domingo, 18 de outubro de 2015

Miquéias 1 a 7 - Naum 1 a 3 - Habacuque 1 a 3 - Sofonias 1 a 3

MIQUÉIAS


Miquéias 1

Nós estaremos comentando um livro do Velho Testamento, e portanto, devemos ter em conta, diante de nós, como pano de fundo, que muito do que está nele contido, se referia ao antigo pacto, o qual foi revogado em Jesus Cristo.
Convém também ser dito que se a aliança antiga foi substituída pela nova, todavia Deus não mudou. Temos aqui revelada a exata expressão do seu caráter santo e justo, que não pode aprovar o pecado em nenhuma de suas formas, e muito menos, que aqueles que criou para estarem debaixo do seu governo amoroso, não reconheçam a sua soberania.
Então, os juízos aqui declarados contra o pecado, não foram suprimidos, mas podemos como dizer que foram adiados para o dia do grande juízo, no qual será fechado o tempo da sua paciência e longanimidade, que tem vigorado na presente dispensação da graça.
Os livros do Velho Testamento, em seus juízos, são portanto, um alerta amoroso, para que nos arrependamos dos nossos pecados, e temamos ao Senhor conforme convém ser temido, para que possamos escapar da condenação eterna, da qual nosso Senhor Jesus Cristo, veio a este mundo para nos livrar.

“1Co 10:5 Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto.
1Co 10:6 Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
1Co 10:7 Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
1Co 10:8 E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil.
1Co 10:9 Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes.
1Co 10:10 Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador.
1Co 10:11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.”

Quando Miquéias começou seu ministério profético, o Reino do Norte (Israel) não havia ainda sido levado em cativeiro pelos assírios.
Mas o cativeiro estava às portas quando Miquéias começou a profetizar, porque o fizera nos dias dos reis Jotão e Acaz, do Reino do Sul (Judá).
Israel seria levado em cativeiro no sexto ano do rei Ezequias de Judá, quando o rei Oséias de Israel se encontrava no nono ano do seu reinado.
Miquéias foi, portanto, contemporâneo dos profetas Oséias e Isaías, e profetizou corroborando as mensagens destes profetas.
Por isso, encontramos logo no primeiro capítulo deste seu livro, profecias alertando sobre os julgamentos que se aproximavam para devastar tanto a Israel, quanto a Judá.
São citadas as capitais dos dois reinos: Samaria (de Israel) e Jerusalém (de Judá), porque eram nelas que se concentravam os líderes da nação israelita, tanto civis, quanto religiosos, e as ameaças diziam respeito principalmente a eles, a quem cabia trazer o povo debaixo do temor do Senhor.
Tal o mestre, tal o discípulo.
Tal o sacerdote, tal o adorador.
Isto não é necessariamente uma regra para aqueles que estão determinados a viverem segundo a reta justiça, mas é comum que o povo se deixe conduzir por aqueles que lhe lidera, sem levar em conta os frutos que são produzidos por eles.
Como eles buscavam a glória dos homens e não a de Deus, não receberam discernimento espiritual para poderem avaliar quem realmente deveria ser seguido e ouvido, e assim, cairam seduzidos nos braços dos falsos profetas vestidos em peles de ovelhas.
De tão acostumados que estavam em seguir o homem e não a Deus, mesmo quando se levantou entre eles um líder verdadeiramente piedoso, como foi o caso do rei Ezequias, eles não se deixaram persuadir e não se converteram a Deus em seus corações.
Todavia, é impossível enganar a Deus.
Por isso, Ele diz pelo profeta Miquéias que faria de Samaria um monturo, a ponto de descobrir seus fundamentos (v. 7).
As imagens de escultura seriam despedaçadas, e os salários dos que viviam daquele culto impuro seriam queimados (v. 7).
Judá havia se contaminado com o pecado de Israel.
Eles haviam entrado em alianças políticas com eles para se fortificarem, no entanto, isto somente serviu para enfraquecê-los, como o erro de Josafá, de se aparentar com a casa de Acabe, dando seu filho que viria a reinar depois dele, como esposo de Atalia, filha da perversa Jezabel.
As feridas de Israel eram incuráveis, porque de há muito vinham servindo aos bezerros de ouro e a Baal.
E, nesta aliança com eles, Judá acabou se contaminando pelo mesmo mal da idolatria.
Como as transgressões de Israel foram achadas também em Judá (v. 13), então havia um juízo lavrado da parte do Senhor sobre ambos os povos, e quando este fosse executado não deveria servir de motivo de choro, nem de lamento no pó, nem deveria ser anunciado na terra dos povos inimigos, como na cidade de Gate dos filisteus, por exemplo, porque era da parte do próprio Senhor que lhes sobreviria a ruína do Seu povo.
As alianças de Israel com os filisteus lhes enviando presentes e tributos, de nada lhes adiantaria, porque nada poderiam fazer para livrá-los, quando o Senhor enviasse sobre eles um povo poderoso que os levaria para o cativeiro, a saber, os assírios (v. 16).
Israel e Judá juntaram para si ídolos, imagens de escultura, que tomaram o lugar que é devido exclusivamente à adoração de Jeová, ignorando os dois primeiros mandamentos da Lei que Ele lhes dera através de Moisés.
Os piedosos do povo de Deus prantearam por causa destes juízos, tal como o profeta Miquéias fizera, como aqueles que choram num funeral.
É triste ver como morto quem estava destinado a viver pelo poder Espírito Santo.
Todos os pecados de Isarel e de Judá seriam julgados, com a única exceção daqueles que tiveram as suas transgressões perdoadas, porque permaneceram fiéis a Deus, crendo nele e na sua Palavra.
De igual modo, através de Miquéias, Deus está alertando às pessoas de todos os lugares e épocas, que ele não deixará de visitar com juízos todos aqueles que não tiveram os seus pecados perdoados por causa da fé em Jesus Cristo.


“1 Palavra do SENHOR que em visão veio a Miquéias, morastita, nos dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, sobre Samaria e Jerusalém.
2 Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó terra e tudo o que ela contém, e seja o SENHOR Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu santo templo.
3 Porque eis que o SENHOR sai do seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra.
4 Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera diante do fogo, como as águas que se precipitam num abismo.
5 Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel. Qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais os altos de Judá? Não é Jerusalém?
6 Por isso, farei de Samaria um montão de pedras do campo, uma terra de plantar vinhas; farei rebolar as suas pedras para o vale e descobrirei os seus fundamentos.
7 Todas as suas imagens de escultura serão despedaçadas, e todos os salários de sua impureza serão queimados, e de todos os seus ídolos eu farei uma ruína, porque do preço da prostituição os ajuntou, e a este preço volverão.
8 Por isso, lamento e uivo; ando despojado e nu; faço lamentações como de chacais e pranto como de avestruzes.
9 Porque as suas feridas são incuráveis; o mal chegou até Judá; estendeu-se até à porta do meu povo, até Jerusalém.
10 Não o anuncieis em Gate, nem choreis; revolvei-vos no pó, em Bete-Leafra.
11 Passa, ó moradora de Safir, em vergonhosa nudez; a moradora de Zaanã não pode sair; o pranto de Bete-Ezel tira de vós o vosso refúgio.
12 Pois a moradora de Marote suspira pelo bem, porque desceu do SENHOR o mal até à porta de Jerusalém.
13 Ata os corcéis ao carro, ó moradora de Laquis; foste o princípio do pecado para a filha de Sião, porque em ti se acharam as transgressões de Israel.
14 Portanto, darás presentes de despedida a Moresete-Gate; as casas de Aczibe serão para engano dos reis de Israel.
15 Enviar-te-ei ainda quem tomará posse de ti, ó moradora de Maressa; chegará até Adulão a glória de Israel.
16 Faze-te calva e tosquia-te, por causa dos filhos que eram as tuas delícias; alarga a tua calva como a águia, porque de ti serão levados para o cativeiro.”



Miquéias 2

Tornamos a lembrar que a precipitação do juízos que vieram sobre Israel e Judá, respectivamente, em 722 a.C, com os assírios, e e em 586 a.C com os babilônios, foi decorrente de estarem debaixo da antiga aliança, que prescrevia a visitação das transgressões da Lei, ainda no período de vigência daquela aliança.
Presentemente, estamos na dispensação da graça, na qual Deus tem adiado seus juízos para o Dia do Seu Grande Juízo Final.
Contudo, como já dissemos, tudo que o Senhor revelou através de Miquéias se refere ao Seu caráter santo e justo, que é imutável.
Portanto, bem irá a todo aquele que der ouvido à profecia.
Por exemplo, Deus declarou expressamente pela boca do profeta, no verso 7, quais são as pessoas às quais a Sua palavra faz bem, a saber, aos que andam retamente.
É possível ter muito conhecimento teológico, muitos dons, no entanto, pouca ou nenhuma retidão no procedimento.
O que predominava em Israel não era o amor ao próximo, mas a cobiça das propriedades alheias, para obterem por meio de fraude e violência, os bens de outros (v. 1,2).
Então o juízo de Deus, ao qual o profeta chama de mal, já havia sido lavrado contra a Sua própria família, ou seja, o Seu povo, juízo do qual não poderiam desviar a cerviz, porque lhes encurvaria os pescoços de tal forma, que não poderiam andar de cabeça erguida, quando chegasse o dia da calamidade que lhes viria da parte do Senhor (v. 3).
Como haviam cobiçado as propriedades de seus irmãos, da sua própria família de Israel, então seriam despojados dos seus bens por um povo estranho, o qual o profeta chama de rebeldes.
Isto significa que não lhes seriam tirados os seus bens porque este povo (assírio) fosse mais justo do que eles, mas para servir de um sinal que era em razão de um juízo de Deus contra os pecados dos israelitas.
Apesar das ameaças de Deus pelos Seus  profetas, os israelitas consideravam que eles estavam apenas profetizando agouros, e lhes pediam para que se calassem, porque tinham convicção de que a desgraça não cairia sobre eles (v. 6).
Este é o mesmo erro da Igreja de Laodicéia que prossegue confiante em seu caminho, apesar das profecias da Palavra de Deus que são dirigidas contra ela, e que a convocam ao arrependimento.
Os israelitas chegaram a tal ponto de endurecimento, que este fez com que não aceitassem que estivessem entristecendo o Espírito Santo.
Eles perguntavam ironicamente: “Está irritado o Espírito do Senhor?”
 Como poderia, segundo o modo de ver deles, um Espírito bom e consolador como o Espírito Santo, dizer palavras tão duras como as que eram proferidas por Miquéias?
Então voltavam a dizer: “São estas as suas obras?”
Como que ironizando que não poderia ser de modo algum obra do Espírito, os juízos aos quais estava se referindo o profeta.
O Senhor, porém, não lhes deixou sem resposta, conforme já comentamos anteriormente acerca do verso 7, no qual afirma que, eram sim as obras do Espírito, porque aquelas eram Suas palavras, uma vez que elas somente fazem o bem aos que andam retamente.
Assim, a bênção era para o que anda em retidão, e o juízo para os que não andam nos caminhos de Deus, tal como estava fazendo o povo de Israel nos dias de Miquéias.
Eles usavam de violência e roubo contra aqueles que viviam em paz.
Repudiavam suas esposas e tiravam seus filhinhos de debaixo da sua guarda.
Como poderia o Senhor permitir que um povo como aquele habitasse na terra que lhes dera por promessa, através de Abraão, sob a condição de andarem em todos os Seus mandamentos e estatutos?
Porventura não os lançaria fora dela, de forma que não fosse seu lugar de descanso, porque não havia razão para terem descanso da parte do Senhor, já que suas obras eram más?
Eles contaminavam a terra com suas obras ímpias, e o Senhor não permitiria que isto continuasse por muito tempo.
A impiedade deles havia chegado a tal ponto, que bêbados seriam bem recebidos como profetas do Senhor, porque não se importavam que se lhes profetizasse a falsidade (v. 11).
Por isso, haveria apenas boa esperança somente para o remanescente de Israel.
Deus congregaria este restante que lhe fosse fiel e os reuniria num rebanho, como ovelhas num aprisco.
Estes seriam em grande número; entrariam e sairiam pela porta do aprisco, porque o seu Rei iria adiante deles, e o profeta diz quem é este Rei, a saber o próprio Senhor.
Certamente era uma profecia para o tempo futuro, para que se revelasse que a glória de Israel dependeria de estarem unidos ao Messias, que ainda se levantaria sobre a terra, para redimir e santificar o povo de Deus, porque fora dEle, ninguém, será conhecido como participante do Seu povo.


