.


Lucas 8.22-25 - Vide Mateus 8.23-27

Lucas 8.22 Ora, aconteceu certo dia que entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos à outra margem do lago. E partiram.
Lucas 8.23 Enquanto navegavam, ele adormeceu; e desceu uma tempestade de vento sobre o lago; e o barco se enchia de água, de sorte que perigavam.
Lucas 8.24 Chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança.
Lucas 8.25 Então lhes perguntou: Onde está a vossa fé? Eles, atemorizados, admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?


Lucas 8.26-34 - Vide Mateus 8.28-33

Lucas 8.26 Apontaram à terra dos gerasenos, que está defronte da Galileia.
Lucas 8.27 Logo que saltou em terra, saiu-lhe ao encontro um homem da cidade, possesso de demônios, que havia muito tempo não vestia roupa, nem morava em casa, mas nos sepulcros.
Lucas 8.28 Quando ele viu a Jesus, gritou, prostrou-se diante dele, e com grande voz exclamou: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
Lucas 8.29 Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois já havia muito tempo que se apoderara dele; e guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas ele, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos.
Lucas 8.30 Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios.
Lucas 8.31 E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo.
Lucas 8.32 Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe, pois que lhes permitisse entrar neles, e lho permitiu.
Lucas 8.33 E tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos; e a manada precipitou-se pelo despenhadeiro no lago, e afogou-se.
Lucas 8.34 Quando os pastores viram o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na cidade e nos campos.


Lucas 8.35-39 - Vide Mateus 8.34

Lucas 8.35 Saíram, pois, a ver o que tinha acontecido, e foram ter com Jesus, a cujos pés acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o homem de quem havia saído os demônios; e se atemorizaram.
Lucas 8.36 Os que tinham visto aquilo contaram-lhes como fora curado o endemoninhado.
Lucas 8.37 Então todo o povo da região dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande medo. Pelo que ele entrou no barco, e voltou.
Lucas 8.38 Pedia-lhe, porém, o homem de quem haviam saído os demônios que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
Lucas 8.39 Volta para tua casa, e conta tudo quanto Deus te fez. E ele se retirou, publicando por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera.


Lucas 8.40-42 - Vide Mateus 9.18,19

Lucas 8.40 Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu; porque todos o estavam esperando.
Lucas 8.41 E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa;
Lucas 8.42 porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões.


Lucas 8.43-48 - Vide Mateus 9.20-22

Lucas 8.43 E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos [e gastara com os médicos todos os seus haveres] e por ninguém pudera ser curada,
Lucas 8.44 chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia.
Lucas 8.45 Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem.
Lucas 8.46 Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder.
Lucas 8.47 Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada.
Lucas 8.48 Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.


Lucas 8.49-56 - Vide Mateus 9.23-26

Lucas 8.49 Enquanto ainda falava, veio alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o Mestre.
Lucas 8.50 Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e será salva.
Lucas 8.51 Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina.
Lucas 8.52 E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme.
Lucas 8.53 E riam-se dele, sabendo que ela estava morta.
Lucas 8.54 Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te.
Lucas 8.55 E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer.


Lucas 8.56 E seus pais ficaram maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém contassem o que havia sucedido.






Lucas 9

Lucas 9.1-6 - Vide Mateus 10.1,5-15

Lucas 9.1 Reunindo os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curarem doenças;
Lucas 9.2 e enviou-os a pregar o reino de Deus, e fazer curas,
Lucas 9.3 dizendo-lhes: Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas.
Lucas 9.4 Em qualquer casa em que entrardes, nela ficai, e dali partireis.
Lucas 9.5 Mas, onde quer que não vos receberem, saindo daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.
Lucas 9.6 Saindo, pois, os discípulos percorreram as aldeias, anunciando o evangelho e fazendo curas por toda parte.


Lucas 9.7-9 - Vide Mateus 14.1-12

Lucas 9.7 Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava, e ficou muito perplexo, porque diziam uns: João ressuscitou dos mortos;
Lucas 9.8 outros: Elias apareceu; e outros: Um dos antigos profetas se levantou.
Lucas 9.9 Herodes, porém, disse: A João eu mandei degolar; quem é, pois, este a respeito de quem ouço tais coisas? E procurava vê-lo.


Lucas 9.10-17 - Vide Mateus 14.13-21 ou João 6.1-14

Lucas 9.10 Quando os apóstolos voltaram, contaram-lhe tudo o que havia feito. E ele, levando-os consigo, retirou-se à parte para uma cidade chamada Betsaida.
Lucas 9.11 Mas as multidões, percebendo isto, seguiram-no; e ele as recebeu, e falava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura.
Lucas 9.12 Ora, quando o dia começava a declinar, aproximando-se os doze, disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo às aldeias e aos sítios em redor, se hospedem, e achem o que comer; porque aqui estamos em lugar deserto.
Lucas 9.13 Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de comer. Responderam eles: Não temos senão cinco pães e dois peixes; salvo se nós formos comprar comida para todo este povo.
Lucas 9.14 Pois eram cerca de cinco mil homens. Então disse a seus discípulos: Fazei-os reclinar-se em grupos de cerca de cinquenta cada um.
Lucas 9.15 Assim o fizeram, mandando que todos se reclinassem.
Lucas 9.16 E tomando Jesus os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu, os abençoou e partiu, e os entregava aos seus discípulos para os porem diante da multidão.
Lucas 9.17 Todos, pois, comeram e se fartaram; e foram levantados, do que lhes sobejou, doze cestos de pedaços.


Lucas 9.18-22 - Vide Mateus 16.13-23

Lucas 9.18 Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele somente seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou?
Lucas 9.19 Responderam eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros, que um dos antigos profetas se levantou.
Lucas 9.20 Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.
Lucas 9.21 Jesus, porém, advertindo-os, mandou que não contassem isso a ninguém;
Lucas 9.22 e disse-lhes: É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia ressuscite.


Lucas 9.23-27 - Mateus 16.24-27

Lucas 9.23 Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Lucas 9.24 Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará.
Lucas 9.25 Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo?
Lucas 9.26 Porque, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.
Lucas 9.27 Mas em verdade vos digo: Alguns há, dos que estão aqui, que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus.


Lucas 9.28-36 - Vide Mateus 17.1-8

Lucas 9.28 Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar.
Lucas 9.29 Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente.
Lucas 9.30 E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias,
Lucas 9.31 os quais apareceram com glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém.
Lucas 9.32 Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com ele.
Lucas 9.33 E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia.
Lucas 9.34 Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem.
Lucas 9.35 E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.
Lucas 9.36 Ao soar esta voz, Jesus foi achado sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.


Lucas 9.37-43 - Vide Mateus 17.14-21

Lucas 9.37 No dia seguinte, quando desceram do monte, veio-lhe ao encontro uma grande multidão.
Lucas 9.38 E eis que um homem dentre a multidão clamou, dizendo: Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que tenho;
Lucas 9.39 pois um espírito se apodera dele, fazendo-o gritar subitamente, convulsiona-o até escumar e, mesmo depois de o ter quebrantado, dificilmente o larga.
Lucas 9.40 E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, mas não puderam.
Lucas 9.41 Respondeu Jesus: ç geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho.
Lucas 9.42 Ainda quando ele vinha chegando, o demônio o derribou e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai.
Lucas 9.43 E todos se maravilhavam da majestade de Deus. E admirando-se todos de tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos:


Lucas 9.44,45 - Vide Mateus 17.22,23

Lucas 9.44 Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos; pois o Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens.
Lucas 9.45 Eles, porém, não entendiam essa palavra, cujo sentido lhes era encoberto para que não o compreendessem; e temiam interrogá-lo a esse respeito.


Lucas 9.46-48 - Vide Mateus 18.1-5

Lucas 9.46 E suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.
Lucas 9.47 Mas Jesus, percebendo o pensamento de seus corações, tomou uma criança, pô-la junto de si,
Lucas 9.48 e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que me receber a mim, recebe aquele que me enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é grande.


Lucas 9.49,50:

Lucas 9.49 Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios; e lho proibimos, porque não segue conosco.
Lucas 9.50 Respondeu-lhe Jesus: Não lho proibais; porque quem não é contra vós é por vós.

Nesta passagem aprendemos que o importante é que a sã doutrina, a palavra da verdade, acompanhados pelo poder de Deus em nome de Jesus, sejam utilizados por nós, independentemente do grupo ou denominação religiosa à qual pertençamos.


Lucas 9.51-56:

Lucas 9.51 Ora, quando se completavam os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém.
Lucas 9.52 Enviou, pois, mensageiros adiante de si. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe prepararem pousada.
Lucas 9.53 Mas não o receberam, porque viajava em direção a Jerusalém.
Lucas 9.54 Vendo isto os discípulos Tiago e João, disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir [como Elias também fez?]
Lucas 9.55 Ele porém, voltando-se, repreendeu-os, [e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.]
Lucas 9.56 [Pois o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos homens, mas para salvá-las.] E foram para outra aldeia.

Aqui está declarado qual é o propósito do evangelho nesta nova dispensação da graça - salvar e não condenar, edificar e não destruir.
Condenação e destruição eram permitidas na antiga dispensação, e até mesmo ordenadas por Deus em algumas situações, como vemos especialmente nas guerras empreendidas por Israel contra as nações inimigas.
O profeta Elias havia em certa ocasião, pedido fogo do céu para que fossem mortos soldados que a mando de um rei profano e mal intencionado (Acabe) foram prendê-lo e que agiram de um modo desrespeitoso em relação ao profeta, tal como estavam fazendo alguns samaritanos em relação a Jesus.
Ora, sem entender ainda qual era o espírito da nova dispensação que Jesus veio inaugurar, dois de seus apóstolos perguntaram, ressentidos com o fato da rejeição, se ele queria que pedissem que fosse pedido fogo do céu para consumi-los.
A situação ensejou a oportunidade de que fôssemos ensinados por Jesus qual é o espírito que nos convém ter agora como crentes no evangelho.


Lucas 9 57-62 - Mateus 8.18-22

Lucas 9.57 Quando iam pelo caminho, disse-lhe um homem: Seguir-te-ei para onde quer que fores.
Lucas 9.58 Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
Lucas 9.59 E a outro disse: Segue-me. Ao que este respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
Lucas 9.60 Replicou-lhe Jesus: Deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus.


Lucas 9.61 Jesus, porém, lhe respondeu: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.







Lucas 10

Lucas 10.1-12:

Lucas 10.1 Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.
Lucas 10.2 E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Lucas 10.3 Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos.
Lucas 10.4 Não leveis bolsa, nem alforge, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho.
Lucas 10.5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa.
Lucas 10.6 E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós.
Lucas 10.7 Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa.
Lucas 10.8 Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós.
Lucas 10.9 Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus.
Lucas 10.10 Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei:
Lucas 10.11 Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado.
Lucas 10.12 Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade.

 Temos aqui o envio dos setenta discípulos, dois a dois, em diversas partes do país, para pregar o evangelho, e operar milagres nesses lugares que o próprio Cristo indicou para serem visitados, para abrir caminho para o seu ministério. As instruções aqui dado a eles são dadas aqui são a mesma coisa que aquelas que foram dadas aos doze apóstolos.
Ele lhes enviou dois a dois, para que pudessem fortalecer e incentivar um ao outro. Se um cair, o outro vai ajudar a levantar-se. Ele os enviou, não para todas as cidades de Israel, como fez com os doze, mas apenas a cada cidade e lugar aonde ele haveria de ir, como seus precursores; e devemos supor, embora não seja registrado, que Cristo logo depois foi para todos os lugares para onde ele agora os enviara.
Duas coisas lhes foram ordenados para fazer, o mesmo que fez Cristo fazia: 1. Eles deveriam curar os enfermos (v. 9),e curá-los em nome de Jesus, o que tornaria as pessoas curiosas para conhecer este Jesus, e prontas para receber aquele cujo nome era tão poderoso. 2. Eles deveriam proclamar a aproximação do reino de Deus.
Deveriam também orar (v. 2); e ficarem devidamente afetados com as necessidades das almas dos homens, que pedissem sua ajuda. Eles deveriam orar para que fosse aumentado o número de trabalhadores pelo evangelho, porque eram poucos em comparação com os mestres judeus que não trabalhavam pelos interesses do reino de Deus, senão para o próprio interesse deles e de suas instituições.
Ele foram alertados a suportarem problemas e perseguições. Estariam pregando o evangelho a um mundo hostil a Deus e à sua verdade. Mas deveriam se manter pacíficos como os cordeiros, ainda que no meio de lobos.
Não deveriam se prover com uma grande carga como se fossem empreender uma longa viagem, mas depender de Deus e seus amigos para fornecer o que fosse necessário para eles.
Deveriam estar focados na sua missão e não permitirem ser desviados por cerimonialidades ou elogios desnecessários.
Em qualquer casa em que entrassem deveriam impetrar a bênção da paz de Deus. Eles pregariam de casa em casa propondo a paz do Evangelho, ou seja, a reconciliação do pecador arrependido com Deus.
A qualidade do receptor determinaria a natureza da recepção. Onde houvesse algum filho da paz, ou seja, alguém designado para a vida eterna, a paz de Deus repousaria sobre ele, mas caso não houvesse o trabalho não seria perdido porque a unção do Espírito permaneceria com eles para continuar o trabalho de evangelização.
Eles deveriam estar convictos de que aqueles que recusam o evangelho que é pregado por aqueles que são enviados por Cristo permanecem debaixo da ira de Deus e da condenação futura. De modo que deveriam alertá-los sobre o perigo em que se encontravam por rejeitar a Cristo, na pessoa dos seus enviados.
Num sinal da não participação da condenação deles deveriam sacudir o pó de suas sandálias em testemunho contra eles, para que soubessem que não tinham parte com aqueles que amam a Cristo, que sequer têm interesse no pó de suas ruas, senão apenas no bem estar eterno das almas daqueles que insensatamente os rejeitaram.


 Lucas 10.13-16 - Vide Mateus 11.20-24

Lucas 10.13 Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam arrependido.
Lucas 10.14 Contudo, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no juízo do que para vós.
Lucas 10.15 E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás.
Lucas 10.16 Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.


Lucas 10.17-20:

Lucas 10.17 E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam.
Lucas 10.18 Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
Lucas 10.19 Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum.
Lucas 10.20 Contudo, não vos alegreis porque se vos submetem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.

Aqui é declarado por nosso Senhor qual é o grande motivo da alegria do crente, que deve anteceder a qualquer outro, a saber, a salvação eterna da sua alma, por ter seu nome escrito no Livro da Vida.
Até mesmo as operações sobrenaturais que são realizadas no poder do Espírito Santo, como a expulsão de demônios pelo nome de Jesus, e ter autoridade sobre todo o poder do inimigo, Satanás, sem sofrer qualquer dano permanente, que são um motivo de alegria, todavia passarão um dia, quando não mais houver necessidade disto quando toda oposição ao Reino de Deus for subjugada no retorno do Senhor, mas a comunhão do crente com Deus será para ele um motivo de alegria por toda a eternidade.


Lucas 10.21-24 - Vide Mateus 11.25-27

Lucas 10.21 Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
Lucas 10.22 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Lucas 10.23 E voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular: Bem-aventurados os olhos que veem o que vós vedes.
Lucas 10.24 Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.


Lucas 10.25-37:

Lucas 10.25 E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Lucas 10.26 Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu?
Lucas 10.27 Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Lucas 10.28 Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Lucas 10.29 Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
Lucas 10.30 Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
Lucas 10.31 Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo.
Lucas 10.32 De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo.
Lucas 10.33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão;
Lucas 10.34 e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
Lucas 10.35 No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar.
Lucas 10.36 Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
Lucas 10.37 Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo.

Com a história do bom samaritano, nosso Senhor respondeu à pergunta que havia sido feita para lhe colocar à prova: "Que farei para herdar a vida eterna?" A pergunta era de caráter legalista e então Jesus respondeu com outra pergunta, indagando sobre o que dizia a lei a respeito.
Ele não intentava demonstrar que uma pessoa é salva por obras da lei, pois pela ninguém pode ser justificado, e o Senhor bem sabia disso.
Como o doutor da lei (escriba) respondeu com os dois grandes e principais mandamentos da Lei, Jesus aprovou a resposta e disse que se ele fizesse o mesmo, ele alcançaria a vida eterna.
Então, para se justificar, pois sabia que ninguém consegue amar perfeitamente conforme a Lei o exige, pediu a Jesus que lhe dissesse quem era o próximo a quem ele deveria amar. Pensando talvez que fosse respondido com pessoas familiares e queridas.
Todavia Jesus ilustrou a verdade com a citação de uma parábola em que o próximo amado não foi uma pessoa querida, mas um estranho e inimigo, como eram os judeus em relação aos samaritanos e vice-versa. E não foi um religioso, representado no sacerdote e no levita da parábola, que agiu como próximo do seu compatriota judeu necessitado, mas justamente um gentio e inimigo, assim por eles considerado.
De fato, para amar com um amor como o descrito, a saber, o amor por estranhos e inimigos, só mesmo pela conversão pela fé a Deus, e por se receber um novo coração do Espírito Santo na regeneração. Assim, Jesus deixou em suspenso a alma daquele escriba mal-intencionado que procurava apanhá-lo em algum erro teológico.


Lucas 10.38-42:

Lucas 10.38 Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
Lucas 10.39 Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.
Lucas 10.40 Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.
Lucas 10.41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas;
Lucas 10.42 entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.

Marta e Maria eram irmãs de Lázaro, a quem Jesus ressuscitou.
Marta não foi repreendida por sua falta de fé, mas por sua atitude indevida naquela ocasião.
Ela era uma mulher de grande fé, e muito estimada por Jesus, conforme vemos no  relato do décimo primeiro capitulo do evangelho de João.
Marta era uma pessoa muito ativa e prática, e não há nenhum mal nisto, a não ser quando pela nossa muita atividade deixamos de tributar a devida devoção ao Senhor.
Muitos pensam que Maria era uma mulher apenas contemplativa e ociosa, o que não é verdade, pois se o fosse, não seria alvo da atenção que o Senhor lhe dispensava.
Ela possuía grande comunhão espiritual com o Senhor, e dera demonstração do nível desta comunhão e amor quando lhe ungiu os pés com bálsamo e como a mulher da narrativa da história na casa de Simão, também enxugou os pés de Jesus com seus cabelos (João 12.3).
Esta é a boa parte que devemos escolher na nossa relação com Deus, pois isto não pode ser tirado de nós por ninguém e por nenhuma adversidade que nos sobrevenha, pois o hábito da graça em nosso viver nos valerá na hora da provação.






Lucas 11

Lucas 11.1-4 - Mateus 6.9-15

Lucas 11.1 Estava Jesus em certo lugar orando e, quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.
Lucas 11.2 Ao que ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino;
Lucas 11.3 dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;
Lucas 11.4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos deixes entrar em tentação, [mas livra-nos do mal.]

Lucas 11.5-8:

Lucas 11.5 Disse-lhes também: Se um de vós tiver um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
Lucas 11.6 pois que um amigo meu, estando em viagem, chegou a minha casa, e não tenho o que lhe oferecer;
Lucas 11.7 e se ele, de dentro, responder: Não me incomodes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para te atender;
Lucas 11.8 digo-vos que, ainda que se levante para lhos dar por ser seu amigo, todavia, por causa da sua importunação, se levantará e lhe dará quantos pães ele precisar.

Para ilustrar o dever do crente orar sem cessar, sem nunca esmorecer, Jesus ilustrou esta verdade com a Parábola do amigo Importuno, que se assemelha à do Juiz Iníquo, que também foi contada para o mesmo propósito, não para destacar que Deus somente nos atenderá para não ser mais importunado como foi o caso dos que atenderam aos pedidos em ambas parábolas, mas justamente para comprovar que se até aqueles que se sentem desconfortados nos atendem para não serem mais importunados, quando mais Deus não estaria disposto a nos atender em nossa petições, pois não há nele qualquer tipo de contrariedade em fazê-lo, antes tem todo o prazer em que recorramos a Ele para sermos ajudados.
Esta boa vontade de Deus em nos atender é um grande motivo para sermos perseverantes na oração. .

Lucas 11.9-13 - Vide Mateus 7.7-11

Lucas 11.9 Pelo que eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á;
Lucas 11.10 pois todo o que pede, recebe; e quem busca acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
Lucas 11.11 E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?
Lucas 11.12 Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
Lucas 11.13 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?


Lucas 11.14-23 - Vide Mateus 12.22-32

Lucas 11.14 Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo; e aconteceu que, saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões se admiraram.
Lucas 11.15 Mas alguns deles disseram: É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.
Lucas 11.16 E outros, experimentando-o, lhe pediam um sinal do céu.
Lucas 11.17 Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa cairá.
Lucas 11.18 Ora, pois, se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso dos demônios por Belzebu.
Lucas 11.19 E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes.
Lucas 11.20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
Lucas 11.21 Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança estão os seus bens;
Lucas 11.22 mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos.
Lucas 11.23 Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.


Lucas 11.24-26 - Vide Mateus 12.43-45

Lucas 11.24 Ora, havendo o espírito imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí.
Lucas 11.25 E chegando, acha-a varrida e adornada.
Lucas 11.26 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro.


Lucas 11.27,28:

Lucas 11.27 Ora, enquanto ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que te amamentaste.
Lucas 11.28 Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.

A mulher que elogiou a mãe de Jesus deu-lhe o mérito de ter dado ao mundo e educado um filho como ele, todavia, o Senhor se apressou em colocar todo o mérito na Palavra de Deus, a qual, fora o instrumento da piedade de Maria, que pôde assim, instruí-lo em sua infância, nos caminhos de Deus. E assim, qualquer pessoa que como Maria desse ouvido e praticasse a palavra de Deus, seria também bem-aventurada.


Lucas 11.29-32 - Vide Mateus 12.38-42

Lucas 11.29 Como afluíssem as multidões, começou ele a dizer: Geração perversa é esta; ela pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas;
Lucas 11.30 porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta geração.
Lucas 11.31 A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.

Lucas 11.32 Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é maior do que Jonas.



Lucas 11.33-36 - Vide Mateus 6.22,23

Lucas 11.33 Ninguém, depois de acender uma candeia, a põe em lugar oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz.
Lucas 11.34 A candeia do corpo são os olhos. Quando, pois, os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, quando forem maus, o teu corpo será tenebroso.
Lucas 11.35 Vê, então, que a luz que há em ti não sejam trevas.
Lucas 11.36 Se, pois, todo o teu corpo estiver iluminado, sem ter parte alguma em trevas, será inteiramente luminoso, como quando a candeia te alumia com o seu resplendor.


Lucas 11.37-44:

Lucas 11.37 Acabando Jesus de falar, um fariseu o convidou para almoçar com ele; e havendo Jesus entrado, reclinou-se à mesa.
Lucas 11.38 O fariseu admirou-se, vendo que ele não se lavara antes de almoçar.
Lucas 11.39 Ao que o Senhor lhe disse: Ora vós, os fariseus, limpais o exterior do corpo e do prato; mas o vosso interior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade.
Lucas 11.40 Loucos! quem fez o exterior, não fez também o interior?
Lucas 11.41 Dai, porém, de esmola o que está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas.
Lucas 11.42 Mas ai de vós, fariseus! porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas importava fazer, sem deixar aquelas.
Lucas 11.43 Ai de vós, fariseus! porque gostais dos primeiros assentos nas sinagogas, e das saudações nas praças.
Lucas 11.44 Ai de vós! porque sois como as sepulturas que não aparecem, sobre as quais andam os homens sem o saberem.

Toda a religiosidade dos fariseus estava baseada em exterioridades e em práticas cerimoniais, sem o devido acompanhamento de uma real e viva devoção espiritual de seus corações. Eles se escandalizavam com tudo o que contrariasse as tradições de culto religioso que eles haviam inventado como meros preceitos de homens, como o lavar as mãos muitas vezes antes de comer, como indicação de pureza religiosa.
O Senhor então, ao perceber que estava sendo condenado por eles por não seguir as práticas que eles observavam, apressou-se em lhes revelar a verdade de que eles estavam mortos espiritualmente e não podiam portanto discernir o mundo espiritual, e por isso davam tanto valor às práticas externas, sem se importar com a justiça e o amor de Deus.
A justiça em foco não é a justiça dos tribunais, mas a que se revela no Evangelho de fé em fé, a saber, a justiça do próprio Cristo que é oferecida a nós para a nossa justificação e que é em nós implantada progressivamente na santificação.
E o amor de Deus é o amor ágape com o qual devemos amar sacrificialmente a Ele e uns aos outros.
Como eles poderiam ter isto enquanto buscavam o louvor dos homens, e uma vida de preeminência sobre os demais?
Como poderia habitar neles a justiça de Deus quando estavam cheios de justiça própria, julgando-se puros a seus próprios olhos? Como poderiam chegar à fé que salva se julgavam que não tinham do que se arrepender?


Lucas 11.45-54:

Lucas 11.45 Disse-lhe, então, um dos doutores da lei: Mestre, quando dizes isso, também nos afrontas a nós.
Lucas 11.46 Ele, porém, respondeu: Ai de vós também, doutores da lei! porque carregais os homens com fardos difíceis de suportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais nesses fardos.
Lucas 11.47 Ai de vós! porque edificais os túmulos dos profetas, e vossos pais os mataram.
Lucas 11.48 Assim sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais; porquanto eles os mataram, e vós lhes edificais os túmulos.
Lucas 11.49 Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns, e perseguirão outros;
Lucas 11.50 para que a esta geração se peçam contas do sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado;
Lucas 11.51 desde o sangue de Abel, até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário; sim, eu vos digo, a esta geração se pedirão contas.
Lucas 11.52 Ai de vós, doutores da lei! porque tirastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam.
Lucas 11.53 Ao sair ele dali, começaram os escribas e os fariseus a apertá-lo fortemente, e a interrogá-lo acerca de muitas coisas,
Lucas 11.54 armando-lhe ciladas, a fim de o apanharem em alguma coisa que dissesse.

Os escribas ficaram indignados com a repreensão que Jesus fizera aos fariseus porque entenderam que tudo aquilo se aplicava também a eles, e de fato lhes era aplicável.
Nosso Senhor não recuou e confirmou tudo o que dissera antes e acrescentou que os escribas em vez de ensinarem a Lei ao povo, lhes sobrecarregavam com fardos difíceis de serem suportados, porque não expressavam a graça e o amor de Deus em Seus mandamentos, senão apenas exigências criadas pela imaginação e tradição criadas pelos homens, as quais eles próprios não observavam.
Eles eram os descendentes legítimos de todos aqueles religiosos de Israel que haviam perseguido e assassinado os profetas que Deus lhes havia enviado para repreendê-los e exortá-los a cumprir a Sua Palavra, e que continuariam fazendo agora o que seus ancestrais haviam feito pois fariam o mesmo com os profetas e apóstolos que Deus levantaria na dispensação do Evangelho. E eles de fato o fizeram conforme podemos ver especialmente no relato do livro de Atos e nas epístolas escritas pelos apóstolos quanto à perseguição dos líderes religiosos de Israel aos discípulos de Jesus.
Por último, somos informados no final do capitulo quão maliciosamente os escribas e fariseus planejavam atraí-lo para uma armadilha, pois não podiam suportar essas reprovações que lhes havia feito.









Lucas 12

Lucas 12.1-12:

Lucas 12.1 Ajuntando-se entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que se atropelavam uns aos outros, começou Jesus a dizer primeiro aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
Lucas 12.2 Mas nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser conhecido.
Lucas 12.3 Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falaste ao ouvido no gabinete, dos eirados será apregoado.
Lucas 12.4 Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer.
Lucas 12.5 Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, digo, a esse temei.
Lucas 12.6 Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus.
Lucas 12.7 Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais valeis vós do que muitos passarinhos.
Lucas 12.8 E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus;
Lucas 12.9 mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus.
Lucas 12.10 E a todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado.
Lucas 12.11 Quando, pois, vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer.
Lucas 12.12 Porque o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora o que deveis dizer.

A dura oposição que Jesus havia recebido da parte dos escribas e fariseus, conforme podemos ver no final do capítulo anterior, ensejou este discurso que fizera às multidões que o seguiam, para revelar que todos os que o seguissem, seriam de igual modo perseguidos pelos religiosos de Israel.
No entanto, ainda que eles pudessem, na condição de autoridades da nação, levá-los até mesmo à sentença extrema da morte física, nada deveriam temer, pois nada poderiam fazer contra os seus espíritos, que seriam salvos e preservados por Deus para a vida eterna.
Sempre há esse risco de ter que arcar com este custo por sermos seguidores de Cristo, mas é melhor sofrer o martírio por fidelidade a Ele e à Sua Palavra do que negá-lo diante dos homens, pois isto implica em ser também negado por ele diante dos anjos de Deus.
Todavia, os que fossem alcançados pela sua salvação poderiam estar sossegados quanto ao fato de, por motivo de eventuais fraquezas, viessem a recuar temporariamente na fé, pois, os que são de Deus, são perdoados por Ele, pois não cometem o terrível pecado de blasfemar contra o Espirito Santo, ou seja, de resistir à sua influência e poder.
De maneira que poderiam ser sempre restaurados à comunhão por meio da confissão e do arrependimento.
O mesmo Espirito Santo que lhes concederia graça para tal, também lhes assistiria nos momentos em que fossem levados à presença dos magistrados e das autoridades de Israel, para serem acusados de sua fé em Cristo, pois na hora da necessidade lhes seria concedido o que responder. E de fato nós vemos isto ocorrendo especialmente nas vidas dos apóstolos João, Pedro e Paulo, quando tiveram que comparecer perante as autoridades de Israel, dando-se assim pleno cumprimento à profecia que Jesus fizera.


Lucas 12.13-21:

Lucas 12.13 Disse-lhe alguém dentre a multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo a herança.
Lucas 12.14 Mas ele lhe respondeu: Homem, quem me constituiu a mim juiz ou repartidor entre vós?
Lucas 12.15 E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.
Lucas 12.16 Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;
Lucas 12.17 e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos.
Lucas 12.18 Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens;
Lucas 12.19 e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
Lucas 12.20 Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
Lucas 12.21 Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.

Se a pessoa dentre a multidão tivesse pedido a Jesus para lhe ajudar a entrar na posse da herança celestial, certamente ele lhe teria dado a sua atenção, mas quanto à demanda da herança terrena que lhe foi apresentada nada poderia fazer pois não veio ao mundo com a missão de ser juiz que trata do direito das sucessões.
Entretanto, o Senhor aproveitou o ensejo para advertir contra o perigo da avareza, pois por mais que uma pessoa possa obter e desfrutar dos bens deste mundo, nada disso lhe valerá caso venha a perder a sua alma, por não ser rica na graça e na fé para com Deus. E para ilustrar este ponto nosso Senhor citou a parábola de um homem que viveu para ajuntar riquezas em celeiros e descuidando-se totalmente do estado eterno de sua alma.
Jesus veio para cuidar dos interesses da alma imortal e não dos interesses relativos a este mundo que passa. Ele está edificando um reino eterno para o Pai com almas que são salvas por crerem nele, e não se permitirá se desviar deste grande alvo, por nada mais.


Lucas 12.22-34 - Vide texto paralelo em Mateus 6.25-34

Lucas 12.22 E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir.
Lucas 12.23 Pois a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário.
Lucas 12.24 Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves!
Lucas 12.25 Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
Lucas 12.26 Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?
Lucas 12.27 Considerai os lírios, como crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.
Lucas 12.28 Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pouca fé?
Lucas 12.29 Não procureis, pois, o que haveis de comer, ou o que haveis de beber, e não andeis preocupados.
Lucas 12.30 Porque a todas estas coisas os povos do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que precisais delas.
Lucas 12.31 Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas.
Lucas 12.32 Não temas, ó pequeno rebanho! porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.
Lucas 12.33 Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói.
Lucas 12.34 Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.


Lucas 12.35-48: Exortação à Vigilância

"35 Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas candeias;
36 e sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe.
37 Bem-aventurados aqueles servos, aos quais o senhor, quando vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá.
38 Quer venha na segunda vigília, quer na terceira, bem-aventurados serão eles, se assim os achar.
39 Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
40 Estai vós também apercebidos; porque, numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
41 Então Pedro perguntou: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?
42 Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
43 Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
44 Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
45 Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se,
46 virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e corta-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
47 O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
48 mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.”

A vigilância é um dever imposto a todos os cristãos, mas a partir do verso 42 até o 48 a advertência de Cristo é dirigida especialmente aos ministros que são os mordomos ou donos da casa do Senhor, que são colocados sobre os demais cristãos (servos dos quais cuidam os líderes)..
O mau ministro aqui descrito, é hipócrita, não convertido, que o demonstra pela sua falta de perseverança em vigilância e em piedade, comprovada pelo fato de se embriagar e maltratar os cristãos,  coisas que caracterizam o comportamento daqueles que não conhecem a Cristo.
Pedro perguntou a Jesus se estas palavras se aplicavam a eles apóstolos, a quem estava ministrando, ou a todos, e o Senhor restringiu as  ameaças de Seu discurso aos líderes, a quem designou como aqueles a quem muito havia sido dado, e de quem mais seria requerido.
Se um destino horrendo aguarda por todos aqueles que forem mestres da religião cristã, e que não são de Cristo, de quanta vigilância e cuidado não devem então ter aqueles que são os Seus verdadeiros ministros.
Eles não podem transferir a outros a responsabilidade de mordomos que lhes foi dada por Deus para cuidarem do Seu rebanho.
Cabe a eles administrarem a casa do Senhor repartindo as graças espirituais àqueles que se encontram debaixo do seu cuidado. 
Os sacerdotes, fariseus e escribas dos dias de Jesus, que eram considerados como a liderança do povo de Israel se enquadravam perfeitamente no perfil daqueles líderes sobre os quais o Senhor falou aos apóstolos que lhes aguardava um horrível juízo no inferno de fogo.
Então os ministros do Senhor não devem seguir o mesmo exemplo deles, servindo-Lhe por interesse, como dominadores e exploradores do Seu rebanho, porque terão que prestar contas da Sua mordomia, porque são eles os mordomos, os administradores da Sua casa, que é a Igreja.
Por isso Jesus alertou os apóstolos sobre a necessidade de uma permanente vigilância, para o cumprimento fiel dos seus ministérios.
E isto se aplica a todos os Seus pastores, que são encarregados por Ele para cuidarem do Seu rebanho.
Aos pastores fiéis é prometida a bem-aventurança de serem honrados e serem colocados sobre o governo dos bens de Cristo, depois da Sua segunda vinda, porque foram fiéis no Seu dever de vigilância e cuidado do rebanho (v..42-44).
O texto de Lucas acrescenta ao paralelo de Mateus, os graus de castigo que serão impostos aos mordomos infiéis descrentes. Porque é dito que aqueles que agirem mau por ignorância, sofrerão menos açoites, porque não estavam conscientes e informados acerca da vontade do Senhor.
Mas estes falsos ministros que apesar de conhecerem a Palavra revelada, mesmo assim agem com falsidade, sofrerão portanto, um maior castigo.


Lucas 12.49-53:

Lucas 12.49 Vim lançar fogo à terra; e que mais quero, se já está aceso?
Lucas 12.50 Há um batismo em que hei de ser batizado; e como me angustio até que venha a cumprir-se!
Lucas 12.51 Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, mas antes dissensão:
Lucas 12.52 pois daqui em diante estarão cinco pessoas numa casa divididas, três contra duas, e duas contra três;
Lucas 12.53 estarão divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe contra filha, e filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.

Jesus Cristo é o real elemento divisor de águas deste mundo porque é por se crer nele ou não que serão determinados os dois destinos eternos distintos que estão reservados a todas as pessoas.
Ou céu ou inferno, ou vida eterna ou morte eterna, ou bem-aventurança eterna ou vergonha eterna.
E tudo isso é definido por se crer ou não em Cristo. De modo que é incorreto o modo de pensar que Ele veio aqui com a missão de trazer paz a todas as pessoas do mundo, para que todos estivessem conciliados em perfeita harmonia como uma grande família.
Jamais teria vindo com tal missão impossível, pois bem sabe que o evangelho em alguns é aroma de vida para a vida e em outros cheiro de morte para a morte, em razão da forma como reagem ao convite da graça para a salvação.
Os que resistem ao convite não podem estar conciliados em harmonia com um mesmo modo de pensar e sentir em relação às coisas que são celestiais, espirituais e divinas, com aqueles que são receptivos. E esta divisão ou diferença de modo de pensar e sentir é visto até mesmo em núcleos familiares, quando alguns membros são convertidos a Cristo e outros não são.
Então isto é como um fogo que Jesus veio lançar à terra, e que já foi aceso por ele desde que aqui chegou para pregar o evangelho. É pelo fogo que somos provados. A palha será queimada em fogo inextinguível, mas o ouro não é consumido por ele, antes, é refinado, e é isto o que sucede no processo de santificação dos crentes.
Mas este fogo somente seria acendido mais efetivamente quando o Espírito Santo fosse derramado no dia de Pentecostes depois de Jesus ter passado pelo seu batismo de sofrimento e agonia e morte na cruz, para nos salvar de nossos pecados.


Lucas 12.54-59:

Lucas 12.54 Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede;
Lucas 12.55 e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim sucede.
Lucas 12.56 Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?
Lucas 12.57 E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?
Lucas 12.58 Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura fazer as pazes com ele no caminho; para que não suceda que ele te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te lance na prisão
Lucas 12.59 Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro cetil.

Tendo dado seus discípulos a sua lição nos versos precedentes, aqui Cristo vira-se para o povo, e dá-lhes a deles.
Devemos ser sábios para buscar entender os caminhos e as dispensações de Deus, para que possamos nos preparar para eles de modo adequado, do mesmo modo que fazemos em relação às condições meteorológicas, para que possamos nos prevenir em caso de previsão de chuvas.
O cuidado que temos em relação à proteção do nosso corpo para nos mantermos saudáveis, deveria ser muito maior em relação às nossas almas.
Assim como o tempo natural oferece indícios para o que sucederá depois, de igual forma, por vários indícios Deus havia dado aos judeus vários indícios para o tempo da chegada do Messias, e que estavam sendo cumpridos em Jesus, e eles não estavam lhe dando grande importância.
Assim, eram hipócritas em sua afirmação de que estavam aguardando a chegada do Messias prometido na Lei e nos profetas do Velho Testamento.
Jesus veio para que pudéssemos ser reconciliados com Deus.
Sem crer nele não podemos fazer as pazes com Deus.
Não teremos esta oportunidade quando o nosso tempo tiver sido esgotado, e se por descuido ou voluntariamente, formos negligentes em nossa previsão do tempo espiritual, rejeitando a paz reconciliadora que é oferecida em Jesus, nada mais podemos esperar senão o sermos lançados numa prisão eterna.
Enquanto não somos justificados pela fé, permanecemos como adversários de Deus.
Mas por Cristo, justificados pela fé, podemos ter paz eterna com Ele (Rom 5.1).
 






Lucas 13

Lucas 13.1-5:

Lucas 13.1 Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles.
Lucas 13.2 Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?
Lucas 13.3 Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Lucas 13.4 Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?
Lucas 13.5 Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.

Diante da perplexidade de alguns com a crueldade de Pilatos, o qual a propósito era um governante cruel e não uma pessoa justa como alguns consideram pelo fato de ter lavado cinicamente as mãos na exaração da sentença que dera contra Jesus, pois nosso Senhor confirmou a sua culpa diante de Deus, que não chegava a ser tão grande como a de Judas, porque este último privara da Sua companhia.
Eles pensavam que isto fora permitido por Deus a Pilatos porque julgavam que aqueles que haviam sido executados por ele deveriam ter grande culpa diante de Deus por pecados que haviam praticado.
Para corrigir este erro que é tão comum à mentalidade humana em geral, nosso Senhor não somente lhes disse que isto não lhes sucedeu por serem mais pecadores do que os demais homens, como também lhes citou mais um outro caso em que dezoito pessoas haviam morrido num acidente debaixo de uma torre que caíra sobre eles, e que não eram mais culpados do que os demais habitantes de Jerusalém.
Ele declarou a doutrina do pecado universal que torna todos os homens culpáveis diante de Deus e dignos do Seu juízo condenatório final, e do qual somente podem escapar através do arrependimento.
É somente pelo arrependimento e fé em Cristo que podemos escapar da morte espiritual e eterna.


Lucas 13.6-9:

Lucas 13.6 E passou a narrar esta parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; e indo procurar fruto nela, e não o achou.
Lucas 13.7 Disse então ao viticultor: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente?
Lucas 13.8 Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu cave em derredor, e lhe deite estrume;
Lucas 13.9 e se no futuro der fruto, bem; mas, se não, cortá-la-ás.