“1 Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniquidade e maquinam o mal! À luz da alva, o praticam, porque o poder está em suas mãos.
2 Se cobiçam campos, os arrebatam; se casas, as tomam; assim, fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança.
3 Portanto, assim diz o SENHOR: Eis que projeto mal contra esta família, do qual não tirareis a vossa cerviz; e não andareis altivamente, porque o tempo será mau.
4 Naquele dia, se criará contra vós outros um provérbio, se levantará pranto lastimoso e se dirá: Estamos inteiramente desolados! A porção do meu povo, Deus a troca! Como me despoja! Reparte os nossos campos aos rebeldes!
5 Portanto, não terás, na congregação do SENHOR, quem, pela sorte, lançando o cordel, meça possessões.
6 Não babujeis, dizem eles. Não babujeis tais coisas, porque a desgraça não cairá sobre nós.
7 Tais coisas anunciadas não alcançarão a casa de Jacó. Está irritado o Espírito do SENHOR? São estas as suas obras? Sim, as minhas palavras fazem o bem ao que anda retamente;
8 mas, há pouco, se levantou o meu povo como inimigo; além da roupa, roubais a capa àqueles que passam seguros, sem pensar em guerra.
9 Lançais fora as mulheres de meu povo do seu lar querido; dos filhinhos delas tirais a minha glória, para sempre.
10 Levantai-vos e ide-vos embora, porque não é lugar aqui de descanso; ide-vos por causa da imundícia que destrói, sim, que destrói dolorosamente.
11 Se houver alguém que, seguindo o vento da falsidade, mentindo, diga: Eu te profetizarei do vinho e da bebida forte, será este tal o profeta deste povo.
12 Certamente, te ajuntarei todo, ó Jacó; certamente, congregarei o restante de Israel; pô-los-ei todos juntos, como ovelhas no aprisco, como rebanho no meio do seu pasto; farão grande ruído, por causa da multidão dos homens.
13 Subirá diante deles o que abre caminho; eles romperão, entrarão pela porta e sairão por ela; e o seu Rei irá adiante deles; sim, o SENHOR, à sua frente.”



Miquéias 3

Nos versos 1 a 4 o Senhor dirige uma repreensão e ameaça aos principais sacerdotes e anciãos de Israel, que tinham o encargo de ensinarem a Sua vontade ao povo, e que no entanto, o exploraram, praticando o mal e aborrecendo o bem.
E nos versos 5 a 7 são repreendidos e ameaçados os falsos profetas, que haviam enganado o povo, levando-o a errar, com suas falsas visões.
Profetas interesseiros que profetizavam por dinheiro, e que ameaçavam com juízos de Deus aqueles que não se submetiam às suas exigências interesseiras.
Todavia, Miquéias dá o seu próprio testemunho de ser totalmente diferente deles, e o que fazia tal distinção era o fato de estar “cheio do poder do Espírito do Senhor, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado.” (v. 8).
Miquéias não tinha somente aparência de piedade, mas tinha também o poder da mesma operando eficazmente em sua vida.
Todavia, Miquéias não se limitou a dizer que estava cheio do poder do Espírito para protestar contra os pecados de Israel, como também repreendeu os cabeças e chefes israelitas, que abominavam o juízo de Deus, pervertiam tudo o que era direito, e que edificavam a Sião e Jerusalém com sangue e perversidade (v. 9, 10).
Miquéias, portanto, denunciou publicamente a hipocrisia daqueles líderes, dizendo que os juízes davam suas sentenças por suborno, os sacerdotes ensinavam por interesse, e os profetas adivinhavam por dinheiro; e o pior de tudo, o faziam em nome do Senhor, alegando estarem debaixo da sua proteção, tal como costumam fazer os falsos ministros que transitam no meio da Igreja, porque também dizem que tudo o que fazem é em nome de Deus e de acordo com a Sua Palavra, enquanto prosseguem com seu mau testemunho de vida, e más obras.
Estão seguros de que nenhum mal lhes sobrevirá, porque confundem a longanimidade de Deus, que é tardio em se irar, com a supressão total de seus juízos.
Todavia, se esquecem que serão pesados na balança divina, e sendo achados em falta terão que enfrentar Seu justo juízo, que se manifestará sempre no tempo apropriado, como sucedeu no passado àqueles líderes desviados de Israel.


“1 Disse eu: Ouvi, agora, vós, cabeças de Jacó, e vós, chefes da casa de Israel: Não é a vós outros que pertence saber o juízo?
2 Os que aborreceis o bem e amais o mal; e deles arrancais a pele e a carne de cima dos seus ossos;
3 que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos, e os repartis como para a panela e como carne no meio do caldeirão?
4 Então, chamarão ao SENHOR, mas não os ouvirá; antes, esconderá deles a sua face, naquele tempo, visto que eles fizeram mal nas suas obras.
5 Assim diz o SENHOR acerca dos profetas que fazem errar o meu povo e que clamam: Paz, quando têm o que mastigar, mas apregoam guerra santa contra aqueles que nada lhes metem na boca.
6 Portanto, se vos fará noite sem visão, e tereis treva sem adivinhação; pôr-se-á o sol sobre os profetas, e sobre eles se enegrecerá o dia.
7 Os videntes se envergonharão, e os adivinhadores se confundirão; sim, todos eles cobrirão o seu bigode, porque não há resposta de Deus.
8 Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do SENHOR, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado.
9 Ouvi, agora, isto, vós, cabeças de Jacó, e vós, chefes da casa de Israel, que abominais o juízo, e perverteis tudo o que é direito,
10 e edificais a Sião com sangue e a Jerusalém, com perversidade.
11 Os seus cabeças dão as sentenças por suborno, os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.
12 Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de ruínas, e o monte do templo, numa colina coberta de mato.”



Miquéias 4

Esta parte da profecia de Miquéias revela claramente qual é o método de Deus para emular Seu povo à obediência.
Nós vemos este método declarado nas palavras de Paulo em Romanos 11.22:

“Considera pois a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; para contigo, a bondade de Deus, se permaneceres nessa bondade; do contrário também tu serás cortado.”

Ele usa de severidade para com aqueles que andam voluntariamente errados em relação à Sua vontade, mas de bondade para com aqueles que Lhe obedecem.
A profecia de Miquéias tinha o alvo de declarar a verdade dos juízos de Deus sobre Israel e Judá, por causa do mau caminho deles, entretanto, isto não significava uma rejeição total e final do Seu povo.
Ao contrário, era uma demonstração de que Ele, o Senhor, não muda, e que estava cumprindo tudo que havia dito fazer desde os dias de Moisés.
Ele quer abençoar, mas Seu povo deve se posicionar, vivendo do modo digno da bênção, porque de outro modo, em vez de bênção, buscará juízos corretivos.
Um viver abençoado, sempre é condicional, ou seja, depende de uma sincera obediência à vontade de Deus.
Não há vida de vitória, segundo o Senhor, quando se anda contrariamente à Sua vontade.
Aquisição de bens não significa esta bênção. Como de igual modo perseguições e sofrimentos por causa do evangelho não significam a sua falta.
Este viver abençoado vitorioso consiste em se ter a aprovação de Deus quanto ao que somos e o que fazemos.
O povo de Deus não foi destinado por Ele à ruína e ao despojamento pelo Inimigo, mas à vitória.
Então, aqueles juízos que viriam sobre Israel e Judá, sob a forma de destruição, respectivamente, da parte dos assírios e dos babilônios, não representavam a impossibilidade de vitória para todos os que fossem verdadeiramente piedosos, porque como vimos, mesmo no cativeiro, Eliseu, Daniel, Sadraque, Mesaque, Abdnego e outros, tiveram um viver vitorioso por causa da sua piedade.
Temos então, o incentivo a um viver piedoso, na profecia deste capítulo, porque nele, o Senhor faz boas promessas em relação a Israel, as quais teriam cumprimento, especialmente, quando da manifestação do Messias.
Havia um futuro glorioso prometido para Israel, apesar de todas as assolações que teria que enfrentar, por causa do pecado do próprio povo.
Mas, estas promessas se cumpririam em justiça; por isso se diz que aconteceriam nos últimos dias, e não somente os israelitas seriam beneficiados por esta promessa, mas todos os povos que afluiriam ao monte da Casa do Senhor, que seria estabelecido no cimo dos montes, veja bem, no cimo dos montes de várias nações, e não apenas em Sião  (v. 1).
Esta profecia é uma referência ao período da Igreja, espalhada em todas as nações da terra.
Todavia, a partir do verso 2, a profecia se aplica ao governo do Messias no período do milênio, a partir de Jerusalém.
Será, portanto, dali que procederá as ordens e leis para todas as nações da terra, que serão julgadas e corrigidas pelo Rei dos reis; mesmo as nações poderosas e distantes de Jerusalém, que terão que converter seus armamentos de guerra em instrumentos úteis para a produção de alimentos, e não haverá mais guerra de nação contra nação.
Em consequência, não haverá mais necessidade de forças armadas e nem de preparar pessoas para serem ensinadas na arte da guerra, porque o milênio será um período de perfeita paz em todo o mundo.
A tão sonhada paz entre todas as nações, somente poderá ser vista neste período, quando o Messias estabelecer Seu reino de justiça e de paz na terra, logo depois da Sua segunda vinda.
Não haverá mais o temor de violação do direito à propriedade, porque cada pessoa se sentirá segura em sua própria posse, sem o temor de que esta lhe seja tirada por meio da violência ou por decretos injustos.
Nenhuma nação andará mais em nome de outros deuses, mas aos que for dado permanecerem na terra, no período do milênio, adorarão somente ao Senhor.
O Senhor deixaria um remanescente (um povo restante) daqueles que haviam sido afligidos por Ele, e dos que foram expulsos da Sua presença, para formar uma grande nação que reinasse juntamente com Ele no monte Sião, por toda a eternidade.
Então, Judá iria para o cativeiro em Babilônia, mas sairia de lá, pelo braço forte do Senhor, não para apenas voltar à sua própria terra, mas para que se desse cumprimento a estas profecias gloriosas relativas ao reino do Messias.

"1 Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos.
2 Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião procederá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém.
3 Ele julgará entre muitos povos e corrigirá nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.
4 Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do SENHOR dos Exércitos o disse.
5 Porque todos os povos andam, cada um em nome do seu deus; mas, quanto a nós, andaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus, para todo o sempre.
6 Naquele dia, diz o SENHOR, congregarei os que coxeiam e recolherei os que foram expulsos e os que eu afligira.
7 Dos que coxeiam farei a parte restante e dos que foram arrojados para longe, uma poderosa nação; e o SENHOR reinará sobre eles no monte Sião, desde agora e para sempre.
8 A ti, ó torre do rebanho, monte da filha de Sião, a ti virá; sim, virá o primeiro domínio, o reino da filha de Jerusalém.
9 Agora, por que tamanho grito? Não há rei em ti? Pereceu o teu conselheiro? Apoderou-se de ti a dor como da que está para dar à luz?
10 Sofre dores e esforça-te, ó filha de Sião, como a que está para dar à luz, porque, agora, sairás da cidade, e habitarás no campo, e virás até à Babilônia; ali, porém, serás libertada; ali, te remirá o SENHOR das mãos dos teus inimigos.
11 Acham-se, agora, congregadas muitas nações contra ti, que dizem: Seja profanada, e vejam os nossos olhos o seu desejo sobre Sião.
12 Mas não sabem os pensamentos do SENHOR, nem lhe entendem o plano que as ajuntou como feixes na eira.
13 Levanta-te e debulha, ó filha de Sião, porque farei de ferro o teu chifre e de bronze, as tuas unhas; e esmiuçarás a muitos povos, e o seu ganho será dedicado ao SENHOR, e os seus bens, ao Senhor de toda a terra.”