O vinhateiro intercessor suplicou pela figueira estéril: "Deixa-a ainda este ano," pedindo o prazo de um ano, a partir do momento em que falou isso. Evidentemente, um ano tinha transcorrido quando chegou o tempo de buscar fruto na figueira, e outro ano começava quando o vinhateiro começou de novo sua obra de cavar e podar.
Os homens são seres tão estéreis, que sua produção de frutos não marca épocas certas. Por isso, temos que dizer uns dos outros: "esse será o começo de um novo ano."
Então, que assim seja. Congratulemo-nos uns aos outros por ver a alvorada de "ainda esse ano", e oremos juntos para que possamos entrar nele, continuar nele, e chegar à sua conclusão, debaixo da perene benção do Senhor a quem pertence todos os anos.
I. O começo de um ano novo SUGERE UMA RETROSPECTIVA.
Olhemos resoluta e honestamente. "Ainda este ano"
Deus, que nos dá "ainda esse ano", nos tem dado outros anos previamente. Sua paciente misericórdia não é uma novidade. Sua paciência já foi posta à prova por nossas provocações. Primeiro, vieram nossos anos juvenis, quando, inclusive, um pequeno fruto para Deus é peculiarmente agradável a Ele. Como o passamos? Acumulou-se toda nossa força na casca silvestre e no cacho deixado como resto?
Se for assim, bem podemos lamentar o vigor desperdiçado, e a vida mal gasta, esse assombroso pecado multiplicado. Quem nos viu usar indevidamente aqueles meses de ouro da juventude, nos proporciona "ainda esse ano", e temos de entrar nele com um santo zelo, para que a força e o ardor que nos sobraram não corram os mesmos caminhos de desperdício como em anos anteriores.
Seguindo os calcanhares de nossos anos juvenis, vieram os anos correspondentes à maturidade, quando começamos a formar um lar, e nos convertemos como uma árvore plantada em seu lugar – também aí o fruto teria sido precioso. Produzimos algum fruto? Oferecemos a Ele as primícias de nossa força?
Se assim o fizemos, bem podemos adorar a graça que nos salvou tão cedo, mas se não foi assim, o passado nos repreende, e, levantando um dedo acusador, nos adverte que não permitamos que "ainda esse ano" siga o caminho do resto de nossas vidas.
Aquele que tiver desperdiçado a juventude e a manhã da maturidade dedicou tempo suficiente à insensatez – o tempo passado deveria lhe bastar para ter cumprido a vontade da carne; seria um excesso de iniquidade permitir que “ainda esse ano" seja espezinhado no serviço do pecado.
Muitos de nós nos encontramos na flor da idade, e os anos que já vivemos não são poucos. Ainda necessitamos confessar que nossos anos são comidos pelo gafanhoto e pelo pulgão? Acaso ainda não sabemos aonde vamos?
Somos ainda néscios à idade de quarenta anos? Temos cinquenta, de acordo com o calendário, no entanto, nos encontramos a grande distância do critério?
Ah, grandioso Deus, que ainda há homens que passam essa idade e ainda não têm conhecimento! Não são salvos aos sessenta, não são regenerados aos setenta, não foram despertados aos oitenta, não são renovados aos noventa!
Todas e cada uma dessas considerações são muito alarmantes. No entanto, porventura, cada uma cairá em ouvidos que não poderão deixar de formigar, ainda que as ouçam como se não as tivessem ouvido. A continuidade no mal gera dureza de coração, e quando a alma esteve dormindo por largo tempo na indiferença, é difícil despertá-la do estupor mortal.
O som das palavras "ainda esse ano", nos faz lembrar os anos de grande misericórdia.
Esses anos foram colocados aos pés do Senhor?
Se não foram, como responderemos por eles, se os desperdiçamos nos caminhos do abandono?
Produzimos de acordo com o benefício recebido?
Levantamo-nos da cama sendo mais pacientes e mansos, odiados do mundo, e unicamente unidos a Cristo?
Produzimos cachos de fruto para recompensar o grande agricultor da vinha?
Não recusemos essas perguntas de auto-exame, pois isso poderá resultar em outro desses anos de cativeiro, outra estação de forno.
O novo ano também nos lembra das oportunidades de utilidade, que chegaram e se foram, e de resoluções não cumpridas, que floresceram só para murcharem – será "ainda esse ano" como aqueles que transcorreram antes?
Não poderíamos esperar que a graça avançasse sobre a graça já ganha, e não deveríamos buscar poder para transformar nossas enfermas promessas em robusta ação?
Olhando o passado, lamentamos as loucuras pela quais não queríamos ser mantidos "ainda esse ano"; e adoramos a misericórdia perdoadora, a providencia preservadora, a liberalidade ilimitada e o amor divino, dos quais esperamos ser participantes "ainda esse ano".
II. A segunda consideração: o texto MENCIONA UMA MISERICÓRDIA.
Foi devido a uma grande benignidade, que foi concedida à arvore que inutilizava a terra, permanecer ainda outro ano, e a vida prolongada sempre há de ser considerada uma benção da misericórdia. Veremos "ainda esse ano"... como uma dádiva da graça infinita. É mal falar como se a vida não nos importasse, e considerar nossa estada aqui como um mal ou um castigo – estamos aqui "ainda esse ano" como resultado das intercessões do amor, e em cumprimento dos desígnios do amor.
O homem perverso deveria considerar que a paciência do Senhor aponta para sua salvação, e permitir que as cordas de amor o atassem a ela.
Por acaso, lhes é concedida vida para que amaldiçoem, corram desenfreados e desafiem seu Criador? Esse deveria ser o único fruto da paciente misericórdia?
Como é que o Senhor tem sido indulgente com ele, e tolerado suas vaciladas e titubeios? Esse ano de graça será mal gasto da mesma forma?
As impressões passageiras, as precipitadas resoluções e as apostasias terão de ser a mesma história trilhada que se repete uma e outra vez?
A consciência assustada, a tirânica paixão, a emoção reprimida. Serão esses os sinais de "ainda esse ano"?
Que Deus não permita que nenhum de nós duvide ou adie ao longo de "ainda esse ano".
A piedade infinita detém a lança da justiça – será ela insultada pela repetição dos pecados que a provocaram? O que poderia ser mais atemorizante para o coração da bondade que a indecisão?
Bem faz o profeta do Senhor em se colocar impaciente e clamar:
Até quando coxeareis entre dois pensamentos? (1Reis 18:21)
Deus pode muito bem exigir uma decisão e uma resposta imediata.
Oh, alma indecisa; ainda oscilará muito tempo entre o céu e o inferno, e atuará como se fosse difícil decidir entre a escravidão de Satanás e a liberdade do lar de amor do Grandioso Pai?
"Ainda esse ano" será o amor divino convertido em uma ocasião para um continuo pecado?
Oh, não atue dessa forma vil, de maneira tão adversa a todo instinto nobre, de maneira tão injuriosa para seus próprios e melhores interesses.
O crente é conservado fora do céu "ainda esse ano" em amor, e não na ira. Existem alguns por cuja causa é necessário que habite na carne, alguns que serão ajudados por Ele em seu caminho até o céu, e outros que serão conduzidos aos pés do Redentor por Sua instrução. O céu de muitos santos ainda não está preparado para eles, porque seus companheiros mais próximos não chegaram ainda, e seus filhos espirituais não se reuniram na glória em número suficiente, para dar-lhes uma completa bem-vinda celestial; terão de esperar "ainda esse ano" para que seu repouso seja mais glorioso, e os feixes que levarão possam proporcionar-lhes um gozo maior.
Verdadeiramente, por causa das almas, pelo deleite de glorificar nosso Senhor, e pelo incremento de jóias em nossa coroa podemos estar contentes de esperar aqui embaixo "ainda esse ano".
III. Nossas últimas palavras frágeis lhes recordarão que a expressão "ainda esse ano" IMPLICA EM UM LIMITE.
O vinhateiro não pediu uma suspensão da sentença maior que um ano. Se o labor de cavar e adubar não mostrassem ser eficazes, não intercederia mais, e a árvore deveria cair.
Mesmo quando Jesus é o intercessor, a solicitação de misericórdia tem seus limites e tempos. Não é para sempre que seremos deixados a sós, e nos seja permitido inutilizar a terra; se não nos arrependermos, devemos perecer; se não queremos ser beneficiados pela enxada, devemos cair pelo golpe do machado.
Virá um último ano a cada um de nós: portanto, que cada um diga a si mesmo: esse é meu último ano?
Se fosse o último ano para o pregador, cingiria seus lombos para entregar a mensagem do Senhor com toda sua alma e pedir a seus semelhantes que sejam reconciliados com Deus.
Querido amigo, "ainda esse ano" será seu último ano? Está preparado para ver a cortina se levantar revelando a eternidade? Está preparado para ouvir o grito da meia noite, e entrar na ceia das Bodas?
O juízo e tudo o que se seguir são de forma certíssima, a herança de todo homem. Benditos aqueles que pela fé em Jesus são capazes de enfrentar o tribunal de Deus sem pensamentos de terror.
Se vivêssemos para ser contatos entre os habitantes mais velhos, ainda assim devemos partir: tem que haver um fim, e a voz deve ser ouvida: "Assim diz o Senhor, morrerá esse ano".
Oh homem mortal, reflita! Prepare-se para ir ao encontro de teu Deus, pois deves encontrar-se com Ele. Busque ao Salvador, sim, busque-O antes que outro sol se oculte para seu descanso.
Mais uma vez, "ainda esse ano" - e poderá ser só por esse ano – a cruz é levantada como o farol do mundo; a única luz à qual nenhum olho mira em vão.
Oh, que milhões de pessoas olhassem para esse local e vivessem. O Senhor pronto virá uma segunda vez, e então o resplendor de Seu trono ocupará o lugar do ligeiro esplendor de Sua cruz: o Juiz será visto no lugar do Redentor.
Agora Ele salva, porém naquele momento Ele destruirá. Ouçamos Sua voz nesse momento. Ele tem posto um limite de graça. Creiamos em Jesus nesse dia, vendo que poderia ser nosso último dia.
Essas são as súplicas de alguém que agora encosta-se a seu travesseiro, absorto na debilidade. Ouça-as por causa de sua própria alma e viva.
Texto de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.


Lucas 13.10-17:

Lucas 13.10 Jesus estava ensinando numa das sinagogas no sábado.
Lucas 13.11 E estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava encurvada, e não podia de modo algum endireitar-se.
Lucas 13.12 Vendo-a Jesus, chamou-a, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade;
Lucas 13.13 e impôs-lhe as mãos e imediatamente ela se endireitou, e glorificava a Deus.
Lucas 13.14 Então o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus curara no sábado, tomando a palavra disse à multidão: Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, neles para serdes curados, e não no dia de sábado.
Lucas 13.15 Respondeu-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, para o levar a beber?
Lucas 13.16 E não devia ser solta desta prisão, no dia de sábado, esta que é filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?
Lucas 13.17 E dizendo ele essas coisas, todos os seus adversários ficavam envergonhados; e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.

Mais uma vez Jesus confrontou o formalismo hipócrita religioso com a verdadeira piedade.
Na sinagoga poderia se ensinar, mas não curar, porque isto era considerado uma forma de trabalho sendo realizado no dia de sábado.
Uma mulher que estava possuída por Satanás há dezoito anos e que andava por isso encurvada, por uma forma do espirito imundo humilhá-la e fazê-la sofrer foi libertada pelo Senhor.
O chefe da sinagoga ficou indignado e disse à multidão que deveriam buscar a cura em outros dias da semana, nos quais se podia trabalhar, e não no dia de sábado.
Todavia Jesus repreendeu a hipocrisia deles com um símile no qual expôs a verdade de que eles trabalhavam aos sábados por soltarem da manjedoura seus animais para dar-lhes de beber, e no entanto, não consentiam que uma pessoa que estava aprisionada por Satanás fosse libertada.
Porventura Deus se ocupa mais de bois ou de homens?
A que ponto pode chegar o endurecimento pelo formalismo religioso!

Fé e Sofrimento

Quando a enfermidade ou a aflição assola por longo  tempo e de modo contínuo, parece que a fé por fim sucumbirá e não resistirá, porque  a   enfermidade e a aflição geram uma fraqueza na alma, e perturbam a paz da nossa mente, de maneira que pouco conseguimos fazer a  não ser clamar a Deus para que seja misericordioso para conosco, dando-nos livramento de nossas dores.
Mas tal é a  virtude da graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que Ele virá em nosso  socorro, mesmo quando não Lhe estivermos buscando para sermos curados, senão para adorá-lo e sermos instruídos por Ele, tal como fizera aquela mulher enferma, há dezoito anos, que fora à sinagoga para ouvi-Lo, tal como muitos estavam fazendo na mesma ocasião.
Havia um culto solene na sinagoga, e não  seria de se esperar que ele fosse interrompido, na sucessão dos atos relativos ao serviço de orações, leitura e exposição da Palavra de Deus.
Todavia, foi  o próprio Senhor Jesus Cristo que tomou a iniciativa de parar a sua pregação para chamar aquela mulher enferma para que a curasse.
De modo muito diferente daqueles que entre nós, seguem estrita e rotineiramente o costume tradicional de pregarem sem permitirem que qualquer ação, ainda que do Espírito Santo, venha a interromper a sua oratória, nosso  Senhor Jesus Cristo nos mostrou o que  deve ser feito, mesmo quando estamos pregando, porque interrompeu  o seu ensino em pleno culto da sinagoga, para realizar uma cura específica de uma determinada pessoa que se encontrava na congregação.        
Nós vamos ao culto, ainda que em fraquezas de enfermidades, perplexidades, aflições, e toda sorte de sofrimentos, na expectativa de simplesmente adorarmos ao Senhor e aprendermos a Sua Palavra, mas, em Sua infinita graça e misericórdia, o Senhor vai muito além, e nos livra, muitas vezes, de nossas cargas e sofrimentos.
Louvado seja o seu  santo nome, que dia a dia, carrega os nossos fardos.
Que nos ensina que o culto não é um mero cumprimento de obrigações religiosas, mas um meio  vivo e eficaz de sermos abençoados por Ele com toda a sorte de bênçãos, enquanto nos dispomos apenas a adorá-lO.
Não importa que pessoas insensíveis e hipócritas, fiquem escandalizadas com  Seus atos de misericórdia, tal como sucedeu na Sinagoga, nosso  Senhor haverá de atender as nossas mais urgentes necessidades, independentemente da oposição que Lhe possam fazer tais hipócritas religiosos insensíveis, que não querem dar lugar algum, e o mínimo desperdício de tempo, conforme eles assim o consideram, com o exercício da misericórdia.
Nosso Senhor continuará envergonhando estes religiosos insinceros, enquanto o povo simples e humilde que O adora, continuará se regozijando e Lhe glorificando pelos Seus poderosos feitos.
 Não será permitido pelo Senhor que    aqueles que dão honra à Sua Palavra, tal como a mulher enferma da nossa estória, fiquem encurvados  por um tempo além do que for permitido por Ele,    debaixo das cargas que lhes são impostas por Satanás, e assim, os livrará no tempo oportuno, para que seus filhos louvem a glória da Sua graça, que Ele nos tem concedido abundantemente, não pelos nossos méritos, mas pela exclusiva fé nEle e na Sua misericórdia.
Louvado seja o Seu grande nome, para todo o sempre.


Lucas 13.18,19 - Vide Mateus 13.31,32

Lucas 13.18 Ele, pois, dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei?
Lucas 13.19 É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta; cresceu, e fez-se árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.


Lucas 13.20,21 - Vide Mateus 13.33-35

Lucas 13.20 E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?
Lucas 13.21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.


Lucas 13.22-30:

Lucas 13.22 Assim percorria Jesus as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém.
Lucas 13.23 E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu:
Lucas 13.24 Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.
Lucas 13.25 Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois;
Lucas 13.26 então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas;
Lucas 13.27 e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade.
Lucas 13.28 Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.
Lucas 13.29 Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
Lucas 13.30 Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.

Quando alguém perguntou a Jesus se são poucos os que são salvos por Deus para a vida eterna, ele respondeu com a doutrina da eleição, pela qual sabemos que a salvação não é para quem quer ou quem corre, como no dizer do apóstolo Paulo, mas por Deus exercer misericórdia em eleger alguns entre os pecadores para a salvação. Eleição esta que está baseada na santificação do Espírito Santo, segundo a presciência de Deus, conforme palavras do apóstolo Pedro.
Então não é correto o pensamento de muitos de que Deus esteja implorando aos pecadores que se convertam a Ele, como se estivessem lhe fazendo um grande favor com isso. Ao contrário, é Deus que favorece a nós, pecadores, que não somos dignos e nem merecedores da sua graça e misericórdia.
O critério da eleição passa então pelo teste da evidência do nosso amor à santidade, pois os que amam a iniquidade, ainda que desejem ser salvos, e se esforcem atendendo a demandas religiosas, não serão salvos por Deus de modo algum.
Jesus, como não poderia agir de modo diferente, disse a verdade com suas palavras, e não procurou amenizar ou agradar as expectativas dos homens, tentando facilitar as coisas para nós, por nos alimentar com falsas esperanças para sermos salvos, sem que houvesse nisto qualquer critério da parte de Deus para ser atendido.
Sabemos que o grande critério é a fé e o arrependimento, e que portanto, todos os que se arrependem e se convertem a Cristo, serão salvos eternamente, pois jamais lançará fora a qualquer que vier a ele com os motivos corretos fixados por Deus.


Lucas 13.31-35:

Lucas 13.31 Naquela mesma hora chegaram alguns fariseus que lhe disseram: Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
Lucas 13.32 Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a essa raposa: Eis que vou expulsando demônios e fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei consumado.
Lucas 13.33 Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém.
Lucas 13.34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste!
Lucas 13.35 Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.

Fingindo estarem preocupados com a segurança de Jesus, alguns fariseus vieram a ele dizendo que se retirasse de Jerusalém porque Herodes queria matá-lo. Na verdade queriam se livrar dele e conduzi-lo à obscuridade, e então a resposta que receberam foi a de que deveriam a ir a Herodes, a quem Jesus chamou de raposa, por causa da sua astúcia política, que ele continuaria expulsando demônios e fazendo curas naquele dia e no seguinte, e sabia que nada lhe aconteceria, porque somente no terceiro dia seria preso para que fosse consumado o seu propósito de vir ao mundo, para morrer em Jerusalém, de onde Herodes, por inspiração do diabo e pelo secretariado daqueles fariseus, estava tentando persuadi-lo a violar o cronograma que já estava estabelecido por Deus.
Com estas palavras nosso Senhor afirmou que sabia que o dia da sua morte estava mui próximo, e que importava continuar pregando o evangelho em Israel, e não fugir para outro país, descumprindo a sua missão, preocupado com algum cuidado pessoal.
Ao Senhor aguardava o mesmo destino que havia sido experimentado por vários profetas que foram enviados por Deus a Jerusalém no passado, para o bem da cidade, e que em vez de serem recebidos e ouvidos, os apedrejaram e mataram.






Lucas 14

Lucas 14.1-6:

Lucas 14.1 Tendo Jesus entrado, num sábado, em casa de um dos chefes dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando.
Lucas 14.2 Achava-se ali diante dele certo homem hidrópico.
Lucas 14.3 E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei e aos fariseus, e perguntou: É lícito curar no sábado, ou não?
Lucas 14.4 Eles, porém, ficaram calados. E Jesus, pegando no homem, o curou, e o despediu.
Lucas 14.5 Então lhes perguntou: Qual de vós, se lhe cair num poço um filho, ou um boi, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado?
Lucas 14.6 A isto nada puderam responder.

Por passagens do evangelho semelhantes a esta muitos incautos afirmam que Jesus violava a lei do sábado deliberadamente, e que com isto estava pecando porque transgredia a um dos mandamentos da Lei de Moisés.
O absurdo desta forma de pensar está no fato mesmo de que Jesus é o autor da Lei de Moisés juntamente com Deus Pai e o Espírito Santo, e como poderia ser transgressor daquilo que Ele mesmo estabeleceu pela sua própria autoridade e poder?
Ademais, deve ser considerado que caso Jesus tivesse transgredido qualquer mandamento da Lei, em um só momento que fosse, Ele não poderia ter morrido em nosso lugar, porque não teria cumprido perfeitamente a Lei, e importava que a Sua obediência pudesse nos ser imputada vicariamente, com vistas à nossa justificação.
Jesus nada violou ou transgrediu da Lei e nem a revogou, antes a cumpriu por nossa causa, pois com a mesma autoridade com que a cumpriu para que pudesse morrer no nosso lugar, revogou a obrigação dos mandamentos cerimoniais da Lei que apontavam para Ele em figura, depois da sua morte e ressurreição, quando foi inaugurada uma nova aliança no lugar da antiga.
Em todo o caso, curar, fazer o bem ao próximo, nunca foi proibido pela Lei. Isto foi acrescido pelos fariseus e escribas que criaram várias listas do que era permitido ou não se fazer no dia de sábado.
Este nunca fora o espírito da Lei que fora revelada por Deus a Moisés para ser cumprida pelo povo de Israel em relação aos mandamentos cerimoniais.


Lucas 14.7-14:

Lucas 14.7 Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola:
Lucas 14.8 Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;
Lucas 14.9 e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar.
Lucas 14.10 Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa.
Lucas 14.11 Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Lucas 14.12 Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso retribuído.
Lucas 14.13 Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos;
Lucas 14.14 e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos.

Esta admoestação de Jesus não apenas aos convidados como também ao que havia feito o convite, tinha em vista principalmente revelar que o espírito de exaltação é um grande obstáculo à salvação que Ele veio trazer para os pecadores, pois dificilmente uma pessoa que exalte a si mesma, se arrependerá e se encurvará diante de Deus em busca de perdão dos seus pecados.
O fato de buscar o favor e o reconhecimento dos homens nos afasta do favor e do reconhecimento de Deus.
Nenhuma recompensa de caráter eterno pode nos ser concedida pelos homens, ainda que pelo mais poderoso e influente deles.


Lucas 14.15-24 - Mateus 22.1-14

Lucas 14.15 Ao ouvir isso um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus.
Lucas 14.16 Jesus, porém, lhe disse: Certo homem dava uma grande ceia, e convidou a muitos.
Lucas 14.17 E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: vinde, porque tudo já está preparado.
Lucas 14.18 Mas todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te que me dês por escusado.
Lucas 14.19 Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me dês por escusado.
Lucas 14.20 Ainda outro disse: Casei-me e portanto não posso ir.
Lucas 14.21 Voltou o servo e contou tudo isto a seu senhor: Então o dono da casa, indignado, disse a seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
Lucas 14.22 Depois disse o servo: Senhor, feito está como o ordenaste, e ainda há lugar.
Lucas 14.23 Respondeu o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha.
Lucas 14.24 Pois eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.


Lucas 14.25-33:

Lucas 14.25 Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
Lucas 14.26 Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.
Lucas 14.27 Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.
Lucas 14.28 Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?
Lucas 14.29 Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,
Lucas 14.30 dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.
Lucas 14.31 Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
Lucas 14.32 No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
Lucas 14.33 Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.

No afã de enfatizarmos somente, que realmente a salvação é pela graça, mediante a fé em Cristo, podemos contribuir para enviar um grande contingente de almas para o inferno, enquanto lhes enfatizamos somente esta verdade. Não pela verdade que dizemos, mas pelo modo que as pessoas possam entendê-la.
Para alertar as pessoas daquela grande multidão que Lhe seguia, e também a qualquer um de nós, Jesus disse estas palavras de Lucas 14.25-33, de que aqueles que foram verdadeiramente salvos pela graça, mediante a fé nEle, são os que mostram a evidência da operação da cruz em suas vidas, especialmente no bom combate da fé, que travarão continuamente contra a carne, o diabo e o mundo.
Por isso, Ele manda que este custo que acompanha a verdadeira salvação, seja devidamente avaliado por aqueles que pretendem ser Seus discípulos.
Milhões se iludiram e ainda continuam se iludindo pensando terem obtido a salvação, pelo simples fato de terem feito um dia, uma profissão verbal de fé em Cristo; no entanto, nunca mostraram em suas vidas terem sorvido uma única gota do cálice de sofrimentos em favor do evangelho, que deve ser sorvido por aqueles que alcançaram verdadeiramente a salvação. Esta será uma evidência de que nunca houve de fato, um trabalho da graça transformando os seus corações, apesar das convicções que têm em si mesmos, de que são crentes e que irão para o céu quando deixarem este mundo.
A parábola do semeador demonstra de modo muito claro, quantos se iludem a respeito de terem alcançado a vida eterna, por pensarem, que por terem dado acolhida à Palavra, isto seria suficiente para serem salvos; e que, esta Palavra não somente deveria germinar, como também gerar frutos em seus corações.
Jesus falou em se calcular o custo para se ir à guerra, porque todo crente verdadeiro é um soldado em batalha. Batalha esta que durará até o dia da sua morte. Paulo disse a Timóteo, para se comportar como bom soldado no exército de Cristo, porque nenhum crente é chamado para sentar num sofá e ficar esperando ir para o céu numa vida de completa tranqüilidade e prosperidade, desfrutando de toda a segurança possível, que possa ser alcançada pelos bens disponíveis neste mundo.
Nós precisamos combater o bom combate da fé e demonstrarmos com isto, que somos de fato aqueles crentes vencedores, aos quais Jesus prometeu nas cartas dirigidas às Igrejas em Apocalipse, que os que vencessem reinariam com Ele em glória. Há portanto, muitos inimigos para serem vencidos por um crente verdadeiro, e somente aqueles que têm evidenciado pelo testemunho de suas vidas, que têm se empenhado nesta batalha diária contra os poderes das trevas, podem ter a certeza e segurança da sua salvação, porque estão demonstrando isto por meio da disposição em pagarem o preço da perseverança na fé, para serem salvos.
Se não combatemos o bom combate da fé, isto pode ser uma evidência de que ainda estamos perdidos. Se continuamos apegados e amando ao mundo, sabendo que isto é inimizade contra Deus, é uma outra forma de demonstrarmos que não calculamos de fato, o custo que é exigido para a nossa salvação.
Jesus salva pela graça e mediante a fé, mas somente àqueles que estão dispostos a tomarem o reino dos céus por esforço, contra a carne, o diabo e o mundo, para a santificação de suas vidas.
Nossos adversários (o diabo, a carne e o mundo) nunca estão dormindo, e estarão sempre procurando nos afastar da presença do Senhor. Então, precisamos estar sempre vigilantes e revestidos com toda a armadura de Deus, para vencer a todos eles por uma firme fé em Cristo.
O fato de termos um Inimigo, que tem um grande exército, lançando continuamente sobre nós seus dardos inflamados, e de termos uma carne fraca, que se inclina para o pecado e o mundo, nos deixaria totalmente desencorajados de calcular o custo e pagar o preço necessário para garantir e manter a nossa salvação, mas é encorajador saber que esta luta não é vencida propriamente por nós, mas pelo nosso General, que é Cristo.
É permanecendo nEle que somos mais do que vencedores, porque é Ele quem batalha por nós.
Ainda que saibamos que estamos sujeitos, especialmente, no começo da nossa vida cristã, a termos muitas oscilações no vigor da nossa fé; devemos, entretanto, nos esforçar para permanecer no Senhor e na Sua Palavra, sabendo que Ele aumentará nossa fé e nos fortificará com a Sua graça, à medida que perseverarmos em segui-lo com fidelidade em nossos corações.
É a nossa confiança permanente na prontidão de Cristo, para nos auxiliar em nossas lutas, que manterá nossa fé viva e nos dará a condição de prevalecer contra todos os inimigos espirituais.
Cristo nos ensinará a usar o escudo da fé, com o qual podemos apagar todos os dardos inflamados do Maligno.
 Ninguém pode ser um crente verdadeiro, sem se achar empenhado no combate da fé; porque Satanás, a carne e o mundo sempre lutam contra aqueles que procuram andar no Espírito, sendo este, o único modo pelo qual devem andar os verdadeiros crentes, nada dispondo para a carne e suas cobiças.
É neste bom combate que devemos gastar nossas energias, e não em obter fama e riquezas neste mundo, que de nada poderão nos valer no dia da nossa morte; porque o que adianta ganhar o mundo inteiro e vir a perder a alma?
Somos convocados a tomar a nossa cruz e a sermos bons soldados de Jesus Cristo, porque apenas frequentar regularmente um lugar público de adoração, sem este testemunho da presença de Jesus em nossa vida, estando em obediência à Sua vontade, não é nenhuma evidência de salvação de nossa alma. Nós não encontramos uma evidência tão barata na Bíblia, mas a necessidade de vigilância e oração constantes; diligência, perseverança até o fim, paciência na tribulação; e tudo o mais que deve ser visto como evidência de que fomos de fato; salvos pela graça de Jesus, pois onde a graça estiver habitando realmente, ela nos impulsionará a um viver santo, separado do mundo.
A salvação é pela graça, mas impõe a todos os salvos, um modo de vida que não é fácil e barato. A graça convocará a uma guerra terrível contra a carne e o diabo, da qual nenhum verdadeiro crente será excluído, tanto para que negue sua justiça própria, negue-se a si mesmo e confie tão somente em Cristo, como também para estar em empenho constante, para abandonar toda forma de pecado e tentação do mundo.
Jesus sempre se mostrará acolhedor a qualquer pecador que esteja disposto a mortificar os seus pecados. Mas, não se pode dizer o mesmo em caso contrário; por isso, Ele sempre pregou a necessidade do arrependimento precedendo a fé. Ambos estão unidos e Ele não aceitará um sem o outro.
A disposição de se pagar o custo da salvação pela graça será observado também, naqueles que se empenham de fato na obra do Senhor, não como meros ativistas na Igreja, os quais a propósito, geram muitos problemas quando o fazem na carne, mas que se envolvem antes, com o próprio Senhor da obra, por amor a Ele, obedecendo-Lhe e se esforçando para pregar o evangelho com vistas à salvação e edificação de vidas.
Quem diz amar ao Senhor e não consagra a Ele o seu tempo, dinheiro, e tudo o mais que se relacione à sua vida, não está calculando o custo da salvação. Deste modo, poderá ter uma terrível surpresa no dia que deixar este mundo, por ter confiado numa fé sem obras, que é morta em si mesma, e que, portanto, não pode ser evidência de uma salvação genuína pela graça.
Uma outra evidência de se não estar de fato, empenhado na guerra do Senhor, pelo temor de se pagar o custo que é exigido; são as aflições, injúrias, rejeições e tudo o mais que um crente verdadeiro sofre da parte do mundo. Aquele que nunca aprendeu a se regozijar no Senhor, nas calúnias, perseguições, e ridicularizações que sofre por ser um crente; que nunca está disposto a renunciar a determinadas práticas mundanas, para não ser objeto de incompreensão e não ser desprezado e rejeitado, deve refletir seriamente, se chegou a calcular o custo necessário à salvação.
Uma profissão de fé cristã que nada nos custa, que não tem nenhuma cruz para carregarmos, não é a verdadeira fé cristã que a Bíblia ensina; sobre a qual Jesus falou enfaticamente para nos alertar, quanto a não nos sentirmos seguros, iludidos, enganados, pensando que O encontramos de fato como nosso Salvador e Senhor.
Não é o fato de ter nascido numa família cristã, e ter frequentado o culto público dominicalmente, nem mesmo ter atendido a um apelo para aceitar a Cristo debaixo de uma forte emoção, ou mesmo convicção forte sob a Palavra que foi pregada, que pode ser a evidência da nossa salvação, mas o fato de estarmos empenhados no bom combate da fé, sendo auxiliados pelo Espírito a obter vitórias contra o pecado, o diabo e o mundo. Esta é a grande testificação da nossa salvação, a saber, que o Espírito Santo habita de fato em nós, transformando-nos à imagem do Senhor Jesus Cristo.    
Quando Jesus mandou calcular o custo, para se empenhar nesta batalha, na condição de Seu discípulo, Ele não o fez para desencorajar ninguém a segui-Lo, mas mostrar às multidões que não é por admirá-Lo, aplaudi-Lo, apoiar Sua doutrina verbalmente ou mentalmente, que alguém é verdadeiramente salvo. É necessário revelar as evidências da operação da graça em suas vidas, conforme Ele havia ensinado, sobretudo no dever de ser amado e obedecido acima de qualquer laço de parentesco, e até mesmo, pelo amor que temos às nossas próprias vidas, pela negação do “eu”, da mortificação do pecado pela crucificação da carne, e por um viver verdadeiramente no Espírito, contrariando até mesmo nossa vontade, para que seja feita a dEle.  
Quando os israelitas saíram do Egito, pensaram que entrariam logo em Canaã e desfrutariam de uma vida somente aprazível e confortável. Eles não imaginaram que havia um custo a ser calculado, para ser do povo de Deus que habitará o céu. Assim, a maioria deles pereceu no deserto, porque não suportaram as provações que o Senhor lhes enviou como a fome, sede e os inimigos que teriam que combater para conquistar a terra.
O mesmo se dá com aqueles que desejam se alistar no exército do Senhor Jesus. Eles devem saber que lhes esperam grandes lutas e provações. Há um trabalho árduo e difícil para ser realizado, ao qual o Pr Richard Baxter bem descreveu em seu livro, “O Pastor Reformado”, cuja leitura recomendamos a todos que pretendem aprender sobre o modo pelo qual importa servirmos a Deus, e a andarmos na Sua casa, que é a Igreja.      
À luz de todas estas considerações, torna-se dispensável detalhar quanta desilusão e engano há, portanto em decisões por Cristo, às dúzias, às centenas, por um simples atendimento a um apelo, para que se decidam a tornarem-se crentes. Não que, não haja conversões instantâneas; que Deus queira impor dificuldades para que alguém se aproxime de Cristo, mas ninguém deve ser enganado, pensando que alguém se converte e se torna um crente, pelo simples gesto de levantar a mão, dizendo que aceita a Jesus como seu Salvador.
É preciso ensinar sobre estas evidências do custo, que todo verdadeiro crente deverá pagar, se pretende estar certo e convicto de que chegou de fato, a ser salvo pela graça do Senhor. É por isso, que não há nenhuma contradição no ensino do Senhor no Sermão do Monte, ao concluir as bem-aventuranças, quando disse que deveríamos nos alegrar e exultar, quando fôssemos perseguidos por causa da justiça do evangelho, exatamente porque é uma comprovação de que alcançamos a salvação da nossa alma.
Por outro lado, não deveria ser motivo de nenhuma alegria para qualquer pessoa que se diga crente, o fato de nunca estar sendo atingindo por lutas e tribulações espirituais por causa do evangelho; uma vez que os tais não têm de fato nenhum motivo para se alegrarem e esperarem qualquer galardão no céu, já que não têm em suas vidas as evidências de uma verdadeira salvação, que é a única que pode livrar da condenação eterna no inferno.
Assim, onde houver luta da carne contra o Espírito, e do Espírito contra a carne, temos uma boa evidência de salvação, em razão do combate da fé que está ocorrendo com tal pessoa. Mas, ninguém deveria se sentir confortável diante de Deus, onde não existir tal combate, e deveria, portanto se empenhar em oração pedido-Lhe que o aliste de fato, nas fileiras do Seu exército.
Nenhum crente deve portanto, ficar satisfeito, se não tem fome e sede de justiça; se não sente um mover da graça em seu coração anelando por maior santidade de vida e consagração ao serviço de Deus. Onde estiverem faltando estas coisas, é possível que tal pessoa não esteja de posse do Espírito Santo, que é quem gera em nós todo este impulso, para conhecer a Deus e crescer neste conhecimento. Não é simplesmente, adquirir conhecimentos teológicos, mas experiências espirituais reais com Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo.  


Lucas 14.34,35 - Vide Mateus 5.13

Lucas 14.34 Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor?


Lucas 14.35 Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.





Lucas 15


Lucas 15.1,2:

Lucas 15.1 Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
Lucas 15.2 E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.

Os fariseus e escribas se indignavam muito com o fato de Jesus não andar exclusivamente na companhia de homens religiosos como eles, e por isso consideravam que ele não fosse um homem santo pois recebia e comia com os pecadores.
Eles não sabiam que não é o fato de alguém ser religioso que o torna alguém sem pecado.
Todos necessitamos da graça e da misericórdia de Deus reveladas na pessoa amiga de Jesus.


Lucas 15.3-7 - Mateus 18.10-14

Lucas 15.3 Então ele lhes propôs esta parábola:
Lucas 15.4 Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?
Lucas 15.5 E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo;
Lucas 15.6 e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido.
Lucas 15.7 Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.


Lucas 15.8-10:

Lucas 15.8 Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma dracma, não acende a candeia, e não varre a casa, buscando com diligência até encontrá-la?
Lucas 15.9 E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu havia perdido.
Lucas 15.10 Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.

O reino de Deus deve ser procurado por nós, assim como se aprende desta parábola e da seguinte (do filho pródigo), mas também há uma procura de Deus por nós, como se vê na parábola da ovelha perdida.
A conclusão das três parábolas citadas neste capítulo é a mesma quanto à alegria que há no céu por um só pecador que se arrepende, pois foi uma ovelha, uma moeda e um filho que foram achados, depois de terem estado por algum tempo perdidos.
Esta condição de perdição aponta para o nosso estado como pecadores não justificados.
Mas quando somos achados por Cristo e retornamos por meio dele para Deus, então tornamos a viver, pois a condição de estar perdido é de inutilidade para Deus e para o próximo.
Aqui, na parábola da dracma perdida é ensinado que a nossa busca do reino de Deus deve ser diligente até que o encontremos, de modo que, a par de sabermos que a salvação é operada exclusivamente pela graça do Senhor, todavia devemos nos esforçar não somente para entrar no reino dos céus, como também para permanecer firmes nele.


Lucas 15.11-32:

Lucas 15.11 Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos.
Lucas 15.12 O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.
Lucas 15.13 Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
Lucas 15.14 E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades.
Lucas 15.15 Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
Lucas 15.16 E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.
Lucas 15.17 Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
Lucas 15.18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
Lucas 15.19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.
Lucas 15.20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
Lucas 15.21 Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
Lucas 15.22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
Lucas 15.23 trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos,
Lucas 15.24 porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se.
Lucas 15.25 Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças;
Lucas 15.26 e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
Lucas 15.27 Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
Lucas 15.28 Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
Lucas 15.29 Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cab1 Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e
Lucas 15.30 vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
Lucas 15.31 Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
Lucas 15.32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.

A Parábola do Filho Pródigo é realmente uma bela e profunda parábola, mas Jesus não a apresentou para ser uma espécie de resumo do que seja a vida cristã, mas para ilustrar uma parte do que significa esta vida.
Por exemplo: ela não faz qualquer alusão à expiação do pecado pelo sangue de Cristo, mas sabemos que foi esta expiação que possibilitou que o pai, que representa Deus na parábola, corresse para o filho e pudesse perdoá-lo e recebê-lo para estar reconciliado com ele, apesar de toda a sua dívida de faltas e pecados cometidos contra o seu pai.
Fazer portanto, desta parábola um resumo de todo o cristianismo é incorrer em grande erro, porque o amor de Deus pelos pecadores perdidos não se fundamenta em mero sentimento ou emoção.
Seu amor se funda na eleição incondicional na qual não conta qualquer mérito da nossa parte.
O pai não recebeu o filho pelo fato de reconhecer que havia algo de valor no rapaz, ou então porque houvesse da sua parte bons atos praticados no passado que deveriam ser recompensados com o seu acolhimento.
Ele fora filho no coração do pai antes mesmo de ter sido criado, mas importava que esta filiação se confirmasse pelo arrependimento e busca do pai para compartilhar da sua intimidade.
Isto a parábola revela, ainda que não de modo direto.
Esta verdade está ali nela contida, sublinhada com a declaração do pai de que o pródigo se achava morto e perdido, antes de retornar ao lar.
E o que permitiu o seu acolhimento foi o arrependimento e fé na bondade e misericórdia do seu pai.
Outro ponto essencial do cristianismo que não é citado nesta parábola é a ação do Espírito Santo na nossa conversão e transformação, e o esforço empreendido por Deus na sua busca incansável dos perdidos.
Por isso, temos nas duas outras parábolas que nosso Senhor apresentou na mesma ocasião (Ovelha Perdida e Dracma Perdida), o esforço anteriormente citado.
Sem o todo da revelação que temos em outras partes das Escrituras, e caso nosso Senhor tivesse contado a Parábola do Filho Pródigo para ser um resumo do cristianismo, o que não é o caso, nós poderíamos afirmar que se alguém está afastado de Deus, por sua própria iniciativa, como foi o caso do pródigo, então estaríamos autorizados a não fazer qualquer esforço com nossas orações intercessórias, e outros meios, para trazer o perdido de volta à vida.
Todavia, sabemos claramente que não temos nenhuma autorização das Escrituras para adotarmos  este tipo de comportamento.
Por isso o propósito da parábola é exatamente o de demonstrar que há grande alegria no céu pela conversão dos pecadores, e que Deus está plenamente disposto a receber todos os perdidos que vierem a Ele em busca de reconciliação.
A parábola tem este grande objetivo de incentivar os pecadores a buscarem refúgio em Deus, com plena confiança de que não serão rejeitados.
Nosso Senhor havia afirmado em outra ocasião que não rejeitaria a qualquer pessoa que viesse a Ele em busca de salvação, e que jamais a lançaria fora.
Nada e ninguém poderá impedir que o pai receba o filho no lar celestial, nem mesmo os que tentarem impedi-lo sob a alegação de estarem servindo a Deus fielmente, como se destaca na parábola no procedimento do irmão mais velho do pródigo.
Um pecador pode ser muito vil para toda e qualquer outra coisa, mas ele não pode ser muito vil para a salvação.
Estas verdades podem ser vistas de modo muito claro na Parábola do Filho Pródigo.