Miquéias 5

Uma das marcas de um verdadeiro profeta de Deus é a que se vê na profecia de Miquéias, porque não tem uma palavra dirigida apenas à resolução de problemas presentes.
Um profeta verdadeiro, como Miquéias, recebe da parte do Senhor, uma visão global do Seu plano, e não vê apenas parte das coisas que estão acontecendo e das que sucederão; mas tudo vê, como peças de um grande conjunto que já está determinado por Deus debaixo do Seu controle, como coisas já cumpridas, apesar de terem seu cumprimento no tempo estabelecido por Ele.
Veja que quando Miquéias está falando dos juízos que viriam sobre Israel e Judá, ele não estava preso à visão daquelas assolações, porque viu que tudo se encaminharia para um futuro glorioso de Israel sob o Messias.
Por isso, a profecia mistura tanto o sítio que viria sobre Israel nos dias do cativeiro (v. 1), quanto o local de nascimento do Messias (Belém), ao mesmo tempo em que afirma que não era um nascimento de existência no tempo como o dos demais homens, porque no seu caso, aquele que haveria de reinar eternamente sobre Israel, conforme tudo o que foi profetizado no capítulo anterior, não tem início de existência, conforme se afirma no verso 2.
Deste modo, havia um tempo para que Israel fosse entregue à dominação dos povos inimigos, para que fossem cumpridos os propósitos específicos de Deus em purificá-los, especialmente de suas idolatrias, conforme afirma na parte final deste capítulo.
Todavia, apesar de Israel ter sido espalhado pelas nações, vivendo como ovelhas errantes, sem pastor; eles teriam no Messias a esperança de serem apascentados na força e na majestade do Senhor seu Deus, para que habitassem em segurança perante Ele.
É no próprio Messias que se encontra a paz de Israel (v. 5), ou seja, do Seu povo.
Os que estiverem debaixo do reino do Messias já não terão mais que temer as ameaças de invasões de povos inimigos, assim como Israel havia temido no passado a Assíria, que por fim, os espalhou por várias partes do mundo.
Deus se levantaria contra todos os seus inimigos, quer dentro do Seu próprio povo, quer em todas as nações, porque com ira e furor tomaria vingança contra todos estes que não lhe obedeceram (v. 15).

“1 Agora, ajunta-te em tropas, ó filha de tropas; pôr-se-á sítio contra nós; ferirão com a vara a face do juiz de Israel.
2 E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.
3 Portanto, o SENHOR os entregará até ao tempo em que a que está em dores tiver dado à luz; então, o restante de seus irmãos voltará aos filhos de Israel.
4 Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra.
5 Este será a nossa paz. Quando a Assíria vier à nossa terra e quando passar sobre os nossos palácios, levantaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens.
6 Estes consumirão a terra da Assíria à espada e a terra de Ninrode, dentro de suas próprias portas. Assim, nos livrará da Assíria, quando esta vier à nossa terra e pisar os nossos limites.
7 O restante de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho do SENHOR, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem depende dos filhos de homens.
8 O restante de Jacó estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais das selvas, como um leãozinho entre os rebanhos de ovelhas, o qual, se passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre.
9 A tua mão se exaltará sobre os teus adversários; e todos os teus inimigos serão eliminados.
10 E sucederá, naquele dia, diz o SENHOR, que eu eliminarei do meio de ti os teus cavalos e destruirei os teus carros de guerra;
11 destruirei as cidades da tua terra e deitarei abaixo todas as tuas fortalezas;
12 eliminarei as feitiçarias das tuas mãos, e não terás adivinhadores;
13 do meio de ti eliminarei as tuas imagens de escultura e as tuas colunas, e tu já não te inclinarás diante da obra das tuas mãos;
14 eliminarei do meio de ti os teus postes-ídolos e destruirei as tuas cidades.
15 Com ira e furor, tomarei vingança sobre as nações que não me obedeceram.”




Miquéias 6

Miquéias poderia ter começado esta profecia dizendo: ouvi agora o que diz a Lei de Moisés, ou seja, as Escrituras; mas, em vez disso ele disse:
“1 Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz.
2 Ouvi, montes, a controvérsia do SENHOR, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o SENHOR tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo.”
Ele diz: “ouvi, agora, o que diz o Senhor”, ou seja, o que Deus estava dizendo naquela hora por seu intermédio.
Miquéias não se limitou a ler a Lei de Moisés para Israel, ou apenas a se referir aos livramentos que Deus havia dado ao povo, segundo o seu conhecimento da história de Israel.
Não.
Ele foi a boca de Deus para expressar o que faria ao Seu povo, e para declarar a condição deles perante Ele, conforme o teor das palavras das Escrituras.
Todo ministro do evangelho é chamado também a proceder pelo mesmo critério. Não deve ser um mero expositor das doutrinas bíblicas para o seu povo. Não deve ser um simples narrador dos poderosos feitos de Deus na história da Igreja, mas, tal como Miquéias, deve ser a boca de Deus, para traduzir Sua vontade, conforme o teor das Escrituras.
Deus não nos deu as Escrituras para permanecer mudo. Ele nos deu as Escrituras, mas deseja também continuar falando diretamente ao Seu povo, especialmente através de Seus ministros, fazendo com que eles sejam Sua boca, para apascentarem Seu povo, conduzindo-os em santidade.
Um sermão verdadeiro deve ter sido recebido do alto, da parte do Senhor, segundo a expressão da Sua vontade para aquela hora, senão não passará de mera letra que mata, e não poderá produzir os efeitos esperados por Deus.
Caso contrário, como o Senhor poderá ser glorificado devidamente, por tudo o que estiver fazendo entre nós e em nós?
É necessário, portanto ter conhecimento das Suas operações na Igreja, e para tanto, é preciso estar debaixo de uma verdadeira instrução e direção do Espírito Santo, porque somente Ele conhece a mente e o plano de Deus. Lembram que Miquéias disse que estava cheio do Espírito de Deus para poder cumprir o propósito do Senhor?
Não deve ser diferente conosco nos dias da Igreja. Ao contrário, precisamos de um discernimento ainda maior, porque as boas promessas de Deus têm tido cumprimento em nossos dias.
Se Miquéias tivesse ficado maravilhado com as promessas relativas ao futuro glorioso de Israel sob o Messias, a ponto de não pensar em nada mais além disso; o Senhor não poderia continuar se revelando a ele porque, como vemos neste capítulo, as palavras não são consoladoras, mas admoestadoras.
Deus confrontou Israel através do profeta, chamando o povo a refletir na loucura das suas ações, depois dEle ter se revelado manifestando Sua grande benignidade.
Que mal o Senhor havia feito a Israel ou com o que lhe havia enfadado para que lhe tivessem voltado as costas?
Desde que os tirara da escravidão do Egito sob Moisés, lhes havia livrado dos povos inimigos, para que conhecessem Seus atos de justiça.
No entanto, Israel não reconheceu que o amor de Deus pelo Seu povo era um amor voluntário, a expressão completa da Sua graça e misericórdia para com eles, que nada lhes exigiu em troca, senão que fosse também amado por eles.
Então, desconhecendo o propósito de Deus, por causa do endurecimento do pecado, tentaram agradá-Lo com holocaustos e oferendas, ao modo das nações pagãs.
Por isso o Senhor protestou contra eles através do profeta afirmando que não poderia ser agradado nem com milhares de carneiros, dez mil ribeiros de azeite, nem pela oferta de seus primogênitos.
Não seria com nada disso que poderiam apagar perante Ele a culpa dos seus pecados.
Eles já haviam ouvido sobre o que agrada realmente ao Senhor, que é que se pratique a justiça, que se ame a misericórdia, e que se ande humildemente com Deus, temendo Seu nome, porque esta é a verdadeira sabedoria.
Todavia, como podem atinar com este propósito de Deus, aqueles que se conduzem sempre segundo o pendor da carne, e não do Espírito?
Como da carne só provêm o mal, porque tudo o que é gerado da carne é carne, ou seja, nada de bom pode ser esperado da natureza terrena corrompida pelo pecado, e como eles insistiam em andar conforme suas próprias paixões carnais, sem as crucificarem pelo temor ao Senhor, então suas más obras não deixariam de ter o devido castigo.
O que sucedeu a Israel serve de ensino e ilustração para a Igreja, de que o pendor da carne dá para morte, e que somente o pendor do Espírito pode dar para a vida e paz (Rom 8.6).
De forma que sejamos desestimulados a viver segundo a carne, para vivermos segundo o Espírito, porque a bênção de Deus não será achada onde prevalecem as obras da carne, senão os Seus juízos.


“1 Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz.
2 Ouvi, montes, a controvérsia do SENHOR, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o SENHOR tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo.
3 Povo meu, que te tenho feito? E com que te enfadei? Responde-me!
4 Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã.
5 Povo meu, lembra-te, agora, do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde Sitim até Gilgal, para que conheças os atos de justiça do SENHOR.
6 Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?
7 Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma?
8 Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.
9 A voz do SENHOR clama à cidade (e é verdadeira sabedoria temer-lhe o nome): Ouvi, ó tribos, aquele que a cita.
10 Ainda há, na casa do ímpio, os tesouros da impiedade e o detestável efa minguado?
11 Poderei eu inocentar balanças falsas e bolsas de pesos enganosos?
12 Porque os ricos da cidade estão cheios de violência, e os seus habitantes falam mentiras, e a língua deles é enganosa na sua boca.
13 Assim, também passarei eu a ferir-te e te deixarei desolada por causa dos teus pecados.
14 Comerás e não te fartarás; a fome estará nas tuas entranhas; removerás os teus bens, mas não os livrarás; e aquilo que livrares, eu o entregarei à espada.
15 Semearás; contudo, não segarás; pisarás a azeitona, porém não te ungirás com azeite; pisarás a vindima; no entanto, não lhe beberás o vinho,
16 porque observaste os estatutos de Onri e todas as obras da casa de Acabe e andaste nos conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma desolação e dos habitantes da tua cidade, um alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o opróbrio dos povos.”




Miquéias 7

O profeta descreve no início deste capítulo, a que ponto cresceria a iniquidade em Israel e em Judá, quando fossem levados para o cativeiro.
Toda a vontade de Deus seria subvertida, de modo que o que se veria em Israel e em Judá, seria justamente o oposto de tudo aquilo que é ordenado em Seus mandamentos.
Não haveria homens piedosos e retos no povo do Senhor, senão somente a prática do mal, especialmente pelos próprios líderes da nação.
A tal ponto chegaria a iniqüidade, que ninguém poderia crer num amigo ou confiar num companheiro, de forma que a prudência de se manter a boca fechada, seria recomendada mesmo diante daqueles que fossem mais íntimos, tal seria a predisposição deles para serem dirigidos pelo mal.
Quando a iniquidade se multiplica Satanás governa os corações e os conduz conforme seu próprio querer, independentemente do grau de parentesco ou de amizade, produzindo infâmias, traições, maledicência, e até mesmo a prática da violência, contra pessoas que antes eram amadas e estimadas.
Todavia, o profeta aponta o caminho para aqueles, que tal como Ele, perseverassem em seguir ao Senhor.
Deveriam olhar para Ele e esperar no Deus da salvação deles, porque Ele os ouviria, e ainda que viessem a cair, o Senhor não daria motivo para que seus inimigos se alegrassem a respeito deles, pois o Senhor os levantaria, e os tiraria das trevas para a Sua luz.
Desde que houvesse arrependimento sincero, com confissão do pecado a Deus, Ele julgaria a causa destes que se voltassem para Ele, e executaria o seu direito, de modo que os tiraria das trevas para a luz, para verem a Sua justiça.
Esta justiça graciosa e misericordiosa que está disponível no Senhor confunde os inimigos do Seu povo, que não podem entendê-la.
Eles permanecem debaixo dos seus pecados, porque não confiam na justiça de Deus com a qual somos justificados, a saber, a justiça do próprio Cristo.
É preciso ter muito cuidado na condição de ministros do evangelho, para não tentarmos conduzir as pessoas que nos ouvem a uma justificação que não seja a de Cristo, que é somente por fé, e que é instantânea.
Ao contrário, não devemos conduzi-las a uma justificação falsa, que não ocorrerá, e que seja decorrente de nossos discursos moralistas, que apontam o pecado; não para efeito de produzir arrependimento e a busca de Deus, mas somente a condenação dos outros para que nos sintamos melhores e superiores a eles, julgando possuir uma santidade maior do que a deles, quando na verdade não a possuímos, ou então, que esteja sendo aplicada contrariamente ao propósito de Deus de salvar os pecadores.
Assim, quando a misericórdia de Deus fosse manifestada em toda a Sua plenitude, quando o remanescente de Israel fosse achado reinando em glória juntamente com o Messias no milênio, as nações ficariam ainda mais estupefatas do que antes, porque na sua justiça legalista, baseada no mérito humano, jamais poderão compreender a justiça de Deus, que está baseada na Sua misericórdia, e exclusivamente nos méritos de Cristo, e não nos nossos.
Dá gosto de ler o que foi dito pela boca do profeta quanto a tal misericórdia:

“18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia.
19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.
20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos.”