A Parábola do Filho Pródigo

Por D. M. Lloyd Jones

"E disse: Um certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se. E o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou e não queria entrar. E, saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos. Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado” (Lucas 15:11-32)
Não há parábola ou discurso de nosso Senhor que seja tão conhecido e tão popular como a parábola do filho pródigo. Nenhuma outra parábola é citada com mais freqüência em discussões religiosas, ou mais usada para apoiar várias teorias ou controvérsias em relação a este assunto. E é verdadeiramente espantoso e admirável quando observamos as inumeráveis formas em que ela é usada, e a infinita variedade de conclusões a que afirmam que ela leva. Todas as escolas de pensamentos parecem ter uma reivindicação sobre a mesma: ela é usada para provar toda espécie de teorias e idéias opostas, que combatem umas às outras e que se excluem mutuamente. É bastante claro, portanto, que a parábola pode facilmente ser manipulada ou mal interpretada. Como podemos evitar esse perigo? Quais os princípios que devem nos orientar quando a interpretamos? Pessoalmente creio que há dois principais fundamentais que devem ser observados, e que se observados, garantirão uma interpretação correta.
O primeiro principio é que sempre devemos nos precaver do perigo de interpretar qualquer passagem das Escrituras de uma forma que entre em conflito com o ensino geral da Bíblia. O Novo Testamento deve ser examinado como um todo. É uma revelação completa e integral, dada por Deus através dos Seus servos – uma revelação que foi dada em partes que, unidas, formam uma unidade completa. Portanto, não há contradições entre essas várias partes, não há conflito nem passagens ou declarações irreconciliáveis. Isso não significa que podemos entender cada uma de suas declarações. O que estou dizendo é que não há contradição nas Escrituras e sugerir que os ensinos de Jesus Cristo e de Paulo, ou os ensinos de Paulo e dos demais apóstolos não concordam entre si é contrário a todas as reivindicações do Novo testamento em si, e as reivindicações da Igreja através dos séculos, até o levantamento da chamada escola da alta crítica, há cerca de cem anos atrás. Não preciso abordar a questão aqui. Basta dizer que são apenas os críticos mais superficiais, os que agora estão ultrapassando em muitos anos, que ainda tentam defender uma antítese entre o que chamam de “a religião de Jesus” e a “fé do apóstolo Paulo”. Escrituras devem ser comparadas com Escrituras. Cada teoria que desenvolvemos deve ser testada pelo conjunto geral de doutrinas e dogmas da Bíblia toda, e que foi definido pela Igreja. Se esta regra fosse lembrada e observada, a maioria das heresias jamais teria surgido.
O segundo principio é um pouco mais específico: sempre devemos evitar o perigo de chegar a conclusão negativas a respeito dos ensinos de uma parábola. Isso não se aplica somente a esta parábola em particular, mas a toda as parábolas. Uma parábola nunca tem o propósito de ser um esboço completo da verdade. Seu objetivo é comunicar uma grande lição, ou apresentar um grande aspecto de uma verdade positiva. Sendo esse o seu objetivo e propósito, nada é mais tolo do que chegar a conclusões negativas a respeito de uma parábola. A omissão de certas coisas numa parábola não tem qualquer significado particular. Uma parábola é importante e significativa por causa daquilo que ela diz, e não devido às coisas que não diz. O seu valor é exclusivamente positivo, e de forma alguma negativo. Ora, digo a vocês que a desconsideração desta simples regra tem sido responsável pela maioria das estranhas e fantásticas teorias e idéias supostamente desenvolvidas a partir desta parábola do filho pródigo. É impressionante que tal coisa tenha sido possível, pois se aquele que fizeram isso tão-somente tivessem examinado as outras duas parábolas que encontramos neste mesmo capítulo, teriam compreendido imediatamente até que ponto seus métodos foram injustificáveis. Porque então, não tiraram delas também conclusões negativas? E igualmente com todas as outras parábolas?
Mas, à parte disso, como é ridículo e ilógico, basear e estabelecer nosso sistema de doutrina sobre algo que não é dito! É por demais desonesto! Desonesto, porque ignora toda a autoridade, deixando-nos sem quaisquer padrões exceto nossos próprios preconceitos, desejos e imaginações. E isso, repito, é o que tem sido feito com esta parábola com tanta freqüência. Quero ilustrar isso, lembrando-lhes de algumas das falsas conclusões tiradas desta parábola. Não seria esta parábola a qual se referem constantemente quando tentam provar que idéias de justiça, juízo e ira são completamente estranhas à natureza de Deus e aos ensinos de Jesus a respeito dEle? “Não vemos nada aqui”, dizem, “acerca da ira do pai, nem qualquer exigência de certos atos por parte do filho – somente amor, puro amor, nada senão amor”. Este é um exemplo típico de uma conclusão negativa tirada desta parábola. Só porque ela não apresenta um ensino declarado sobre a justiça e ira de Deus, presumem que tais características não fazem parte da natureza de Deus. O fato de Jesus Cristo enfatizar essas características em outros textos é completamente ignorado. Outro exemplo é o ensino de que esta parábola elimina a absoluta necessidade de arrependimento. Ouvi falar de um pregador que tentou provar que o pródigo era um farsante, mesmo quando voltou para casa, que ele decidiu dizer algo que soasse bem, ainda que realmente não viesse do seu coração, apenas para impressionar o pai, e que a repetição exata de suas palavras provava isso. O ponto crucial era que, apesar de tudo isso, apesar da repetição hipócrita das palavras, ainda assim o pai o perdoou. O argumento final desse pregador era que o pai não disse uma palavra concernente ao arrependimento. Portanto, uma vez que ele nada disse a respeito, não é importante; uma vez que o arrependimento não é ensinado nem enfatizado pelo pai, isso significa que arrependimento diante de Deus não importa!
Mas talvez a mais séria de todas as conclusões falsas é aquela que declara que não há necessidade de um mediador entre Deus e o homem e que a idéia de expiação é estranha ao evangelho – a qual deve ser atribuída à mente legalista de Paulo. “A parábola não faz qualquer menção”, dizem, “de alguém entre o pai e o filho. Nenhuma referência é feita sobre outra pessoa pagando um resgate, ou fazendo uma expiação; vemos apenas uma interação direta entre o pai e o filho, resultante apenas da volta do filho daquela terra distante”. Desde que tais coisas não são mencionadas ou enfatizadas de forma específica na parábola, essas pessoas concordam que elas não são realmente importantes ou imprescindíveis. Como se o objetivo de nosso Senhor nesta parábola fosse apresentar um esboço completo de toda a verdade cristã, e não apenas ensinar um aspecto dessa verdade. Certamente deve ser óbvio para você que, se um processo semelhante fosse aplicado a todas as parábolas, teríamos um completo caos, e enfrentaríamos uma multidão de contradição!
O propósito de uma parábola, então, é nos apresentar e ensinar uma grande verdade positiva. E se há um caso em que isso deve ser claro e evidente, é no caso desta parábola. Não é por acaso que ela é parte de uma série de três parábolas. Nosso Senhor parece ter feito um esforço especial para nos proteger do perigo ao qual estou referindo. Contudo, mesmo à parte disso, a chave de tudo nos é oferecida nos dois primeiros versículos do capítulo, que nos fornecem o contexto essencial. “E chegavam-se a ele os publicamos para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: este recebe pecadores, e come com eles”.. Então se seguem estas três parábolas, obviamente com o objetivo de tratar dessa situação específica, e responder às objeções dos escribas e fariseus. E, como se desejasse acrescentar uma ênfase especial, nosso Senhor apresenta uma certa moral ou conclusão ao término de cada parábola. O elemento principal, certamente, é que há esperança para todos que o amor de Deus alcança, até mesmo publicanos e pecadores. A gloriosa verdade que brilha nesta parábola, e que o Senhor quer gravar em nós, é o maravilhoso amor de Deus, seu escopo e sua extensão; e isso é feito especialmente em contraste com as idéias dos fariseus e dos escribas sobre o assunto.
As primeiras duas parábolas têm o propósito de nos mostrar o amor de Deus expresso numa busca ativa do pecador, esforçando-se por encontrá-lo resgatá-lo; e elas nos mostram a alegria de Deus e de todas as hostes celestiais quando uma única alma é salva. E então chegamos a esta parábola do filho pródigo. Por que ela foi acrescentada? Por que essa elaboração suplementar? Por que um homem, em vez de uma ovelha ou moeda perdida? Certamente pode haver uma resposta. As primeiras duas parábolas enfatizam unicamente a atividade de Deus sem nos dizer coisa alguma a respeito das ações, reações ou condições do pecador; porém esta parábola é apresentada para realçar esse aspecto e esse lado da questão, para que ninguém seja tolo ao ponto de pensar que todos seremos salvos automaticamente pelo amor de Deus, assim como a ovelha e a moeda foram encontradas. O ponto fundamental ainda é o mesmo, mas sua aplicação aqui se torna mais direta e mais pessoal. Qual, então é o ensino desta parábola, qual é a sua mensagem para nós hoje? Vamos examiná-la à luz dos seguintes parâmetros.
A primeira verdade que ela proclama é a possibilidade de um novo começo, a possibilidade de um novo início, uma nova oportunidade, uma nova chance. O próprio contexto e cenário da parábola, como já mencionei, demonstra isso com perfeição. Foi porque eles sentiram e viram isso em Seus ensinos que os publicanos e pecadores “chegavam-se a ele para ouvir” – pois sentiam que havia uma oportunidade até mesmo para eles e que nos ensinos desse homem havia uma nova e viva esperança. E até mesmo os fariseus e os escribas viram exatamente a mesma coisa. O que irritava era que o Senhor tivesse qualquer tipo de associação com os publicanos e pecadores. Eles sempre tinham considerado tais pessoas como irrecuperáveis, sem qualquer esperança de redenção. Essa era a opinião ortodoxa de tais pessoas. Eram consideradas tão irremediáveis que eram totalmente ignoradas. A religião era para pessoas boas e nada tinha a ver com os que eram maus, e certamente nada tinha a lhes dar, nem aconselhava que boas pessoas se misturassem com os maus, tratando-os com bondade e oferecendo-lhes novas possibilidades. Então os ensinos de Senhor irritavam os fariseus e os escribas. Para eles qualquer um que visse possibilidade ou esperanças para um publicano ou pecador devia ser um blasfemo, e estava totalmente errado. Exatamente o mesmo ponto surge na parábola, nas diferentes atitudes do pai e do irmão mais velho para com o pródigo – não como ele devia ser recebido de volta, mas se ele devia ser recebido de volta, ou se merecia alguma coisa.
Isso, então é o que se salienta imediatamente. Existe a possibilidade de um novo começo, e isso para todos, mesmo para aqueles que parecem estar além de toda esperança. Não podia haver caso pior do que o do filho pródigo. Todavia até mesmo ele pode começar de novo. Ele chegara ao fim de si mesmo, tinha tocado os limites máximos da degradação, caindo tanto que não podia descer mais! Não há quadro mais desesperador do que o desse jovem, num país distante, em meio aos porcos, sem dinheiro e sem amigos, desesperançado e miserável, abandonado e desalentado. Mas até mesmo ele tem a oportunidade de um novo início; até mesmo ele pode começar outra vez. Há um ponto decisivo que pode resultar em êxito e felicidade, até mesmo para ele. Que evangelho abençoado, especialmente num mundo como o nosso! Que diferença a vida de Jesus Cristo operou! Ele trouxe nova esperança para a humanidade. Nada demonstra e prova mais o fato de que o evangelho de Jesus Cristo realmente é a única filosofia de vida otimista oferecida ao homem, do que publicanos e pecadores se chegarem a Ele para ouvi-lO. E a mensagem que ouviram, como nesta parábola do filho pródigo, era algo inteiramente novo.
Mas quero que observem que isso não só era novo para os judeus e os seus líderes, mas também para o mundo todo. A esperança estendida pelo evangelho aos mais vis e desesperados não só contrariava o miserável sistema dos judeus, mas também a filosofia dos gregos. Aqueles grandes homens tinham desenvolvido suas teorias e filosofias; todavia nenhum deles tinha algo a oferecer aos derrotados e liquidados. Todos exigiam um certo nível de inteligência, integridade moral e pureza. Todos requeriam muito da natureza humana à qual se dirigiam. Também não eram realistas. Escreviam e falavam de forma altamente intelectual e fascinante a respeito de suas utopias e suas sociedades ideais, mas deixavam a humanidade exatamente na mesma situação. Eram totalmente alienados à vida diária do homem comum. As únicas pessoas que podiam tentar colocar em prática seus métodos idealistas e humanísticos para resolver os problemas da vida eram os ricos e os desocupados, e mesmo estes invariavelmente descobriam que esses métodos não funcionavam. Não havia, como nunca houvera antes, qualquer esperança para os desesperados do mundo antes da vinda de Jesus Cristo. Ele foi o único que proclamou a possibilidade de um novo começo.
Ora, esse ensino não era novo apenas naquela época, durante os Seus dias aqui na terra; ainda é novo hoje em dia. Ainda é surpreendente e assombroso, e ainda espanta o mundo moderno tanto quanto espantou o mundo antigo há quase dois mil anos atrás. O mundo continua sem esperança e a filosofia que o controla ainda é profundamente pessimista. E isso talvez possa ser percebido com maior clareza quando ele tenta ser otimista, pois vemos que quando tenta nos confortar, ele sempre aponta para o futuro com suas possibilidades desconhecidas, e nos diz que no novo ano as coisas certamente serão melhores ou que de qualquer forma não podem piorar! E argumenta que a depressão já durou tanto que certamente uma mudança da maré deve ser iminente! Alegra-se que um ano terminou e outro vai começar. Qual é o segredo de um novo ano? Seu grande segredo está no fato de que nada sabemos a seu respeito! Tudo que sabemos é ruim; daí tentarmos nos consolar contemplando o que nos é desconhecido, imaginando que vai ser muito melhor. Ouçam também as suas idéias e seus planos para melhorar a humanidade. Tudo o que pode dizer é que está tentando tornar o mundo melhor para seus filhos, tentando edificar algo para o futuro e para a posteridade. Sempre no futuro! Nada tem a oferecer no presente; sua única esperança é tornar as coisas melhores para aqueles que ainda não nasceram. E quanto mais proclama isso e tenta colocá-lo em prática, mais hesitante se torna. Como prova, basta compararmos a linguagem de 1875 com a de 1935 ou mesmo a de 1905 com a de 1935.
Pois bem, se essa é a situação em relação à sociedade em geral, quanto mais desesperada e irremediável ela é quando considerada num sentido mais individual e pessoal! Que solução o mundo tem a oferecer para os problemas que nos afligem? A resposta a essa pergunta pode ser vista nos esforços frenéticos de homens e mulheres para tentarem resolver seus problemas. E, no entanto, nada é mais evidente do que o fato que seus esforços são inúteis e sempre fracassam. Ano após ano homens e mulheres fazem novas revoluções. Compreendem que, acima de tudo, o que precisam é de um novo começo. Decidem voltar as costas ao passado e virar uma nova página – ou, às vezes, começam um novo livro! Esse é o seu desejo, essa é sua firme decisão e intenção. Querem desvincular-se do passado, e por algum tempo fazem o possível para isso, mas nunca permanecem no intento. Ao poucos, inevitavelmente, voltam à sua velha posição e sua antiga situação. E depois de algumas experiências assim, acabam desistindo de tentar outra vez, e concluem que é tudo inútil. Lutam e se esforçam por algum tempo, mas finalmente a fadiga e o cansaço os vencem, a pressão e a força do mundo e suas filosofias parecem estar totalmente do outro lado, e eles entregam os pontos. A posição parece ser inteiramente sem esperança. Eu me pergunto: quantos, até mesmo aqui neste culto hoje, sentem que estão nessa situação, de uma forma ou outra? Meu amigo, você sente que perdeu o mundo, que se desviou? Sente-se constantemente assediado pelo que “podia ter sido”? Sente que está em tal situação, ou em tal posição, que não tem nenhuma esperança de sair dela e endireitar-se novamente? Sente que esta tão longe daquilo que devia ser e do que gostaria de ser, que não pode mais alcançá-lo? Você sente que não tem mais esperança por causa de alguma situação que está enfrentando, ou devido alguma complicação em que se envolveu, um pecado que o domina, o qual não consegue vencer? Você já disse a si mesmo: “Que adianta tentar outra vez? Já tentei tantas vezes antes, e sempre fracassei; tentar outra vez só pode produzir o mesmo resultado. Minha vida é uma confusão; perdi minha oportunidade e daí para frente devo me contentar em fazer o melhor que posso na situação em que estou”. São estes os seus sentimentos e pensamentos? Já está convencido que perdeu sua oportunidade na vida, que o que passou, passou, e que se você tivesse outra oportunidade tudo seria diferente, todavia isso é impossível? É essa a sua posição? Coitado! Quantos estão em tal situação? Como é infeliz e sem esperança a vida da maioria dos homens e das mulheres! Como é triste! Ora, a primeira palavra do evangelho para os que estão nessa situação é que eles devem erguer suas cabeças, que nem tudo está perdido, que ainda há esperança, ainda há esperança de um novo começo, aqui e agora, neste momento, sem qualquer relação com algo imaginário e pertencente a um futuro desconhecido; mas algo que se baseia num fato que se passou há quase dois mil anos atrás, o qual ainda é tão poderoso hoje como era então. Até mesmo o pródigo tem esperança. Há um ponto de retorno no caminho mais tenebroso e irremediável. Há um novo começo oferecido até mesmo aos publicanos e pecadores.
Contudo, quero enfatizar em detalhes o que já mencionei de passagem: esta mensagem do evangelho não é algo geral e vago como a mensagem do mundo, mas é algo que contém condições muito definidas. E é aqui que vemos com maior clareza porque nosso Senhor proferiu essa parábola em acréscimo às outras duas. Para que possamos tirar proveito desse novo começo oferecido pelo evangelho, precisamos observar os seguintes pontos. Ouçam amigos, permitam que eu enfatize a importância de fazermos isso! Se vocês simplesmente ficarem sentados, ouvindo e permitindo que o quadro brilhante do evangelho os emocione, voltarão para casa exatamente como chegaram aqui. Todavia, se observarem cada ponto com cuidado, e o colocarem em prática, voltarão para casa como pessoas totalmente diferentes. Se estão ansiosos por tirarem proveito da nova esperança e do novo começo oferecido pelo evangelho, então devem seguir suas instruções e seus métodos. Pois bem, quais são eles?
O primeiro é que devemos enfrentar nossa situação com franqueza e honestidade. É uma coisa estar numa posição má e difícil, outra coisa completamente diferente é enfrentá-la com sinceridade. Este filho pródigo estava numa situação péssima por muito tempo antes de chegar ao ponto de realmente compreender isso. Uma pessoa não cai subitamente na situação descrita aqui. Aquilo aconteceu aos poucos, quase sem que ele percebesse. E mesmo depois que aconteceu, ele levou algum tempo para percebê-lo. O processo é tão sutil e tão insidioso que a pessoa mal percebe. Ela contempla seu rosto no espelho todas as manhãs e não nota as mudanças que estão acontecendo. Somente alguém que não a vê com freqüência pode notar os efeitos com mais clareza. E muitas vezes, quando começamos a sentir terrível realidade da nossa situação, deliberadamente evitamos pensar a respeito. Colocamos tais pensamentos de lado e nos ocupamos com outras coisas comentando: “Que adianta pensar a respeito disso? Essa é a situação, acabou!” Ora, o primeiro passo no caminho da volta, é enfrentar a situação com honestidade e franqueza. Lemos que esse jovem “caiu em si”. Foi exatamente o que ele fez! Ele enfrentou a situação, e o fez com sinceridade. Compreendeu que seus problemas eram resultado exclusivo de sua próprias ações, que ele fora um tolo, que não devia ter abandonado a casa de seu pai, e certamente não devia tê-lo tratado da maneira que fizera. Ele olhou para si mesmo e mal conseguiu acreditar no que viu! Olhou para os porcos e as bolotas à sua volta. Encarou a situação de frente!
Meu amigo, você já fez isso? Já olhou para si mesmo? Já pensou se todas as suas ações durante o ano que passou fossem colocadas no papel? E se tivesse mantido um registro de todos os seus pensamentos e desejos, suas ambições e imaginações? Você permitiria que isso fosse publicado sob seu nome? O que você é hoje em comparação com o que foi no passado? Olhe para suas mãos – estão limpas? E os seus lábios – são puros? Olhe para seus pés – onde eles pisaram, que caminho percorreram? Olhe para si mesmo! É realmente você? E então olhe à sua volta, para a sua posição e os seu ambiente. Não fuja! Seja honesto! Do que você está se alimentando? Comida ou bolotas lançadas aos porcos? Em que você tem gastado seu dinheiro? Para que fins você usou dinheiro que talvez devesse ser usado para alimentar sua esposa e filhos, ou vesti-los? Do que você tem se alimentado? Olhe! É alimento próprio para ser humano? Avalie o que você gosta. Enfrente-o com calma. É algo digno de uma criatura criada por Deus, com inteligência e sabedoria? É coisa que pelo menos honra o ser humano – quanto mais a Deus? É alimento de porcos, ou é próprio para ser consumido por um seu humano? Não basta que você apenas lamente a sua sorte ou se sinta miserável. Como acabou em tal estado ou situação? Olhe para os porcos e as bolotas, e compreenda que é tudo devido você ter abandonado a casa do seu pai, agindo deliberadamente contra os ditames da sua própria consciência, deliberadamente zombando da religião e de todos os seus mandamentos e princípios; tudo é resultado exclusivo de suas próprias decisões. A situação em que se encontra hoje é conseqüência de suas próprias escolhas, e de sua próprias ações. Enfrente isso e admita-o. Esse é o primeiro passo essencial no caminho da volta.
O passo seguinte é compreender que há somente Um a que você pode recorrer, e somente uma coisa a fazer. Não preciso elaborar esse ponto em detalhes, no que se refere ao filho pródigo, pois é bastante claro. “Ninguém lhe dava nada”. Tentara de tudo, esgotara todos os seus recursos e seus esforços, bem como os esforços de outras pessoas. Tudo acabara para ele e ninguém podia ajudá-lo – exceto um. O pai! A última, a única esperança. O evangelho sempre insiste que cheguemos a esse ponto. Enquanto lhe resta um centavo que seja, o evangelho não o ajudara. Enquanto tiver amigos, ou entidades às quais pode recorrer em busca de ajuda, crendo que lhe darão assistência, o evangelho nada tem a lhe dar. Naturalmente, enquanto o homem achar que pode se manter recorrendo a qualquer um desses outros métodos, ele continuará tentando fazer isso. E em nossa estimativa, o mundo ainda está longe da falência. Ele ainda crê em seus métodos e em suas próprias idéias. E de que forma patética nos agarramos a ele! Confiamos em nossa força de vontade e em nosso próprio esforço. Recorremos aos “anos novos” do nosso calendário com se ele pudessem fazer qualquer diferença em nossa situação! Buscamos a ajuda de amigos e companheiros, de parentes e queridos. Ah, vocês estão familiarizados com o processo, não só em seus esforços de acertar a sua própria vida, mas também nos esforços de endireitar a vida de outros a respeito de quem estão preocupados ou ansiosos. E assim continuamos até termos esgotados os recursos. Como o pródigo, continuamos até nos tornarmos frenéticos, e até ao ponto em que “ninguém nos dá nada” Somente então é que nos voltamos para Deus. Oh que insensatez! Permitam que eu estoure essa falácia aqui, e agora. Enfrentem-na com franqueza. Compreendam que todos os seus reforços vão falhar, como sempre falharam até aqui. Entendam que a melhora será meramente transitória e temporária.. Parem de se enganar a si mesmos. Compreendam como é desesperada a sua situação. E compreendam que existe somente um poder que pode colocar suas vidas no caminho certo – o Poder do Deus Todo-poderoso. Você podem continuar confiando em si mesmos e nos outros, e se esforçando ao máximo. Mas daqui a um ano a sua situação não só será a mesma, e sim muito pior. Somente Deus pode salvá-los.
No entanto, ao se voltarem para Deus, vocês precisam compreender também que nada podem pleitear diante dEle, exceto a Sua misericórdia e compaixão. Quando o pródigo abandonou o lar, sua exigência foi: “Dá-me!” “Ele exigiu seus direitos. Estava cheio de auto-confiança e até mesmo presunção, sentindo que não estava recebendo tudo a que tinha direito. “Dá-me”! Mas quando voltou para casa, o seu vocabulário mudou e o que ele diz agora é : “Faz-me”. Anteriormente ele sentira que era “alguém” e que estava na posição de exigir direitos inerentes e dignos de uma pessoa como ele. Agora ele sente-se reduzido a nada e ninguém, e compreende que sua maior necessidade é que algo seja feito de sua vida. “Faz-me!”. Amigo, se você acha que tem qualquer direito de exigir perdão de Deus, posso lhe assegurar que está perdido e condenado. Se sente que Deus tem o dever e a obrigação de perdoá-lo, você certamente não será perdoado. Se sente que Deus é severo e que está contra você, então é culpado do maior de todos os pecados. Se ainda sente que é “alguém” e que tem direito de dizer “dá-me”, você nada receberá além de miséria e continua desolação. Todavia, se compreender que pecou contra Deus e O indignou, se sente que não passa de um verme, ou menos que isso, indigno até de ser considerado um ser homem – quanto mais indigno de Deus! – se sente que nada é, em vista da forma como se afastou dEle e Lhe voltou as costas, ignorando-O e zombando dEle, se se lançar diante dEle e da sua misericórdia implorando-Lhe que na sua infinita bondade e amor, Ele faça algo da sua vida, então tudo será diferente. Nunca foi a vontade de Deus que você acabasse na situação em que esta. Foi contra a vontade dEle que você se afastou. A decisão foi toda sua. Diga-lhe isso, e confesse também que o que mais o preocupa e aflige não é apenas a miséria que trouxe à sua própria vida, porém o fato de ter desobedecido a Ele, insultando-O e ofendendo-O.
Então, tendo compreendido tudo isso, ponha-o em prática! Abandone a terra distante. Sua presença neste culto significa que você se levantou dentre os porcos e as bolotas. Mas afasta-te dessa terra longínqua. Faça-o! Volte-se para Deus, busque a reconciliação com Ele! Tome uma decisão. Entregue-se a Ele! Ouse confiar nEle! Como teria sido ridículo se o filho pródigo tivesse limitado a pensar aquilo tudo, sem colocá-lo em prática! Teria continuado na terra longínqua. Mas ele agiu. Pôs em pratica a sua decisão. Cumpriu sua resolução. Voltou para o pai e entregou-se à sua misericórdia e compaixão, e você precisa fazer o mesmo, da forma como já indiquei.
E se fizer isso, descobrirá que no seu caso, como no caso do filho pródigo, haverá um novo começo para a sua vida, um novo princípio firme e sólido. O impossível acontecerá, e você ficará assombrado e maravilhado com o que descobrirá. Não vou me deter na alegria e no gozo e na emoção disso tudo hoje, para que possa enfatizar a realidade desse novo começo que o evangelho nos dá. Não é algo etéreo ou trivial. Não é uma simples questão de sentimentos ou emoções. Não é uma anestesia ou um sedativo que amortece nossos sentidos, levando-nos a sonhar com um mundo brilhante e feliz. É real, é verdadeiro. Em Jesus Cristo, um novo começo, real e genuíno, é possível. E é possível somente através dele! A grandeza do amor do pai nesta parábola não é expressada tanto em sua atitude como no que ele fez. Amor não é um mero sentimento vago, ou uma disposição geral. O amor é algo ativo! É a atividade mais dinâmica do mundo, e transforma tudo. É por isso que também aqui somente o amor de Deus pode realmente nos dar um novo começo, uma nova oportunidade. O amor de Deus não se limita a falar sobre um novo começo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu…”. O pai fez certas coisas pelo seu filho pródigo; e somente Deus pode fazer por nós e para nós aquilo que nos levantará outra vez. Observemos como Ele o faz. Oh, a maravilha do amor de Deus, que realmente faz novas todas as coisas, o único que realmente pode fazer isso!
Observem como o pai oblitera o passado. Ele vai ao encontro do filho como se nada tivesse acontecido, ele o abraça e beija como se sempre tivesse sido zeloso e exemplar em toda sua conduta! E com que rapidez ordena aos servos que removam os farrapos e andrajos da terra longínqua, e com eles todos os traços e vestígios do seu passado pecaminoso. Com todas essas ações ele apaga o passado de uma forma que mais ninguém poderia fazer. Somente ele podia perdoar de fato, somente ele podia apagar o que o filho fizera contra ele e contra a família; e ele o fez. Removeu todos os traços do passado. E essa sempre é a primeira coisa que acontece quando um pecador se volta para Deus da forma como estamos descrevendo. Voltamo-nos para Ele esperando tão pouco quanto o pródigo, cuja expectativa era que fosse feito um servo. Quão infinitamente Deus transcende todas as nossas maiores expectativas quando Ele começa a tratar conosco! Tudo que pedimos é alguma forma de começara outra vez. Deus nos maravilha e surpreende com Sua primeira ação – obliterando todo o nosso passado! E isso, enfim, é o que almejamos acima de tudo. Como podemos ser felizes e livres em vista do nosso passado? Mesmo que não cometamos mais certas ações ou um certo pecado, o passado está presente e sempre temos diante de nós o que fizemos. Esse é o problema. Quem pode nos libertar do nosso passado? Quem pode apagar do livro da nossa vida aquilo que já fizemos? Há somente Um! E Ele pode fazê-lo! O mundo tenta me persuadir que não importa, que posso voltar as costas ao passado e esquecê-lo. Mas eu não posso esquecer – ele sempre me volta à lembrança. E me lança em miséria e desespero. Posso tentar de tudo, porém meu passado permanece um fato sólido, terrível, medonho. Há alguma forma de me livrar dele? Algum modo de apagá-lo? Há somente um que pode removê-lo dos meus ombros. Eu só posso ter certeza que meus farrapos e andrajos se foram quando os vejo na Pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que os tomou sobre Si e Se fez maldição em meu lugar. O Pai mandou que Ele tirasse de sobre mim os meus farrapos, e Ele o fez. Ele levou minha iniquidade, e Se vestiu e cobriu com meu pecado. Ele o tirou, lançando-o no mar do esquecimento de Deus. E quando eu compreendo e creio que Deus em Cristo não só perdoou meu passado, mas também o esqueceu, quem sou eu para procurar por ele e tentar encontrá-lo? Minha única consolação, quando considero o passado, é lembrar que Deus o apagou. Ninguém mais podia fazer isso. Mas Ele o fez. E este é o primeiro passo essencial para um novo começo. O passado precisa ser apagado; e ele é apagado em Cristo e em Sua morte expiatória.
Todavia, para ter um começo realmente novo, mais uma coisa é necessária. Não basta que todos os traços do meu passado sejam removidos. Preciso de algo no presente. Preciso ser vestido, necessito de algo que me cubra. Preciso de confiança para começar outra vez e para enfrentar a vida, as pessoas e os problemas que fazem parte dela. Embora o pai tenha corrido ao encontro do filho e o beijado, isso por si só não lhe teria dado segurança. Ele saberia que todos veriam os andrajos e a lama. Por essa razão, o pai não se limitou a isso. Ele vestiu o rapaz com roupas dignas de um filho, com todas as provas externas dessa posição. Anunciou a todos que seu filho retornou, e o vestiu de forma que o rapaz não se sentisse envergonhado diante dos outros. Ninguém mais além do pai podia fazer isso.. Outros podiam ter ajudado o rapaz, mas somente o pai podia restaurá-lo à sua posição de filho e prover tudo o que estava associado a ela.
Exatamente o mesmo acontece quando nos voltamos para Deus. Ele não só nos perdoa e apaga nosso passado, mas também nos torna filhos. Ele nos dá uma nova vida e novo poder. E Ele lhe dará tal certeza do Seu amor, meu amigo, que você poderá olhar para os outros sem qualquer sentimento de vergonha. Ele o vestirá com o manto da justiça de Cristo, e não só lhe dirá que o vê como filho, mas na verdade fará com que sinta que realmente o é. Quando olhar para si mesmo, você nem sequer se reconhecerá! Olhará para o seu corpo e verá esse manto de valor inestimável, olhará para os seus pés e os verá calçados de sandálias novas, olhará para sua mão e verá o anel, o selo do amor de Deus. E quando fizer isso, sentirá que pode enfrentar o mundo todo de cabeça erguida, sim, e poderá enfrentar o diabo e todos os poderes que o enganaram no passado e que arruinaram a sua vida. Sem essa posição e confiança, um novo começo não passa de um produto da imaginação. P mundo tenta limpar suas velhas vestes, buscando dar-lhes uma aparência respeitável. Somente Deus, em Cristo pode nos vestir com um manto novo, e realmente nos tornar fortes. Que o mundo tente apontar o dedo para nós, querendo trazer à tona o nosso passado! Que tente lançar seus piores estratagemas contra nós! Basta que olhemos para o manto, as sandálias e o anel, e saberemos que tudo está bem.
E se você ainda requer uma prova clara da realidade de tudo isso, ela pode ser encontrada no fato que até mesmo o mundo tem de reconhecer que é verdade. Ouça as palavras do servo, falando com o irmão mais velho. O que ele diz? “Um homem de aparência estranha, em andrajos, apareceu aqui hoje?” Não! “Veio o teu irmão”. Como ele soube que era o irmão? Ah, ele vira as ações do pai e ouvira suas palavras! Ele jamais teria reconhecido o filho, porém o pai o reconheceu, mesmo à distancia. O pai o reconheceu! E Deus reconhece você, e quando você se volta para Ele e permite que Ele o vista, todos ficarão sabendo. Até mesmo o irmão mais velho ficou sabendo. Era a última coisa que ele queria saber, mas os cânticos e os sons de júbilo e alegria não deixavam dúvidas quanto à conclusão inevitável. Ele estava por demais aviltado para dizer “meu irmão”, no entanto, até mesmo ele teve que dizer: “Este teu filho”. Não passou prometer que todos o amarão que falarão bem a seu respeito se entregar sua vida a Deus em Cristo.. Muitos certamente o odiarão, e o perseguirão zombando de você e fazer muitas outras coisas contra você, mas, ao fazerem isso, estarão na verdade testemunhando que eles também perceberam que você é uma nova pessoa, que sua vida foi renovada e recebeu a oportunidade de um novo começo.
O que mais você requer?
Aqui está a oportunidade para um começo realmente novo. É o único meio. O próprio Deus o tornou possível, enviando Seu Filho unigênito a este mundo, para viver, morrer, e ressuscitar. Não importa o que você tenha sido no passado, nem o que é no momento. Basta que se volte para Seus, confessando seu pecado contra Ele, lançando-se sobre Sua misericórdia em Cristo Jesus, reconhecendo que somente Ele pode salvar e guardar você, e descobrirá que
O passado será esquecido
Gozo dado no presente,
Graça futura prometida -
E uma coroa de glória no céu.