Jerusalém de odiada que foi e será, especialmente nos dias do Anticristo, manifestará uma glória ainda maior do que a que tivera antes.
Seus muros serão reedificados, e suas fronteiras aumentadas.
O mundo de pecado será julgado por causa de suas más obras, quando da vinda do Senhor, mas o Seu retorno, para Israel, significará livramento e restauração (v. 11 a 13).
  O Senhor apascentará o Seu povo, fazendo maravilhas para livrá-lo das assolações do Anticristo, tal como havia feito nos dias de Moisés quando os livrou do Egito.
De fraco, perseguido e oprimido que era, Israel virá a ser forte no Seu Deus; e honrado por Ele, será motivo de temor para as nações inimigas, que ficarão caladas e pasmadas, em face de todo o bem e poder que o Senhor tiver concedido ao Seu povo.


“1 Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja.
2 Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com rede.
3 As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama.
4 O melhor deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos. É chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a confusão deles.
5 Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito.
6 Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa.
7 Eu, porém, olharei para o SENHOR e esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.
8 Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o SENHOR será a minha luz.
9 Sofrerei a ira do SENHOR, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.
10  A minha inimiga verá isso, e a ela cobrirá a vergonha, a ela que me diz: Onde está o SENHOR, teu Deus? Os meus olhos a contemplarão; agora, será pisada aos pés como a lama das ruas.
11 No dia da reedificação dos teus muros, nesse dia, serão os teus limites removidos para mais longe.
12 Nesse dia, virão a ti, desde a Assíria até às cidades do Egito, e do Egito até ao rio Eufrates, e do mar até ao mar, e da montanha até à montanha.
13 Todavia, a terra será posta em desolação, por causa dos seus moradores, por causa do fruto das suas obras.
14 Apascenta o teu povo com o teu bordão, o rebanho da tua herança, que mora a sós no bosque, no meio da terra fértil; apascentem-se em Basã e Gileade, como nos dias de outrora.
15 Eu lhe mostrarei maravilhas, como nos dias da tua saída da terra do Egito.
16 As nações verão isso e se envergonharão de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca, e os seus ouvidos ficarão surdos.
17 Lamberão o pó como serpentes; como répteis da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos e, tremendo, virão ao SENHOR, nosso Deus; e terão medo de ti.
18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia.
19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.


20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos.”









NAUM


Naum 1

Cerca de 100 anos antes desta profecia de Naum, os ninivitas haviam se convertido com a pregação de Jonas, mas com o passar dos anos voltaram à prática das suas antigas obras, e tornaram-se piores ainda do haviam sido dantes.
Nínive era a capital do reino da Assíria, e a principal cidade dos assírios.
Nos dias de Naum haviam se tornado uma cidade sangrenta, cheia de mentiras e roubos. O cão havia retornado ao seu vômito, e a porca ao lamaçal.
Então eles não se arrependeriam como os seus antepassados haviam feito debaixo da ameaça de juízo da parte de Deus que lhes foi dirigida pelo profeta Jonas.
Não lhes foi dado um prazo determinado para se arrependerem (40 dias) tal como na época de Jonas.
Aqui em Naum é proferida uma sentença inapelável contra eles, apesar de se declarar que o Senhor é tardio em se irar (longânimo); contudo os ninivitas haviam abusado da longanimidade de Deus, e em vez de se arrependerem permaneceram na prática da iniquidade.
Então eles experimentariam o justo juízo do Senhor, que apesar de ser longânimo, é também zeloso e vingador e cheio de indignação contra o mal; e que toma vingança contra os seus adversários e guarda a ira contra os seus inimigos.
Ele é tão justo que não pode declarar inocente quem é culpado. Por isso perdoa com base no preço pago por Cristo por nossos pecados, ao ter morrido na cruz. Mas não pode dizer que o pecador é inocente, senão perdoado, caso se arrependa.
Todavia, os ninivitas não quiseram achar lugar de arrependimento perante Ele, e por isso teriam que enfrentar a ira do Senhor.
Como eles poderiam subsistir diante do furor de Deus, ardendo em fogo contra eles?
Eles se recusaram a fazer do Senhor a fortaleza deles, e portanto não poderiam tê-lo como a sua proteção no dia da angústia que lhes sobreviria.
A bondade do Senhor só pode ser experimentada por aqueles que nEle confiam, porque Ele conhece de modo íntimo somente a estes (v. 7).
A bondade de Deus não permitirá que o mal prevaleça na terra. Ele sempre agirá em favor daqueles que praticam a justiça, ainda que pareça demorado em julgar a causa deles.
Os inimigos de Deus são portanto, também inimigos da bondade e da justiça, e não poderão prevalecer no juízo; porque o próprio Senhor se levantará contra eles e os perseguirá, até que os tenha desarraigado da terra.
A Assíria havia confiado em suas imagens de escultura, em seus falsos deuses, e por isso o Senhor deu ordem para que não houvesse mais a linhagem do nome deles.
A destruição da Assíria deveria ser proclamada como boas novas para o povo de Judá, o povo do Senhor, porque ficaria livre da ameaça de invasão dos assírios, uma vez que seriam exterminados pelo mandado de Deus.
A Assíria cairia sob o poder do exército dos caldeus, a saber, de Babilônia, que passaria a ser a senhora do mundo antigo, no lugar deles, pelo tempo determinado por Deus, até que ela mesma também viesse a cair sob o poder da Média e da Pérsia, e estas, sob o poder da Macedônia, sob Alexandre, o Grande.
Estes grandes reinos, que foram impérios que dominaram outras nações, em seus dias, caíram sucessivamente, uns após outros, e não puderam permanecer por causa da prática da iniquidade, e assim tem ocorrido com todas os impérios hegemônicos que têm se levantado na história da humanidade, com a intenção de dominar o mundo.
O último representante destes impérios será o Anticristo, que também cairá pelo conselho determinado por Deus, porque ninguém poderá dominar as nações do mundo inteiro, perpetuamente, senão somente aquele que for um Imperador cujo trono se assente sobre a justiça, e que não se firme na iniquidade, e sabemos que este é o Reino de Cristo, que haverá de se manifestar no tempo do fim, para que Ele reine sobre todas as coisas, tanto as que são da terra, quanto as que são do céu.
É interessante observar que nenhum outro possui o poder que somente o Senhor possui, tanto para criar quanto para subjugar. No entanto, Ele não usa este poder para fazer a Sua vontade prevalecer pela força, conforme costumam fazer os poderosos deste mundo.
Nenhum reino há de prevalecer pelo uso da força. Por isso o reino do Messias é um reino de justiça, amor e paz.
Ele não se associa aos que usam da prática da iniquidade para aumentar a força do Seu reino, ao contrário, Ele os sujeita a um juízo de destruição, porque o Seu trono é de justiça e não de iniquidade.
É isto o que está sendo declarado pelo profeta Naum, ao comparar o exercício do poder pelos assírios, com o que é exercido pelo Senhor.
O caráter da bondade e da longanimidade de Deus é declarado pelo profeta. Todavia, não se deve confundir que isto exclua uma ira santa contra o pecado, e não somente tal ira, como a manifestação de um juízo de destruição da iniquidade que acende tal ira divina.
 Muitos se confundem a este respeito, pensando que a melhor forma de expressão de um caráter verdadeiramente cristão é ser tolerante com toda forma de expressão do pecado que se veja em nós ou em outros, sem que se manifeste qualquer tipo de ira ou de ação disciplinadora contra aqueles que praticam abertamente o pecado.
Este não é, de modo nenhum, conforme vemos nesta profecia de Naum, e em muitas outras passagens da Bíblia, o caráter de Deus, e por conseguinte, de todos aqueles que são verdadeiramente Seus filhos.


“1 Oráculo acerca de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita.
2 O Senhor é um Deus zeloso e vingador; o Senhor é vingador e cheio de indignação; o Senhor toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos.
3 O Senhor é tardio em irar-se, e de grande poder, e ao culpado de maneira alguma terá por inocente; o Senhor tem o seu caminho no turbilhão e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.
4 Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos os rios; desfalecem Basã e Carmelo, e a flor do Líbano murcha.
5 Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra fica devastada diante dele, sim, o mundo, e todos os que nele habitam.
6 Quem pode manter-se diante do seu furor? e quem pode subsistir diante do ardor da sua ira? a sua cólera se derramou como um fogo, e por ele as rochas são fendidas.
7 O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia; e conhece os que nele confiam.
8 E com uma inundação transbordante acabará duma vez com o lugar dela; e até para dentro das trevas perseguirá os seus inimigos.
9 Que é o que projetais vós contra o Senhor? Ele destruirá de vez; não se levantará por duas vezes a angústia.
10 Pois ainda que eles se entrelacem como os espinhos, e se saturem de vinho como bêbados, serão inteiramente consumidos como restolho seco.
11 Não saiu de ti um que maquinava o mal contra o Senhor, aconselhando maldade?
12 Assim diz o Senhor: Por mais intatos que sejam, e por mais numerosos, assim mesmo serão exterminados e passarão. Ainda que te afligi, não te afligirei mais.
13 Mas agora quebrarei o seu jugo de sobre ti, e romperei as tuas cadeias.
14 Contra ti, porém, o Senhor deu ordem que não haja mais linhagem do teu nome; da casa dos teus deuses exterminarei as imagens de escultura e as de fundição; farei o teu sepulcro, porque és vil.
15 Eis sobre os montes os pés do que traz boas novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado.”




Naum 2

O profeta teve da parte do Senhor a visão da destruição da cidade de Nínive, e o modo como isto sucederia.
Não seria por fogo do céu vindo sobre ela, tal como Ele fizera no passado em relação às cidades de Sodoma e Gomorra.
Como a Assíria havia saqueado e destruído a muitos povos, usando de uma crueldade sem limites, e gabando-se da sua força e dos seus deuses sobre a força das demais nações e do próprio Deus de Israel, porque lhes foi permitido pelo Senhor que levassem em cativeiro o reino do Norte em 722 a.C, eles pensavam que os seus deuses prevaleceriam contra o Deus de Israel, levando também o que sobrara do Seu povo em Judá (Reino do Sul). Todavia, o Senhor lhes rechaçou nos dias do rei Ezequias.
Nem com isso aprenderam humildade, e não se arrependeram, e continuaram em seus empreendimentos visando subjugar nações que não lhes haviam sido entregues pelo Senhor.
Então eles sofreriam um juízo de humilhação, sendo subjugados por povos que eles haviam submetido dantes, e que estariam coligados com Babilônia contra eles.
Com a medida com que medirmos seremos também medidos, e com a que julgarmos, seremos também julgados. Este é o princípio retributivo da justiça divina. De forma que somente aquele que usou de misericórdia, alcançará misericórdia da parte de Deus.
A Assíria havia se tornado rica e poderosa com o despojo das nações, e por isso é declarado nesta parte da profecia, que as riquezas que ela havia ajuntado lhes seriam tiradas.
Ninguém levará consigo quando morrer, qualquer bem que tiver juntado neste mundo. Todavia, aquele que tiver juntado bens mal adquiridos, será submetido a um juízo específico da parte de Deus, para que seja humilhado na medida proporcional da sua busca de grandeza, glória e poder mundanos.
A crueldade dos príncipes da Assíria, que foi comparada à de leões, que devoram as presas somente para atender às necessidades de suas famílias, sem se sentirem ameaçados por qualquer outro poder na terra que lhes pudesse intimidar ou refrear as suas ações, seria quebrada pelo braço forte do Senhor.

Para cuidarem apenas do interesse da Assíria haviam devorado nações inteiras, e então o Senhor lhes daria a devida paga das suas ações. Foi com o sangue de outras famílias que sustentaram suas próprias esposas e concubinas, e filhos. Não foi pela força do trabalho honesto, mas pela pilhagem das nações, que se estabeleceram no poder, e assim, o Rei justo de toda a terra, não lhes deixaria sem o devido castigo.