Venha! Amém.






Lucas 16

A Parábola do Administrador Infiel (Lucas 16.1-12)

Lucas 16.1 Dizia Jesus também aos seus discípulos: Havia certo homem rico, que tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de estar dissipando os seus bens.
Lucas 16.2 Chamou-o, então, e lhe disse: Que é isso que ouço dizer de ti? Presta contas da tua mordomia; porque já não podes mais ser meu mordomo.
Lucas 16.3 Disse, pois, o mordomo consigo: Que hei de fazer, já que o meu senhor me tira a mordomia? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha.
Lucas 16.4 Agora sei o que vou fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.
Lucas 16.5 E chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
Lucas 16.6 Respondeu ele: Cem cados de azeite. Disse-lhe então: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta.
Lucas 16.7 Perguntou depois a outro: E tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. E disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.
Lucas 16.8 E louvou aquele senhor ao injusto mordomo por haver procedido com sagacidade; porque os filhos deste mundo são mais sagazes para com a sua geração do que os filhos da luz.
Lucas 16.9 Eu vos digo ainda: Granjeai amigos por meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
Lucas 16.10 Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; quem é injusto no pouco, também é injusto no muito.
Lucas 16.11 Se, pois, nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
Lucas 16.12 E se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?

Seja o que for que tenhamos, a propriedade de todas as coisas pertence a Deus; nós somente recebemos a graça de usufruir destas conforme o mandamento de nosso Senhor, e para a sua honra. Este mordomo desperdiçou os bens de seu Senhor. Todos estamos sob a mesma acusação; não tiramos o devido proveito daquilo que Deus tem colocado sob nossa responsabilidade. O mordomo não podia negar este fato; deveria prestar contas e ir embora. Este exemplo pode nos ensinar que a morte virá, e nos privará das oportunidades que temos agora. o mordomo ganhará amigos dentre os devedores e inquilinos de seu Senhor, eliminando uma parte considerável da dívida deles para com este. O Senhor a quem é feita alusão nesta parábola não elogiou a fraude, mas o procedimento do mordomo. Somente destaca-se neste aspecto. Os homens mundanos são néscios ao escolherem os seus objetivos, mas em sua atividade e perseverança, são muitas vezes mais sábios do que os crentes. o injusto mordomo não nos é dado como exemplo de engano para com o seu Senhor, nem como justificativa da desonestidade, mas para destacar o cuidado que os homens mundanos dedicam. Bom seria que os filhos da luz aprendessem uma parte da sabedoria e prudência dos homens do mundo, e seguissem com igual diligência o seu objetivo como cristãos, que é melhor do que o daqueles que não conhecem a Deus.
As verdadeiras riquezas significam bênçãos espirituais; e se um homem gasta ou acumula aquilo que Deus lhe tem confiado, quanto às coisas exteriores, que prova poderá ter de que é herdeiro de Deus por meio de Cristo? As riquezas deste mundo são enganosas e incertas. Convençamo-nos de que são verdadeiramente ricos, e muito ricos, aqueles que são ricos na fé, ricos para com Deus, ricos em Cristo e em suas promessas; então, acumulemos o nosso tesouro no céu, e esperemos de lá a nossa porção.


Lucas 16.13-17:

Lucas 16.13 Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, o há de odiar a um e amar ao outro, o há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
Lucas 16.14 Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas e zombavam dele.
Lucas 16.15 E ele lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.
Lucas 16.16 A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele.
Lucas 16.17 É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.

Não temos outra maneira de provar para nós mesmos que somos de fato servos de Deus do que a de nos darmos inteiramente ao seu serviço, bem como fazer de Mamom, ou seja, de todo o nosso ganho mundano, utilizável para o seu serviço (v. 13) : Nenhum servo pode servir a dois senhores, cujos interesses e comandos são tão diferentes quanto os que são de Deus e os que são de Mamom.
Se alguém amar o mundo, automaticamente desprezará a Deus e se fará seu inimigo.
As exigências do serviço a Deus poderão colidir em muitos pontos com os seus interesses mundanos, quer no que tange à qualidade e tipo destes interesses, quer quanto ao tempo necessário para ser despendido com Deus.
O que está em foco não é se devemos ou não nos ocupar com atividades seculares, pois isto é necessário na maioria dos casos dos crentes que necessitam fazê-lo para a sua subsistência e de seus familiares. Havendo inclusive ordens específicas de Deus que trabalhemos para atender a tal propósito.
Então em que consiste esta incompatibilidade entre o serviço de Deus e o de Mamom.
Simplesmente no princípio que governa os nossos corações, pois como já dissemos antes, os ganhos que temos de Mamom devem atender aos interesses do reino de Deus e serem usados para a Sua glória, e nisto se inclui o nosso cuidado pessoal e de nossos familiares, ou de outros que estiverem sob o nosso cuidado providencial.
Mas, em todo o caso, devemos considerar que com estas palavras, nosso Senhor visava sobretudo responder aos fariseus que haviam ficado indignados com a parábola que ele havia contado sobre o administrador infiel, citada no início deste capítulo, por entenderem que estava se referindo a eles.
Os fariseus eram gananciosos, como se afirma no texto.
Eles estavam zombando de Jesus por estar ensinando tais coisas que contrariavam seus interesses gananciosos, pois na condição de religiosos não buscavam o que fosse para a glória de Deus, senão para atender a seus próprios interesses gananciosos.
Não admira que tivessem ficado ofendidos, pois faziam da religião uma ocasião para ganho financeiro pessoal, e não para salvar e edificar almas na verdade da Palavra de Deus
Então nosso Senhor demonstrou quão incompatíveis eram os interesses deles com os de Deus a quem eles diziam representar na terra.
Como eram muito estimados pelo povo, que ignorava a verdadeira condição deles perante Deus, consideravam-se justificados e elevados, todavia nosso Senhor lhes alertou que não eram elevados, mas uma abominação aos olhos de Deus.
Eles tinham ainda contra eles e seus interesses o fato de que o evangelho estava inaugurando uma nova dispensação e todo o sistema judaico da antiga aliança cairia, e como era nele que estava baseada a ministração deles, teriam o seu negócio arruinado, pois estavam fazendo um uso indevido da religião.
A antiga aliança seria revogada (o sistema de culto), mas não a Lei, e por isso nosso Senhor fez questão de finalizar afirmando que seria mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til (menor caráter da lei juntamente com o iota). A eles cabia ensinar e cumprir a lei e não corrompê-la e descumpri-la conforme era o costume deles, e portanto seriam devidamente julgados e condenados por Deus.


Lucas 16.18 - Vide Mateus 19.9-12

Lucas 16.18 Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo marido, também comete adultério.


Lucas 16.19-31:

Lucas 16.19 Ora, havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente.
Lucas 16.20 Ao seu portão fora deitado um mendigo, chamado Lázaro, todo coberto de úlceras;
Lucas 16.21 o qual desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras.
Lucas 16.22 Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado.
Lucas 16.23 No hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio.
Lucas 16.24 E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
Lucas 16.25 Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui é consolado, e tu atormentado.
Lucas 16.26 E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá passar para nós.
Lucas 16.27 Disse ele então: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
Lucas 16.28 porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para este lugar de tormento.
Lucas 16.29 Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
Lucas 16.30 Respondeu ele: Não! pai Abraão; mas, se alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender.
Lucas 16.31 Abraão, porém, lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.

Aqui as coisas espirituais estão representadas por uma descrição do diferente estado do bom e do mau neste mundo e no porvir. Não nos é dito que o rico obteve a sua fortuna por meio de fraude ou de opressão; porém, Cristo mostra que um homem pode ter muitas riquezas, pompa e prazer neste mundo, e perecer para sempre sob a ira e a maldição de Deus. O pecado deste rico era que somente fazia provisão para si mesmo. Aqui há um santo varão, nas profundezas da adversidade e da angústia que será feliz para sempre no porvir.
Muitas vezes a sorte de alguns dos santos e servos mais amados de Deus é a de serem grandemente afligidos neste mundo. Não nos é dito que o rico tenha infligido algum dano a Lázaro, o pobre, mas não encontramos que tivesse se interessado por este.
Aqui está a diferente condição, após a morte, de um pobre e santo, e de um rico ímpio. o rico, no inferno, levantou os olhos, estando em tormentos. Não é provável que existam conversas entre os santos glorificados e os pecadores condenados; porém, este diálogo mostra a miséria e o desespero, e os desejos infrutíferos nos quais entram os espíritos condenados. Chegará o dia em que aqueles que hoje odeiam e desprezam o povo de Deus, receberão alegremente a bondade deles; porém, o condenado no inferno jamais terá o mínimo alívio de seu tormento.
Os pecadores são agora chamados a ponderar a respeito de suas vidas, mas não o fazem, não querem fazê-lo e encontram maneiras de evitá-lo. Como as pessoas más somente possuem boas coisas nesta vida, e na morte são para sempre separados de todo o bem, assim, o povo santo sofre situações más somente nesta vida, e na morte são para sempre separados delas. Bendito seja Deus, que neste mundo não exista um abismo insondável entre o estado natural e a graça; podemos passar do pecado a Deus, mas se morrermos em nossos pecados, não haverá saída.
O rico tinha cinco irmãos, e teria desejado detê-los em seu rumo pecaminoso. Chegarem a este lugar de tormentos pioraria a sua desgraça, pois teria ajudado a mostrar-lhes o caminho a este lugar. Quantos desejariam agora retratar-se ou desfazer o que escreveram ou fizeram!
Aqueles que gostariam que o pedido do rico a Abraão justificasse orar aos santos já mortos, ficam deste modo tão longe de ter provas verdadeiras, quando o erro do pecador condenado é tudo o que podem encontrar como exemplo. É óbvio que não haveria qualquer estímulo para seguir o exemplo daquele homem rico, uma vez que todas as suas petições foram feitas em vão.
Um mensageiro vindo dentre os mortos não poderia dizer mais do que aquilo que foi dito nas Escrituras. A mesma força da corrupção que irrompe através das convicções da Palavra escrita, triunfaria acima de um testemunho de mortos. Busquemos a lei e o testemunho (Is 8.19, 20), porque esta é a palavra correta da profecia, sobre a qual podemos ter a maior certeza (2 Pe 1.19). As circunstâncias de cada época mostram que os terrores e os argumentos não podem dar o verdadeiro arrependimento sem a graça especial de Deus, que renova o coração do pecador.


COMO A PALAVRA PRODUZ A FÉ

Luc 16:29 “... Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.”

Na parábola do rico e do mendigo, Jesus usou esta expressão Moisés e os Profetas, que era uma das formas de se referir a todo o conjunto das Escrituras do Antigo Testamento, que foram produzidas por revelação e inspiração de Deus.
Não é nosso propósito neste momento comentar toda a parábola, mas destacar um dos seus pontos muito importantes, para que possamos entender o modo designado por Deus para a salvação das nossas almas.
O rico, estando no inferno, pensava erroneamente que poderia ter sido salvo por um sinal poderoso que lhe fosse enviado do céu, como o envio do mendigo Lázaro a seus cinco irmãos que ainda viviam na terra, para lhes servir de testemunho, vendo o estado de glória em que ele se encontrava, pois o haviam conhecido muito bem em sua miséria quando vivia na terra, e no entender do rico, isto lhes convenceria de que havia de fato um céu.
Foi dado como resposta ao seu pedido, simplesmente que seus irmãos deveriam ouvir Moisés e os profetas, ou seja, as Escrituras, para que fossem salvos.
Ou seja, eles deveriam dar atenção ao testemunho que as Escrituras dão relativamente à santidade de Deus e de Cristo, como também da ruína completa dos homens em face da sua natureza pecaminosa, mas que Deus, em Sua misericórdia afirma que o justo viverá pela fé, ou seja ele terá vida eterna, pela fé na Palavra do Senhor.
Este é o significado interior de se ouvir Moisés e os profetas.
È o de nos arrependermos de nossa condição caída e buscar refúgio na graça do Senhor Jesus que nos está sendo oferecida gratuitamente por darmos crédito à Sua Palavra.
O firme fundamento repousa nisto, a saber, em se honrar a Palavra do Senhor, porque Ele dá muita honra à mesma.
Por isso nos deu a revelação da Sua pessoa e vontade nas Escrituras, para que mesmo sem um sinal visível do céu, sem qualquer coisa extraordinária que nos seja enviada por Ele para ser testemunhada pela nossa visão natural, creiamos em tudo o que Ele afirma na Sua Palavra escrita, de modo que demonstramos com isso que damos de fato crédito ao que Ele tem dito.
Não foi justamente o oposto disto que aconteceu na queda do jardim do Éden?
O homem e a mulher deram crédito à palavra da serpente e desconsideram aquilo que Deus lhes havia falado.
Então não seria por nenhum sinal enviado do céu, como o rico da parábola insistiu pedindo que outras pessoas que haviam morrido e ressuscitado, fossem enviadas a seus irmãos para que eles cressem.
Mas esta foi a resposta que lhe foi dada:
“Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”
Não porque fossem duros o bastante para não reconhecer o poder de Deus em ressuscitar, mas porque não foi este o método designado por Deus para a salvação, que é o de ter fé na Sua palavra revelada, de modo que a fé vem pelo ouvir a Palavra.
Não será pela visão do arcanjo Miguel, de um Serafim, dos querubins, do próprio Cristo, que alguém será salvo.
A salvação sempre ocorrerá somente quando acolhermos com mansidão e fé a Palavra do Senhor.
Hoje, temos mais do que Moisés e os profetas, porque por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, temos também as Escrituras do Novo Testamento.
Então temos uma maior e melhor razão para cremos, lendo, amando, acolhendo e praticando a Palavra de Deus. Pela fé em tudo o que nos tem sido revelado por Ele, para que crendo em Sua Palavra, que nos aponta Cristo, como nossa única esperança, sejamos salvos.
Ouvir com fé. Esta é a chave que nos conduz para o céu e para a vida do céu.
Lembremos sempre desta afirmação solene, que é a fórmula da salvação:


“...Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.”







Lucas 17

Lucas 17.1,2 - Vide Mateus 18.6

Lucas 17.1 Disse Jesus a seus discípulos: É impossível que não venham tropeços, mas ai daquele por quem vierem!
Lucas 17.2 Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos.


Lucas 17.3-10 - Vide Mateus 18.21,22

Lucas 17.3 Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe.
Lucas 17.4 Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás.
Lucas 17.5 Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.
Lucas 17.6 Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
Lucas 17.7 Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à mesa?
Lucas 17.8 Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e beberás?
Lucas 17.9 Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado?
Lucas 17.10 Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.


Lucas 17.11-19:

Lucas 17.11 E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa entre a Samaria e a Galileia.
Lucas 17.12 Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, os quais pararam de longe,
Lucas 17.13 e levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!
Lucas 17.14 Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos.
Lucas 17.15 Um deles, vendo que fora curado, voltou glorificando a Deus em alta voz;
Lucas 17.16 e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era samaritano.
Lucas 17.17 Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os nove, onde estão?
Lucas 17.18 Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?
Lucas 17.19 E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.

A lepra era uma doença que os judeus julgavam que era infligida para a punição de algum pecado em particular, e para ser, mais do que outras doenças, uma marca do desagrado de Deus; e, portanto, Cristo, que veio para tirar o pecado, e desviar a ira divina, teve um cuidado especial para limpar os leprosos que atravessaram seu caminho.
Eram dez leprosos que estavam longe, sabendo que pela lei a sua doença obrigava-os a manter distância. Então levantaram a voz, clamando que Jesus tivesse misericórdia deles.
Jesus os enviou para o sacerdote, para ser inspecionado por ele, conforme determinado pela Lei de Moisés.
Nisto vemos como nosso Senhor tinha o cuidado de cumprir mesmo a lei cerimonial, apesar de saber que depois de sua morte e ressurreição não haveria mais a necessidade de ser cumprida. Até então ele cumpriu em tudo a Lei para que pudesse morrer no nosso lugar, para livrar-nos da maldição da Lei, que está sobre todos aqueles que transgridem os seus mandamentos.
Quando eles iam, ficaram limpos, e assim tornaram-se aptos para serem examinados pelo sacerdote e ser certificado que estavam limpos para poderem retornar ao convívio social.
Um deles, e apenas um, voltou para dar graças. Quando ele viu que estava curado, em vez de ir adiante ao sacerdote, para ser por ele declarado limpo, e assim dispensado do seu confinamento, o que foi tudo o que os demais apenas visaram, ele voltou na direção de quem foi o autor de sua cura, a quem ele desejava dar graças, antes de ir ter com o sacerdote.
Os nove que não voltaram para dar graças a Deus eram judeus, e seria de se esperar que a gratidão partisse deles, e no entanto, quem voltou foi um estrangeiro, provavelmente um samaritano, porque Marcos informa que isto ocorreu na divisa entre a Galileia e Samaria..
Esta passagem revela que não é de fato por sermos religiosos, nascidos numa família que tem a seu dispor a Bíblia, que podemos ter a garantia de que somos de Deus e que o amamos.
O endurecimento que veio aos israelitas foi visto até mesmo em leprosos que foram curados por Jesus, e enquanto isto, um samaritano entrava no reino de Deus pois viu em Cristo muito mais do que alguém que fosse poderoso para curar a lepra do corpo, como também a do espírito.  


Lucas 17.20-37:

Lucas 17.20 Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior;
Lucas 17.21 nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Eí-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós.
Lucas 17.22 Então disse aos discípulos: Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis.
Lucas 17.23 Dir-vos-ão: Ei-lo ali! ou: Ei-lo aqui! não vades, nem os sigais;
Lucas 17.24 pois, assim como o relâmpago, fuzilando em uma extremidade do céu, ilumina até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.
Lucas 17.25 Mas primeiro é necessário que ele padeça muitas coisas, e que seja rejeitado por esta geração.
Lucas 17.26 Como aconteceu nos dias de Noé, assim também será nos dias do Filho do homem.
Lucas 17.27 Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos.
Lucas 17.28 Como também da mesma forma aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
Lucas 17.29 mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os destruiu a todos;
Lucas 17.30 assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.
Lucas 17.31 Naquele dia, quem estiver no eirado, tendo os seus bens em casa, não desça para tirá-los; e, da mesma sorte, o que estiver no campo, não volte para trás.
Lucas 17.32 Lembrai-vos da mulher de Ló.
Lucas 17.33 Qualquer que procurar preservar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, conservá-la-á.
Lucas 17.34 Digo-vos: Naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e o outro será deixado.
Lucas 17.35 Duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e a outra será deixada.
Lucas 17.36 [Dois homens estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado.]
Lucas 17.37 Perguntaram-lhe: Onde, Senhor? E respondeu-lhes: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão também os abutres.

Temos aqui um discurso de Jesus relativo ao reino de Deus, isto é, o reino do Messias, que agora estava prestes a ser inaugurado, e quanto ao qual havia uma grande expectativa.
Foi uma pergunta feita pelos fariseus sobre quando viria o reino que precipitou esta resposta na qual nosso Senhor diz que o reino não deveria ser esperado como algo visível como o são os reinos deste mundo, pois ele se manifesta no coração de cada um daqueles que nele creem.
Que o reino do Messias era para ser um reino espiritual, e não temporal e externo, e assim a sua entrada é silenciosa, sem pompa e ruído.
O evangelho estava destinado a progredir no mundo até que fosse atingido o estado final da sua glória por ocasião do seu retorno para julgar o mundo e entregar o reino ao Pai.
Muitos trabalhariam para este propósito mas não o veriam cumprido em seus dias, pois somente Deus conhece o dia da volta do Filho com poder e grande glória.
O mundo seguia em seu curso natural e normal, como ocorreu nos dias de Noé e de Ló, e sobreveio repentinamente e sem aviso, o dia do dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra. E de igual modo os juízos que serão precipitados e acompanharão a Sua volta hão de acontecer de modo repentino.
Somente a verdadeira fé em Deus, a confiança total nele poderá preservar a vida daqueles que estiverem vivendo no Dia do Senhor, que é um dia de trevas, e não de luz, como vemos nos profetas do Velho Testamento.
Tentar preservar a própria vida sem esta confiança em Deus será inútil pois Ele preservará somente aqueles que nele confiam.
A ceifa do juízo do Senhor passará sobre a terra, mas pessoas que se acharem nas mesmas circunstâncias e lugares serão distintamente tratadas por Ele, com base na sua fé, pois alguns serão deixados e outros serão tomados pelo juízo que virá, de modo que haverá muitos mortos e de tantos que são não haverá quem os sepulte, e por isso os abutres se ajuntarão para consumir suas carcaças putrefatas.






Lucas 18

Lucas 18.1-8

1 Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer:
2 Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum.
3 Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário.
4 Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum;
5 todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me.
6 Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo.
7 Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?
8 Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?:

Não há dever mais fortemente enfocado na Escritura do que o da oração; nem há qualquer outro que necessite ser mais inculcado na consciência.
Para aqueles que nunca se envolveram nesta tarefa com espiritualidade real de mente, pode parecer ser de fácil realização, mas aqueles que são mais sérios no seu desempenho, encontram muitas dificuldades para  serem enfrentadas.
Para nos encorajar a perseverar na oração, a despeito de todas as dificuldades, nosso Senhor falou a parábola diante de nós.
Devemos considerar o que diz o juiz injusto.
Havia uma viúva laborando sob alguma pesada opressão.
O pecado tem universalmente armado os homens contra seus semelhantes. O mundo está cheio de roubo e opressão de todos os tipos, Sl 74.20, e os que são mais indefesos geralmente sofrem os maiores danos. Cada um está pronto para se aproveitar do órfão e da viúva. Então é o conforto deles, saber que a par de terem inimigos na Terra, que têm um amigo no céu.
A viúva foi a um magistrado para apresentar suas queixas.
A nomeação de magistrados é uma bênção rica para a comunidade, e eles deveriam ser considerados com muito respeito e gratidão. Nós não deveríamos de fato recorrer à lei por ninharias. Devemos sim resolver nossas disputas, se possível, por meio de arbitragem, mas nas circunstâncias da viúva, era correto solicitar a interferência do magistrado.
O juiz, por um longo tempo, não deu qualquer atenção ao seu pedido.
O juiz demonstrou não ser uma pessoa de caráter: ele não temia o santo, onisciente, onipotente Deus; e nem sequer considerava a boa opinião dos homens. Assim, ele não possuía qualquer regra de conduta, mas o seu próprio capricho ou interesse. Certamente, ao lado de um ministro vicioso, não pode haver maior maldição para um bairro do que um magistrado desleixado como este. Nós temos motivos para bendizer a Deus, no entanto, apesar de tais caracteres serem muito comuns, são raramente encontrados entre a magistratura.
Não é à toa que o tal juiz era surdo aos clamores da equidade e da compaixão.
Finalmente, ele agiu sob a importunação da viúva.
Ele se gloriava em seu desprezo a todas as leis humanas e divinas; mas não podia suportar os constantes apelos da viúva. Portanto, apenas para se livrar dela, atendeu à sua petição, e fez para sua própria comodidade, aquilo que deveria ter feito a partir de um melhor motivo. Assim, infelizmente! proclamou sua própria vergonha, mas declarou, de forma muito marcante, a eficácia da importunação.
Sua fala, ímpia como foi, pode ser vista como rentável para as nossas almas; conforme a aplicação feita por nosso Senhor.
Todos nós, do ponto de vista espiritual, nos se assemelhamos a esta viúva indefesa.
Estamos cercados de inimigos no nosso interior e também externamente: nossos conflitos com a corrupção do pecado que habita em nós são grandes e múltiplos. Temos, sobretudo, que lutar com todos os poderes das trevas; e não temos em nós mesmos qualquer força para resistir aos nossos adversários.
Mas Deus, o juiz de todos, nos ajudará se apelarmos a ele.
Deus tem prometido ouvir as súplicas de seu povo; ele tem declarado que ele não irá lançar fora a qualquer pessoa que vier a ele.
Ele pode, de fato, por razões sábias atrasar as respostas à oração; ele pode suportar tanto tempo com a gente, como para nos fazer pensar que ele não irá ouvir, mas ele nunca vai deixar de nos socorrer em qualquer época.
Isto pode ser fortemente deduzido a partir da citada parábola.
A viúva era uma estranha sem qualquer relacionamento com o juiz; mas nós somos eleitos de Deus, seu povo peculiar e favorito. O juiz injusto não estava interessado na concessão de seu pedido; mas a honra de Deus se preocupa em aliviar as necessidades das pessoas do seu povo. Podemos até tratá-lo na língua de Davi, Sl 74.22. Havia pouca esperança de prevalecer com tal juiz injusto e não misericordioso, mas nós tratamos com um compassivo Pai de amor. Além disso, a viúva não tinha ninguém para interceder por ela, mas temos um advogado justo e todo-suficiente.
Ela estava em perigo de irritar o juiz por suas súplicas; mas quanto mais importunos somos, mais Deus se agrada de nós, Isa 62.7. Ela, apesar de todas as suas dificuldades, obteve resposta ao seu pedido. Quanto mais, iremos nós, que em vez de suas dificuldades, temos esses incentivos abundantes! Certamente esta dedução é tão consoladora quanto simples e óbvia, e nosso Senhor, com sinceridade peculiar, o confirma: “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça.“.
Há muito pouco de tal importunação para ser achada; nem é de se admirar, uma vez que há tão pouca "fé sobre a Terra".
A fé é o princípio de onde a oração sincera procede. Se nós cremos nas declarações de Deus, devemos nos sentir fracos e indefesos; se cremos nas suas promessas, vamos reconhecer a sua prontidão para nos ajudar, e se cremos na realidade e importância das coisas eternas, vamos fervorosamente buscar a ajuda de Deus; nem estaremos indispostos por esperar até que ele nos responda. Mas quão pouco há de tal fé no mundo! Quão poucos são fiéis às convicções de suas próprias consciências! Quão poucos mantêm essa constância santa e fervor na oração! Quão poucos podem ser realmente chamados de um povo íntimo de Deus!
Se Cristo viesse agora para juízo, iria encontrar esta fé em nós?
Alguns vivem sem qualquer reconhecimento de Deus na oração; eles parecem ter esquecido de que haverá um dia de julgamento; outros se envolvem com seus deveres habituais e ficam satisfeitos com um recital sem sentido de certas palavras. Há outros ainda que sob a pressão da aflição irão clamar a Deus, mas logo se cansarão de um serviço no qual eles não têm prazer. Poucos, muito poucos, é para ser lamentado, se assemelham à viúva importuna. Poucos oram, como se eles cressem completamente na eficácia da oração. Se Cristo viesse agora ele encontraria tal fé em nós? Ele certamente irá investigar o que diz respeito à nossa fé, como às nossas obras, e se nós não temos a fé que nos estimula à oração, ele lançará a nossa parte com os infiéis.
Tradução, adaptação e redução feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Simeon, em domínio público.


Lucas 18.9-14:

Lucas 18.9 Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
Lucas 18.10 Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.
Lucas 18.11 O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano.
Lucas 18.12 Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
Lucas 18.13 Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador!
Lucas 18.14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.

Em várias outras passagens Jesus havia repreendido a confiança que os escribas e fariseus depositavam em suas práticas religiosas externas sem que houvesse um devido acompanhamento do conhecimento da Palavra e do poder de Deus aplicado às suas vidas.
Eles negligenciavam a justiça, a fé, o amor, a misericórdia de Deus, e punham toda a sua confiança para serem aceitos por Ele no simples fato de jejuarem, serem dizimistas e por observarem as práticas cerimoniais que eles haviam inventado.
Para demonstrar a insensatez deles Jesus contou esta parábola para mostrar que nada disto os tornava justos aos olhos de Deus, e que a confiança na própria justiça que os levava a desprezarem outras pessoas que não agiam como eles, era totalmente infundada.
E a comparação foi de tal ordem contundente e impressiva que o desprezado da parábola não foi um pecador comum, senão um publicano que era odiado pelos judeus por cobrar deles impostos para Roma, e não raro se apropriava de parte dos valores arrecadados.
O publicano, por seu arrependimento e humildade diante de Deus foi justificado, enquanto que o orgulhoso fariseu se gabava em sua oração dirigida para si mesmo, apesar de ter usado o nome de Deus, por ser diferente dos demais homens, pois não roubava, não era injusto e nem ainda adúltero como aquele publicano que Deus havia justificado. Além disso achava que o fato de jejuar duas vezes por semana e dar o dízimo de tudo quanto tinha o recomendava a Deus.
Ele foi rebaixado porque se exaltava, e o publicano foi exaltado porque se humilhou.
A salvação e a nossa aceitação por Deus são consequência exclusiva da sua grande graça e misericórdia e não de algum bom ato praticado por nós, ou por algum mérito que pensemos ter diante dele.
Todos somos dotados de uma natureza que foi corrompida pelo pecado, e por melhores ou piores que sejamos, nos encontramos nas mesmas condições perante Deus no que diz respeito à nossa justificação (salvação) por ele, a qual sempre será concedida pela graça e mediante a fé..
Cremos que o publicano que foi justificado não teve mais motivos para se envergonhar, por suas más obras, a ponto de sequer ser considerado digno de elevar os olhos ao céu, pois em Jesus, temos paz com Deus e nos tornamos seus filhos amados. O pecado já não terá mais domínio sobre nós, porque a graça nos dá uma nova inclinação para o senhorio de Deus, e não do pecado.


Lucas 18.15-17 - Vide Mateus 19.13-15

Lucas 18.15 Traziam-lhe também as crianças, para que as tocasse; mas os discípulos, vendo isso, os repreendiam.
Lucas 18.16 Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
Lucas 18.17 Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de modo algum entrará nele.


Lucas 18.18-23 - Vide Mateus 19.6-23

Lucas 18.18 E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
Lucas 18.19 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.
Lucas 18.20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.
Lucas 18.21 Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
Lucas 18.22 Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
Lucas 18.23 Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico.


Lucas 18.24-30 - Vide Mateus 19.23-30

Lucas 18.24 E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
Lucas 18.25 Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
Lucas 18.26 Então os que ouviram isso disseram: Quem pode, então, ser salvo?
Lucas 18.27 Respondeu-lhes: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
Lucas 18.28 Disse-lhe Pedro: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos.
Lucas 18.29 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por amor do reino de Deus,
Lucas 18.30 que não haja de receber no presente muito mais, e no mundo vindouro a vida eterna.


Lucas 18.31-34 - Vide Mateus 20.17-19

Lucas 18.31 Tomando Jesus consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito;
Lucas 18.32 pois será entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido;
Lucas 18.33 e depois de o açoitarem, o matarão; e ao terceiro dia ressurgirá.
Lucas 18.34 Mas eles não entenderam nada disso; essas palavras lhes eram obscuras, e não percebiam o que lhes dizia.


Lucas 18.35-43 - Vide Mateus 20.29-34

Lucas 18.35 Ora, quando ele ia chegando a Jericó, estava um cego sentado junto do caminho, mendigando.
Lucas 18.36 Este, pois, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo.
Lucas 18.37 Disseram-lhe que Jesus, o nazareno, ia passando.
Lucas 18.38 Então ele se pôs a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Lucas 18.39 E os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse; ele, porém, clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Lucas 18.40 Parou, pois, Jesus, e mandou que lho trouxessem. Tendo ele chegado, perguntou-lhe:
Lucas 18.41 Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja.
Lucas 18.42 Disse-lhe Jesus: Vê; a tua fé te salvou.
Lucas 18.43 Imediatamente recuperou a vista, e o foi seguindo, gloficando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus.







Lucas 19

Lucas 19.1-10:

Lucas 19.1 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.
Lucas 19.2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico.
Lucas 19.3 Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.
Lucas 19.4 E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali.
Lucas 19.5 Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa.
Lucas 19.6 Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria.
Lucas 19.7 Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador.
Lucas 19.8 Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.
Lucas 19.9 Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
Lucas 19.10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.

Aqueles que, como Zaqueu, desejam sinceramente ver a Cristo, vencerão qualquer obstáculo e se esforçarão para vê-lo. Cristo oferece uma visita à casa de Zaqueu. Aonde quer que Cristo vá, abre o coração daqueles que são sinceros, inclinando-os a recebê-lo. Aqueles que desejam seguir a Cristo serão conhecidos por Ele, e os que são chamados por Cristo devem se humilhar e descer de suas posições.
Bem podemos receber com gozo aquele que traz consigo todo o bem. Zaqueu deu provas públicas de ter chegado a ser um verdadeiro convertido. Este não procura ser justificado por suas obras, como o fariseu, mas por suas boas obras demonstra a sinceridade de sua fé, e o arrependimento pela graça de Deus. Zaqueu é considerado feliz, agora que se voltou do pecado a Deus.
Agora que é salvo de seus pecados, de sua culpa, do poder destes, todos os benefícios da salvação já são seus Cristo veio à sua casa, e aonde Cristo vai, chega com Ele a salvação. Veio a este mundo perdido para buscá-lo e salvá-lo. o seu objetivo é salvar, e não há salvação em nenhum outro, senão em Jesus Cristo. Ele busca aqueles que não o buscam, e que nem mesmo perguntam por Ele.

Lucas 19.11-27:

Lucas 19.11 Ouvindo eles isso, prosseguiu Jesus, e contou uma parábola, visto estar ele perto de Jerusalém, e pensarem eles que o reino de Deus se havia de manifestar imediatamente.
Lucas 19.12 Disse pois: Certo homem nobre partiu para uma terra longínqua, a fim de tomar posse de um reino e depois voltar.
Lucas 19.13 E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha.
Lucas 19.14 Mas os seus concidadãos odiavam-no, e enviaram após ele uma embaixada, dizendo: Não queremos que este homem reine sobre nós.
Lucas 19.15 E sucedeu que, ao voltar ele, depois de ter tomado posse do reino, mandou chamar aqueles servos a quem entregara o dinheiro, a fim de saber como cada um havia negociado.
Lucas 19.16 Apresentou-se, pois, o primeiro, e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.
Lucas 19.17 Respondeu-lhe o senhor: Bem está, servo bom! porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade.
Lucas 19.18 Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas.
Lucas 19.19 A este também respondeu: Sê tu também sobre cinco cidades.
Lucas 19.20 E veio outro, dizendo: Senhor, eis aqui a tua mina, que guardei num lenço;
Lucas 19.21 pois tinha medo de ti, porque és homem severo; tomas o que não puseste, e ceifas o que não semeaste.
Lucas 19.22 Disse-lhe o Senhor: Servo mau! pela tua boca te julgarei; sabias que eu sou homem severo, que tomo o que não pus, e ceifo o que não semeei;
Lucas 19.23 por que, pois, não puseste o meu dinheiro no barco? então vindo eu, o teria retirado com os juros.
Lucas 19.24 E disse aos que estavam ali: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem as dez minas.
Lucas 19.25 Responderam-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas.
Lucas 19.26 Pois eu vos digo que a todo o que tem, dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
Lucas 19.27 Quanto, porém, àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim.

O teor desta parábola é semelhante à dos talentos que se encontra comentada em Mateus 25.14-30.


Lucas 19.28-44 - Vide Mateus 21.1-11 ou João 12.12-19

Lucas 19.28 Tendo Jesus assim falado, ia caminhando adiante deles, subindo para Jerusalém.
Lucas 19.29 Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se chama das Oliveiras, enviou dois dos discípulos,
Lucas 19.30 dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou; desprendei-o e trazei-o.
Lucas 19.31 Se alguém vos perguntar: Por que o desprendeis? respondereis assim: O Senhor precisa dele.
Lucas 19.32 Partiram, pois, os que tinham sido enviados, e acharam conforme lhes dissera.
Lucas 19.33 Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho?
Lucas 19.34 Responderam eles: O Senhor precisa dele.
Lucas 19.35 Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os seus mantos sobre o jumentinho, fizeram que Jesus montasse.
Lucas 19.36 E, enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus mantos.
Lucas 19.37 Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinha visto,
Lucas 19.38 dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.
Lucas 19.39 Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos.
Lucas 19.40 Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.
Lucas 19.41 E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela,
Lucas 19.42 dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos.
Lucas 19.43 Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados,
Lucas 19.44 e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação.


Lucas 19.45.48 - Vide Mateus 21.12-17

Lucas 19.45 Então, entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam,
Lucas 19.46 dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração; vós, porém, a fizestes covil de salteadores.
Lucas 19.47 E todos os dias ensinava no templo; mas os principais sacerdotes, os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo;


Lucas 19.48 mas não achavam meio de o fazer; porque todo o povo ficava enlevado ao ouvi-lo.






Lucas 20

Lucas 20.1-8 - Vide Mateus 21.23-27

Lucas 20.1 Num desses dias, quando Jesus ensinava o povo no templo, e anunciava o evangelho, sobrevieram os principais sacerdotes e os escribas, com os anciãos.
Lucas 20.2 e falaram-lhe deste modo: Dize-nos, com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou, quem é o que te deu esta autoridade?
Lucas 20.3 Respondeu-lhes ele: Eu também vos farei uma pergunta; dizei-me, pois:
Lucas 20.4 O batismo de João era do céu ou dos homens?
Lucas 20.5 Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: do céu, ele dirá: Por que não crestes?
Lucas 20.6 Mas, se dissermos: Dos homens, todo o povo nos apedrejará; pois está convencido de que João era profeta.
Lucas 20.7 Responderam, pois, que não sabiam donde era.
Lucas 20.8 Replicou-lhes Jesus: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.


Lucas 20.9-18 - Vide Mateus 21.33-46

Lucas 20.9 Começou então a dizer ao povo esta parábola: Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se do país por muito tempo.
Lucas 20.10 No tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
Lucas 20.11 Tornou a mandar outro servo; mas eles espancaram também a este e, afrontando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
Lucas 20.12 E mandou ainda um terceiro; mas feriram também a este e lançaram-no fora.
Lucas 20.13 Disse então o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; a ele talvez respeitarão.
Lucas 20.14 Mas quando os lavradores o viram, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança seja nossa.
Lucas 20.15 E lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o senhor da vinha?
Lucas 20.16 Virá e destruirá esses lavradores, e dará a vinha a outros. Ouvindo eles isso, disseram: Tal não aconteça!
Lucas 20.17 Mas Jesus, olhando para eles, disse: Pois, que quer dizer isto que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular?
Lucas 20.18 Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.


Lucas 20.19-26 - Vide Mateus 22.15-22

Lucas 20.19 Ainda na mesma hora os escribas e os principais sacerdotes, percebendo que contra eles proferira essa parábola, procuraram deitar-lhe as mãos, mas temeram o povo.
Lucas 20.20 E, aguardando oportunidade, mandaram espias, os quais se fingiam justos, para o apanharem em alguma palavra, e o entregarem à jurisdição e à autoridade do governador.
Lucas 20.21 Estes, pois, o interrogaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus;
Lucas 20.22 é-nos lícito dar tributo a César, ou não?
Lucas 20.23 Mas Jesus, percebendo a astúcia deles, disse-lhes:
Lucas 20.24 Mostrai-me um denário. De quem é a imagem e a inscrição que ele tem? Responderam: De César.
Lucas 20.25 Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Lucas 20.26 E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e admirados da sua resposta, calaram-se.