“1 O destruidor sobe contra ti. Guarda tu a fortaleza, vigia o caminho, robustece os lombos, arregimenta bem as tuas forças.
2 Pois o Senhor restaura a excelência de Jacó, qual a excelência de Israel; porque os saqueadores os despojaram e destruíram os seus sarmentos.
3 Os escudos dos seus valentes estão vermelhos, os homens valorosos estão vestidos de escarlate; os carros resplandecem como o aço no dia da sua preparação, e as lanças são brandidas.
4 Os carros andam furiosamente nas ruas; cruzam as praças em todas as direções; parecem como tochas, e correm como os relâmpagos.
5 Ele se lembra dos seus nobres; eles tropeçam na sua marcha; apressam-se para chegar ao muro de cidade, arma-se a manta.
6 As portas dos rios abrem-se, e o palácio está em confusão.
7 E está decretado: ela é despida , e levada cativa; e as suas servas gemem como pombas, batendo em seus peitos.
8 Nínive desde que existe tem sido como um tanque de águas; elas, porém, fogem agora: parai, parai, clama-se; mas ninguém olhara para trás.
9 Saqueai a prata, saqueai o ouro; pois não ha fim dos tesouros; abastança há de todas as coisas preciosas.
10 Ela está vazia, esgotada e devastada; derrete-se o coração, tremem os joelhos, e em todos os lombos há dor; o rosto de todos eles empalidece.
11 Onde está agora o covil dos leões, e a habitação dos leões novos, onde andavam o leão, e a leoa, e o cachorro do leão, sem haver ninguém que os espantasse?
12 O leão arrebatava o que bastava para os seus filhotes, e estrangulava a presa para as suas leoas, e enchia de presas as suas cavernas, e de rapina os seus covis.
13 Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada devorará os teus leões novos; e exterminarei da terra a tua presa; e não se ouvira mais a voz dos teus embaixadores.”




Naum 3

Esta profecia de Naum é um grande alerta para as nações que se enriquecem à custa da sua maquinaria de guerra, derramando sangue inocente em muitas nações.
O Senhor tem um juízo contra elas, tal como tivera contra Nínive no passado.
Por isso tem determinado um dia em que as reunirá no vale de Megido, sob o Anticristo, para que tanto ele, quanto elas, recebam a devida paga pelas suas iniquidades.
Está determinado pelo Senhor que o homem não prevalecerá pela força, de modo que todo povo ou nação que tiver buscado se engrandecer por este caminho, virá a sucumbir perante Ele, tal como fizera no passado em relação a muitas nações poderosas, para que servissem de ilustração, do exemplo que não deve ser seguido pelas nações que desejem de fato prosperar e serem abençoadas por Deus.
  A iniquidade de Tebas era menor do que a de Nínive, e no entanto, ela havia sido submetida a um juízo do Senhor, quanto mais então a Assíria não poderia dar como certo o dia da visitação da Sua iniquidade?
Foi pronunciada portanto uma aflição (ai!) contra a cidade ensanguentada de Nínive, isto é, que havia se fortificado com o derramamento de sangue de muitos povos conquistados.
Eles haviam feito montões de cadáveres e se regozijavam nisto, gloriando-se das enormes pilhas de ossos daqueles que haviam sido assassinados por eles.
E estes que haviam sido mortos por eles, foram vendidos pelos oráculos de feiticeiras e meretrizes, que indicavam aos reis assírios, sendo usadas pelo diabo, quais as nações que deveriam ser subjugadas e a forma de crueldade que deveriam usar contra elas, para rapiná-las, e tudo isto fizeram para aumentarem a própria riqueza e prestígio delas junto aos príncipes de Nínive.
Então, a sentença do Senhor contra eles não poderia ser outra senão a que lemos nos versos 5 a 7:

“5 Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos; e levantarei as tuas fraldas sobre a tua face; e às nações mostrarei a tua nudez, e seus reinos a tua vergonha.
6 Lançarei sobre ti imundícias e te tratarei com desprezo, e te porei como espetáculo.
7 E há de ser todos os que te virem fugirão de ti, e dirão: Nínive esta destruída; quem terá compaixão dela? Donde te buscarei consoladores?”

Nínive buscaria se refugiar do inimigo quando este viesse contra ela, mas não poderia achá-lo, porque seria sitiada, de maneira que é aconselhada na profecia a juntar água no interior de suas portas para poder resistir ao tempo do cerco que seria levantado contra ela.
Suas tropas ficariam atemorizadas e retidas no interior da cidade sem poderem resistir à invasão de Babilônia, que queimaria todas as portas de Nínive.
Os príncipes fugiriam para as campinas, bem como os assírios seriam espalhados pelos montes, sem poderem se organizar em ordem de batalha, porque os líderes procurariam, cada um de per si, salvar a própria pele deles, ao perceberem que seria vã qualquer tentativa de resistência ao poder do inimigo.
A ferida que lhes seria feita, da parte do Senhor, seria incurável, de modo que todos os que haviam sido oprimidos pelos assírios, ao ouvirem o que lhes havia sucedido, se regozijariam batendo palmas sobre a ruína deles, porque reconheceriam nisto um justo castigo por toda a maldade que eles haviam praticado.


“1 Ai da cidade ensanguentada! Ela está toda cheia de mentiras e de rapina! da presa não há fim!
2 Eis o estrépito do açoite, e o estrondo das rodas, os cavalos que curveteiam e os carros que saltam;
3 o cavaleiro que monta, a espada rutilante, a lança reluzente, a, multidão de mortos, o montão de cadáveres, e defuntos inumeráveis; tropeçam nos cadáveres;
4 tudo isso por causa da multidão dos adultérios, da meretriz formosa, da mestra das feitiçarias, que vende nações por seus deleites, e famílias pelas suas feitiçarias.
5 Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos; e levantarei as tuas fraldas sobre a tua face; e às nações mostrarei a tua nudez, e seus reinos a tua vergonha.
6 Lançarei sobre ti imundícias e te tratarei com desprezo, e te porei como espetáculo.
7 E há de ser todos os que te virem fugirão de ti, e dirão: Nínive esta destruída; quem terá compaixão dela? Donde te buscarei consoladores?
8 És tu melhor do que Tebas, que se sentava à beira do Nilo, cercada de águas, tendo por baluarte o mar, e as águas por muralha,
9 Etiópia e Egito eram a sua força, que era inesgotável; Pute e Líbia eram teus aliados.
10 Todavia ela foi levada, foi para o cativeiro; também os seus pequeninos foram despedaçados nas entradas de todas as ruas, e sobre os seus nobres lançaram sortes, e todos os seus grandes foram presos em grilhões.
11 Tu também serás embriagada, e ficarás escondida; e buscarás um refúgio do inimigo.
12 Todas as tuas fortalezas serão como figueiras com figos temporãos; sendo eles sacudidos, caem na boca do que os há de comer.
13 Eis que as tuas tropas no meio de ti são como mulheres; as portas da tua terra estão de todo abertas aos teus inimigos; o fogo consome os teus ferrolhos.
14 Tira água para o tempo do cerco; reforça as tuas fortalezas; entra no lodo, pisa o barro, pega na forma para os tijolos.
15 O fogo ali te consumirá; a espada te exterminará; ela te devorará como a locusta. Multiplica-te como a locusta, multiplica-te como o gafanhoto.
16 Multiplicaste os teus negociantes mais do que as estrelas do céu; a locusta estende as asas e sai voando.
17 Os teus príncipes são como os gafanhotos, e os teus chefes como enxames de gafanhotos, que se acampam nas sebes nos dias de frio; em subindo o sol voam, e não se sabe o lugar em que estão.
18 Os teus pastores dormitam, ó rei da Assíria; os teus nobres dormem, o teu povo está espalhado pelos montes, sem que haja quem o ajunte.
19 Não há cura para a tua ferida; a tua chaga é grave. Todos os que ouvirem a tua fama baterão as palmas sobre ti; porque, sobre quem não tem passado continuamente a tua malícia?”










HABACUQUE


Habacuque 1

Habacuque bem conhecia a Lei de Deus, que fora dada através de Moisés. Além disso, ele conhecia, por experiência própria, o caráter justo e santo do Senhor, que era revelado ao seu espírito. Por isso, nós o encontramos, logo no início do seu livro, clamando ao Senhor por justiça, não uma justiça qualquer, mas à manifestação da justiça de Deus, porque Ele havia revelado ao espírito do profeta a profundidade da iniquidade e da opressão do Seu próprio povo. Destruição, violência, contendas e litígio estavam diante dos olhos de Habacuque. Ele via de há muito o perverso prevalecendo sobre o justo e a justiça sendo torcida, e parecia-lhe que o Senhor lhe mostrava a profundidade de tudo aquilo, sem tomar qualquer providência.
Então o profeta bradou em seu espírito:
“Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?” (v. 2)
Há muito ele vinha clamando por justiça, para que Deus agisse contra aquele estado de coisas e estabelecesse a Sua justiça na terra. Ele queria salvação não para si mesmo, mas para aquele estado de coisas. Ele estava na verdade, como fazemos hoje, clamando por um avivamento, por uma demonstração do braço forte do Senhor, revertendo o quadro de miséria e endurecimento espiritual do Seu povo, despertando-o para manifestar a glória do Senhor em toda a terra.
Não é de se admirar portanto, depois de tudo que Deus disse a Habacuque que Ele faria, vermos o profeta pedindo-lhe que avivasse então a Sua obra:
“Tenho ouvido, ó SENHOR, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó SENHOR, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia.” (Hc 3.2)
Veja que ele não está somente orando por um avivamento ao longo dos anos, mas que isto se prolongasse no decurso dos anos, para que Deus manifestasse a Sua misericórdia a um mundo pecador como este, que se encontra debaixo da Sua ira e juízos.
Habacuque queria ver uma transformação no estado de coisas que estavam ocorrendo, pela restauração espiritual de Judá.
Todavia, Deus lhe revelou que isto seria feito, mas antes castigaria a iniquidade do  Seu povo, usando para tal propósito, os caldeus (Babilônia), que agiriam com amargura e impetuosidade, sobre as nações da terra, e se apoderariam das moradas destas nações, as quais eles não haviam construído.
Eles não respeitariam as leis de direito internacionais e agiriam a seu modo, com as suas próprias leis.
O exército deles era dotado de uma poderosa cavalaria, e os seus cavaleiros eram hábeis na batalha.
Fariam multidões de cativos em toda a terra, e escarneceriam dos reis e príncipes das nações, e as fortalezas delas seriam como nada diante deles.
Eles não têm o temor de Deus, e fazem do poder deles o seu deus. Por isso fazem-se culpados diante do Senhor.
Estas foram as declarações de Deus para Habacuque quanto ao que faria preliminarmente, usando o poder de Babilônia sobre as nações, mas nada dissera quanto ao que faria com eles, e como agiria para agir entre as nações para manifestar a Sua grande glória e justiça.
Então o profeta clamou mais uma vez ao ter esta revelação, porque a justiça pela qual o seu coração clamava não era a de que Deus simplesmente castigasse a injustiça das nações usando para isto uma nação também injusta como as demais.
Ele estava sedento da justiça do reino de Deus. Esta era a fome e sede de justiça do profeta, que almejava pela transformação de homens pela manifestação da graça, da glória, da salvação de Deus.
Por isso Habacuque não somente proclamou a eternidade e a santidade de Deus em seu clamor (v. 12 a), como também afirmou: “Não morreremos”, como a dizer, a solução pela qual estou clamando não é morte, mas vida, a manifestação da Tua vida divina no mundo (v. 12 b). Ele reconhece o juízo correto de Deus ao ter colocado Babilônia como a Sua vara de juízo, para servir de disciplina para o mundo (v. 12 c).
Todavia, o profeta conhecia a santidade de Deus, e esperava dEle muito mais do que isto, ou seja, a disciplina de Deus pelo uso do braço de Babilônia. Como poderia, no que Habacuque conhecia da santidade do Senhor, Ele que é tão puro de olhos, que não pode ver o mal e não pode contemplar a opressão, tolerar que todos os que procedem perfidamente continuem na prática da perversidade, e calar enquanto o perverso devora aquele que é mais justo do que ele? Isto não somente em relação ao que Babilônia faria ao mundo, inclusive a Judá, mas também em relação à prática da perversidade em todas as nações, sem que houvesse uma mudança deste quadro, em que se visse o nome do Senhor sendo glorificado.
Não era meramente por justiça civil, social, que Habacuque estava clamando, mas sobretudo por esta justiça que é decorrente da manifestação da glória de Deus, quando aviva a Sua obra na terra.
Por isso Habacuque indagou ao Senhor na sua queixa, por que ele fazia os homens como se fossem peixes, ou répteis, que não têm entre eles, quem os governe (v. 14).
Peixes são apanhados com um anzol, e aquele que os pesca se alegra e se regozija. E o que pode fazer o peixe?
Habacuque sabia que homens são mais do que peixes. Eles não podem ter um destino comum ao dos peixes.
Há expectativas elevadas de Deus em relação à humanidade. O homem não foi criado para simplesmente viver sendo apanhado pelo anzol do juízo.
Babilônia não glorificaria a Deus, mas à rede com a qual apanharia peixes em muitas nações. Ofereceria sacrifício em culto de adoração à sua própria rede, ou seja, ao seu próprio poder, porque seria através dele que se enriqueceria à custa da dominação das nações.
Então, em seu íntimo, o profeta indaga pela justiça divina em face de tudo isto.
Que resposta o Senhor poderia lhe dar, para manifestar uma justiça maior e melhor do que esta de julgar os povos com o braço de Babilônia?
Eles ficariam impunes, apesar de o Senhor ter dito ao profeta que eles se faziam culpados por fazerem do seu próprio poder o deus deles?
Esta resposta foi dada no capitulo seguinte, depois de Habacuque ter se recolhido para buscar tal resposta em Deus, em oração.
As coisas que acontecem no mundo em nossos dias, têm muito a ver com a mensagem que nos é trazida através do livro do profeta Habacuque.