Lucas 20.27-40 - Vide Mateus 22-23-33

Lucas 20.27 Chegaram então alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe:
Lucas 20.28 Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, tendo mulher mas não tendo filhos, o irmão dele case com a viúva, e suscite descendência ao irmão.
Lucas 20.29 Havia, pois, sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos;
Lucas 20.30 então o segundo, e depois o terceiro, casaram com a viúva;
Lucas 20.31 e assim todos os sete, e morreram, sem deixar filhos.
Lucas 20.32 Depois morreu também a mulher.
Lucas 20.33 Portanto, na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
Lucas 20.34 Respondeu-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casaram-se e dão-se em casamento;
Lucas 20.35 mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento;
Lucas 20.36 porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
Lucas 20.37 Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moisés o mostrou, na passagem a respeito da sarça, quando chama ao Senhor; Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
Lucas 20.38 Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem.
Lucas 20.39 Responderam alguns dos escribas: Mestre, disseste bem.
Lucas 20.40 Não ousavam, pois, perguntar-lhe mais coisa alguma.


Lucas 20.41-44 - Vide Mateus 22.41-46

Lucas 20.41 Jesus, porém, lhes perguntou: Como dizem que o Cristo é filho de Davi?
Lucas 20.42 Pois o próprio Davi diz no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
Lucas 20.43 até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.
Lucas 20.44 Logo Davi lhe chama Senhor como, pois, é ele seu filho?


Lucas 20.45-47 - Vide Mateus 23.1-12

Lucas 20.45 Enquanto todo o povo o ouvia, disse Jesus aos seus discípulos:
Lucas 20.46 Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas, e gostam das saudações nas praças, dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes;
Lucas 20.47 que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, longas orações; estes hão de receber maior condenação.






Lucas 21

Lucas 21.1-4:

Lucas 21.1 Jesus, levantando os olhos, viu os ricos deitarem as suas ofertas no cofre;
Lucas 21.2 viu também uma pobre viúva lançar ali dois denários;
Lucas 21.3 e disse: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos;
Lucas 21.4 porque todos aqueles deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para o seu sustento.

Jesus havia acabado de advertir seus discípulos para se guardarem de imitar os escribas, porque estes "querem andar com vestes compridas, e gostam das saudações nas praças, dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes; que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, longas orações; estes hão de receber maior condenação.(Lucas 20.24-27).
E o motivo da maior condenação que eles receberiam por devorar as casas das viúvas foi revelado por ele aos discípulos na prática, quando lhes mostrou uma viúva pobre lançando no cofre do templo todo o seu salário de um dia, relativo ao seu sustento, com a intenção de que fosse usado para atender às necessidades de outros pobres como ela.
E sabidamente a administração dos escribas não era justa e honesta - ao contrário eram exploradores do povo, e especialmente dos pobres (alguma semelhança com os nossos dias?) e certamente isto seria contado por Deus como uma agravante contra eles no dia do juízo. 
Há um outro ensino importante nesta curta passagem para desestimular aos que confiam que estão contribuindo muito para Deus quando fazem grandes ofertas, e desprezam aquelas que são de pequeno vulto segundo a consideração deles, pois, para Deus, o real valor é segundo a proporcionalidade do que temos e não do quanto demos, e também não deixa de julgar o motivo e o modo com que ofertamos, se com fé e amor, ou para nos gabarmos diante dos outros.
Faríamos bem em sempre lembrar o que sucedeu a Ananias e Safira. 


Lucas 21.5,6 - Vide Mateus 24.1,2

Lucas 21.5 E falando-lhe alguns a respeito do templo, como estava ornado de formosas pedras e dádivas, disse ele:
Lucas 21.6 Quanto a isto que vedes, dias virão em que não se deixará aqui pedra sobre pedra, que não seja derribada.


Lucas 21.7-19 - Vide Mateus 24.3-14

Lucas 21.7 Perguntaram-lhe então: Mestre, quando, pois, sucederão estas coisas? E que sinal haverá, quando elas estiverem para se cumprir?
Lucas 21.8 Respondeu então ele: Acautelai-vos; não sejais enganados; porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu; e: O tempo é chegado; não vades após eles.
Lucas 21.9 Quando ouvirdes de guerras e tumultos, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim não será logo.
Lucas 21.10 Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino;
Lucas 21.11 e haverá em vários lugares grandes terremotos, e pestes e fomes; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.
Lucas 21.12 Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome.
Lucas 21.13 Isso vos acontecerá para que deis testemunho.
Lucas 21.14 Proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de fazer a vossa defesa;
Lucas 21.15 porque eu vos darei boca e sabedoria, a que nenhum dos vossos adversáriospoderá resistir nem contradizer.
Lucas 21.16 E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;
Lucas 21.17 e sereis odiados de todos por causa do meu nome.
Lucas 21.18 Mas não se perderá um único cabelo da vossa cabeça.
Lucas 21.19 Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas.


Lucas 21.20-24 - Vide Mateus 24.15-28

Lucas 21.20 Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação.
Lucas 21.21 Então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os que estiverem nos campos não entrem nela.
Lucas 21.22 Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas.
Lucas 21.23 Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! porque haverá grande angústia sobre a terra, e ira contra este povo.
Lucas 21.24 E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem.


Lucas 21.25-28 - Vide Mateus 24.29-31

Lucas 21.25 E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
Lucas 21.26 os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
Lucas 21.27 Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória.
Lucas 21.28 Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima.


Lucas 21.29-38 - Vide Mateus 24.32-44

Lucas 21.29 Propôs-lhes então uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores;
Lucas 21.30 quando começam a brotar, sabeis por vós mesmos, ao vê-las, que já está próximo o verão.
Lucas 21.31 Assim também vós, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que o reino de Deus está próximo.
Lucas 21.32 Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo isso se cumpra.
Lucas 21.33 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
Lucas 21.34 Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.
Lucas 21.35 Porque há de vir sobre todos os que habitam na face da terra.
Lucas 21.36 Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem.
Lucas 21.37 Ora, de dia ensinava no templo, e à noite, saindo, pousava no monte chamado das Oliveiras.
Lucas 21.38 E todo o povo ia ter com ele no templo, de manhã cedo, para o ouvir.









Lucas 22

Lucas 22.1-4 - Vide Mateus 26.14-16

Lucas 22.1 Aproximava-se a festa dos pães ázimos, que se chama a páscoa.
Lucas 22.2 E os principais sacerdotes e os escribas andavam procurando um modo de o matar; pois temiam o povo.
Lucas 22.3 Entrou então Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, que era um dos doze;
Lucas 22.4 e foi ele tratar com os principais sacerdotes e com os capitães de como lho entregaria.



Lucas 22.5,6

Lucas 22.5 Eles se alegraram com isso, e convieram em lhe dar dinheiro.
Lucas 22.6 E ele concordou, e buscava ocasião para lho entregar sem alvoroço.


Lucas 22.7-13 - Vide Mateus 26.17-19

Lucas 22.7 Ora, chegou o dia dos pães ázimos, em que se devia imolar a páscoa;
Lucas 22.8 e Jesus enviou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos.
Lucas 22.9 Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos?
Lucas 22.10 Respondeu-lhes: Quando entrardes na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem, levando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar.
Lucas 22.11 E direis ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
Lucas 22.12 Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos.
Lucas 22.13 Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a páscoa.


Lucas 22.14-18:

Lucas 22.14 E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.
Lucas 22.15 E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão;
Lucas 22.16 pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.
Lucas 22.17 Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;
Lucas 22.18 porque vos digo que desde agora não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.


Lucas 22.19-23 - Vide Mateus 26.26-30

Lucas 22.19 E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
Lucas 22.20 Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós.
Lucas 22.21 Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa.
Lucas 22.22 Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
Lucas 22.23 Então eles começaram a perguntar entre si qual deles o que ia fazer isso.


Lucas 22.24-30:

Lucas 22.24 Levantou-se também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior.
Lucas 22.25 Ao que Jesus lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que sobre eles exercem autoridade são chamados benfeitores.
Lucas 22.26 Mas vós não sereis assim; antes o maior entre vós seja como o mais novo; e quem governa como quem serve.
Lucas 22.27 Pois qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve? porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve.
Lucas 22.28 Mas vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas provações;
Lucas 22.29 e assim como meu Pai me conferiu domínio, eu vo-lo confiro a vós;
Lucas 22.30 para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos senteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.

Um texto semelhante a este está comentado em Mateus 20.20-28.


Lucas 22.31-34 - Vide Mateus 26.31-35

Lucas 22.31 Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo;
Lucas 22.32 mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos.
Lucas 22.33 Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.
Lucas 22.34 Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces.


Lucas 22.35-48:

Lucas 22.35 E perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.
Lucas 22.36 Disse-lhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a.
Lucas 22.37 Porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento.
Lucas 22.38 Disseram eles: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta.
Lucas 22.39 Então saiu e, segundo o seu costume, foi para o Monte das Oliveiras; e os discípulos o seguiam.
Lucas 22.40 Quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.
Lucas 22.41 E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava,
Lucas 22.42 dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.
Lucas 22.43 Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava.
Lucas 22.44 E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.
Lucas 22.45 Depois, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza;
Lucas 22.46 e disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.
Lucas 22.47 E estando ele ainda a falar, eis que surgiu uma multidão; e aquele que se chamava Judas, um dos doze, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar.
Lucas 22.48 Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?


Lucas 22.49-53 - Vide Mateus 26.47-56 ou João 18.1-11

Lucas 22.49 Quando os que estavam com ele viram o que ia suceder, disseram: Senhor, feri-los-emos a espada?
Lucas 22.50 Então um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita.
Lucas 22.51 Mas Jesus disse: Deixei-os; basta. E tocando-lhe a orelha, o curou.
Lucas 22.52 Então disse Jesus aos principais sacerdotes, oficiais do templo e anciãos, que tinham ido contra ele: Saístes, como a um salteador, com espadas e varapaus?
Lucas 22.53 Todos os dias estava eu convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim; mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.


Lucas 22.54-65 - Vide Mateus 26.69-75 ou João 15.18, 25-27

Lucas 22.54 Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote; e Pedro seguia-o de longe.
Lucas 22.56 E tendo eles acendido fogo no meio do pátio e havendo-se sentado à roda, sentou-se Pedro entre eles.
Lucas 22.57 Mas Pedro o negou, dizendo: Mulher, não o conheço.
Lucas 22.58 Daí a pouco, outro o viu, e disse: Tu também és um deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou.
Lucas 22.59 E, tendo passado quase uma hora, outro afirmava, dizendo: Certamente este também estava com ele, pois é galileu.
Lucas 22.60 Mas Pedro respondeu: Homem, não sei o que dizes. E imediatamente estando ele ainda a falar, cantou o galo.
Lucas 22.61 Virando-se o Senhor, olhou para Pedro; e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás.
Lucas 22.62 E, havendo saído, chorou amargamente.
Lucas 22.63 Os homens que detinham Jesus zombavam dele, e feriam-no;
Lucas 22.64 e, vendando-lhe os olhos, perguntavam, dizendo: Profetiza, quem foi que te bateu?
Lucas 22.65 E, blasfemando, diziam muitas outras coisas contra ele.


Lucas 22.66-71 - Vide Mateus 26.57-68

Lucas 22.66 Logo que amanheceu reuniu-se a assembleia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o conduziam ao sinédrio deles, onde lhe disseram:
Lucas 22.67 Se tu és o Cristo, dize-no-lo. Replicou-lhes ele: Se eu vo-lo disser, não o crereis;
Lucas 22.68 e se eu vos interrogar, de modo algum me respondereis.
Lucas 22.69 Mas desde agora estará assentado o Filho do homem à mão direita do poder de Deus.
Lucas 22.70 Ao que perguntaram todos: Logo, tu és o Filho de Deus? Respondeu-lhes: Vós dizeis que eu sou.
Lucas 22.71 Então disseram: Por que ainda temos necessidade de testemunho? pois nós mesmos o ouvimos da sua própria boca.





Lucas 23

Lucas 23.1-25 - Vide Mateus 27.1-26 ou João 18.28-19.16

Lucas 23.1 E levantando-se toda a multidão deles, conduziram Jesus a Pilatos.
Lucas 23.2 E começaram a acusá-lo, dizendo: Achamos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser ele mesmo Cristo, rei.
Lucas 23.3 Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
Lucas 23.4 Então disse Pilatos aos principais sacerdotes, e às multidões: Não acho culpa alguma neste homem.
Lucas 23.5 Eles, porém, insistiam ainda mais, dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a Judeia, começando desde a Galileia até aqui.
Lucas 23.6 Então Pilatos, ouvindo isso, perguntou se o homem era galileu;
Lucas 23.7 e, quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também naqueles dias estava em Jerusalém.
Lucas 23.8 Ora, quando Herodes viu a Jesus, alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e esperava ver algum sinal feito por ele;
Lucas 23.9 e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu.
Lucas 23.10 Estavam ali os principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência.
Lucas 23.11 Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.
Lucas 23.12 Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes andavam em inimizade um com o outro.
Lucas 23.13 Então Pilatos convocou os principais sacerdotes, as autoridades e o povo,
Lucas 23.14 e disse-lhes: Apresentastes-me este homem como pervertedor do povo; e eis que, interrogando-o diante de vós, não achei nele nenhuma culpa, das de que o acusais;
Lucas 23.15 nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar; e eis que não tem feito ele coisa alguma digna de morte.
Lucas 23.16 Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
Lucas 23.17 [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.]
Lucas 23.18 Mas todos clamaram à uma, dizendo: Fora com este, e solta-nos Barrabás!
Lucas 23.19 Ora, Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio.
Lucas 23.20 Mais uma vez, pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar a Jesus.
Lucas 23.21 Eles, porém, brandavam, dizendo: Crucifica-o! crucifica-o!
Lucas 23.22 Falou-lhes, então, pela terceira vez: Pois, que mal fez ele? Não achei nele nenhuma culpa digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
Lucas 23.23 Mas eles instavam com grandes brados, pedindo que fosse crucificado. E prevaleceram os seus clamores.
Lucas 23.24 Então Pilatos resolveu atender-lhes o pedido;
Lucas 23.25 e soltou-lhes o que fora lançado na prisão por causa de sedição e de homicídio, que era o que eles pediam; mas entregou Jesus à vontade deles.


Lucas 23.26 - Vide Mateus 27.32

Lucas 23.26 Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus.


Lucas 23.27-32:

Lucas 23.27 Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais o pranteavam e lamentavam.
Lucas 23.28 Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos.
Lucas 23.29 Porque dias hão de vir em que se dirá: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!
Lucas 23.30 Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós; e aos outeiros: Cobri-nos.
Lucas 23.31 Porque, se isto se faz no lenho verde, que se fará no seco?
Lucas 23.32 E levavam também com ele outros dois, que eram malfeitores, para serem mortos.


Lucas 23.33-38 - Vide Mateus 27.33-44 ou João 19.17-27

Lucas 23.33 Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
Lucas 23.34 Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas.
Lucas 23.35 E o povo estava ali a olhar. E as próprias autoridades zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou; salve-se a si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus.
Lucas 23.36 Os soldados também o escarneciam, chegando-se a ele, oferecendo-lhe vinagre,
Lucas 23.37 e dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
Lucas 23.38 Por cima dele estava esta inscrição [em letras gregas, romanas e hebraicas:] ESTE É O REI DOS JUDEUS.


Lucas 23.39-43:

Lucas 23.39 Então um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava dele, dizendo: Não és tu o Cristo? salva-te a ti mesmo e a nós.
Lucas 23.40 Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação?
Lucas 23.41 E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que os nossos feitos merecem; mas este nenhum mal fez.
Lucas 23.42 Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
Lucas 23.43 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.


Lucas 23.44-49 - Vide Mateus 27.45-56 ou João 19.28-30

Lucas 23.44 Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora nona, pois o sol se escurecera;
Lucas 23.45 e rasgou-se ao meio o véu do santuário.
Lucas 23.46 Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.
Lucas 23.47 Quando o centurião viu o que acontecera, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.
Lucas 23.48 E todas as multidões que presenciaram este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltaram batendo no peito.
Lucas 23.49 Entretanto, todos os conhecidos de Jesus, e as mulheres que o haviam seguido desde a Galileia, estavam de longe vendo estas coisas.


Lucas 23.50-56 - Vide Mateus 27.57,61 ou João 19-38-42

Lucas 23.50 Então um homem chamado José, natural de Arimateia, cidade dos judeus, membro do sinédrio, homem bom e justo,
Lucas 23.51 o qual não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, e que esperava o reino de Deus,
Lucas 23.52 chegando a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus;
Lucas 23.53 e tirando-o da cruz, envolveu-o num pano de linho, e pô-lo num sepulcro escavado em rocha, onde ninguém ainda havia sido posto.
Lucas 23.54 Era o dia da preparação, e ia começar o sábado.
Lucas 23.55 E as mulheres que tinham vindo com ele da Galileia, seguindo a José, viram o sepulcro, e como o corpo foi ali depositado.
Lucas 23.56 Então voltaram e prepararam especiarias e unguentos. E no sábado repousaram, conforme o mandamento.






Lucas 24

Lucas 24.1-12 - Vide Mateus 28.1-10

Lucas 24.1 Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado.
Lucas 24.2 E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
Lucas 24.3 Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
Lucas 24.4 E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes apareceram dois varões em vestes resplandecentes;
Lucas 24.5 e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive?
Lucas 24.6 Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galileia.
Lucas 24.7 dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja.
Lucas 24.8 Lembraram-se, então, das suas palavras;
Lucas 24.9 e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.
Lucas 24.10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos.
Lucas 24.11 E pareceram-lhes como um delírio as palavras das mulheres e não lhes deram crédito.
Lucas 24.12 Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido.


Lucas 24-13-35:

Lucas 24.13 Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios;
Lucas 24.14 e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido.
Lucas 24.15 Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles;
Lucas 24.16 mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.
Lucas 24.17 Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes.
Lucas 24.18 E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias?
Lucas 24.19 Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo.
Lucas 24.20 e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram.
Lucas 24.21 Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.
Lucas 24.22 Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro
Lucas 24.23 e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo.
Lucas 24.24 Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram.
Lucas 24.25 Então ele lhes disse: ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram!
Lucas 24.26 Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?
Lucas 24.27 E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
Lucas 24.28 Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe.
Lucas 24.29 Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
Lucas 24.30 Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava.
Lucas 24.31 Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles.
Lucas 24.32 E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?
Lucas 24.33 E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles,
Lucas 24.34 os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão.
Lucas 24.35 Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão.

Temos aqui a aparição de Cristo aos dois discípulos que iam caminhando para a aldeia de Emaús no mesmo dia em que havia ressuscitado.
O nome de um deles é mencionado, Cleopas, e pelo teor inicial de sua conversação com o Senhor denota-se que se encontravam muito desconsolados com a sua morte, ainda depois de terem se passado três dias. Talvez este seja um dos motivos pelos quais nosso Senhor lhes apareceu, com o intento de consolá-los e confirmar a fé de ambos para que dessem testemunho dele posteriormente sem qualquer dúvida a respeito da sua ressurreição.
Aqueles eram dias difíceis quando os cristãos estavam sendo perseguidos duramente pelas autoridades religiosas de Israel, e não seria nada popular proclamar uma notícia, como a da ressurreição do Senhor, que em vez de aplauso geraria perseguição. Então, esta é mais uma das evidências de que aqueles que deram testemunho da ressurreição do Senhor o haviam feito com o risco de perderem suas vidas, e não seria de se esperar que o fizessem caso não tivessem uma firme convicção acerca disso, a qual era confirmada pelo testemunho interno do Espirito Santo em seus corações.
Para o mesmo propósito deste testemunho, não bastava apenas que tivessem visto o Cristo ressuscitado, mas que compreendessem o teor de todas as Escrituras relativas à sua pessoa, e por este motivo o Senhor abriu o entendimento de ambos e e lhes expôs tudo o que havia sido profetizado a seu respeito, começando pelo Pentateuco escrito por Moisés.
Tão amável é a presença do Senhor que os dois discípulos o constrangeram a permanecer na companhia deles durante a noite que se aproximava, e ele consentiu nisto.
Dá para conceber, pelo Espirito, a grande alegria que invadiu o coração de ambos em não somente verem o o Seu Senhor e Salvador ressuscitado, como também desfrutando pessoalmente da companhia deles.
Eles não haviam reconhecido inicialmente o Senhor pelo seu rosto, mas puderam reconhecê-lo por sua palavra, e de igual modo sucede conosco que agora amamos o Senhor estando ele invisível, mas que se revela a nós pela sua palavra.
Quando Jesus se retirou deles logo foram ter com os apóstolos que se encontravam com outros discípulos em Jerusalém.
Aqueles que dariam testemunho do evangelho estavam tendo o privilégio de ver o Senhor ressuscitado, coisas que não estava ocorrendo com os incrédulos, pois isto não somente de nada lhes aproveitaria, como também para a glória de Deus.


Lucas 24.36-43 - Vide João 20.19-23

Lucas 24.36 Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco.
Lucas 24.37 Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.
Lucas 24.38 Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? e por que surgem dúvidas em vossos corações?
Lucas 24.39 Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho.
Lucas 24.40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
Lucas 24.41 Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer?
Lucas 24.42 Então lhe deram um pedaço de peixe assado,
Lucas 24.43 o qual ele tomou e comeu diante deles.


Lucas 24.44-49:

Lucas 24.44 Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.
Lucas 24.45 Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;
Lucas 24.46 e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;
Lucas 24.47 e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.
Lucas 24.48 Vós sois testemunhas destas coisas.
Lucas 24.49 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.

Lucas registra a ordem que foi dada por Jesus aos discípulos para que permanecessem em Jerusalém em oração até que fossem revestidos do alto com o poder do Espírito Santo, que seria derramado no dia de Pentecostes.
Ele antecipa também a informação da ascensão de nosso Senhor, nos versículos finais do seu evangelho, e voltaria a registrá-la no início do livro de Atos, também escrito por ele, dando outras informações do que ocorreu neste dia, e nos que se seguiram a ele, quando o evangelho começou a ser pregado em Jerusalém, na Judéia, Samaria, e até aos confins da terra.


Lucas 24.50-53:

Lucas 24.50 Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou.
Lucas 24.51 E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu.
Lucas 24.52 E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém;


Lucas 24.53 e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.



4 comentários:

  1. Estorias muito boas e real que ao lermos podemos sentir o propio JESUS CRISTO EN ESPIRITO. TODA A HONRA E TODA A GLORIA SEJA DADA AO NOSSO SENHOR E SAUVADOR JESUS CRISTO

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