Se examinarmos o quadro das nações antes que Deus trouxesse um avivamento sobre elas, ou em partes destas nações, nós sempre veremos este elemento de deterioração da justiça social, e do aumento da iniquidade, de modo que ao trazer o avivamento, mudando tal quadro, isto trouxesse grande glória ao nome do Senhor.

“1 Sentença revelada ao profeta Habacuque.
2  Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?
3  Por que me mostras a iniquidade e me fazes ver a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há contendas, e o litígio se suscita.
4  Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida.
5 Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos e desvanecei, porque realizo, em vossos dias, obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada.
6  Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas.
7  Eles são pavorosos e terríveis, e criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade.
8  Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, mais ferozes do que os lobos ao anoitecer são os seus cavaleiros que se espalham por toda parte; sim, os seus cavaleiros chegam de longe, voam como águia que se precipita a devorar.
9  Eles todos vêm para fazer violência; o seu rosto suspira por seguir avante; eles reúnem os cativos como areia.
10  Eles escarnecem dos reis; os príncipes são objeto do seu riso; riem-se de todas as fortalezas, porque, amontoando terra, as tomam.
11  Então, passam como passa o vento e seguem; fazem-se culpados estes cujo poder é o seu deus.
12 Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina.
13  Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele?
14  Por que fazes os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não têm quem os governe?
15  A todos levanta o inimigo com o anzol, pesca-os de arrastão e os ajunta na sua rede varredoura; por isso, ele se alegra e se regozija.
16  Por isso, oferece sacrifício à sua rede e queima incenso à sua varredoura; porque por elas enriqueceu a sua porção, e tem gordura a sua comida.
17  Acaso, continuará, por isso, esvaziando a sua rede e matando sem piedade os povos?”




Habacuque 2

Se tomarmos a mensagem de Habacuque como um mero recado às nossas dificuldades, individualmente falando, não poderemos entender a substância da mensagem contida nesta profecia.
Ela nos foi dada por Deus, para nos apontar motivos mais elevados do que nossas necessidades individuais, foi-nos dada para  revelar os interesses do Seu reino, e da manifestação da Sua glória em todas as épocas da história da humanidade.
Por isso este segundo capítulo é encerrado com a seguinte afirmação:
“O SENHOR, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (v. 20)
  Por isso, quando Habacuque disse que ficaria na sua torre de vigia, isto é, em vigilância espiritual e oração incessante até receber uma resposta de Deus à sua queixa, ou seja, à sua demanda perante Ele, quanto às coisas que comentamos no capítulo anterior (v. 1), ele se encontrava, como os pastores sinceros nos dias conturbados da Inglaterra, nos dias de Wesley, antes do derramar do avivamento. E também, como nos encontramos em nossos próprios dias, à busca de uma resposta de poder da parte de Deus, que faça com que não somente nossos jovens, como todas as demais pessoas de todas as faixas etárias, de nossas igrejas, tenham uma vida verdadeiramente santa, e que muitos que ainda se encontram sem o conhecimento de Cristo no mundo, venham a se converter.
Habacuque obteve uma resposta objetiva da parte de Deus para a sua oração por avivamento. E nós também obteremos esta resposta para as nossas necessidades presentes, se orarmos, tal como ele fizera no passado.
O Senhor lhe respondeu dizendo que deveria escrever a visão que lhe daria, e que esta deveria ser gravada sobre tábuas, de maneira que até quem passasse correndo, pudesse lê-la, ou seja, este registro não deveria ser guardado por Habacuque, porque não era uma revelação pessoal que dizia respeito somente a ele, mas a todos, e por isso deveria ser publicada, tal como ele de fato o fez, e graças a Deus, podemos ter ainda hoje acesso à revelação que lhe fez o Senhor, conforme podemos ler em seu livro.
A visão teria cumprimento certo e líquido, mas isto seria feito no tempo determinado por Deus (v. 3).
A essência da visão que respondia à perplexidade de Habacuque, e também à nossa, à vista da iniquidade que se multiplica nas nações, foi resumida pelo Senhor com as seguintes palavras:
“Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” (v. 4)
Pela primeira vez, a palavra fé foi revelada por Deus, na Bíblia, para descrever o ato de crer nEle.
O Senhor disse que a causa da impiedade que há no mundo, é que o soberbo, ou seja, aquele que não se permite ser dirigido pelo Espírito do Senhor, não pode ter uma alma reta, e portanto, não pode praticar a verdadeira justiça.
Todavia, a fé promove a justiça naqueles que vivem por ela. Ela torna justo aquele que a possui. Ela justifica e dá vida eterna, e não somente isto, habilita à prática da verdadeira justiça, a justiça divina que é derramada em nossos corações.  
Deste modo, como Babilônia poderia prevalecer diante de Deus? Como poderiam viver aqueles que não possuem a verdadeira fé? Então todo soberbo como eles estão mortos, ainda que não o saibam, e o destino deles é morte eterna, porque ninguém pode viver diante de Deus, a não ser pela fé nEle.
Como poderia o Senhor justificar quem estava acumulando tesouros que não lhe pertenciam, de todas as nações?
Os povos oprimidos por Babilônia clamariam contra o espólio que Babilônia faria de seus bens.
A violência que Babilônia usou contra as nações se voltaria contra ela, porque as nações oprimidas também a despojariam no futuro. A dívida de Babilônia em relação à justiça seria cobrada, e os seus credores se levantariam de repente e executariam a cobrança. E o pagamento seria ela própria, que lhes serviria de despojo, uma vez que a muitos havia despojado.
Como poderia Babilônia ser livrada da aflição se havia ajuntado em sua casa bens mal adquiridos, com o propósito de se fazer muito poderosa, de maneira a não temer qualquer represália por parte das nações? (v. 9)
Todavia, não há forma mais rápida para a  insegurança e destruição da nossa própria casa, do que fazer o mal a outros, tal como Babilônia havia feito destruindo a muitas nações (v. 10).
Uma cidade edificada com o sangue e fundamentada na iniquidade, terá contra si o clamor de toda pedra assentada em suas paredes, e de toda madeira usada nos seus vigamentos, porque foram assentadas à custa de injustiça e violência.
Deste modo, todo o esforço das nações em busca de grandeza, para se firmarem entre todos os demais povos da terra, e que não se baseie no temor do Senhor, e na prática da Sua justiça, é o mesmo que trabalhar para ver tudo queimado pelo fogo do Seu juízo, e se fatigar em vão (v. 13).
Este esforço carnal dos povos se mostrará vão e tenebroso, quando Deus encher toda a terra do conhecimento da Sua glória, pela manifestação do poder operante do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo (v. 14).
Por isso o cálice com o qual Babilônia obrigou as nações a ficarem embriagadas, seria dado também a ela para que fosse sorvido, de maneira que embriagada, seria contemplada a sua vergonha.
Ela beberia do cálice do juízo que lhe seria dado pela mão direita do Senhor, e toda a glória de Babilônia seria transformada em ignomínia, como de fato se tornou, ao caírem debaixo do poder da Pérsia e da Média, juntamente com uma coligação de outras nações.
Os ídolos de Babilônia não poderiam livrá-la no dia da execução do juízo de Deus sobre ela.

Os fabricantes de ídolos seriam confundidos e envergonhados, e eles permaneceriam na sua ignorância, porque representam a falsos deuses que não possuem qualquer morada ou vida, diferentemente do Senhor que habita no seu santo templo, motivo por que toda a terra deve estar calada diante dEle, para que possa aprender dEle, a andar em Seus caminhos, e a ter o devido temor do Seu santo nome.

“1 Pôr-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa.
2 O SENHOR me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo.
3  Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará.
4  Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.
5 Assim como o vinho é enganoso, tampouco permanece o arrogante, cuja gananciosa boca se escancara como o sepulcro e é como a morte, que não se farta; ele ajunta para si todas as nações e congrega todos os povos.
6  Não levantarão, pois, todos estes contra ele um provérbio, um dito zombador? Dirão: Ai daquele que acumula o que não é seu (até quando?), e daquele que a si mesmo se carrega de penhores!
7  Não se levantarão de repente os teus credores? E não despertarão os que te hão de abalar? Tu lhes servirás de despojo.
8  Visto como despojaste a muitas nações, todos os mais povos te despojarão a ti, por causa do sangue dos homens e da violência contra a terra, contra a cidade e contra todos os seus moradores.
9  Ai daquele que ajunta em sua casa bens mal adquiridos, para pôr em lugar alto o seu ninho, a fim de livrar-se das garras do mal!
10  Vergonha maquinaste para a tua casa; destruindo tu a muitos povos, pecaste contra a tua alma.
11  Porque a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento.
12  Ai daquele que edifica a cidade com sangue e a fundamenta com iniquidade!
13  Não vem do SENHOR dos Exércitos que as nações labutem para o fogo e os povos se fatiguem em vão?
14 Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar.
15 Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro, misturando à bebida o seu furor, e que o embebeda para lhe contemplar as vergonhas!
16  Serás farto de opróbrio em vez de honra; bebe tu também e exibe a tua incircuncisão; chegará a tua vez de tomares o cálice da mão direita do SENHOR, e ignomínia cairá sobre a tua glória.
17  Porque a violência contra o Líbano te cobrirá, e a destruição que fizeste dos animais ferozes te assombrará, por causa do sangue dos homens e da violência contra a terra, contra a cidade e contra todos os seus moradores.
18  Que aproveita o ídolo, visto que o seu artífice o esculpiu? E a imagem de fundição, mestra de mentiras, para que o artífice confie na obra, fazendo ídolos mudos?
19  Ai daquele que diz à madeira: Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode o ídolo ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas, no seu interior, não há fôlego nenhum.
20  O SENHOR, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.”



Habacuque 3

Qual foi o efeito da resposta que Deus deu a Habacuque no capítulo anterior?
Avivamento imediato sobre toda a nação de Judá?
Não.
Produziu avivamento no coração do próprio profeta e o levou a clamar por um avivamento não apenas de Judá, mas por um avivamento mundial, em todas as partes da terra.
Ele passou imediatamente a exultar no Senhor e a clamar por um avivamento mundial.
Seu coração se encheu de esperança, porque o Senhor lhe havia revelado tanto a causa como a solução dos problemas dos que vivem no mundo.
Fé é a solução do problema.
E por conseguinte, falta de fé, é a causa mesma do problema.
Nosso desafio portanto, se desejamos uma vida melhor para as pessoas, é o de propagar a fé em Jesus Cristo, que é a solução, para fazer prevalecer a misericórdia de Deus e não a Sua ira, contra um mundo pecador como o nosso.
Além disso, Deus havia revelado a Habacuque que não deixaria a impiedade das nações sem o devido castigo. Que Ele mesmo advoga a causa dos oprimidos contra os seus opressores.
Então o profeta explodiu em adoração ao Senhor, com clamores e louvores, na oração que lhe fez, e que encontramos registrada neste terceiro capítulo.
É uma grande oração esta que fez Habacuque, porque temos nela o mover do Espírito Santo, que o levou a orar de tal maneira e com estas palavras.
Tão cheio ele estava do Espírito, que não somente orou, mas louvou com estas palavras em forma de um cântico que lhe foi dado pelo Espírito, mas de cujas notas musicais, podemos ainda sentir o aroma, apesar delas terem sido perdidas com o tempo.
Habacuque viu a glória de Deus cobrindo os céus, e toda a terra se enchia do Seu louvor (v. 3).
Ele viu o resplendor da glória do Senhor, como uma luz brilhante, como raios que brilhavam na Sua mão, e que manifestavam o Seu grande poder (v. 4).
Com peste e pestilência fere e sacode as nações, e faz tremer a terra. Ele derrubou os montes e os abateu, apesar de estarem elevados há tanto tempo, e abriu por eles caminho. O profeta viu que os caminhos de Deus são eternos.
O Senhor conturba a terra com grandes cataclismas, mas não é contra os rios e os mares que Ele está irado.
Deus dispara as Suas flechas sobre a terra, e a fende com rios. O sol e a lua param ao resplandecer da luz das flechas sibilantes do Senhor, e ao fulgor do relâmpago da Sua lança.
Na Sua indignação, o Senhor marcha pela terra, e na Sua ira calca aos pés as nações.
Ele faz isto para sair para salvar o Seu povo, para salvar o Seu povo ungido, ou seja, aqueles que têm o Espírito Santo, e para isto, o Senhor quebra o telhado da casa do perverso, e põe-lhes a descoberto todo o fundamento.
À vista da grande glória do Senhor, como um Grande guerreiro com lanças e flechas (armas de guerra da época) tão poderosas que podem abrir rios, e destruir os montes, as flechas e lanças dos babilônios, em cujo poder eles tanto se gloriavam, eram menos do que pequenos palitos, que não podiam gerar qualquer temor naqueles que estão debaixo da proteção deste Grande Deus, o Senhor dos Exércitos.
Ao ouvir o estrondo dos exércitos celestiais marchando sobre a terra (os Seus anjos), para defender o povo do Senhor, o coração do profeta se comoveu em seu íntimo, e os seus lábios tremeram, e ele sentiu os seus ossos ficarem como apodrecidos, de modo que seus joelhos vacilaram (tremeram, perderam a firmeza), porque viu quão grande angústia viria sobre Babilônia, a quem seria dado acometer o povo de Judá. O profeta aprendeu que não deveria mais se queixar de nada ao Senhor, quanto à iniquidade e injustiça que há na terra, mas permanecer em silêncio diante dEle, porque é o grande Juiz que julga toda a terra, e que tem todo o poder para exercer e fazer prevalecer os Seus juízos.
Disto devemos aprender que não há nenhum proveito em meramente condenarmos as práticas de uma sociedade corrompida pelo pecado, porque somente isto, de nada valerá para transformá-la numa sociedade mais justa, senão orarmos ao Senhor por um avivamento, e por nos empenharmos na causa do evangelho por amor às almas perdidas.
Então Habacuque louvou ao Senhor com as seguintes palavras, bem conhecidas de todos nós:
“17  Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,
18  todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.
19  O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente.” (Hc 3.17-19 a)
Todos que experimentam em seu interior, uma tal revelação, no Espírito, como a que experimentara Habacuque, descansam no Senhor, e já não andam inquietos quanto às calamidades que há no mundo, porque entendem que o Senhor está agindo e levando tudo em consideração apesar de parecer a muitos que se encontra indiferente e de braços cruzados.

Ao contrário, sabemos que está agindo e muito atuante, porque sentimos o mover do Seu Espírito em nossos corações nos dando força e alegria para nos empenharmos na Sua obra.

“1 Oração do profeta Habacuque sob a forma de canto.
2  Tenho ouvido, ó SENHOR, as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó SENHOR, no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua ira, lembra-te da misericórdia.
3 Deus vem de Temã, e do monte Parã vem o Santo. A sua glória cobre os céus, e a terra se enche do seu louvor.
4  O seu resplendor é como a luz, raios brilham da sua mão; e ali está velado o seu poder.
5  Adiante dele vai a peste, e a pestilência segue os seus passos.
6  Ele pára e faz tremer a terra; olha e sacode as nações. Esmigalham-se os montes primitivos; os outeiros eternos se abatem. Os caminhos de Deus são eternos.
7  Vejo as tendas de Cusã em aflição; os acampamentos da terra de Midiã tremem.
8  Acaso, é contra os rios, SENHOR, que estás irado? É contra os ribeiros a tua ira ou contra o mar, o teu furor, já que andas montado nos teus cavalos, nos teus carros de vitória?
9  Tiras a descoberto o teu arco, e farta está a tua aljava de flechas. Tu fendes a terra com rios.
10  Os montes te veem e se contorcem; passam torrentes de água; as profundezas do mar fazem ouvir a sua voz e levantam bem alto as suas mãos.
11  O sol e a lua param nas suas moradas, ao resplandecer a luz das tuas flechas sibilantes, ao fulgor do relâmpago da tua lança.
12  Na tua indignação, marchas pela terra, na tua ira, calcas aos pés as nações.
13  Tu sais para salvamento do teu povo, para salvar o teu ungido; feres o telhado da casa do perverso e lhe descobres de todo o fundamento.
14  Traspassas a cabeça dos guerreiros do inimigo com as suas próprias lanças, os quais, como tempestade, avançam para me destruir; regozijam-se, como se estivessem para devorar o pobre às ocultas.
15  Marchas com os teus cavalos pelo mar, pela massa de grandes águas.
16 Ouvi-o, e o meu íntimo se comoveu, à sua voz, tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e os joelhos me vacilaram, pois, em silêncio, devo esperar o dia da angústia, que virá contra o povo que nos acomete.
17  Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,
18  todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.
19  O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. Ao mestre de canto. Para instrumentos de cordas.”










SOFONIAS


Sofonias 1

Nós estaremos comentando um livro do Velho Testamento, e portanto, devemos ter em conta, diante de nós, como pano de fundo, que muito do que está nele contido, se referia ao antigo pacto, o qual foi revogado em Jesus Cristo.
Convém também ser dito que se a aliança antiga foi substituída pela nova, todavia Deus não mudou.
Temos aqui revelada a exata expressão do seu caráter santo e justo, que não pode aprovar o pecado em nenhuma de suas formas, e muito menos, que aqueles que criou para estarem debaixo do seu governo amoroso, não reconheçam a sua soberania.
Então, os juízos aqui declarados contra o pecado, não foram suprimidos, mas podemos como dizer que foram adiados para o dia do grande juízo, no qual será fechado o tempo da sua paciência e longanimidade, que tem vigorado na presente dispensação da graça.
Os livros do Velho Testamento, em seus juízos, são portanto, um alerta amoroso, para que nos arrependamos dos nossos pecados, e temamos ao Senhor conforme convém ser temido, para que possamos escapar da condenação eterna, da qual nosso Senhor Jesus Cristo, veio a este mundo para nos livrar.

As ameaças de destruição deste primeiro capítulo de Sofonias são dirigidas exclusivamente à terra de Judá, cuja sentença estava sendo lavrada pelo Senhor, não apenas pela boca do profeta Sofonias, como também pela de outros profetas, antes e depois dele, porque se diz que profetizou nos dias do rei Josias.
Apesar de o rei Ezequias ter empreendido uma reforma religiosa em Judá, antes de Josias, e este último, também ter realizado outra reforma em seus próprios dias, a sentença de destruição estava sendo proclamada por Deus pela boca dos Seus profetas.
Isto nos leva a refletir que é possível se incorrer no desagrado de Deus, ainda que esteja ocorrendo um despertamento espiritual ou avivamento, porque o Senhor agrada-se da prática da justiça e de uma real comunhão com Ele, e não por um mero despertamento de um interesse passageiro por assuntos espirituais.
Não devemos esquecer que todo o povo de Israel havia dito a Moisés, que eles obedeceriam a tudo o que o Senhor lhes havia ordenado, quando entrou em aliança com eles ao pé do monte Sinai.
No entanto, qual foi a resposta divina a Moisés diante de tal declaração? O Senhor disse:
“Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem e guardassem em todo o tempo todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre!” (Dt 5.29).
O homem, desde que Adão pecou, possui uma natureza terrena pecaminosa que o leva a fugir da presença de Deus e a resistir à Sua vontade, vivendo de modo contrário, ao propósito do Senhor na sua criação.
E isto nada tem a ver com boa educação, honestidade, sinceridade, bom temperamento, cordialidade, e outras virtudes, que são coisas boas e aprovadas em si mesmas, mas que no entanto, não podem nos livrar da natureza que temos, que se opõe a adorar e a servir a Deus de modo perfeito, conforme Ele nos tem ordenado em Sua Palavra revelada na Bíblia.
Na verdade, ninguém pode corresponder à expectativa divina, pelo próprio poder e capacidade, porque se trata de uma questão de natureza e não meramente de exercício de vontade.
Por isso o apóstolo Paulo quasse brada na epístola aos Romanos, se referindo à liberdade que Deus providenciou para nós em Cristo:
“Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor...”
Somente no Senhor, estando unido a Ele pela fé, é possível receber uma nova natureza que é santa, que satisfaz  plenamente a justiça de Deus, unicamente por causa da nossa fé no Senhor Jesus Cristo.
Todavia, ainda assim, a antiga natureza permanece conosco, enquanto neste mundo, e necessita ser mortificada continuamente, pelo carregar voluntário da cruz.
Esta antiga natureza é chamada no Novo Testamento de carne, e é dito dela que é fraca, e que nunca está pronta, como a nova natureza, para fazer a vontade de Deus.
Portanto, a religiosidade externa do povo judeu, nos dias dos reis Ezequias e Josias, não seria suficiente para livrá-los dos juízos ameaçadores que o Senhor pronunciou contra eles pela boca dos Seus profetas, como este que lemos no livro do profeta Sofonias.
Eles louvavam ao Senhor com os lábios, mas o seu coração estava longe dEle, não confiavam nEle, não tinham fé nEle e nas Suas Palavras, e esta realidade lhes acompanhou desde os dias de Moisés.
O Senhor deseja que nos aproximemos dEle e que o conheçamos, bem como os anelos de Seu coração em relação a nós.
Mas, para isto, necessitamos nascer de novo do Espírito, conforme nosso Senhor disse a Nicodemos em João 3.
A destruição da nação de Judá, da ida dos judeus para o cativeiro em Babilônia, da destruição do templo, e de todos os demais juízos externos que o Senhor traria sobre eles, tipificam o quadro de morte que nos acompanha, quando andamos contrariamente com o Senhor e os Seus caminhos.
Daí as palavras de Jesus dirigidas aos crentes da Igreja de Sardes:
“Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Isto diz aquele que tem os sete espíritos de Deus, e as estrelas: Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto.
Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer; porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.” (Apo 3.1,2)
O Senhor é longânimo e chama ao arrependimento os cristãos que estão caminhando como se fossem mortos.
A permanência na incredulidade, motivada pela falta de busca de comunhão com Deus, por não se crer que Ele nos convoca ao arrependimento para acharmos graça da Sua parte, em ocasião oportuna, é a causa dos seus juízos, conforme resumida nestas poucas palavras ditas através de Sofonias:
“os que deixam de seguir ao SENHOR e os que não buscam o SENHOR, nem perguntam por ele.” (v. 6)
O desprezo de Deus e da Sua vontade há de provocar um igual desprezo da Sua parte, porque não pode honrar àqueles que O desonram.
É importante que se frise que no grande empenho do rei Josias em realizar uma reforma religiosa em Judá, especialmente pela remoção dos ídolos, que se multiplicavam no país, o Senhor fez boas promessas apenas para o próprio rei, porque o seu coração era sincero em buscá-Lo.
Mas qual homem pode mudar o coração de outro homem, ainda que seja um rei, como era o caso de Josias?
Somente o Rei Jesus pode operar tal transformação, mas mesmo neste caso, é necessário que haja da nossa parte uma sincera e diligente busca desta transformação.
Então, por maiores que tenham sido os esforços do rei Josias em erradicar os ídolos de Judá, no entanto, não lhe foi possível arrancar a idolatria do coração das pessoas.
Eles haviam se submetido ao poder civil do rei, mas não haviam se submetido ao Senhor, para fazerem a Sua vontade, de coração.


“1 Palavra do SENHOR que veio a Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá.
2 De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o SENHOR.
3 Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o SENHOR.
4 Estenderei a mão contra Judá e contra todos os habitantes de Jerusalém; exterminarei deste lugar o resto de Baal, o nome dos ministrantes dos ídolos e seus sacerdotes;
5 os que sobre os eirados adoram o exército do céu e os que adoram ao SENHOR e juram por ele e também por Milcom;
6  os que deixam de seguir ao SENHOR e os que não buscam o SENHOR, nem perguntam por ele.
7 Cala-te diante do SENHOR Deus, porque o Dia do SENHOR está perto, pois o SENHOR preparou o sacrifício e santificou os seus convidados.
8  No dia do sacrifício do SENHOR, hei de castigar os oficiais, e os filhos do rei, e todos os que trajam vestiduras estrangeiras.
9  Castigarei também, naquele dia, todos aqueles que sobem o pedestal dos ídolos e enchem de violência e engano a casa dos seus senhores.
10 Naquele dia, diz o SENHOR, far-se-á ouvir um grito desde a Porta do Peixe, e um uivo desde a Cidade Baixa, e grande lamento desde os outeiros.
11 Uivai vós, moradores de Mactés, porque todo o povo de Canaã está arruinado, todos os que pesam prata são destruídos.
12 Naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas e castigarei os homens que estão apegados à borra do vinho e dizem no seu coração: O SENHOR não faz bem, nem faz mal.
13  Por isso, serão saqueados os seus bens e assoladas as suas casas; e edificarão casas, mas não habitarão nelas, plantarão vinhas, porém não lhes beberão o vinho.
14 Está perto o grande Dia do SENHOR; está perto e muito se apressa. Atenção! O Dia do SENHOR é amargo, e nele clama até o homem poderoso.
15 Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas,
16 dia de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas.
17 Trarei angústia sobre os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o SENHOR; e o sangue deles se derramará como pó, e a sua carne será atirada como esterco.
18 Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação do SENHOR, mas, pelo fogo do seu zelo, a terra será consumida, porque, certamente, fará destruição total e repentina de todos os moradores da terra.”




Sofonias 2

Os juízos de Deus sobre o Seu próprio povo, descritos no primeiro capítulo, servem de sinal para o grande juízo universal que Ele trará sobre toda a terra, por ocasião da segunda vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso este de dia de juízo é designado na Bíblia como o dia do Senhor, o terrível dia da Sua vingança  contra o mundo pecador.
Deus começa o juízo pela Sua própria casa (Seu povo), para especialmente revelar àqueles que andam sem o Seu temor em todas as nações, que devem se arrepender de seus pecados, para que se convertam a Ele, de modo a escaparem dos Seus juízos, que certamente virão de modo inapelável sobre todos aqueles que permanecerem estranhos a uma verdadeira vida de santidade.
Por isso convoca não apenas o Seu próprio povo a se auto examinar para que se arrependa de seus maus caminhos, como todas as demais nações da terra:
“Concentra-te e examina-te, ó nação que não tens pudor,
 antes que saia o decreto, pois o dia se vai como a palha; antes que venha sobre ti o furor da ira do SENHOR, sim, antes que venha sobre ti o dia da ira do SENHOR.
 Buscai o SENHOR, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura, lograreis esconder-vos no dia da ira do SENHOR.” (v. 1 a 3)
É buscando o Senhor e a mansidão (submissão à Sua vontade) a única maneira de escapar da ira futura.
O homem deve buscar o Senhor, o juízo, a justiça e a mansidão, antes que saia a execução do decreto de destruição dos impenitentes (v. 3).
Especialmente, na presente dispensação da graça, Deus tem se mostrado longânimo para com todos, dando-lhes tempo para que se arrependam e vivam, por meio da fé em Jesus Cristo.
Contudo, nos tem alertado, em Seu amor e misericórdia, pela boca dos Seus profetas, em Sua Palavra, quanto ao juízo de fogo terrível que aguarda por todo aquele que não se arrepender dos seus pecados, como esta palavra proferida pela boca de Sofonias.  
Lembremos que quando Sofonias proferiu esta profecia, as nações aqui citadas, ainda reinavam soberanamente, mas onde se encontram agora: Asquelom, Asdode, Ecrom, cidades confederadas dos filisteus, os quereítas, Moabe e Amom, que se juntaram aos Babilônios para a destruição de Judá? Porventura não foram riscadas da terra pelo poderoso braço do Senhor, com os juízos que despejou naquela antiga aliança, que prescrevia tais juízos imediatos?
Ele agiu deste modo no período do Antigo Testamento para que nos servisse de confirmação e alerta de que haverá de fato um juízo universal da Sua parte sobre todas as nações e pessoas.
De modo que escapemos da manifestação da Sua ira vindoura, conforme afirma o apóstolo Paulo, quanto ao efeito da nossa fé em Jesus Cristo:

“e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.” (1Tes 1.10)


“1 Concentra-te e examina-te, ó nação que não tens pudor,
2  antes que saia o decreto, pois o dia se vai como a palha; antes que venha sobre ti o furor da ira do SENHOR, sim, antes que venha sobre ti o dia da ira do SENHOR.
3  Buscai o SENHOR, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura, lograreis esconder-vos no dia da ira do SENHOR.
4 Porque Gaza será desamparada, e Asquelom ficará deserta; Asdode, ao meio-dia, será expulsa, e Ecrom, desarraigada.
5  Ai dos que habitam no litoral, do povo dos quereítas! A palavra do SENHOR será contra vós outros, ó Canaã, terra dos filisteus, e eu vos farei destruir, até que não haja um morador sequer.
6 O litoral será de pastagens, com refúgios para os pastores e currais para os rebanhos.
7 O litoral pertencerá aos restantes da casa de Judá; nele, apascentarão os seus rebanhos e, à tarde, se deitarão nas casas de Asquelom; porque o SENHOR, seu Deus, atentará para eles e lhes mudará a sorte.
8 Ouvi o escárnio de Moabe e as injuriosas palavras dos filhos de Amom, com que escarneceram do meu povo e se gabaram contra o seu território.
9 Portanto, tão certo como eu vivo, diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, Moabe será como Sodoma, e os filhos de Amom, como Gomorra, campo de urtigas, poços de sal e assolação perpétua; o restante do meu povo os saqueará, e os sobreviventes da minha nação os possuirão.
10 Isso lhes sobrevirá por causa da sua soberba, porque escarneceram e se gabaram contra o povo do SENHOR dos Exércitos.
11 O SENHOR será terrível contra eles, porque aniquilará todos os deuses da terra; todas as ilhas das nações, cada uma do seu lugar, o adorarão.
12 Também vós, ó etíopes, sereis mortos pela espada do SENHOR.
13 Ele estenderá também a mão contra o Norte e destruirá a Assíria; e fará de Nínive uma desolação e terra seca como o deserto.
14 No meio desta cidade, repousarão os rebanhos e todos os animais em bandos; alojar-se-ão nos seus capitéis tanto o pelicano como o ouriço; a voz das aves retinirá nas janelas, o monturo estará nos limiares, porque já lhe arrancaram o madeiramento de cedro.
15 Esta é a cidade alegre e confiante, que dizia consigo mesma: Eu sou a única, e não há outra além de mim. Como se tornou em desolação, em pousada de animais! Qualquer que passar por ela assobiará com desprezo e agitará a mão.”



Sofonias 3

Israel era, podemos assim dizer, a Igreja de Deus no Antigo Testamento.
Nenhuma outra nação na terra era conhecida como sendo o povo do Senhor, senão apenas Israel.
Todavia, eles não andaram de modo digno da vocação deles.
Então temos misturadas neste terceiro capítulo de Sofonias, tanto profecias que apontavam para a restauração dos israelitas, a saber, dos descendentes de Jacó, segundo a carne, quanto promessas consoladoras para todos os verdadeiros israelitas de todas as nações, os quais foram circuncidados não no prepúcio, mas no coração.
Os juízos que serão trazidos para desarraigar a impiedade da terra, têm em vista, trazer paz duradoura e permanente para o povo de Deus, para o remanescente que Lhe é fiel em buscar fazer toda a Sua vontade.
Deus removeria a impureza do Seu povo, e afastaria as sentenças de condenação contra ele, em razão dos seus pecados, porque seriam apascentados pelo Bom Pastor, nosso Senhor Jesus Cristo, que tira o pecado do mundo.
Ele estará como Rei no meio do Seu povo, o que será motivo de grande júbilo e alegria para os Seus servos, e já não haverá mais inimigo que sirva de laço e ameaça para o povo de Deus, porque quando o Senhor voltar para reinarmos juntamente com Ele sobre toda a terra, já não haverá mais o temor de sermos sucumbidos pelo mal.
Não haverá nenhum mal a temer, porque estaremos revestidos da perfeição do Rei, em toda a Sua formosura e poder.
Ele manifestará o Seu grande poder para nos salvar e Ele próprio também se deleitará no Seu povo santo com alegria, porque estaremos plenamente renovados no Seu amor, o que fará que Ele se regozije em nós com júbilo.
Assim, não somente Israel se alegraria no Senhor quando fossem restaurados por Ele na sua própria terra, ao retornarem do cativeiro em Babilônia, porque isto seria o prenúncio do grande ajuntamento que o Senhor fará de todas as Suas ovelhas que andavam dispersas e perseguidas em todas as nações, quando Ele restaurar todas as coisas por ocasião da volta de Seu Filho Jesus Cristo (v. 18 a 20).
Assim como as nações se juntaram no mesmo conselho e propósito para perseguirem os santos e os desprezarem, de igual modo, o Senhor também as reunirá no vale de Megido, na grande batalha do Armagedom, quando triunfará sobre o Anticristo e todas as nações que estiverem coligadas a ele (v. 8), e o resultado deste juízo, será que aqueles que restarem de todas as nações receberão lábios da parte de Deus para que invoquem o Seu nome e O sirvam de comum acordo, e não mais à tirania e à opressão (v. 9).


“1 Ai da cidade opressora, da rebelde e manchada!
2  Não atende a ninguém, não aceita disciplina, não confia no SENHOR, nem se aproxima do seu Deus.
3  Os seus príncipes são leões rugidores no meio dela, os seus juízes são lobos do cair da noite, que não deixam os ossos para serem roídos no dia seguinte.
4  Os seus profetas são levianos, homens pérfidos; os seus sacerdotes profanam o santuário e violam a lei.
5  O SENHOR é justo, no meio dela; ele não comete iniquidade; manhã após manhã, traz ele o seu juízo à luz; não falha; mas o iníquo não conhece a vergonha.
6 Exterminei as nações, as suas torres estão assoladas; fiz desertas as suas praças, a ponto de não haver quem passe por elas; as suas cidades foram destruídas, de maneira que não há ninguém, ninguém que as habite.
7 Eu dizia: certamente, me temerás e aceitarás a disciplina, e, assim, a sua morada não seria destruída, segundo o que havia determinado; mas eles se levantaram de madrugada e corromperam todos os seus atos.
8 Esperai-me, pois, a mim, diz o SENHOR, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque a minha resolução é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles fazer cair a minha maldição e todo o furor da minha ira; pois toda esta terra será devorada pelo fogo do meu zelo.
9  Então, darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do SENHOR e o sirvam de comum acordo.
10  Dalém dos rios da Etiópia, os meus adoradores, que constituem a filha da minha dispersão, me trarão sacrifícios.
11  Naquele dia, não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com que te rebelaste contra mim; então, tirarei do meio de ti os que exultam na sua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu santo monte.
12  Mas deixarei, no meio de ti, um povo modesto e humilde, que confia em o nome do SENHOR.
13  Os restantes de Israel não cometerão iniquidade, nem proferirão mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa, porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante.
14 Canta, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te e, de todo o coração, exulta, ó filha de Jerusalém.
15  O SENHOR afastou as sentenças que eram contra ti e lançou fora o teu inimigo. O Rei de Israel, o SENHOR, está no meio de ti; tu já não verás mal algum.
16  Naquele dia, se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião, não se afrouxem os teus braços.
17  O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo.
18  Os que estão entristecidos por se acharem afastados das festas solenes, eu os congregarei, estes que são de ti e sobre os quais pesam opróbrios.
19  Eis que, naquele tempo, procederei contra todos os que te afligem; salvarei os que coxeiam, e recolherei os que foram expulsos, e farei deles um louvor e um nome em toda a terra em que sofrerem ignomínia.
20  Naquele tempo, eu vos farei voltar e vos recolherei; certamente, farei de vós um nome e um louvor entre todos os povos da terra, quando eu vos mudar a sorte diante dos vossos olhos, diz o SENHOR.”




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